Perfeitamente Imperfeitos escrita por Danny Winchester


Capítulo 16
Ciúmes? Talvez.




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Gustavo e eu levantamos da água rindo, ele com um dos braços ao meu redor. Todos nos olham chocados e alguns estão gritando em aprovação com a Sarah, mas o Pietro está impassível, ele não diz nada.

-Assim mesmo Mel – Sarah diz. – Aprovei Guga.

-Aprovei também – Gustavo sorri para mim e me da um beijo no canto da boca.

Eu sorri.

-Também – falo.

Rebeca está nos olhando de cara feia e o Pietro agora está meio que falando com o Gustavo com olhares e não parece ser uma conversa agradável.

-Pietro a Mel não é nada sua então para de falar mal do Guga por olhares. –Eric resmunga.

Pietro fuzila o Eric com o olhar e depois olha para mim.

-Eu estou com sede – falo.

-Também – Gustavo fala. – Vamos pegar alguma coisa?

-Claro – sorrio.

Nado de volta até o iate e subo pela escada, Gustavo vem atrás de mim. Olho para a água e Pietro está nos olhando; quando Gustavo sobe eu encosto minha testa na dele e finjo que estou o beijando, ele me puxa para perto e sorri. Me solto e ele me leva até a parte de trás do iate onde ficam as bebidas, pega uma H20 para mim e uma cerveja para ele. Eu me escoro no parapeito e tomo um gole da minha garrafinha.

-Porque quis fazer isso? – pergunto.

-Isso o que? – ele me olha.

-Fingir que a gente ficou.

-Hm, sabe aquela garota que está com ele lá embaixo? Era minha namorada, ela me deixou para “ficar” com ele – Gustavo da de ombros. – Não é a ele que eu quero irritar e sim ela.

-Ah, que mal – faço careta. – Você parece ser um cara legal.

-Eu sou – ele sorri. – Não gostaria de me conhecer?

-Como amiga, adoraria – falo.

-Só como amigos – ele diz.

-Então sim, vamos marcar um dia para assistir um filme ou algo assim – sorrio.

-Com certeza.

...

Sarah e Eric nos deixam em casa pouco antes das quatro. No carro todo mundo se falava, mas eu e o Pietro nem um pio um com o outro.

Entro em casa e deixo a porta aberta para ele entrar. Penny está dormindo na sala e a Doroteia ao seu lado, ela sorri ao nos ver.

-Olá – ela diz. – Tem bolo de cenoura na mesa se estiverem com fome.

-Eu estou faminta – suspiro. – Vou tomar um banho antes e desço.

-Também – Pietro diz atrás de mim.

Subo as escadas e vou para o meu quarto, tranco a porta e entro no banheiro. A água do chuveiro está quentinha e deliciosa como eu gosto, passo um século lá. Quando termino o banho coloco um vestido florido soltinho. Vou para a cozinha e a Doroteia está colocando a bolsa no ombro, quando me vê sorri.

-O que foi menina? – ela pergunta.

-Por quê? – faço careta.

-Está com uma carinha meio abatida – ela diz.

-Só cansaço – forço um sorriso.

-Eu tenho que ir – ela me da um beijo na testa. – Até amanhã.

-Até amanhã – falo.

Doroteia sai da cozinha e eu vou para a mesa. Corto um pedaço do bolo e como e depois outro e mais outro até que estou cheia demais para comer qualquer outra coisa. Vou para a sala e me jogo no sofá com cuidado para não bater na Penny, ela dorme como um anjinho no sofá. Na TV está passando A Bela e a Fera e eu lembro que eu sempre quis dançar a valsa com aquele vestido amarelo perfeito da Bela e o filme sempre foi o meu conto de fadas preferido, porque diferente dos outros contos de fadas o príncipe nesse é uma fera, bem mal educada e chata e então a Bela chega e o transforma e por causa do amor dela ele vira o príncipe de novo. Agora está na parte que a Fera está esperando a Bela para o “baile” e é nessa hora que o Pietro desce. Ele está vestindo uma bermuda e camiseta preta, me olha e vai para a cozinha.

Eu me encolho no sofá e encosto a cabeça na almofada. Pietro volta para sala com um prato com bolo e senta no outro sofá. Ele não fala nada. Eu não falo nada e assim nós acabamos de assistir o filme e outro começa e ninguém diz nada e isso já está me deixando louca. Levanto para sair da sala, mas o Pietro puxa meu braço e minhas costas colidem no seu abdômen duro.

-Porque ficou com o Gustavo hoje? – ele pergunta.

-Porque ele é bonito, legal, engraçado e beija muito bem mesmo – falo cínica.

-Você não deveria ter ficado com ele – Pietro me vira para encara-lo e deixa uma mão me apertando na cintura.

-Porque não? – suspiro com raiva.

-Porque ele é um idiota Mel, não é um cara para você – ele diz. – Ele trata as mulheres como objeto, fica com elas e depois não liga.

-O sujo falando do mal lavado? – eu ri sem graça. – Por favor, Pietro.

-Eu não sou como ele. Eu deixo minhas intenções claras, por favor, não nos compare – Pietro sussurra alto.

-E, por favor, para de se meter na minha vida – esbravejo.

-Não quero que você se magoe – ele me olha nos olhos.

-Também não quero me magoar, pelo amor de Deus, não é só porque eu fiquei com ele que eu vou me apaixonar. Já fiquei com você duas vezes e isso não aconteceu – falo seca.

-Não quero brigar – ele suspira.

-Então para de falar sobre isso, já foi eu não estou apaixonada por ele e nós vamos ser apenas amigos – digo. – Além do mais, você não pode me jugar. A garota que você estava engolindo lá parecia uma vadia.

-Rebeca? Porque ela é quase uma. Você fica com ela quando está afim e depois pode desaparecer porque ela nem liga. – ele diz.

-Você não pode falar do Gustavo se você faz as mesmas coisas que ele – reclamo. – Não fui com a cara dela, mas você está tratando ela como um objeto.

-Você é complicada demais – Pietro ruge.

-Fala baixo – digo. – Se não percebeu a Penny está dormindo e acredite quando eu digo que você não vai querer acordar ela.

-Vem – Pietro me puxa pela mão e me leva até o primeiro andar, entramos no quarto dos nossos pais e ele tranca a porta.

-Porque não consegue simplesmente deixar isso para lá? – me irrito.

-Porque não consigo – ele fecha os olhos e anda para lá e para cá. – Porque não quero que você fique com meus amigos. Você é inocente demais para eles.

-Inocente? – ri.

-Não faz ideia do que o Gustavo já fez, do que qualquer um dos meus amigos já fez, do que EU já fiz. Eu te conheço há anos Melanie. Eu sei que você não é você mesma quando está comigo e outras pessoas. Você é essa garota aqui – ele ergue as mãos para mim. – Você ri do vento no seu rosto, se irrita com besteira, usa pijama de criança e é uma das únicas pessoas com quem me sinto bem. Você é incrível Mel e não merece nenhum deles.

Eu fico calada por um tempo ainda absorvendo as palavras que ele falou. O infeliz sabe me amansar.

-Eu te odeio seu chato idiota – sorri.

-Você me ama – ele sorri.

...

Meu celular toca e me acorda do meu sono. Acendo o abajur da cabeceira e olho para o lado, Penny está dormindo esparramada na cama e do outro lado o Pietro com o edredom só cobrindo até a cintura, desgraçado gostoso. Atendo a chamada ainda sonolenta.

-Oi? – falo.

-Mel, eu estou na frente da sua casa porque eu não tenho para onde ir. Eu estou apavorada, por favor, vem cá – a voz familiar e divertida que eu conheço foi tomada por desespero e choro.

-Eu estou descendo – digo assustada.

Levanto da cama em um pulo e corro escada abaixo até a porta, abro e lá está ela com o lápis de olho borrado, lágrimas caindo do rosto e uma mala rosa brilhante.

Livie.


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