Quando eu desci para o café da manhã eu não sabia muito como reagir perto do Pietro. Nós ficamos eu sinto alguma coisinha por ele, mas tem muita coisa no meio de tudo isso. Pietro é o Pietro, o cara que nunca se apaixonou e não teve nada mais duradouro que três semanas, o cara que não quer nada sério e pra completar ainda é tipo meu meio irmão. Mas o Pietro não estava lá embaixo. Tomei café com o Nathan e a Isabela que me questionaram onde eu e o Pietro havíamos nos metido, eu apenas falei que estávamos cansados e fomos dormir. Quando eu terminei o café da manhã, Nathan subiu comigo para me ajudar a arrumar tudo na minha mala. Pois é, tínhamos apenas uma hora para arrumar tudo e fazer o check-out. Ele me ajudou a achar as coisas jogadas pelo quarto e socar dentro da mala, minutos depois nós terminamos de arrumar tudo e eu e Nathan sentamos na cama ambos cansados.

–Mel?- ele me chama.

–Sim? – Olho para ele.

–O que rola entre você e o Pietro?

–Hã? Nada – faço careta.

–O beijo que eu vi ontem não parecia nada – me olha com uma sobrancelha arqueada.

–Você viu? - o olho sem graça.

–Sim – ele me da um sorriso fraco. – Voltei para mesa e não vi vocês, estava indo ao seu quarto ver se você já tinha ido dormir e vi quando ele te beijou.

–É complicado – eu disse. – O que eu sinto por ele é diferente. Ele me provoca com as brincadeiras, me faz rir até doer à barriga, é um idiota convencido, galinha demais pelo que me falaram, mas ele é legal sabe? Ele é carinhoso, fofo e me faz sentir bem, mas isso é tudo. Ele não sente nada por mim e eu não sinto nada mais que amizade e atração.

–Os olhos dele brilham quando ele te vê sorrindo – Nathan me diz. – E você fica mais feliz quando está com ele. Ele gosta de você.

–Claro que não! – eu balanço a cabeça. – E eu também não me sinto assim sobre ele.

–Se você diz – Nathan da de ombros e se aproxima de mim. – Dany?

–Que? – encaro seus lindos olhos.

–Eu preciso fazer uma coisa – ele sussurra.

–Ah, tudo bem – eu digo. –Já terminamos de arrumar tudo aqui, só vou passar no quarto do Pietro para ver se ele acordou, porque se não tiver, isso vai ser um problema.

–Não foi isso que eu quis dizer – ele da um meio sorriso. – Foi isso que eu quis dizer.

Nathan me beija. O que diabos ele pensa que está fazendo? Eu estou congelada sem saber o que fazer. Minha primeira reação é me afastar, a segunda é pular da cama e a terceira é sair correndo do quarto dizendo que iria atrás do Pietro e rezando para que a porta dele estivesse aberta e sim estava. Abri e a fechei rápido, suspirei. Olhei em volta e encontrei um Pietro pingando só com uma toalha em volta da cintura acabando de sair do banheiro cheio de vapor. Ele me olhou confuso e se aproximou da mala. Eu estava meio em choque com a cena a minha frente. Pietro com seu corpinho extremamente gostoso e molhado coberto por apenas uma toalha? Acho que deveria ter me trancado no banheiro do meu quarto mesmo.

–Que aconteceu para você entrar assim? – ele pergunta.

–Hm, nada – digo ainda atordoada. – Só vim ver se você estava pronto. Saímos em meia hora.

–Não acredito nessa, Melanie – ele me olhou de relance enquanto jogava uma boxer, uma calça jeans e uma camiseta na cama. – O que houve?

–Nada demais – digo tentando parecer normal, mas merda, eu estou chocada com o beijo que o Nathan deu. O que ele estava pensando?

Pietro entrou no banheiro e eu sentei na cama me escorando na cabeceira e puxei os pés para cima. Pietro saiu do banheiro já vestido e sentou ao meu lado.

–Sério, me fala – ele passa o braço pelo meu ombro e me puxa para perto dele.

–Eu estava com o Nathan e estávamos falando besteira depois dele ter me ajudado a arrumar minha mala, então ele começou a perguntar se tinha alguma coisa rolando entre a gente, eu falei que não e ele disse que tinha visto nosso beijo, então depois de falar mais um monte de coisa que não é verdade, ele me beijou – faço careta. – E aí eu vim correndo para cá e deixei-o lá sem nem olhar na cara dele.

Pietro me olhava fazendo careta, mas ficou sério no final da frase e cerrou os olhos.

–Ele te beijou? – pergunta. – Não gosto disso.

–Tá com ciúme? – eu brinco e ele me olha mudando sua expressão para um sorriso.

–Não! – ele diz.

–Tá sim – eu ri. – É a mesma cara que você faz quando a Penny dizia que me amava mais do que você.

–Não to nada – ele revira os olhos ainda sorrindo. – Não se iluda anjo.

–Eu não estou me iludindo você está iludindo a si mesmo – eu pisco. Espera. Ele me chamou de que? Anjo? Oi?

–Não vamos discutir Melanie – ele sorri.

–Ok, eu vou deixar você negar que não está com ciúme. Já está com tudo pronto? – pergunto.

–Sim – ele me olha. – Ah, me esqueci de fazer uma coisa.

–O que? – arqueio as sobrancelhas.

Ele sorri e me beija. Os próximos minutos que se sucederam foram assim, até que a Doroteia chegou ao corredor gritando por nós dois.

...

–Nunca vamos conseguir chegar nessa chuva e nesse transito – eu faço careta olhando para frente enquanto os limpadores jogavam a cachoeira de água que se acumulava no vidro do carro.

–Bom, se a gente não tivesse parado naquele restaurante e você não tivesse passado quase quatro horas nas lojas de lá perto – Pietro diz irritado.

–Só eu? Quando eu estava pronta para ir embora você não queria mais sair daquele bar – eu bufo.

–Tava passando o jogo. Eu não ia sair sem terminar de assistir – ele da de ombros.

–Então parabéns, o seu time perdeu o jogo, a gente perdeu tempo, agora são 18h e estamos presos numa droga de um congestionamento em uma tempestade e não vamos conseguir chegar cedo – eu resmungo e viro a cara.

–A culpa foi sua – ele rosna e me olha. – Você que se enfurnou naquelas lojas.

–Você que quis pegar um “atalho mais perto” que fez a gente perder quatro horas para ver a primeira cidade. E você também comprou um monte de coisas nas lojas, não coloque a culpa em mim – o olho. – Agora eu poderia estar em casa fazendo coisas bem mais divertidas do que está aqui com você.

–Sua definição de divertido é estar em casa assistindo TV enquanto usa um pijama ridículo de algum desenho e sua pantufa do Nemo? Você parece uma criança – ele me olha.

–Cala a boca! – eu digo irritada.

–Não vou aturar isso – ele resmunga. – Vou parar no próximo hotel que aparecer. Não tem condições de dirigir nisso e muito menos com você de TPM ao meu lado.

–Você que tá de TPM Pietro – eu reviro os olhos. – Sério você tá insuportável desde que a gente saiu do hotel. Eu teria pegado carona com qualquer outra pessoa, eu iria até de jegue se soubesse que você tá assim.

–Porque não pegou carona com o Nathan? Ele parecia estar disposto a ficar de quatro e te carregar nas costas por um asfalto cheio de caco de vidro – ele me olha e eu vejo os seus olhos enciumados.

–Você ainda tá com ciúme? – eu arregalo os olhos e um sorriso indignado se forma nos meus lábios.

–Eu nunca estive com ciúme Melanie – ele revira os olhos e desvia o olhar.

–Tá sim – eu ri. – Pelo amor de Deus, o Nathan é meu amigo desde sempre.

–Eu NÃO estou com ciúme – ele bufa enquanto empurra a mão contra a buzina do carro. – E as intenções dele não parecem muito inocentes para ser só amigo.

–Você está rabugento o dia inteiro comigo só porque quando a gente saiu do hotel o Nathan me puxou para falar comigo e me abraçou? – eu arqueio uma sobrancelha.

–E um beijo – ele faz careta.

–Um beijo no rosto Pietro – eu digo.

–Tá, mas você deixou ele te dar um beijo mesmo depois de ele ter te beijado a força – Pietro suspira aliviado quando vê um hotel a poucos metros e eu faço o mesmo.

–Ele é um amigo, ele pediu desculpa, disse que agiu por impulso e me deu um beijo na bochecha de despedida – eu choramingo. – Para de drama Pietro, não foi nada demais.

–Se eu estou ficando com alguém eu quero ser exclusivo tá? – ele diz enquanto estaciona o carro na frente do hotel.

–E você é - solto o cinto e viro meu corpo para encara-lo. - Para com isso. Eu não correspondi ao beijo do Nathan e você tá sendo ridículo Pietro.

–Tá, desculpa – ele revirou os olhos. – Eu não sou bom nisso.

–Não é bom em ficar com alguém? – eu ri. – A lista que a Sarah citou me diz outra coisa.

–Não sou bom em ficar com alguém por que eu tenha mais sentimentos que atração – ele sorri envergonhado para mim.

–Vamos entrar – eu suspiro com um sorriso.

–Eu vou lá, se tiver vaga eu te chamo – ele diz e eu assinto coma a cabeça.

Pietro sai correndo na chuva enquanto eu fecho os olhos e jogo a cabeça para trás. Ele tinha acabado de me dizer que sente algo mais que atração por mim? Ok coração não é hora de entrar em pânico. Eu também sinto mais que atração por ele, mas eu acabei de sair de um relacionamento, não posso me envolver, tenho que me dar um tempo e deixar o Nick ter um tempo para que ele se acostume com tudo isso. Falando nele, eu recebi uma mensagem do Nick há poucas horas atrás me convidando para tomar um sorvete na terça à tarde para conversamos sobre tudo que aconteceu e ele também disse que tinha algo sério para me falar. Eu estou um poço de nervosismos com esse turbilhão de emoção que me invadiu nas últimas semanas. Qual vai ser a cara do Andrew e da minha mãe quando souberem sobre mim e o Pietro? Não são coisas que eu quero pensar agora.

Pietro voltou minutos depois dizendo que eles tinham uma vaga, nos hospedamos, tomamos banho, comemos besteiras do frigobar e deitamos para assistir filme, estava passando um filme chato de crocodilos que o efeito estava tão na cara que chegava a ser ridículo. Pietro me beijou em um dos intervalos e ficamos no amasso até o sono chegar, então quando fechei os olhos para dormir, senti seu braço em volta da minha cintura me puxando para perto dele.