– Olá Percy. – disse disfarçando um sorriso pra meu velho amigo de infância.

– Ei cara, há quanto tempo.

Eu não o via desde criança, desde quando me mudei para Dallas. Mas lá estava ele, no meu lado tomando o meu suco. Percebi um bigode ralo em seu rosto e algumas olheiras, acho ser semideus de 19 anos não é fácil. Ele me ajudou a levantar e me levou para fora. Vi florestas, chalés e um campo de morangos.

– Que lugar é es...

– Benjamin! Como você está? – Disse Annabeth, me interrompendo. Senti um certo alivio ao vê-la, afinal ela estava viva. Ela deu um beijo no Percy e me abraçou.

– Eu estou bem, que bom que não morreu.

– Ah obrigada, você também – Ela chegou ao ouvido do Percy, cochichou algo e disse. – Benjamin o Percy tem algo para fazer, quer que eu te mostre o lugar?

– Ok vamos.

Nós nos despedimos e descemos a colina em direção ao campo de morangos. Ela me contou que tinha me salvado em cima do prédio, mas não se lembrava de muita coisa. Para mudar de assunto, ela começou a mostrar os lugares como se fosse um tour. Falou sobre a floresta cheia de monstros, sobre as ninfas do lago, visitamos o pavilhão, um anfiteatro, uma forja, uma colina com um pinheiro mágico (tinha um dragão lá!) e finalmente fomos para a arena.

Quando chegamos lá, tinha vários adolescentes lutando, mas tava mais para treino. Eles treinavam com todo tipo de armas antigas, contra bonecos com armaduras ou contra eles mesmos. Notei também que ninguém usava uma arma de fogo (O que é bom, acho). Fui entrando no lugar e Annabeth disse:

– Ei Benjamin, quer treinar comigo?

– Eu ainda não estou recuperado, mas acho que posso treinar um pouco. – Eu invoquei minhas espadas e ela sacou a adaga.

– Que interessante esse cinto, como conseguiu ele?

– Longa história. – Respondi atacando.

Ela era bem ágil, desviou dos meus ataques com facilidade, ela contra-atacou com adaga, esquivei pela direita, mas não consegui atacá-la, pois ela me desarmou com um chute e depois me atacou. Consegui invocar meu escudo a tempo de defender e contra-ataquei, foi um golpe forte. Quando acertei sua adaga saiu voando da mão dela, mas ela previu isso, ela rolou pela direita e pegou minha espada que estava no chão e me atacou pela lateral, não consegui me virar a tempo por causa do meu ferimento, ela me acertou com a lateral da espada e me deu uma rasteira. Eu caí no chão e ela apontou minha espada em minha direção.

– Nossa você é boa!

– Valeu, você também – Disse ela me oferecendo a mão. Eu peguei e ela me ajudou a levantar.

Dou uns passos para trás e acabei trombando num dos garotos que treinava, me virei pra ele e não acreditava no que via. Era o Richard.

POV Percy

Annabeth me disse que Quíron tinha uma coisa séria para me dizer sobre Benjamin, mas antes de ir para Casa Grande foi falar com Grover sobre Benjamin:

– Então ele é de Dallas? Estranho, não me lembro de protetor ter ido para lá há quadro anos. – disse Grover.

– Talvez tenha ido quando você estava em missão...

– É pode ser, eu irei ver nos registros. Mas por que você quer saber sobre o protetor?

– Quero saber o que aconteceu há quadro anos, o protetor deve saber.

Me despedi de Grover, e corri em direção da Casa Grande, ela ficava perto do campo de morangos e quando cheguei Quíron estava me esperando na porta.

– Entre Percy. – Disse ele seriamente.

Ele entrou e eu o segui até o seu escritório. Sr. D estava lá também. Eu me sentei na cadeira que ficava perto de seus troféus que ganhou nos Grandes Jogos dos Pôneis de Festa! Ele fechou a porta, se acomodou num canto e começou a falar:

– Temos um problema Percy. – “E quando não temos”, pensei.

– O que foi? Annabeth me disse que você me falaria algo sobre o Benjamin.

– Exato! – disse Sr. D – Ele é o problema.

– Como assim?

– Bem é complicado... Ele não devia estar aqui, porque ele é... – Quíron pensou em suas palavras – Diferente.

– Diferente como? Quíron o que está acontecendo? – Quíron começou a andar pela sala, pensando em como falar.

– Eu falo droga! Seu amigo é um garoto que teve um nascimento proibido, ou seja, ele deve morrer. – disse Sr D tomando sua coca diet.

– O que? Do que está falando? – Gritei num breve momento em que esqueci que Sr. D era um deus e podia me transformar poeira.

Mas ele apenas ergueu uma das suas sobrancelhas e disse para Quíron apontando para mim:

– Posso matar ele também?

– Não. – E se virou para mim – Ouça Percy, é como o Sr. D disse, o nascimento daquele garoto nunca devia ter acontecido, pois poderia acabar com todos os semideuses. – O clima da sala ficou um pouco tenso.

– Por quê?

– Pois existe uma velha profecia, a Profecia da Ruína, ela é tão antiga quanto à Primeira Guerra dos Titãs. Era sobre um semideus nascido da ruína que poderia causar a destruição de toda existência e tudo o que os deuses criaram, até a si próprio.

– Ou seja, isso inclui nossos filhos, o acampamento e quem sabe os romanos também. – Disse Sr, D.

– Imagine Percy, cada civilização que os deuses gregos influenciaram seria destruída. – Completou Quíron.

– Isso é impossível – Apoiei minha cabeça sobre minhas mãos e pensei sobre aquilo. Toda criação feita pelos deuses seria destruída, lembrei de como os deuses influenciaram o mundo, eles criaram cidades, países inteiros. “Como um semideus podia fazer tudo isso?” Uma pergunta veio a minha mente:

– Quem é o pai dele? É um dos Três Grandes? – perguntei.

– Percy isso não vem ao caso, mas q... – Falou Quíron.

– Diga a ele Quíron. – Disse Sr. D, com um tom sério – Ele pode saber.

– Quíron! Percy! – Annabeth estava chamando-nos.

– Estamos aqui! – Gritei de volta, Quíron deu um sorriso tipo “Graças aos Deuses!” e voltou para sua escrivaninha. Digo para os dois. – Conversaremos sobre isso depois.

Ela entrou com Benjamin apoiado nos ombros, sua ferida estava sangrando e suas mãos estavam manchadas de sangue.

– O que aconteceu Benjamin? – Perguntei.

– Eu... Tenho que sair daqui, senão vocês vão morrer!

POV Annabeth

Quando ajudei Benjamin a se levantar ele trombou com um garoto do chalé de Hermes. Os dois de encararam e ambos ficaram pálidos.

– Richard!

– B-Benjamin!

Benjamin se enfureceu e partiu pra cima de Richard, o pegou pela gola e o empurrou até a parede de arena, lá ele deu um soco no rosto do Richard e perguntou:

– Maldito! Por que ainda está vivo? Se escondeu daqueles monstros quando matavam a nossos amigos? – e deu outro soco nele

– Não, eu... Por que está aqui? Pensei que tinha morrido.

– Pro seu azar eu ainda estou vivo covarde!

Benjamin o jogou no chão, sentou em cima dele e deu vários socos até sangrar.

– Pare com isso Benjamin! – digo – Por que está fazendo isso? – Outros campistas tiraram de cima de Richard e o imobilizaram.

– Por que...? Porque esse bastardo deixou todos seus amigos morrerem para se salvar!

– O que? Quando?

– Em Detroit, quando seus amigos lutavam, ele ficava parado e quando teve chance de agir, correu e deixou Mia... minha namorada morrer!

– Isso é impossível. A base de Detroit foi destruída, mas Richard tentou salvar todos, mas não conseguiu. Ele foi um herói. – Disse uma garota loira perto de Richard. Sua namorada talvez.

Benjamin começou a rir alto.

– Foi isso que ele contou para vocês? Ele foi um covarde. Hector Vinici, filho de Demeter; Sarah LeForet, filha de Afrodite; Edward Bittow, filho de Nike e Mia Pierce, Filha de Apolo. Foram os verdadeiros heróis!

Benjamin começou a lacrimejar quando disse o ultimo nome, mas ainda estava com raiva, se soltou dos campistas e deu um chute na costela de Richard que ainda estava no chão.

– Benjamin, eu sei como é perder amigos. Se acalme – Digo.

Ele olhou para mim e disse:

– Você sabe... Sabe como é ver seus amigos sendo mortos na sua frente? Sua namorada? E não poder fazer nada. Perder a única coisa que te fez feliz na vida. Você sabe como é Annabeth?

Uma lagrima saiu de seus olhos. Senti uma dor ao imaginar tudo que ele passou, também notei que seu machucado começou a sangrar.

– Não... – Digo, ele se virou e foi andando para a saída da arena.

– Benjamin me perdoe, por favor! O que eu posso fazer para você me perdoar? – Gritou Richard.

– Morrer. – Disse ele e saiu da arena, eu fui atrás dele.

– Benjamin você vai embora do acampamento? Vai falar com Percy?

– Embora do acampamento? Aqui é o Acampamento Meio-Sangue?

– Sim. – Seu rosto ficou falido e ele veio em minha direção, me pegou pela minha blusa e disse.

– Me leve até o Percy, rápido!

Então eu o levei até a Casa Grande.

POV Benjamin

Eu estava no Acampamento Meio-Sangue, como eu fui tão cego de não perceber.

Eu e Annabeth corríamos o mais rápido possível para a Casa Grande, mas meus machucados começaram a sangrar na arena e começou a doer, ela me ajudou na metade do caminho e logo chegamos a Casa Grande. Antes de entrarmos digo:

– Annabeth desculpe por gritado com você.

– Tudo bem. – Disse ela, e nós entramos na casa. – Quíron! Percy! – Chamou ela.

– Estamos aqui! – Gritou ele.

Annabeth e eu seguimos pelo corredor e chegamos numa porta, entramos lá e vi Percy, um centauro branco e um cara gordo de barba (Trovões!) bebendo coca diet. Eu queria saber quem era eles, mas não tinha tempo para apresentações. Eu tinha que sair do acampamento imediatamente. Percy me viu e perguntou:

– O que aconteceu Benjamin?

– Eu... – Eu queria contar para ele, mas como um disse, não tínhamos tempo então fui direto ao ponto. – Tenho que sair daqui, senão vocês vão morrer!

Percy ficou pálido e olhou pro cara gordinho, ele se levantou da cadeira e perguntou:

– Isso foi uma ameaça garoto?

– Não seu velho gordo, um aviso. Percy eu tenho que sair daqui! – Eu não tenho muita paciência com perguntas idiotas, mas Percy ficou ainda mais pálido, Annabeth deu uns passos para trás e o centauro foi em direção do gordinho. Que estava ficando meio roxo, de raiva talvez.

– Benjamin... Ele é o deus Dionísio. – Engoli seco – Peça desculpas! – disse Annabeth.

– Meus deuses! Desculpe senhor! – Falei com nervosismo.

– Está tudo bem... – Fiquei mais calmo – Só que mesmo assim eu vou ter que te matar, mas agora com certa satisfação pessoal.

Quem ficou pálido agora fui eu. Eu estava começando a correr quando videiras se enrolaram em meus pés e foram subindo até os meus braços, me imobilizando. Percy e Annabeth pediam para o centauro de nome Quíron impedisse Dionísio de me matar, ele não se mexia, eu via que queria me ajudar, mas hesitava. Ele até virou o rosto pro lado. Sentia as videiras sugar minhas energias, eu não conseguiria escapar.

As videiras já estavam na altura do pescoço quando um garoto pálido de cabelos pretos saiu das sombras e cortou as videiras com um golpe. Cai de joelhos, olhei o garoto e o reconheci na hora.

– Nico! O que esta fazendo aqui? – Perguntou Percy.

Nico me ajudou a levantar e disse sorrindo:

– Vim ajudar um velho amigo.