14 anos foram o suficiente para o caos, por minha culpa, por toda a minha covardia e falta de afeto, o mundo esta em estado deplorável por minha culpa.

   Queria poder continuar me lamentando sobre como eu nunca deveria ter entrado em um EVA ou como deveria ter virado um soco na cara do comandante Ikari enquanto pude, mas não posso...garanto que não mudei nada, meus conceitos continuam os mesmos, mas agora menos solitario.

   Eu gostava de observar as estrelas com ele.

- Você está mais pensativo hoje Shinji-kun, tem algo lhe pertubando? - o albino movia seu olhar angelical e tranquilizante em minha direção - sabes que não tem com oque se preocupar agora - Ele levantava lentamente, aproximando-se de seu piano iluminado pelo fraco brilho da lua.

- Talvez, Kaworu-kun, eu nunca deveria ter existido nesse mundo - Fui forçado a contar  dos meus sentimentos - so causei preocupação a todos, principalmente para a senhorita Misato e a Ayanami.

   Ele passou lentamente seus dedos por cima das teclas procurando por qual tocar, suspiorou e começou a tocar uma música melacólica e surpreendemente triste.

- Veja, Shinji-kun, nada no mundo acontece por que Deus quis assim, estamos todos ligados por ações, acertos e erros que pessoas e nós mesmos fizemos no passado - a música chegou em seu climax, soando dessa vez adorável - se nós estamos aqui juntos é porque causamos isso, foi o nosso desejo - ele parou de tocar, virou seu olhar em minha direção, desta vez duvidoso e plantou um sorriso amigável em seus lábios - foi seu desejo me conhecer, Shinji-kun?

  Fiquei sem reação, Kaworu-kun sempre foi tão sábio e respeitoso, eu tinha um afeto estranho por ele.

- C-claro que desejei! mas nós não precisavamos ter nos conhecido justamente assim...- olhei para baixo e suspirei - em uma situação tão ruim e ainda por cima causada por mim mesmo.

  Kaworu levantou-se de seu lugar e se sentou ao meu lado no chão frio, permanecemos em silêncio. Passamos a observar, estavamos na antiga cede da NERV, desta vez aos pedaços e meu coração ficava nessa mesma situação so de pensar que eu teria feito tudo isso sem nem ao menos perceber.

- Não me importa tanto assim meu passado, mas você sabe que eu te amo e me importo com você, Shinji-kun - Ele não olhou pra mim desta vez, mas mantinha um sorriso apaixonante.

-E-eu...também amo você - meu rosto estava corado, mas naquela momento, essa pequena frase me fez sentir muito melhor - mas tenho medo de perder você como perdi a Ayanami.

- Tudo vai dar certo, eu estou com você.

  Permanecemos lá, naquela noite fria, sorrindo um para o outro da forma mais infatil que possa imaginar, sem rumo, sem família e desejando a rotina que tanto odiavamos de volta.