Eu estava esparramada no sofá me afogando nos meus livros para as provas do fim do semestre, quando uma Sarah cheia de revistas e catálogos invade o meu apartamento e sai empurrando meus livros para o chão. Olho indignada para ela, mas a mesma apenas suspira.

–Não faz essa cara! – Sarah choraminga. – Eu tenho que arrumar o meu casamento inteiro em dois meses e eu tenho boas notícias.

–Detalhe, sua mãe está organizando. Você só precisa fazer a lista de convidados, escolher o vestido, madrinhas, damas de honra e provar as comidas para lá, o que é a melhor parte. E que boas notícias são essas?

Eric havia pedido Sarah em casamento no final do mês passado (No final de semana que eu fugi para a casa de praia dos pais da Sophie) e a Sarah havia dito sim, óbvio. O problema é que o Eric queria que a avó dele visse o casamento, só que a avó dele já estava com seus 98 anos e não duraria muito, então eles estão fazendo o casamento em três meses, contando com o mês que ele fez o pedido, então eles só tem dois meses e a Sarah está pirando. A sorte é que a mãe dela é uma organizadora de festas e tá fazendo a maior parte do trabalho, mas a Sarah não consegue achar o vestido dos sonhos dela, ela até já cogitou ir atrás da Elie Saab ou Vera Wang em New York e encomendar o vestido, mas não era tempo o suficiente. Sarah estava arrastando as meninas e eu para todas as lojas possíveis, ela até gostou de um em uma loja, mas não o suficiente e ela iria comprar aquele se não achasse nenhum.

–Eu achei os vestidos perfeito! – Sarah comemora. – Você sabe que vão ser dois vestidos né? O mais bonito é o do casamento, o segundo é mais simples. Vamos pegar o seu vestido amanhã, okay? Você vai ser a madrinha mais linda e ainda vai ter uma barriguinha crescendo.

–Onde você encontrou o seu vestido? – Pergunto e me arrumo no sofá, de forma que estou sentada.

–Uma loja perdida perto da casa da minha tia. São perfeitos. – Ela sorri empolgada. – Ainda não acredito que eu aceitei casar com aquele idiota. Acho que foi por causa do diamante três quilates que ele me mostrou.

–Você é uma aproveitadora. – Eu ri.

–Hey! Eu namorei com ele mesmo antes de saber que os pais dele eram donos de metade da cidade. – Ela faz careta.

A porta do apartamento se abre e o Pietro entra correndo com o Rush no colo e os olhos verdes arregalados. Eu franzo a testa e ele solta o meu cachorrinho no chão e o mesmo corre até meu colo.

–O que houve? – Pergunto e faço carinho no Rush que está cheirando minha barriga. Ele sabia que tinha um bebê ai, antes mesmo do Pietro. Na noite que eu descobri que estava grávida, depois que fomos deitar, o Rush subiu na cama e começou a cutucar e cheirar a minha barriga. Foi fofo.

–A sua mãe está tendo bebê. Precisamos ir correndo para o hospital, ela já estava em trabalho de parto antes de mesmo de ir para o hospital e não percebeu. – Ele diz. – Não é arriscado demais ela ter bebê na idade dela? Ela tinha que está grávida antes mesmo da lua de mel? Meu pai é um fazedor de crianças, Deus do céu! Eles tem que parar com isso antes que consigam abrir uma creche.

–Olha quem fala! Você engravidou a Mel em apenas uma vez sem proteção. – Sarah ri.

–Nós temos que ir! – Me levanto em um pulo. – Tenho que me trocar.

–E o meu vestido? – Sarah faz bico.

–Minha mãe está expulsando meu irmão pela vagina e isso é mais importante que o seu vestido. – Digo.

–Okay, eu vou com vocês. – Ela diz.

...

Quando chegamos no hospital, minha mãe já está pronta para começar e a avó do Pietro e o novo marido dela estão com a Penny. Sarah fica na sala de espera junto com eles, enquanto eu e o Pietro corremos para o quarto da minha mãe, mas não podemos entrar, então ficamos olhando do vidro. Andrei nos vê e acena, depois fala para a minha mãe e ela nos dá um sorriso dolorido enquanto começa a empurrar a pedido do médico. No primeiro grito dela, eu me encolho contra o peito duro do Pietro e ele envolve os braços na minha cintura.

–Em seis meses vai ser nós dois. – Eu sussurro, ainda vidrada na cena e igualmente horrorizada. Minha mãe parece estar tentando colocar um ônibus para fora.

–É assustador. – Ele responde e beija meu cabelo.

Mais um grito, minha mãe se arqueia e rosna.

–Eu não consigo fazer isso! Eu não posso botar um bebê para fora, Deus do céu, eu vou ter um troço e eu não quero que o nosso filho morra porque eu não consigo fazer ele sair. – Eu arregalo os olhos apavorada e me viro para o Pietro, enterro o meu rosto no pescoço dele e o abraço.

–Hey, vai ficar tudo bem! – Pietro ri e me aperta nos seus braços. – É por isso que nós estamos indo fazer aquela aula de yoga para mamãe e papais, acho desnecessários os papais, mas estamos indo mesmo assim. Vai ser fácil.

–Ainda não vai ser suficiente. – Choramingo. – Você fala isso porque não é você que vai ter que sentir a dor. Não é por você que o bebê vai se arrastar até finalmente sair.

–Vai. Ficar. Tudo. Bem. – Pietro me beija e eu acredito. – Eu vou deixar você apertar minha mão até quebra-la.

Okay, eu posso sem problemas empurrar um bebê para fora de mim. Anestesia ajudaria muito, mas eu quero eu não quero drogar o meu filho. Eu me viro de volta para o vidro e continuo a observar enquanto minha mãe grita e empurra, o médico sorri, eu ouço um choro e o médico levanta as mãos com o meu irmão nela. Minha mãe e Andrei se irradiam e eu e o Pietro corremos para o quarto sem nos importar com o protesto da enfermeira.

–Deus, ele é lindo. – Minha mãe diz quando o médico entrega o Peter para ela. – Ele tem os meus olhos.

–Eu acho que eu sou o único pária na família por ter olhos castanhos. – Suspiro. – Me sinto deslocada. Por que eu tive que nascer de olhos castanhos enquanto Penny e Peter tem olhos azuis e verdes?

–Se conforme, Mel. – Andrei ri.

–Ele vai ser um gato igual o irmão. – Pietro sorri.

–Você é convencido demais, querido. – Minha mãe brinca.

–Realista, Manu. Se meus irmãos já são lindos, imagina meu filho? – Pietro ri e beija minha bochecha. – A Mel é perfeita e eu sou maravilhoso. Uma junção de nós dois e assim nasce a oitava maravilha do mundo.

Eu jogo a cabeça para trás e rio. Ele é incrível. Eu estou namorando o cara mais incrível do mundo e isso conta com os caros dos livros também.

–Temos que levar o Peter para fazer os exames e já trazemos ele de volta. Sra. Martins, a senhora deveria descansar.

–Nós vamos estar lá fora. – Eu digo.

...

Eu volto para o quarto e o Pietro está sentado na cama terminando de estudar para a sua prova de amanhã. Seu olhar acende quando ele olha para mim e ele larga o livro no chão e abre os braços com um sorriso safado nos lábios.

–O quê? – Sorrio para ele e vou até o criado-mudo ver o meu celular.

–Sério que você me perguntou isso? – Ele retruca e me segue com seu olhar. – Você com essa meia sete oitavos de renda e esse pijama preto super sexy de seda que não deixa muito pra imaginação e me pergunta ‘o quê?’. Isso é uma cinta liga? Você tá querendo me matar, Melanie?

–Isso não é pra você. – Eu ri. – A cinta liga e as meias é o que eu vou ter que usar embaixo do vestido de madrinha do casamento da Sarah. Eu só estava experimentando, okay?

–Eu não me importo pra que você vai usar, só que você está usando agora e com esse pijama e é a coisa mais sexy que eu já vi. – Pietro me puxa pela cintura e eu caio de costas na cama, ele logo se move pra cima de mim e amassa sua boca com a minha. Eu sou feita de carne e não consigo resistir a ele. Suas mãos começam a acariciar minhas pernas que agora estão em volta da cintura dele e sua boca desce para o meu pescoço e depois de muita atenção ai, ele desce a boca para o decote do pijama. Eu começo a tirar sua calça de pijama e ele a puxar minha blusa para cima, Deus do céu, eu estou já me sinto fraca e a única coisa que ele fez foi me beijar, mas ai a campainha toca.

–Vamos fingir que não tem ninguém em casa. – Pietro murmura no meu pescoço e eu apenas solto um gemido estrangulado.

Nós continuamos os beijos e a campainha continua tocando. Eu deveria ir ver quem era, mas no momento eu estou entretida demais para me preocupar com a vida alheia. Os beijos dele me deixam em puro êxtase.

–Pietro e Melanie, eu sei que vocês estão ai, abram a droga da porta antes que eu arrombe. Eu preciso de você, Mel! – A voz familiar da Livie grita, mas essa está chorosa e eu logo fico preocupada.

–Eu também preciso de você. – Pietro choraminga e me prende na cama.

–Ela parece precisar de ajuda, Pietro. Eu vou ver o que foi. – Suspiro e me solto dele.

–Mas eu preciso de ajuda! Não vê o meu estado? – Ele enfia um travesseiro no rosto. – Eu vou precisar de banho frio.

–Eu te ajudei hoje de manhã. – Eu ri e comecei a arrumar o meu cabelo correndo.

–Sim e agora preciso que ajude de novo. – Ele bufa.

–Amanhã eu uso de novo a cinta liga e com aquela camisola de seda e renda que você adora. – Eu pisco pra ele e saio do quarto.

–Eu te desvirtuei demais e isso é o meu carma! Eu vou ter que tomar um banho frio em vez de ter a minha namorada. Diz pra Livie que ela tá na minha lista negra. – Eu ouço ele gritar e vou rindo até a porta. Quando abro, encontro uma Livie em um vestido de festa lindo e sua maquiagem toda borrada por causa das lágrimas. Ela se joga em mim e começa a soluçar.

–Desculpa atrapalhar o seu sexo, mas eu preciso muito falar com alguém e a Sophie está longe demais e a Sarah só dá conselhos horríveis. – Ela soluça e eu fecho a porta quando ela entra.

–O que aconteceu, Liv? – Puxo ela pra o sofá e a abraço.

–Nick e eu estávamos em uma festa de uma garota da faculdade, nós não fomos juntos já que obviamente ele não quer nada comigo e eu também não. Eu o vi quando cheguei, ele estava dançando com a dona da festa e então eu agarrei o primeiro cara que eu vi pra dançar comigo, então ele viu e beijou a menina, eu fiquei com raiva e fui pra o bar. Depois de alguns drinques e de algumas visões dele se amassando com a garota lá, mas depois eu não vi mais os dois e subi para o banheiro porque eu estava vendo que eu já estava chorando, então eu comecei a procurar o banheiro, mas quando eu abri a porta, eu vi ele seminu e ela totalmente como Deus a trouxe ao mundo e ele me viu chorando e começou a se vestir pra ir atrás de mim, então eu corri como uma condenada nos meus saltos de 10 centímetros, entrei no meu carro e ultrapassei todos os sinais vermelhos até aqui. Eu posso ter todos os pontos retirados da minha carteira, mas diabos, eu precisava sair de lá. – Ela chorou mais ainda. – Eu não deveria ter me apaixonado. Ele é o segundo cara que eu já amei e ele também partiu a droga do meu coração. Quando vocês perguntavam por que eu não me apegava, a resposta era só essa. Eu só me ferro.

–Nós precisamos ter o coração partido algumas vezes, Livie. – Eu digo. – Faz parte da vida.

A campainha toca de novo e eu levanto para atender. Olho no olho mágico e vejo o Nick com a jaqueta amarrotada e o cabelo uma bagunça. Olho para a Livie e ela franze a testa.

–O que foi? – pergunta.

–Nick está aqui.

–Eu estou me escondendo no seu quarto, diz pra ele que eu estou na Sarah e isso vai me dar tempo o suficiente pra me mandar daqui. – Ela sussurra.

–Fala com ele, por favor? – Faço bico e a campainha toca de novo.

–Siga o meu plano, Melanie! – Livie corre para o meu quarto e o Pietro entra na sala e deita no sofá com o Rush na barriga.

–Livie não está aqui, okay? – Eu digo pra ele e abro a porta.

Os olhos do Nick estão preocupados e ele me dá um sorriso sem graça.

–Livie está aqui? – Ele pergunta.

–Nops.

–O carro dela está lá embaixo. – Ele rosna.

–Sim, mas eu não sou a única amiga que ela tem aqui. – Digo alto, mas depois falo no seu ouvido. – Desce e espera lá embaixo, ela está se escondendo e já vai descer porque acha que eu te mandei lá pra Sarah.

–Obrigada. – Ele sorri e beija meu rosto.

–Se resolvam! Ela tá apaixonada e tá estampado na sua cara que você a ama. Deixa de orgulho e se firmem. – Eu retruco.

–Tá tão obvio assim? – Ele faz careta.

–Eu te conheço, Nick. – Sorri.

Ele sai correndo para o elevador e eu chamo a Livie. Ela me abraça, diz obrigada e sai correndo para o elevador, mas para pra esperar ele voltar. Fecho a porta e me jogo no colo do Pietro.

–Melanie Devito, juntando as pessoas desde antes de nascer. – Eu ri.

–A Livie vai te bater. – Ele ri e beija meu pescoço.

–Ele vai dizer que a ama e ela também. Eles vão ficar juntos. – Sorrio. – Conheço os dois.

–Que tal a gente continuar de onde parou? – Pietro mordisca a minha orelha e eu fecho os olhos.

–Boa ideia. – Murmuro. – Mas é melhor a gente ir pra o quarto porque não quero o pequeno Rush ficando traumatizado.

Pietro ri, me pega no colo e me beija.

–Eu te amo. – Eu digo.

–Eu também amo você. – Ele sorri.