Never Let Me Go – Gaius E Alice escrita por Cinthia Feitoza


Capítulo 1
Never Let Me Go




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Gaius, o Médico da Corte morava em Camelot. Um rapaz jovem, de cabelos castanhos, pequenos olhos azuis, e um coração cheio de esperança. Ele caminhava pelas ruas da Cidadela carregando seus livros, com óculos enormes sobre os olhos, fugindo de toda a agitação em direção à um lugar onde pudesse calmamente examinar cada detalhe de todos aqueles livros fantásticos. De cabeça baixa, tentando minimizar a ação dos claros raios do sol sobre seus olhos, não percebeu que a sua frente estava uma linda jovem, de longos cabelos cor de mel, olhando perdida de um lado a outro, tendo em seus ombros enormes bolsas marrons. Ela deu alguns passos olhando para dentro de um escuro túnel gradeado, incrustado nas paredes do Imponente Castelo de Camelot, sem perceber o rapaz vindo ao seu encontro.
- Ai! Me desculpe, Senhor – disse ela, assim que seu corpo e o do rapaz se tocaram, derrubando livros e bolsas. Ela prontamente começou a pegar suas bolsas espalhadas e ajudou o rapaz a sua frente a juntar seus livros. Assim que o último livro já estava nas mãos dele, eles se ergueram e então Gaius pode ver o belo rosto da jovem em quem esbarrara. Ela tinha meigos olhos azuis, parte de seu cabelo estava sobre a testa. Ela sorria terna, olhando encantada para ele. Gaius piscou algumas vezes, voltando à realidade.

- Eu quem devo pedir desculpas, senhorita. Estava de cabeça baixa e não a vi – falou, encabulado.

- Eu também estava distraída tentando encontrar uma hospedaria em que pudesse me instalar. – falou, ajeitando a mecha do seu cabelo que cobria-lhe a testa, revelando um pequeno corte sangrando.

- Senhorita, você está sangrando. Venha comigo, vamos cuidar desse seu ferimento. – Ele puxou-a pela mão em direção a sua casa. Assim que chegaram ao destino, ele pegou em uma prateleira alguns fracos com líquidos coloridos, alguns pedaços de tecido e então se aproximou da moça.
- Senhorita, isso pode arder um pouco, - avisou, molhando um pedaço de tecido e se preparando para encostá-lo na testa dela.

- Tudo bem. E pode me chamar só de Alice. – ela sorriu, fazendo um careta de dor em seguida. Ele aproximou o tecido na face de Alice e delicadamente passou-o sobre o corte. Ele fechou os olhos com força, em sinal de dor, e ele soprou sobre o ferimento secando o líquido de sobre ele. Aos poucos ela se acostumara com o toque do remédio sobre o ferimento não sentido mais ardência ou dor. Ele aplicou um pouco de uma pasta esverdeada sobre a testa dela e pediu que ela descansasse um pouco. 
- Você pode descansar aqui em casa, até que a pasta faça seu efeito. Fique a vontade. Eu vou precisar sair um pouco, mas já estou de volta – Gaius falou, olhando uma última vez o ferimento que começava a cicatrizar, sorrindo para Alice, que permanecia deitada sobre a cama dele. Ela acenou afirmativamente para ele, observando-o deixar o quarto. Assim que ouvi a porta ser fechada decidiu descansar um pouco; estava sonolenta e a dor na cabeça retornara.

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Alice acordou assustada, depois de um sonho perturbador, e então percebeu que não estava mais no Reino de Lot. Abriu os olhos vagarosamente, percebendo a pouca claridade do local. Bocejou levemente e sentiu uma dor fina em sua testa. Levou as mãos à cabeça e então sentiu uma grossa camada formar um risco em sua testa. Analisou mais cuidadosamente o local onde estava e então as lembranças tomaram sua mente. Lembrou-se de chegar a Camelot, do sol forte sobre seu rosto, do rapaz em quem esbarrou e dele ter cuidado do ferimento em sua testa; sorriu, lembrando de como se encantara com a beleza dele. Lentamente levantou da cama, organizando os lençóis sobre ela, cobrindo-a adequadamente. Em passos lentos, desceu as escadas à procura de seu mais novo amigo, não o encontrando em nenhum lugar. Deu de ombros, e andou até a cozinha; estava com fome e certamente Gaius também estaria quando retornasse de onde estava. Decidiu então, fazer algo para que eles comessem, como forma de agradecimento por todo o cuidado que ele teve para com ela. Procurou dentro dos armários ingredientes e em poucos minutos estava pronto. Um delicioso arroz com frango em quadradinhos e salada. Algo simples, mas era o máximo que ela pode fazer, já que estava um pouco tonta devido ao corte. Depois de por a mesa, retornou ao quarto em busca de suas bolsas, encontrando-as pousadas ao lado da cama de Gaius. Abriu-a e de dentro delas pegou um livro antigo. Abriu numa página aleatória e então começou a lê-la atentamente, buscando entender toda a descrição; treinaria tais passos no dia seguinte.

Gaius chegava a sua casa trazendo consigo algumas frutas frescas e um pequeno buquê de flores lilás, que floresciam nos arredores da cidade. Assim que adentrou o recinto, sentiu um delicioso cheio tomar suas narinas. Andou em direção a cozinha encontrando pratos e talheres sobre a mesa e a fonte de todo o cheiro delicioso em panelas sobre o fogão à lenha. Sorriu já sabendo quem tinha feito gesto tão gentil e deixou as frutas sobre uma bancada na cozinha, subindo até o quarto com o buquê nas mãos. Deu dois toques na porta antes de adentrar o quarto e encontrar Alice compenetrada, lendo um livro. Ela levantou o olhar do mesmo, sorrindo ao encarar Gaius a sua frente, estendendo um lindo buquê de tulipas lilás. Extremamente envergonhada, ela tomou-o em suas mãos, agradecendo o ‘presente’.

- Senhor Gaius... – Alice começou, mas logo fora cortada pela voz grave e um pouco rouca do rapaz, que sentou-se ao pé da cama onde ela estava.

- Só Gaius, por favor – pediu abrindo um sorriso que Alice podia jurar ser o mais bonito que já tinha visto na vida.

- Gaius – retornou, vendo sorrir abrir um sorriso ainda maior – Não sei como agradecê-lo por todo cuidado e consideração comigo. Nós nem nos conhecemos e você me acolheu em sua casa, cuidou dos meus ferimentos e ainda foi gentil demais em me trazer flores tão bonitas – ela falou, sorrindo ao olhar para o lindo buquê em suas mãos.

- Isso não foi nada, Alice. Apenas queria vê-la bem e sorrindo como está agora. O ferimento em sua testa não foi muito profundo, mas ainda assim, oferecia perigo. Fico feliz em ver que você está bem – ele sorriu e tocou a mão da moça a sua frente. Ela levantou seu olhar e sorriu em agradecimento.

- Você é o médico da corte de Camelot? – ela perguntou, afastando suas mãos, guardando o livro dentro da bolsa, sendo seguida pelos olhos atentos de Gaius.

- Sou sim. O Rei está muito abalado com a perda de sua esposa e precisa dos meus cuidados. Por esta razão deixei-a sozinha aqui – ele respondeu, levantando da cama, dando espaço para que Alice fizesse o mesmo. – Vi que você preparou algo para comermos. Devo dizer que o cheiro está ótimo. – ela sorriu com o comentário dele.

- Ahh, aquilo não é nada. Foi a forma que eu achei de te agradecer por todo a ajuda. – ela finalizou pegando sua bagagem e as flores, sorrindo para ele. Gaius olhou-a tentando pensar numa forma de mantê-la ali mais tempo com ele; não queria que ela fosse embora.

- Ei, onde a senhorita pensa que vai hein?! Eu não vou comer aquela comida sozinho não. Você vai saborear do seu trabalho dessa vez – falou, retirando dos ombros de Alice as bolsas e puxando-a pela mão. – Vem, vamos arranjar um vaso para essas flores e depois vamos comer. – Alice mal tivera tempo de concordar e já estava sendo praticamente arrastada em direção à cozinha. Ela sorria durante o curto caminho do quarto até a cozinha, recebendo olhares de Gaius ocasionalmente. Assim que chegaram lá, ele buscou num dos armários mais altos um vaso de cristal, em formato cilíndrico, bem fino, com detalhes cravados em toda a sua extensão. Ele encheu de água até a metade e colocou no centro da mesa. Alice, sorrindo boba, depositou o buquê dentro, enfeitando a mesa. Ela balançou a cabeça para os lados como se quisesse dizer que Gaius não tinha noção, mas ele apenas riu e puxou a cadeira para que ela sentasse. Eles se serviram e iniciaram um jantar mais que divertido. Conversaram sobre eles, seus gostos e sonhos. Gaius falava abertamente sobre sua vontade de ser o melhor Médico dos Cinco Reinos, e Alice ouvia a tua com um sorriso no rosto. O sonho dela não podia ser revelado, muito menos para alguém ligado a corte do temido Uther... um passo em falso e esse seria seu fim. As horas passaram rápidas e a luz do luar já tomava a cidade. As velas acesas pela cozinha iluminavam os dois jovens que ainda finalizavam seu jantar. Alice se levantava para levar as louças quando Gaius a interrompeu e fez questão de lavá-las ele mesmo.

- Está bem tarde. Acho que agora eu devo partir. Você certamente tem assuntos na corte amanhã, e eu não posso ficar te ocupando até tão tarde. – Alice dizia, andando em direção à sala ao lado de Gaius. – Obrigada mais uma vez por sua ajuda, Gaius. Foi ótimo conhecê-lo. – Gaius permanecia em silêncio, pensando que não queria deixá-la ir. Nesse momento ele a queria mais perto dele do que antes. Quando ela se afastava para subir às escadas, ele puxou-a pela mão aproximando perigosamente seus corpos.

- Não vá! – ele falou grave. Alice sentia a força deixar suas pernas apenas ao sentir o calor do corpo dele junto ao seu. Aqueles olhos azuis encarando os dela, a voz grave em seus ouvidos... tudo em Gaius a agradava, a desconcertava, deixava-a perdida.  – Você pode ficar quanto tempo quiser aqui. Tem um quarto extra, você pode ficar lá. – ele falou calmo, tentando convencê-la a permanecer ali. Tê-la em seus braços, ainda que não tão perto quanto ele queria, era a melhor sensação. Olhou naqueles olhos azuis mais uma vez, esperando uma resposta. Alice abria a boca para responder, mas as palavras lhe faltavam. Então sorriu e em fim aceitou o oferta de Gaius. O sorriso no rosto do rapaz enlargueceu e ele então subiu as escadas, instalando Alice e suas bagagens no quarto extra que tinha falado. Após todos os pertences da moça estarem devidamente guardadas, ele deixou retirou a pasta de ferimento, vendo a cicatrização quase completa. Pediu que ela aplicasse um pouco mais antes de dormir e desejou-lhe boa noite, saindo em direção ao seu quarto. A noite seguia aparentemente tranquila em Camelot, mas dois corações batiam acelerados e duas mentes fervilhavam em pensamentos. Gaius deitara poucos minutos após deixar o quarto onde Alice estava. O sorriso que tomara seus lábios desde o esbarrão mais cedo, não o deixara até agora. Seu coração batia forte em seu peito, a visão dos lindos olhos azuis, da boca rosada aberta em um sorriso, e o toque macio de sua pele o impediam de dormir. Sua vontade era ir até aquele quarto e tomá-la em seus braços, beijar sua boca, sentir o calor do seu corpo, tocar sua pele macia, sentir seu doce perfume. Um longo e alto suspiro saiu dele e então virou-se na cama, tentando dormir. Alice não pregara o olho desde que finalizou seu banho e deitou-se na cama. A imagem de Gaius inundava sua mente; o sorriso dele, sua voz imponente, mas também suave era como musica aos ouvidos da jovem. Lembrar de como eles estiverem tão próximos fisicamente fazia seu corpo estremecer. Fechou os olhos sorrindo e tentou descansar. Precisava estar bem disposta no dia seguinte; treinos de magia esgotam bastante.

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Os raios de sol iluminaram o quarto em que Alice dormia, despertando-a do seu sono tranquilo. Abriu os olhos lentamente, acostumando-se com a luz sobre eles. Sorriu fraco ao notar onde estava e lembrar o dia anterior. Levantou-se e com um pequeno espelho analisou o ferimento em sua testa; estava coberto por uma crosta verde, mas já se podiam ver pequenos fragmentos marrons entre ela, significando que o ferimento já estava fechando. Andou em direção ao banheiro que havia dentro do quarto e ali se banhou bem calmamente, libertando-se de todo o cansaço que tomara seu corpo. Assim que se vestiu adequadamente, desceu às escadas e viu que Gaius ainda não havia descido. Foi até a cozinha e preparou um café da manhã bem reforçado para os dois. Observou, sorridente, as tulipas dentro do vaso e então decidiu que mais tarde iria plantá-las no quintal, para que não murchassem e embelezassem a casa para sempre. Dirigiu-se até a sala, onde se pôs a analisar a inúmera coleção de livros que Gaius possuía; como médico ele estudava muito e conhecia sobre aspectos de variadas culturas e reinos. Ela olhava encantada a vasta coleção a sua frente quando um livro de capa verde escura chamou sua atenção. Ela queria lê-lo, saber do que se tratava, mas ele estava posto na prateleira mais alta da sala e ela não conseguia alcançar. Olhou para a escada, confirmando que Gaius não estava lá e então falou baixinho algumas palavras estranhas, fazendo com que o livro levitasse até suas mãos. O que Alice não sabia era que Gaius estava escondido ao pé da escada há tempo suficiente para vê-la praticar magia. Atônito com tal revelação, ele se aproximou em silêncio, apenas vendo-a ler atentamente as páginas do livro. Assim que sua figura adentrou o campo de visão de Alice, ela largou o livro na prateleira mais baixa e sorriu para ele, mas ao percebê-lo pálido, logo sua expressão mudou.

- O que houve Gaius? Está se sentindo bem? – Alice perguntava aproximando-se do rapaz, que permanecia em silencio, apenas encarando-a. Ele piscou algumas vezes e deu dois passos para trás, ficando mais distante de Alice.

- Vo... você tem magia? – ele gaguejou pelo nervosismo. Alice então entendeu porque ele estava tão estranho e se assustou ao notar que havia cometido um deslize por algo tão bobo.

- Você viu? – perguntou temerosa. O que seria dela agora? Gaius era médico da corte, era leal ao seu rei. Certamente ele a entregaria e ela seria queimada viva como tantos outros. Alice levou às mãos ao rosto, como se assim conseguisse acalmar seu corpo tomado pelo medo. Olhou nos olhos então inexpressivos de Gaius, esperando que ele dissesse alguma coisa. Gaius respirou uma, duas, três vezes antes de conseguir formular alguma frase com sentido.

- Isso é... – pausou, passando a mão nervosa pelos cabelos castanhos.

- Proibido! Eu sei, mas eu nasci assim e não posso evitar, Gaius – Alice desatou a falar, com a voz embargada, as mãos trêmulas. Ela se aproximou do rapaz que não se moveu.

- Isso é... é... FANTÁSTICO! – Gaius exclamou alto, assustando Alice, que agora não entedia a reação dele. Ele pegou nas mãos dela e sorriu largo. – Eu sei que também é perigoso, ainda mais aqui em Camelot. Você precisa se policiar mais... – falou rápido, fazendo-a sentar-se na poltrona, ficando ajoelhado à sua frente. – Mas é maravilhoso estar cara a cara com alguém que possui magia. Sempre quis conhecer mais sobre isso, entender como tudo funcionada pra vocês, e talvez, aprender com vocês. – Alice acompanhava as palavras de Gaius ainda atônita; nunca imaginou que ele pudesse se interessar pelos inimigos do seu rei, que pudesse admirar alguém a quem ensinaram repugnar. Ela sorriu e num ímpeto de alívio abraçou o rapaz, quase derrubando no chão da sala. Ele retribuiu o abraço, apertando-a em seus braços, trazendo o corpo de Alice mais perto do dele. Ficaram abraçados por alguns segundos e então ela separou o abraço, enxugando as poucas lágrimas que rolaram de seus olhos. Gaius passou delicadamente o polegar sobre a bochecha de Alice, secando as lágrimas ali presentes. Ela sorriu e fungou, respirando aliviada.

- Eu achei que você fosse me entregar ao seu Rei. – a moça falou, enxugando as últimas lágrimas que rolavam.

- Eu não poderia fazer isso. Não poderia vê-la morrer. - Gaius passou a mão pelos longos cabelos mel de Alice, puxando uma parte deles para trás enquanto mantinha os olhos fixos nos dela.

- Eu não posso mais ficar aqui... Se me descobrirem, você também irá se machucar e eu não aguentaria causar mal a você. Eu preciso ir embora! – Alice fez menção de se levantar, mas Gaius forçou sua mão sobre a dela, impedindo que ela se movesse. Ele se aproximou mais da moça sentada à sua frente, passando levemente seus dedos pelo rosto claro e macio dela. Ele pousou sua mão esquerda bem abaixo do queixo de Alice, que olhava intensamente para a imensidão azul dos olhos de Gaius. Ele encostou sua testa na dela e então praticamente sussurrou.

- Eu não posso deixar você ir embora. Não conseguiria deixá-la ir, porque... – ela pausou, tomando coragem para dizer. Alice fechou os olhos ao sentir a respiração quente de Gaius tocar seus lábios.
- Porque...  – ela continuou, olhando-o nos olhos, encorajando-o a finalizar a frase. Ele afastou um pouco sua testa da dela e sorriu um pouco, fazendo-a sorri em resposta.

- Porque eu acho que estou apaixonado por você! – ele terminou, com um sorriso largo no rosto. Alice levou uma de suas mãos em direção ao rosto de Gaius, tocando de leve da testa até o queixo. Ela sorriu e fechou os olhos.

- Eu também acho que estou apaixonada por você! – ela terminou e seus olhos brilhavam, assim como os de Gaius. Ele aproximou seu rosto do dela e então encostou seus lábios nos de Alice, beijando-a delicada e apaixonadamente. Naquele momento não havia guerra, não havia rei, nem havia magia... Aquele momento era apenas deles... De Gaius e Alice.

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Os dias que se seguiram foram os mais intensos e alegres das vidas de Alice e Gaius. Ela ensinara inúmeros feitiços de cura e fez muitos encantamentos simples apenas para que Gaius ele conhecesse. Ele começara a realizá-los de forma tão exímia, que qualquer um poderia jurar que ele havia nascido com o dom. Os piqueniques na floresta, os banhos no lago, as memórias compartilhadas... cada momento que dividiam juntos exalava o amor que sentiam um pelo outro. A noite chegou e os dois estavam sentados à mesa, saboreando mais uma refeição, quando ouviram batidas fortes e rápidas na porta. Gaius se levantou e andou em direção à porta, enquanto Alice permaneceu na cozinha, levando os pratos a pia para lavá-los.

- Senhor Gaius, o Rei exige sua presença no Castelo imediatamente. – um guarda informou e então Gaius avisou-lhe que só pegaria seus materiais e logo estaria na presença do rei. Assim que o guarda se afastou ele fechou a porta e foi em direção à Alice, que terminara de lavar a louça.

- Uther precisa de mim, urgente. – falou, pegando uma bolsa redonda onde ficavam todos os seus instrumentos de trabalho e algumas poções. – Espero não demorar muito, meu amor. Você me espera? – ele perguntou beijando os lábios de Alice rapidamente.

- Claro que sim. Vai lá e volta logo. – disse Alice assim que seus lábios se separaram e viu Gaius sair pela porta em direção ao Castelo dos Pendragon. Ela subiu às escadas em direção ao seu quarto, pegando o seu livro de feitiços de dentro da bolsa. Tomou nas mãos o livro e um papel e desceu onde Gaius guardava a pena e a tinta e então começou a escrever uma carta:

Meu amado Gaius... Não consigo expressar como estou feliz ao teu lado. Os dias que passamos juntos foram os melhores que já vivi em toda a minha existência. Sua presença me dá segurança, conforto, felicidade... Gostaria de estar ao teu lado para sempre! Este livro foi o único tesouro que herdei de minha família. Há muito me afastei deles e não sei mais onde encontrá-los; gostaria que ele fosse seu agora. Sei que você não vai usá-lo no seu trabalho e talvez nunca mais o abra depois de hoje, mas quero que ele fique contigo, assim sempre se lembrará de mim e de como eu te amei. É, não posso mais negar o óbvio, não consigo mais esconder... Eu amo você. Amei no segundo em que olhei em teus lindos olhos azuis, no instante em que cuidou de mim e também quando me beijou. Amei cada gesto, cada palavra, cada carinho. Amar você foi a melhor coisa que já fiz.

Te amo... Para sempre

Alice

Assim que terminou de escrever, soprou por alguns segundos, para que a tinta secasse e então dobrou o papel, colocando-o entre as folhas do livro. Subiu às escadas deixando o presente em cima da cama de Gaius, indo em direção ao seu quarto, tomar seu banho e descansar à espera dele. Gaius chegou em casa muitos minutos depois do que imaginara; A pequena Lady Morgana havia passado mal e precisava de cuidados urgentes. Subiu as escadas bem silenciosamente, observando uma leve chama amarela sair do quarto onde Alice estava. Se aproximou sorridente, avistando sua amada dormir serena. Preferiu não acordá-la e com cuidado andou em direção ao seu quarto. Assim que adentrou o recinto, encontrou o livro que ele sabia ser de Alice e um pequeno pedaço de folha solto entre as páginas. Pegou-o e se pôs a ler. O sorriso e a alegria que invadiram seu corpo não podiam ser medidos. Gaius queria gritar aos quatro cantos que ela o amava. Levantou-se e foi tomar seu banho; assim que finalizasse escreveria um bilhete para ela, para não acordá-la. O banho passou rápido tamanha era a felicidade que explodia em seu peito. Já devidamente vestido, Gaius saiu do banheiro e encontrou Alice sentada em sua cama, com um sorriso meigo nos lábios e um rosto sonolento.

- Te acordei, meu amor? – ele perguntou, aproximando-se e beijando Alice. Ela balançou negativamente com a cabeça e bagunçou o cabelo do rapaz.

- Eu prometi que te esperaria, mas acabei cochilando... Me desculpe – disse ela, sendo puxada por Gaius para mais perto dela, abraçando-a pela cintura, quase deitados na cama.

- Não tem problema nenhum... você está aqui agora! –Ela falou, beijando-a mais uma vez. O gosto dos lábios de Alice era maravilhoso para ele. Ela apertou mais seu corpo ao dela e intensificou o beijo. Alice passou seus braços ao redor do pescoço dele, sentindo o coração explodir de felicidade ao sentir o toque da pele quente de Gaius na sua. Ele separou o beijo ofegante, encostando as testas. Os dois permaneciam de olhos fechados apenas ouvindo a respiração um do outro. Minutos passaram em que apenas as respirações fortes podiam ser ouvidas.

- Eu te amo demais, Alice! Não pensei que pudesse amar alguém assim um dia, mas eu posso e esse alguém é você. – ele falava com a testa ainda encostada na dela. – Você não tem ideia de como é bom estar a teu lado, como é perfeito ter você meus braços, beijar tua boca, sentir teu calor. – ela ia dizendo as palavras intercalando com beijos pelo rosto e pescoço de Alice. Onde os lábios dele tocavam um formigamento aparecia, como se o beijo dele ativasse todos os sentidos dela. – Se eu te pedir pra ficar comigo, pra ser minha esposa, minha companheira para sempre, você aceita? – ele perguntou olhando nos olhos de Alice. As lágrimas se formaram ao ouvi-lo dizer palavras tão bonitas. Ela acenou com a cabeça, sorrindo e então o beijou de surpresa, fazendo-o tombar para o lado, ficando com seu corpo em cima do dele.

- É claro que eu aceito, meu amor. Eu te amo demais. Será maravilhoso ser sua esposa. – ela falou e começou a dar beijos rápidos pro todo o rosto de Gaius, fazendo-o rir. – Eu te amo! – sussurrou com o rosto bem perto do dele.

- Eu também te amo – Gaius respondeu e então beijou Alice de forma apaixonada e intensa, apertando a cintura dela com força, como se quisesse trazê-la para mais perto. Ele abraçou-a e girou na cama, ficando por cima dela, sem desgrudar os lábios, enquanto abria os botões de seu vestido. Alice elevou seu tronco, para facilitar e então levou suas mãos à camisa que Gaius vestia, puxando-a para cima. Ele delicadamente puxou o vestido de Alice, revelando seu corpo coberto apenas pelas roupas íntimas. Assim que o vestido caíra no chão, ele voltou seus beijos para o pescoço e colo dela, fazendo-a respirar ofegante. Os minutos foram passando, as roupas que ainda restavam foram arrancadas dos corpos e eles se amaram, prometendo ser um do outro para sempre.

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Alice despertou com a luz do sol batendo em seu rosto. Assim que abriu totalmente seus olhos pode ver que o quarto em que estava não era o seu. Ela sorriu, virando seu corpo para o lado, encontrando o, ainda adormecido, Gaius. Com delicadeza, ela passou as mãos pelo rosto do amado, retirando uma mecha de cabelo que pairava sobre o olho dele, sorrindo largo ao lembrar da noite passada; tudo fora mais perfeito do que ela imaginara. O toque quente de Gaius, seus beijos, o desejo em seu olhar... tudo acontecera da forma mais maravilhosa possível. Ela depositou um beijo no peitoral de Gaius, subindo para o pescoço, até atingir o ouvido, onde sussurrou um ‘bom dia’. Gaius mexeu-se e abriu seus olhos, espreguiçando-se. Assim que percebeu o corpo em cima do seu, sorriu para Alice, puxando-a pela cintura, beijando sua boca.
- Bom dia, amor da minha vida! – ele disse, fazendo-a sorrir ainda mais. Alice passou suas mãos pelos cabelos castanhos de Gaius, puxando-os levemente para trás.

- Bom dia meu amor! – ela respondeu, tentando sentar na cama, mas Gaius forçou seu peso contra o corpo dela, impedindo-a de ser erguer.

- Fica aqui, amor. Hoje eu quero passar o dia inteiro assim, abraçado com você. – ele dizia manhoso, depositando beijos pelo pescoço de Alice.

- Ahh, ia ser ótimo passar o dia juntinho de você, mas... – Alice, falava tentando resistir a enorme vontade de beijá-lo e ceder ao desejo que tinha por Gaius. – você tem que trabalhar Senhor Médico da Corte! – falou num tom engraçado, empurrando Gaius o suficiente para se desvencilhar de seus braços e sair da cama. Gaius fez uma cara emburrada que a fez gargalhar. Ela pulou na cama pousando seu corpo sobre o dele. Eles se beijaram por algum tempo e então ela separou os lábios dos dois.

- Amor, eu queria muito ficar assim contigo, mas não quero que você se prejudique por minha causa. Vai pro seu trabalho que quando você retornar, eu estarei aqui e serei toda sua. Ele beijou-a puxando levemente o lábio inferior de Alice entre seus dentes. Ela sorriu assim que ele soltou seu lábio e beijou-o mais uma vez.

- Toda minha né?! – Gaius perguntou de um modo manhoso, fazendo Alice rir antes de afirmar com a cabeça. Eles se levantaram e tomaram café juntos. Gaius saiu em direção ao castelo enquanto Alice permanecera na cozinha, guardando a louça que acabara de lavar. O dia fora tranquilo, repleto de reuniões de cunho político no Castelo de Camelot. Uther reuniu todo o Conselho para saber se já haviam encontrado alguma pista da feiticeira que haviam visto na floresta. O coração de Gaius congelou ao ouvir Sir Ivain dizer que conseguiram capturá-la ainda esta tarde.

- Ela estava usando magia para mover a fumaça que exalava da pequena fogueira, em formas diversas. Provavelmente algo nocivo ao povo, já que a fumaça se dissipava em nossa direção. – Gaius ouvia atento e aflito as palavras do Sir Ivain, observando um sorriso satisfeito encher os lábios de Uther. Não podia acreditar que era Alice, a sua Alice. Não podia vê-la presa, não aguentaria vê-la morrer. Uther ordenou que a execução fosse preparada para a manhã do dia seguinte, fazendo a pulsação de Gaius acelerar freneticamente; ele teria que agir e precisaria ser rápido. Saiu em disparada para sua casa assim que o Conselho fora desfeito, sem pensar em nada e ninguém além de Alice. Queria estar enganado, queria chegar em casa e vê-la sentada na sala lendo um de seus livros bem compenetrada, queria poder sentir seu abraço carinhoso, seu beijo doce... queria que ela estivesse bem e viva. Mas infelizmente a feiticeira capturada era mesmo Alice. Seus olhos encheram de lágrimas ao chamar seu nome dentro da casa e não ouvir resposta. Andou até a cozinha e viu um bilhete sobre a mesa. Pegou-o com as mãos trêmulas e leu o escrito “Fui à floresta praticar. Volto logo. Te amo”. As lágrimas rolaram pelo rosto branco de Gaius; a dor em seu peito era imensa. A mulher que ele amava, sua alma gêmea, seria morta e ele não poderia impedir que isso acontecesse. Culpou a si mesmo por deixá-la sozinha, por tê-la mantido em sua casa, por colocá-la em perigo fazendo-a permanecer em Camelot. Ele precisava fazer alguma coisa, precisava salvá-la, teria que manter Alice viva, ainda que isso significasse viver longe dela para sempre.

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O escuro e o frio eram suas únicas companhias naquela sela enorme e monstruosa. Alice permanecia em silêncio, com as mãos e pés presos aos grilhões, sendo iluminada pela fraca luz do luar. Os soldados que guardavam as selas estavam sentados mais a frente, sonolentos. Seus olhos queimavam, seu rosto estava encharcado e sua cabeça latejava de dor. Não conseguia pensar no ódio que sentia por Uther e nem na dor que o contato dos grilhões causava em sua pele; apenas pensava em Gaius. Não queria perdê-lo justo agora que estavam juntos, que iriam se casar. Ela suspirou ao lembrar dos olhos azuis que lhe encaravam felizes esta manhã, do carinhoso café da manhã, de como cada momento ao lado dele, por menor que fosse, era perfeito. Uma lágrima escorreu por seu rosto e então ouviu passos cada vez mais próximos. Sentiu o medo tomar todo o seu corpo ao imaginar que poderia ser Uther ou qualquer um de seus cavaleiros que estivessem levando-a para a execução, mas seus olhos viram a imagem que desejaram completar durante o dia inteiro. A visão de Gaius próximo às grades que isolavam a sala aqueceu o coração de Alice, fazendo-a sorrir. Ela tentou levantar-se, mas os grilhões pesados em seus pés a impediram. Gaius olhou para os dois lados e então pegou uma chave abriu a sela, andando rápido em direção a sua amada. Assim que seus corpos se aproximaram, ele a abraçou forte, sentido o calor do corpo magro de Alice tocar sua pele. Ela chorava um pouco, e ele beijou sua boca, um pouco machucada no canto esquerdo.

- Pensei que nunca mais iria vê-lo, meu amor – ela disse, assim que ele separou seus lábios, encostando suas testas. – Me desculpe amor, eu não fiquei atenta e acabei sendo pega. Me perdoa, por favor... - ela dizia chorando copiosamente. Gaius a abraçou novamente, aninhando-a em seu peito, tentando acalmá-la.

- Lice, a culpa foi minha. Você devia ter ido embora assim que descobri que você tinha magia, mas eu egoísta não pude te deixar partir. Se não fosse por mim, você estaria livre agora, se não fosse por mim... – Alice pousou seu indicador sobre os lábios de Gaius, calando-o. Ela sorriu, passando a mão pelo rosto macio do seu amado, guardando cada traço dele. Ele seria a única lembrança que ela levaria. Não se importava de morrer, apenas queria que ele não sofresse nenhum dano.

- Eu não me arrependo de um momento sequer que passei ao seu lado, amor. Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. – ela falava enquanto enxugava as lágrimas que rolavam pela bochecha do rapaz a sua frente. – Amar você foi a melhor escolha da minha vida. Te amo – ela falou e selou seus lábios aos dele num beijo triste. Gaius separou seus lábios e fungou antes de quebrar um dos grilhões que prendiam as mãos Alice. Ela olhou-a assustada e então, observou-o quebrar os grilhões em suas pernas.

- Você não vai morrer por minha culpa, Alice. Vá, fuja para o mais longe possível e não volte mais para Camelot. Me dói ter que vê-la partir, mas não poderia deixá-la morrer. Quero você viva, mesmo que nunca mais a veja. – ele falou, ajudando Alice a se levantar e entregou a ela uma moringa com água e alguns alimentos dentro de uma bolsa. Os pertences mais leves de Alice estavam todos numa outra bolsa, pequena o suficiente para que ela pudesse carregar. Alice chorou, mais uma vez aquela noite, não por medo ou ódio, mas pela dor de ver seu amado se arriscar para mantê-la viva, dor de vê-lo ficar para trás talvez para sempre. Eles correram com cuidado em direção a um túnel que dava acesso à floresta.

- Amor, um dia eu vou voltar e neste dia nós ficaremos juntos para sempre. Serei sempre sua, e só sua. - ela o abraçou forte, tentando memorizar o toque de seus corpos, tocou seu rosto e beijou Gaius uma última vez antes de sumir na escuridão da floresta. Gaius voltou para casa, lentamente tentando adiar por um pouco mais de tempo, a solidão de sua casa. As palavras de Alice lhe davam esperança, ainda que pouco fosse pouco provável, ele acreditava, assim como ela, que chegaria um dia em que feiticeiros e pessoas comuns viveriam em paz. Eles sabiam que chegaria um tempo em que o ódio e a repressão dariam lugar ao respeito e amor... Eles esperavam por este tempo, por seria nele que eles se reencontrariam, se amariam e permaneceriam juntos... Para sempre. 


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