Destino escrita por Reptiliano


Capítulo 1
One Shot - Destino


Notas iniciais do capítulo

~Foi bem corrida, eu sei. Não queria uma fiction grande e nem com muita enrolação, além disso meus dedos doíam no dia que escrevi, então é.
~Misericórdia, por favor -q :3



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Por quanto tempo mais eu teria que agüentar? Aquele homem não parava de falar nem ao menos para respirar! Eu estava quase explodindo.

- ... Lavar minhas roupas, polir minha armadura, verificar os convidados para o torneio no próximo mês, meu quarto está infestado de cupins e você não o arrumou direito... - E ele continuava falando. Mas tudo bem. Eu gostava de ouvir sua voz, apesar de não estar num tom muito agradável. A minha vontade, às vezes, é de conjurar um escudo toda vez que ele se exalta e acaba cuspindo em mim. Sério que precisava chegar a este ponto? - ... Morgana está sem a serva dela faz alguns dias e por isso você vai ajudá-la também, e não quero ouvir reclamações. Se bem que sendo você eu acho isso um pouco difícil! Mas voltando ao que interessa: Eu preciso de uma espada nova hoje, porque haverá um treino para quando começarmos a selecionar os cavaleiros que irão participar do torneio...

- Pra que essa classificação toda se já sabemos que você vai ser o escolhido?

- Não me interrompa quando eu estiver lhe dando ordens, Merlin. Mas respondendo à sua pergunta inútil – Se é inútil, porque ele ia responder? – É para simplesmente, eu poder testar as minhas habilidades...

- Mas não é pra isso que serve o torneio?

- Você me interrompeu outra vez!

- Sim. Desculpe, senhor.

- Não foi uma pergunta, Merlin.

- Senhor...

- O QUE FOI?

- Porque está de mau humor?

- Deve ser – Ele se aproximou de mim. Podia sentir sua respiração. Neste momento, uma parte do meu corpo pareceu tomar vida própria. - Porque... - Eu não podia culpá-lo, afinal de contas, Arthur era Arthur. – O meu servo é tão idiota... QUE NÃO ATÉ AGORA NÃO TROUXE O MEU CAFÉ DA MANHÃ!

Eu definitivamente precisava de um escudo mágico.

Exaustivo. Palavra perfeita para definir aquele dia. Eu estava mais cansado do que de costume.

- Merlin, já esquentou a água do meu banho?

Já era de noite. A água do banho já estava quente e eu já havia respondido a esta pergunta antes... Mais de uma vez.

- Mas é claro, Arthur.

- Mas é claro? Isso é jeito de falar com seu senhor, Merlin?

- Não senhor. Desculpe senhor.

Tenho que lembrar de nunca mais esquecer do café da manhã de Arthur.

Ele foi para trás do roupeiro* e lá, tirou suas roupas para tomar banho. Nu, ele passou por mim e entrou na banheira cheia de água quente. Eu não conseguia nem ao menos piscar e fiquei imaginando se ele havia percebido.

De repente, um jorro de água quente voou em minha direção. É. Ele percebeu.

- O que você está olhando, Merlin?

- Me desculpe, senhor.

Peguei uma bolsa que estava no canto do quarto. Arthur ficou me encarando para ver o que eu estava fazendo, desconfiado. Apenas fingi que não tinha percebido e fui para trás do roupeiro* para trocar-me.

- Merlin...

Eu não respondi. Continuei fingindo que não estava percebendo que Arthur me olhava.

- Merlin...

Coloquei a cabeça pela extremidade do roupeiro*.

- O que foi?

- O que diabos está fazendo?

- Me trocando?

- Aqui no meu quarto?

- Ah...

- Ah... – Sorri. Não me contive. Eu adorava vê-lo nervoso.

E então veio a almofada voando em minha direção. Para alcançá-la, Arthur teve de se levantar da banheira e obviamente, molhar o quarto. Ele a jogou com tanta força que o roupeiro caiu e Arthur pode me ver sem camisa.

Ele ficou me encarando e eu encarando ele, mas logo ele recuperou a consciência e começo a gritar. Por fim voltou ao seu banho e, tentando não olhar para mim de novo, começou a conversar.

- Vá vestir alguma coisa!

Larguei minha bolsa no chão e abri o armário de Arthur. Peguei a camisa mais velha que ele tinha e a vesti. Ficou enorme em mim. Mas é claro que ficaria. Afinal, eu não era musculoso e grande como Arthur. Era apenas magrelo e ossudo. Ok. Talvez eu esteja exagerando, mas o fato é que, aquela camisa em mim ficou parecendo um vestido.

- Merlin, que bolsa é aquela que você estava pegando?

- Ah... Bom... Você não usa todas aquelas roupas então pensei em levá-las para quem estivesse precisando. Você sabe...

- Ta. Já entendi, não sou idiota. Só me avise da próxima vez!

- Sim senhor.

- Merlin.

- Pois não, senhor?

- Como está a serva de Morgana?

- Você quer dizer Gwen?

- É. Como ela está?

- Está de cama, mas Gaius diz que ela irá se recuperar.

- Entendo. É grave?

- Mais ou menos. Ela está mal, mas poderia estar pior. Se estivesse pior, provavelmente...

- Eu já entendi... E Merlin.

- Senhor?

- Arrume esta bagunça agora. Vou me trocar e depois vou dormir. Amanhã o dia estará cheio.

- O que significa mais serviço para mim. – Falei pegando a almofada que Arthur me jogara.

- O que você disse?

- Nada, senhor. Estava só pensando alto.

- Hm...

Levantei o roupeiro* e fui em direção à porta.

- Merlin, onde está indo?

- Pegar sua janta. – Sorri e saí andando. Esbarrei em um guarda enquanto andava distraído, pensando em Arthur.

Nos dias que se seguiram, o humor de meu senhor estava um tanto melhor e Guinevere já havia se recuperado, graças à Gaius, claro.

- Merlin, já pensou em não ser tão estúpido do jeito que você é?

- Senhor?

Eu estava servindo sua sopa, mas mesmo assim, ele ainda não tinha reclamado de nada até agora. Diria até que estava demorando.

- Quero dizer... Você é tão idiota...

- Isso é uma pergunta?

- Viu? É disso que eu estou falando.

- Onde você quer chegar, Arthur?

- Eu não quero chegar a lugar nenhum, eu só quero que a maldita sopa chegue até a mim sem que eu tenha que gritar com meu servo, Merlin!

Levei a tão requisitada sopa a Arthur. Será que ele não podia esperar alguns segundos apenas? Ou será que ele só queria gritar comigo? Ele tomou a sopa e fez uma careta.

 - Merlin, sente-se aqui. – Ele se levantou e estendeu a mão indicando que eu deveria me sentar. Apenas o segui. O que poderia dar errado em tomar uma sopa? – Tome. – Ele se aproximou de mim e disse no meu ouvido – Tome a sopa, Merlin.

Fiquei todo arrepiado e acho que ele havia percebido.

Apenas peguei a colher e tomei a sopa, que estava gelada.

A sopa estava gelada.

Como eu não tinha percebido isso antes? Afinal de contas, eu peguei a tigela por baixo.

- Ah, está gelada – Arthur pegou a tigela com a mão e por um momento pensei ter visto algumas cenas da minha vida passando diante de meus olhos e então a sopa que antes estava na tigela estava agora em meu rosto. – Me traga outra.

Fui até a cozinha e peguei outra. Desta vez verifiquei se estava realmente quente e voltei ao quarto do príncipe.

Arthur estava sentado próximo à mesa onde se encontravam alguns pergaminhos e dois livros, um outro pergaminho estava nas mãos de Arthur, que por sua vez ergueu a cabeça quando entrei no quarto.

- Ah, Merlin...

- Aqui está, senhor.

- É, obrigado.

Ele se aproximou mais do que de costume.

Meu coração acelerou.

Mas o que eu podia fazer?

Pra que chegar tão perto?

- Merlin, eu... hm...

- Senhor? – Coloquei a sopa em cima da mesa e voltei a encarar Arthur. Dei um passo para trás antes que uma certa parte do meu corpo acordasse.

- Desculpa, Merlin.

- O que?

- Não vou dizer de novo. Esqueça... Mas... Hm... Pela sopa e, enfim, eu...

- Eu entendo. Tudo bem.

- É.

Apenas dei meia volta e fui em direção à porta. Mas eu queria ver seu rosto mais uma vez naquele dia então me virei e sem querer – juro que foi sem querer – tropecei na extremidade do tapete e quase caí.

- Merlin.

- Senhor?

- Você poderia tirar o seu rosto de cima do meu peito?

- Sim. Claro. Desculpe...

Arthur mordeu o lábio inferior como se estivesse pensando em algo que não deveria.

- Merlin?

- Sim?

Arthur me puxou e me beijou. Pensei em empurrá-lo, mas eu esperava por aquilo há muito tempo. - Muito tempo mesmo.

Um beijo demorado. Arthur tinha aquela pose agressiva, mas o toque de seus lábios era suave. Seu abraço era forte, mas caloroso e bem confortante, me passava sensação de segurança. Suas mãos se movimentavam em minhas costas levantando minha camisa aos poucos.

Quando paramos – Ele parou – para respirarmos, Arthur ficou me encarando e logo tirou a camisa. Não perdi tempo e tirei a minha. Ao canto do quarto, uma vela se acendeu. Meus poderes pareciam se manifestar quando eu estava excitado e meu pênis pareceu concordar com meus poderes.

- Você não queria a sua sopa?

- Perdi a fome.

Arthur me puxou e fomos para sua cama. Nos despimos em meio aos beijos e abraços excitantes, que faziam meu coração bater tão rápido quanto o coração de um coelho.

Os dias se passaram e desde então minhas noites no quarto de Arthur passaram a serem mais longas. Era o único momento em que podíamos namorar. Ficou decidido, não só por causa de Uther, que não seria bom assumirmos. Não era comum um casal de homens andando por aí como se fosse um casal comum. É, não éramos um casal comum.

No meio de uma noite qualquer, após meu encontro com Arthur, ouvi uma voz familiar me chamando. Claro que as outras pessoas não podia ouvir, mas também, as outras pessoas não estavam com o destino de Álbion nas mãos.

Fui até a caverna escondida logo abaixo do castelo de Camelot e me encontrei com o grande dragão.

- Aí está você, Merlin!

- Olá. Há quanto tempo!

- Sim, sim. Muito tempo.

- Então, o que queria me dizer?

- Eu vim para falarmos sobre a serva da bruxa: Guinevere.

- Gwen? O que tem Gwen?

O dragão parou para pensar nas palavras que diria. O que me fez refletir: será que ele sabe o que acontece entre eu e Arthur?

- Álbion...

- É, eu sei. Arthur e eu... A mesma moeda... Sem Merlin ou Arthur, sem Álbion....

- Na verdade Merlin... Álbion será comandada por uma rainha.

- O que? Como assim? Você disse que Arthur traria a magia de volta para Camelot assim que erguêssemos Álbion!

- E vai. Sei o que eu falei, mas Guinevere é quem deverá se sentar no trono ao lado de Arthur.

- E porque você está me dizendo isso?

- Morgana se sentirá ameaçada, caso Guinevere e Arthur se casem.

- Morgana é minha amiga. Nunca faria nada contra Camelot.

- Não confie na bruxa, jovem feiticeiro!

- Eu já entendi! – Suspirei. Não era por causa de Morgana que ele disse o que disse. Ele já sabia o que estava acontecendo. Eu não queria perdê-lo logo agora que estávamos tão bem juntos. Porque essa porcaria que chamam de “destino” tinha que brincar comigo? Porque eu não podia simplesmente amá-lo? O dragão e essas malditas predições! Suspirei novamente. – Por acaso você não saberia nenhum feitiço de memória, saberia?

O dragão apenas sorriu e soprou em mim, passando seu conhecimento sobre o tal feitiço de memória.

Os dias se passaram e eu continuava vendo Arthur durante a noite antes de voltar para casa.

- O que foi, Merlin? Você está estranho! – Ele disse, na última vez que nos vimos. Sentei-me em sua cama e o encarei. O feitiço estava na ponta da língua, mas eu não conseguia dizê-lo.

As velas se apagaram. Arthur ficou alerta e procurou por sua espada no escuro, algumas louças que enfeitavam a mesa no quarto voaram em direção à parede. Então as janelas se fecharam e as velas se acenderam novamente. Arthur me olhou. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto.

- Eu te amo, Arthur. Eu não quero...

- Não quer o que, Merlin?

Arthur se agachou me encarando como se pudesse ler o que eu estava pensando.

O fogo nas velas se intensificou e meus olhos brilharam.

- Eu te amo, Arthur... E eu sou um feiticeiro.

- Merlin não diga bobagens.

O fogo nas velas abaixou e meus olhos brilharam novamente.

Arthur se deixou cair no chão com uma das mãos na cabeça. Imaginei que sua reação fosse algo do tipo.

- Merlin...

Pronto. Agora ele pegaria a espada e a passaria pelo meu pescoço.

- Eu...

A qualquer momento.

- Te amo!

Arthur se levantou, segurou meu rosto para que nos olhássemos e então eu puder ver em seus olhos a resposta. Ele apenas me beijou, sem saber o que o esperava. De fato, naquele momento ele usou a espada, mas não a que eu pensava que ele usaria.

- Arthur – Eu estava deitado ao seu lado na cama – Você ouviu o que eu disse antes disso?

- Ouvi. – Ele falou baixinho. – Sabia, Merlin, que não escolhemos quem amamos?

- É, foi o que me disseram. – As lágrimas voltaram a escorrer

- Merlin o que há de errado?

Não o respondi. Apenas me levantei e me vesti.

- Merlin?

- Eu te amo, Arthur. Mas eu preciso trazer a magia de volta à Camelot, então...

Falei algo que Arthur não pode compreender.

Seus olhos saíram de foco e então Arthur adormeceu.

Saí cuidadosamente do castelo e voltei para minha casa.

Alguns anos depois...

Arthur fora fatalmente ferido por Mordred, que portava uma espada forjada com o fogo de dragão, o que significava que nada que eu tentasse poderia curar Arthur, exceto o lago Avalon. No meio da noite enquanto viajamos para o lago, Arthur acordou e começou a sussurrar coisas pra mim.

- Mer... Merlin.

- O que? Arthur, fala comigo.

- Merlin... Eu... Eu me lembro.

- Do que você se lembra, Arthur?

- Você e eu... Eu te amo, Merlin.

Eu o encarei feliz. Triste porque só agora o feitiço se desfizera, mas feliz por Arthur ter se lembrado.

- Eu te amo, Arthur.

Nos beijamos. Ah! Como eu sentia saudades daquele beijo.

- Quando... Quando você se lembrou?

- Quando... você me disse que... – Arthur suspirou. Ainda estava muito fraco – era um feiticeiro... Eu... Algumas, não... Sei... Imagens na minha mente.

- Sei, quando Gaius o viu pela ultima vez apareceram algumas memórias das nossas noites. Não faça muito esforço. Estou feliz por ter se lembrado.

- Estou feliz por me lembrar o quanto eu te amo, Merlin. Eu... eu...

Arthur fechou os olhos e deitou-se. Verifiquei sua respiração, ainda estava vivo. Sorri. Finalmente o “destino” resolveu me dar uma chance. Agora tudo o que eu precisava fazer era chegar até o lago e curar Arthur.

E então chegamos no lago...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, porque eu amei -q



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