O aviso para apertar o cinto acende e poucos minutos depois sinto o avião descendo. Agora definitivamente minha despedida começou e meu pai precisa ser o primeiro, ele já se foi, mas sei que na fazenda poderei senti-lo. Afinal passávamos quase todo o nosso tempo livre lá.

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Quando desço do jatinho, uma sensação de nostalgia me atinge como uma facada. A última vez que estive aqui meu pai estava comigo, fora o nosso último momento juntos. Sem que eu queira, as lembranças me atingem com força total...

9 anos antes:

- Vamos bonequinha, adivinhe qual a surpresa. – Papai está me olhando com um sorriso nos lábios enquanto me esforço para adivinhar a tal surpresa.

- Ah papai, você sabe que sou péssima nesse jogo. Me fala qual é a surpresa, por favorzinho. – Sei que ele não resiste ao biquinho que está em meus lábios e como eu já imaginava ele me revela a tal surpresa.

- Nós vamos ao nosso lugar favorito em todo o mundo e o melhor é que poderemos passar cinco dias lá.

- Aaaaaaaaaah não acredito! - Caramba, meu pai é demais, nós vamos pra fazenda! – Papai você é o máximo!!! Nós vamos pra fazenda ficar cinco dias lá. Eu, você, o Jas e a mam... espera, a mãe e o Jas vão também?

- Ah querida, você sabe que Esme não gosta de lá e seu irmão quis passar esses dias com ela, não pude evitar. – Ao ver meu sorriso murchar, ele continua. – Não fique triste, Bells. Nós teremos todos esses dias para nos divertirmos antes da sua faculdade e isso tudo sem celular, sem trabalho e sem nenhum problema. Só nós dois andando de cavalo, na cachoeira e fazendo todas as outras coisas que amamos.

- Tudo bem, pai. É sério isso de sem trabalho? – pergunto com a testa franzida – Porque da última vez, você disse isso e logo depois teve que resolver uma crise no hospital....

- Isabella, dessa vez seremos só nós dois. Eu te minha palavra, e você sabe, a palavra de um Swan só s...

- Se acaba com ele... Eu sei disso pai. – Com um novo sorriso no rosto nós recitamos o lema da família.

Poucas horas depois da nossa conversa, papai e eu estamos indo para o aeroporto rumo à fazenda. Ele está dirigindo enquanto mudo as estações como a ótima copilota que sou. Observo o rosto de papai mudar drasticamente de tranquilo para preocupado, tem alguma coisa errada será que... Não consigo terminar meu pensamento, pois sinto uma pancada no carro não permite. Olho pelo retroviso e vejo uma SUV preta com vidros escuros se aproximando perigosamente de nós.

- Bells, eu te amo. – ele me olha como se estivesse se despedindo. – Nunca se esqueça do realmente é importante. Fique com a cabeça abaixada.

- Pai, eu também te amo, mas porque está falando iss...- a próxima pancada é tão forte que não consigo completar minha frase. Sinto o carro capotando e meu corpo doendo, depois disso só a escuridão me acompanha.

HOJE:

No outro dia, quando acordei, recebi a notícia que meu morrera, aparentemente o carro tinha uma falha no cinto de segurança do motorista. A polícia não encontrou os responsáveis por nos fazer capotar, na verdade eles nem realmente tentaram, Esme decidiu que era melhor deixar assim. Essas lembranças só me fazem mal, por isso vou me concentrar no presente e focar no que preciso fazer.

Alice tinha razão, Rosalie realmente nos espera no saguão do aeroporto e pelas expressões em seu rosto, está tento um debate consigo mesma.

- Não sei se abraço ou te bato, Bella. – ela diz quando chego perto o suficiente.

- Vamos ficar com a primeira opção.- digo enquanto a abraço – Que motivo você teria para querer me bater?

- Alice me contou que você não quer tomar o remédio dona Isabella. – após abraçar nossa baixinha apropriadamente, ela me repreende como a uma criança – você sabe o quanto ele é importante, Bella. – completa, mais branda.

- Rose, estou me sentindo bem, não se preocupe com isso. – ela continua me olhando com verdadeiro zelo – Vamos, nos ajude com as trocentas malas que essa baixinha descontrolada me forçou a trazer.

Lice, sem deixar passar a brincadeira, me dá um leve tapa no braço. Nós gargalhamos e, com a ajuda de alguns seguranças, nos dirigimos ao carro.