Infinite Arms escrita por Stardust


Capítulo 23
Caminhando para a saída


Notas iniciais do capítulo

Outroooo



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Enquanto caminhava pelo aeroporto de Itália, era como se parte da minha vida fosse ficar por ali. Acho que entendia aquilo de se apegar a algum lugar quando se viaja e isso doía. Senti uma saudade estranha mesmo antes de entrar no avião. O céu alaranjado do fim de tarde parecia deixar tudo mais triste.

Senti a mesma vontade de chorar que havia sentido nos últimos dias e acabei olhando para Fabrizio de novo, desejando que não fôssemos ficar um com um clima estranho com o outro, mas a verdade era que no fundo, bem no fundo, eu sabia que Nova Iorque iria nos separar e tudo voltaria a ser exatamente como era antes da viagem. Não sei se era exatamente aquilo que eu queria, mas era inevitável acontecer.

– Desculpe-me. - falei parada em frente à lanchonete. O aeroporto estava um pouco vazio e tudo parecia meio triste. - Acho que fui grossa com você. Não quero que as coisas fiquem assim.

– Está tudo bem. - respondeu pegando um sanduíche e comendo ali mesmo, parado. Evitava me olhar e seus olhos verdes haviam ganhado um tom triste. Parecia novamente o italiano mal-humorado que eu conhecera, mas daquela vez não era engraçado e nem irritante. Havia um pouco de tristeza em tudo e no final eu não riria de uma implicância dele, ou ficaria irritada.

– Mas temos coisas boas para lembrar da viagem. Lucy e seu marido, Aronne... tudo foi engraçado, não é?

– É. Foi sim. - finalmente me olhou.

Ficou ali parado, me olhando daquele jeito como se fosse dizer algo. Já tinha visto aquele olhar outras vezes, mas dessa vez era um pouco diferente. Eu queria escutá-lo como nunca havia escutado e sabia que suas palavras seriam importantes.

– Senhores passageiros... - a voz interrompeu, fazendo-me sentir uma pontada de raiva.

– Vamos para casa. - ouvi-o. Não eram aquelas palavras que eu desejava ouvir de Fabrizio.

*

Durante o voo de volta quase não consegui dormir e Fabrizio, pelo jeito como se movia na poltrona ao lado, também não. Olhei pela janela e avistei Roma ficando cada vez mais longe. As lágrimas cobriram meu rosto e meus olhos arderam. Saudade? Tristeza? Eu não sabia exatamente o que era aquilo, mas sentia uma vontade enorme de gritar. Parar aquele vôo e descer na Itália novamente. Enfrentar casa não seria tão fácil e planejar aquele casamento sem cabeça alguma só iria me trazer dor de cabeça e cansaço. Culpava Alan mentalmente por ser daquele jeito tão errado e por um segundo me questionei se realmente o amava. Amor. Do que se tratava aquela palavra mesmo?

Lembrei do voo de ida. Eu estava com medo de voar, agora o medo desaparecera e sentia apenas medo de como as coisas iriam seguir daqui pra frente. Mas eu não tinha muito o que fazer. Era seguir minha vida e voltar para casa. Mesmo que eu não soubesse exatamente o conceito de lar naquele momento.

*

O avião pousou. Durante a viagem, pouco havia ouvido a voz de Fabrizio. Quando peguei no sono pela primeira e única vez após vê-lo dormir, senti sua mão encostar de leve na minha. Ele estava dormindo, eu sabia, mas algo naquele toque me fez sentir como se alguma coisa estivesse mudado.

Desci do avião e peguei minhas malas. Fabrizio incrivelmente não saía do meu lado e senti como se houvesse uma despedida por vir.

Parei perto de todas aquelas pessoas desembarcando. Turistas e americanos passavam por nós felizes por reencontrar parentes e amigos. Casais se beijavam e dessa vez evitei olhar.

– Allie. - sua mão encostou-se ao meu braço, me fazendo ficar de frente àqueles olhos verdes. Encarei-o. - As coisas foram um tanto confusas nos últimos dias. - ele parecia sério e eu também estava. - Eu já perdi grande parte do meu tempo com coisas que não valiam à pena e eu me privei de encontrá-las novamente pelo medo de perder outra vez. Não vá dizer que algo não está diferente, porque não é verdade. Estar perto da garota inteligente do departamento do museu nesses últimos dias foi a melhor coisa que me aconteceu em anos. - deu uma pausa. Senti meu coração disparar. Fabrizio piscou seus olhos lentamente como se o que fosse dizer em seguida fosse difícil e diferente demais. - A verdade é que, mesmo que você vá por aquela porta e planeje seu maldito casamento com um cara idiota, eu vou pensar em você e lembrar desses últimos dias. Eu não sou bom com palavras, está vendo? - levantou os braços até os cabelos. - É tudo tão estranho, mas se você quiser ir, tudo bem. Se o ama, é a sua escolha certa. Eu só não queria te ver ir e pensar que poderia ter feito alguma coisa. Não quero que vá. Eu...

– Allie! - ouvi uma voz atrás de mim e logo os braços passando pela minha cintura. - Amor, bom te ver!

– Alan, eu... - falei sem conseguir continuar. Fabrizio ainda estava ali parado. Vi-o fechar os olhos lentamente e depois me olhar de novo. Havia algo diferente ali e eu também não conseguia tirar meus olhos dos dele, mesmo quando Alan me sufocava com o abraço.

– Bom casamento a vocês dois. - Fabrizio disse, arrastando suas malas até a saída.

– Amor, eu senti tanto sua falta. - Alan continuou me abraçando sem notar a presença de Fabrizio ali.

Não consegui dizer nada. Minha atenção estava completamente voltada ao Fabrizio, caminhando para a saída. A saída que dizia que minha vida estava de novo do mesmo jeito que a deixara. Mas aquilo significava que Fabrizio não fazia mais parte dela.

– Senti sua falta também. – disse sem prestar a atenção nas minhas próprias palavras.

Deixei-me ser levada por lágrimas. Outra vez.


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Notas finais do capítulo

Amores, o que estão achando? Está chegando ao fim )=



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