Olhos de cigana oblíqua e dissimulada escrita por Galindo
Fora anunciado há uma semana que no dia 20/05 seria realizada uma visita a Hogsmead, com os alunos que possuíam autorização e estavam, no mínimo, no terceiro ano escolar em Hogwarts. Rony e Hermione ficaram entusiasmados com a notícia; ele por poder visitar a Dedos de mel, e ela porque precisava comprar algumas penas novas. Já Harry, nem tanto. As lembranças do seu padrinho sempre vinham à tona, e era quase uma desonra à sua memoria divertir-se enquanto Sirius nunca poderia fazê-lo novamente. Harry vinha precisando de um tempo sozinho, para refletir e dar espaço ao seu luto, e encontrou na situação a oportunidade perfeita. Falou para os amigos que poderiam ir sem ele, e assim o fizeram.
Todos acordaram logo no raiar do dia, para tomar café da manhã no Salão Principal e se dirigirem à Hogsmead. Harry preferiu permanecer em sua cama, absorto nos seus pensamentos até, após algumas horas, decidir descer à sala comunal para atualizar alguns deveres – de poções, principalmente.
A sala comunal estava vazia, os poucos alunos que permaneceram na escola haviam se dispersado para outras atividades. Era uma manhã fria, à neve cobria toda a paisagem dos terrenos de Hogwarts. Harry sentou-se em uma poltrona junto à lareira, puxou os livros e pergaminhos para perto de si e começou um trabalho de 100 cm sobre o uso indevido de poções do amor.
Após meia hora de trabalho, Harry ouviu o som de passos se aproximando, e logo depois o buraco do retrato da Mulher Gorda foi aberto, desvendando uma Gina de sorriso reluzente, cabelos bagunçados e uma roupa nada conveniente para o frio que fazia. Ele nunca a havia visto assim, tão natural sobre a luz fraca do sol que pairava a janela, com aqueles olhos profundos de cigana obliqua e dissimulada que foram de encontro aos seus. Ficando vermelha, Gina colocou os cabelos atrás de orelha e enrijeceu antes de apoiar a sua vassoura próxima a escada no dormitório feminino e se dirigir ao encontro de Harry.
Até Gina sentar-se a sua frente, um silêncio mórbido e constrangedor se apoderou do ambiente. Era estranho ficar apenas na presença da garota, já que sempre que estavam juntos era também ao lado de Rony e Hermione ou Fred e Jorge.
- Então... – Harry quebrou o silêncio – pensei que tinha ido à Hogsmead com o Miguel.
- Ah, você não soube? Eu e o Miguel, bem, terminamos. – disse Gina, em resposta.
- Ah! – Harry não pode conter a felicidade em sua voz – Mas, você está bem, não?
- Claro que estou, nós já vínhamos há tempos brigando e foi melhor assim. Ele não faz mesmo o meu tipo.
Os dois riram, e Harry percebeu o quanto era bom disfrutar da presença de Gina. Com tudo que tinha acontecido, ele havia deixado um pouco de lado os pensamentos que não eram ligados ao retorno de Voldemort, a morte de Sirius e toda a história de “O Eleito”, e foi muito bom ter momentos ‘normais’ novamente, em meio a tudo que vinha acontecendo. Nem mesmo parecia que aquela vida pertencia a ele, apenas que assistia de longe e se deliciava com o enredo.
- Nós podíamos treinar um pouco quadribol, afinal, o dia está frio, mas o tempo está aberto. – Gina disse, inclinando-se para a janela – Você podia me ensinar uns truques. Se quiser, claro – completou, com uma vergonha aparente na voz.
- Não, claro! Vou apanhar minha firebolt e podemos ir, o campo deve estar vazio.
Levantou-se depressa, com a ideia de passar mais tempo com Gina emplacando todos os campos do seu cérebro. Fez um gesto para que ela o acompanhasse, e ela obedeceu. Junto aos seus calcanhares, Gina subiu as escadas para o dormitório masculino e se deparou com um quarto como nunca imaginara, repleto de posters de quadribol, papeis de doces espalhados no chão, e roupas pra todo lado. Harry olhou-a rapidamente, como um “fique a vontade” e se dirigiu ao armário, para apanhar sua vassoura. Ela estava com os joelhos encostados na borda da cama e, ao virar-se, por um movimento em falso, Harry empurrou-a com a vassoura, fazendo com que ela caísse em sua cama.
Em meio aos mil perdões implorados por Harry, Gina afastou os cabelos dos olhos de disse, em tom de ironia:
- Tão rápido, Potter?
Ele ficou vermelho vivo, não fazia ideia do que responder e nunca imaginara um comentário desse vindo de Gina. Sorriu de lado, quando percebeu que ela já estava absorta em outra situação. Folheava um caderninho que, há alguns momentos, encontrava-se na cabeceira da cama de Harry.
- Acho que deviam dar aulas sobre como entender as mulheres nessa escola, seria bem mais útil que Adivinhação. – Gina leu em voz alta, em uma imitação fajuta da voz do garoto.
Ele avançou para a cama, tentando pegar o caderno, envolvendo, consequentemente, os braços ao redor de Gina, enquanto ela dava gostosas gargalhadas.
- Gina! Por favor, devolve. – Implorou Harry.
- Mas, olha só: “a Cho estava tão linda hoje, mas ajo como um idiota quando estou perto dela” – ela leu, em meio a risadas e gritos de súplica para que parasse.
Ela soltou o caderno na cama e virou-se para Harry, que agora estava bem mais perto do que antes. Fitando os seus olhos por alguns segundos, sem se importar com mais nada e ninguém, ele chapou-lhe um beijo. Arrependeu-se no mesmo momento, quando ela afastou seu corpo e se inclinou para trás. Harry pensou que havia passado dos limites, que ela levantaria agora mesmo e iria embora. Em vez disso, ela tirou a blusa que estava vestindo e depois o empurrou para trás, fazendo com que ele deitasse, deixando as pernas do garoto entre as dela. Voltou a beijá-lo.
Harry mal podia acreditar no que estava acontecendo, mas, fosse um sonho ou não, não deixaria de aproveitar. Retribuiu o beijo intensamente, para depois sentir suas mãos sendo arrancadas dos cabelos da menina e sendo postas na lateral de suas pernas, enquanto ela sussurrou: “me toque”.
“O seu desejo é uma ordem”. Puxou bruscamente seu corpo para mais perto do dele, e deu um giro, fazendo com que ela ficasse por baixo. Repetiu o mesmo processo já feito pela garota. Tirou sua camisa e inclinou-se para beijar o seu pescoço, e descer um pouquinho mais, bem devagar, dando mordidinhas leves.
Ouviu-se um barulho de porta e os dois congelaram. O pânico se apoderou deles. Não poderia ser o Rony. Harry fechou a cortina da cama, escondendo a cena que se passava. Gina o olhou e sorriu. Ouviu-se o barulho surdo do impacto do corpo de Rony sobre a cama, quando sua voz ecoou:
- Harry, tá aí, cara?
- Oi, Ron, eu estava dormindo.
- Ah, já é quase a hora do almoço, é melhor se levantar logo.
- Eu não estou com fome, obrigado.
Gina voltou a acariciar Harry, passando as mãos pelo seu corpo e dando beijinho no canto de da boca. A situação em que se encontravam era perigosa, e essa era a melhor parte.
- Então, colega, eu a Hermione estivemos conversando – começou Rony – e... Tá rolando alguma coisa entre você e a minha irmã? – hesitou um pouco, esperando uma resposta, e depois continuou - N-não que eu me importe, mas, é a Gina, entende...
-De onde você tirou isso? – Harry perguntou, lançando um sorriso maroto à Gina, que agora já estava com as mãos no fim do seu abdômen.
- Bem, ela contou algumas coisas à Hermione, disse que meio que gostava de você, e por isso terminou com o Miguel. Achei que você soubesse.
Gina congelou. Harry a fitou, quase que sem acreditar e deu um beijo leve em sua boca, antes de responder a Rony:
- Eu não fazia ideia, mas... O que você acha?
- O que eu acho do que? Você não está mesmo pensando em ficar com a Gina, não é?
- Não, não, claro que não. – ele respondeu enquanto apertava a sua bunda – Digo, ela é bonita, mas é a sua irmã, e eu respeito isso, Rony.
- Que bom, por um instante eu achei que você... Ah, deixa pra lá. Vou descer, preciso falar com a Mione. E abre essa cortina, cara.
A porta bateu. Rony havia indo embora.
- Então... – começou Harry. Gina o beijou, puxando suas mãos para os seus seios. Mordeu seu lábio inferior, com desdém, para logo depois parar o beijo.
- É melhor não falar nada.
- Você gosta de mim. – disse Harry, com segurança, enquanto a olhava nos olhos.
- Sendo você, eu não ficaria tão seguro disso, campeão – Gina retrucou.
- Gina. – Harry chegou perto da sua orelha e a mordeu, com mais força do que pretendia, mas ela pareceu gostar. Sussurrou algo que a fez estremecer.
- Ok. Eu gosto de você. Agora você tem que fazer tudo o que prometeu. – finalizou Gina, com um sorriso de ponta a ponta e o olhar mais malicioso que Harry já havia visto. De cigana oblíqua e dissimulada.
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