Feliz Aniversário, muitas felicidades, paz, saúde, alegria, amizade e amor. Isso é tudo o que eu não desejo à você.
Eu quero que você sofra, que seja infeliz, que fique doente. Quero que perca sua paz e sua alegria. Que o que lhe resta de sua vida seja apenas sofrimento.
Não sei se eu devia te contar isso, porém pode ser divertido ver o impacto dessa informação em você. Eu planejei esta magnífica vingança desde o dia em que você me deixou. Acho que é por isso que está tudo tão perfeitamente calculado. Cada um desses quatro anos que se passaram serviram para que minha vingança ideal e perfeita fosse cada vez mais aperfeiçoada. Cada ano fez com que minha raiva decidisse melhor o destino cruel que você teria. Cada minuto que se passou fez com que minhas ideias amadurecessem.
Quando mais jovem, eu me perguntava o porquê de não ser boa em nada. Agora sei a resposta: porque nunca tinha trabalhado em uma vingança. Hoje eu vejo que a coisa que eu melhor faço é me vingar. Eu sempre duvidei de mim mesma. Eu nunca me achei capaz de nada. Quando você disse estar apaixonado por mim, eu me senti alguém diferente. Pensei que alguém pudesse gostar de mim. E, por um instante, esqueci do fato de que nem minha mãe me queria. Você sabia do meu histórico de rejeição e mesmo assim fez o que fez. Antes eu não entendia o motivo de você gostar de mexer com a minha mente, com meus pensamentos. Agora, no entanto... É muito divertido. Meu curso de psicologia ajudou muito também. Aprendi muitas coisas na faculdade. Primeiro, bom, para entender a mente das pessoas você só precisa compreendê-las. Saber a parte básica do que se passa ali é essencial. Depois disso, você apenas movimenta suas peças, como num jogo de xadrez. Essa é uma das partes mais importantes. Se souber o que está fazendo, você consegue tomar o rei de seu adversário. Caso contrário, desista no momento certo. Não é uma tarefa simples dominar a mente humana. Também não é algo para pessoas fracas. Para mexer com a mente é preciso ter estômago, muito estômago.
Sendo assim, preciso te agradecer. Por muitos motivos. Primeiro, obrigado pelo ódio que você me deixou. Sem ele, eu nunca teria me tornado alguém tão fria. Segundo, obrigado por ter uma mente fácil. Isso só colaborou com a sua manipulação. Terceiro, obrigado por me contar todos os seus medos e segredos um a um. Você não tem noção do quanto é bom e divertido brincar e fazer uso de toda essa informação. Quarto, obrigado pelo incentivo com relação à psicologia. Tudo bem que, no fundo, você só estava interessado em uma terapeuta que te conhecesse e compreendesse, mas você me incentivou à ir atrás disso e é isso o que importa.
Você era um babaca. Sempre foi um babaca. Eu gostei de você (mesmo você sendo um babaca). E você não tem noção do quanto é bom (e até meio divertido) poder escrever várias vezes o quão babaca você era. Todo mundo (inclusive eu) sabia o quanto você era babaca. E eu aceitei te namorar, mesmo você sendo idiota. (Achou que eu ia escrever babaca, aposto). Mais idiota que você, só eu. Por te namorar. Iludida?! Imagina... Quase nada. (Como o seu raciocínio é um tanto limitado, acho que é bom eu deixar claro que isso foi uma IRONIA) Burra?! Muito mesmo. Ainda me lembro de muitas coisas que aconteceram quando estávamos juntos.
Falando sério, tem muita coisa de que me lembro e, antes, não entendia, não fazia a menor ideia do porquê. No entanto, atualmente minha noção dos motivos ficou clara. Um exemplo disso é a vez em que sua mãe gritou com você para me defender. Você estava sempre me tratando mal, até quando eu te fazia biscoitos. Eu fazia tudo para te agradar e você nem ligava. O cúmulo mesmo foi no dia em que fui até sua casa para te fazer biscoitos de polvilho doce. Eu fiz biscoitos perfeitos e você jogou no chão! Disse que nem seus gatos gostariam daquilo. Então começou a briga... Você conseguiu me dizer as piores coisas do mundo. Bom, pelo menos eram naquela época... digamos que, hoje, faz sentindo. Naquela época eu não fazia ideia do quanto era (e sou) manipuladora. Eu nunca tinha percebido o quanto eu sou boa em conseguir o que quero. Quando você se foi, porém, eu me dei conta de que todos (tanto do sexo masculino, quanto do feminino) fazem o que eu quero. É impressionante.
Agora, deixando de lado as minhas descobertas e tudo mais...
Tenho que te lembrar que tentar mostrar as cartas para outras pessoas, como sua mãe ou seu psiquiatra, não foi uma boa ideia. Entretanto, você deve estar se perguntando o que fez com que eles não acreditassem em você, além do fato de você ir ao psiquiatra, é claro. A resposta é muito simples: EU. Se você procurar no seu histórico, não achará. Porém, no deles... Existe uma mensagem "sua" falando sobre essas cartas que "você" tem escrito à "si mesmo", ou seja, uma breve confissão de que você está surtando. Vamos lá, sinceridade: eu sou uma magnífica gênia maligna.
Eu sei que nunca deixei nada especificado sobre não mostrar nada a absolutamente ninguém. Mas, sinceramente, eu pensei que não fosse necessário, justamente por ser óbvio!! Não imaginei que você fosse tão burro a ponto de pensar que eu não faria nada a respeito. Sinceramente, eu pensei que você possuía um cérebro (pouquíssimo desenvolvido, é verdade), porém um cérebro...
Espero que tenha gostado do presente de aniversário, até porque coloquei o bônus. Era para ser apenas um deles, mas você pensou (o conceito de pensamento no caso, é meio relativo) que havia alguma possibilidade de você sair deste pesadelo. Entretanto, você apenas cavou mais fundo no buraco da sua destruição. Veja bem... é como eu disse: SEM ESCAPATÓRIA. Você nunca vai se livrar de mim, nunca! Correção... isso não é totalmente verdade. Você vai se livrar de mim... QUANDO MORRER. Assim como dois de seus queridos gatinhos "mesclados e fofos", como você os chama, estam: MORTOS. Era pra ser só um, eu confesso. Mas você tentou escapar de mim. Aí você mesmo arrancou a vida do segundo. Mas eu adorei ver sua expressão aterrorizada, assuatada, sem chão, quando abriu a caixa. Foi um momento maravilhoso.
Preciso te deixar adiantado que neste mesmo momento, enquanto você lê minha carta, sua mãe acaba de abrir um envelope que estava na caixa de correio dela... Sabe o que tinha nele?! Eu te conto... No envelope está um bilhete, supostamente escrito por você (já que é a sua letra nele, ou pelo menos uma idêntica a sua), em que você confessa ter matado seus gatos. Só pra ter certeza de que ela vai acreditar, me dei ao trabalho de colocar o veneno no envelope também...
Espero que tenha gostado da caixa cor-de-sangue que estava com seus gatos mortos dentro! Eu amei a cor.

P.S.: não instalei câmera alguma na sua casa, porém me divirto te observando... aqui te deixo outra charada a ser resolvida...
Até agora, já são duas.