Safe And Sound escrita por GarotaDoValdez


Capítulo 23
Capitulo 23 - A vitoriosa


Notas iniciais do capítulo

AMORINHAS, EU VOLTEI.
Depois de mais um mês para terminar essa bagaça, eu finalmente terminei.
A espera deve valer a pena.
e desculpem por ter feito vocês esperarem tanto.
Enfim, nos vemos nas notas finais.
Um beijão.
Boa leitura.



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O barulho da multidão vibrando na Capital não deixa que eu ouça mais nada. Não que houvesse algo para se ouvir. Meu choro, apenas. Mas ele estava abafado pela euforia. Será que alguém da minha equipe estava gritando enlouquecidamente como ouço agora?

Enterro o rosto nas mãos e seco ele o máximo que consigo.

Continuei no chão, olhando para os corpos a minha volta e me perguntando se aquilo era real. Pisquei os olhos com força, esperando que tudo aquilo fosse apenas um sonho, e então eu estaria de volta ao aconchego da minha casa, com minha mãe me acordando, dizendo que mais um dia normal estava prestes a começar. Todos que eu tinha conhecido e que morreram não teriam existido. Ou existiam, e estavam ainda vivos, felizes. Mas ao abrir os olhos, eu ainda estava no chão duro e com as mãos ensaguentadas com o sangue de Laureen, eu estava nos Jogos. Os Jogos acabaram. Eu venci. Não, não venci. Não existem vencedores nos Jogos Vorazes, apenas sobreviventes. Eu sobrevivi.

Ao olhar novamente o sangue de Laureen nas minhas mãos, eu percebi que meu rosto deveria estar ensanguentado do mesmo jeito, depois de ter esfregado as mãos nele.

A verdade me atinge como um soco na boca do estomago e eu sinto vontade de gritar.

Mas eu continuei parada, as lagrimas secas fazendo o meu rosto brilhar a luz do dia.

Olhei para o céu e contemplei um enorme aerodeslizador vindo em minha direção.

Uma escada desceu do meu lado, e eu me recusei a subir. Não saberia explicar muito bem o porque. Só que o choque era grande demais para mim.

Então, o aerodeslizador se abriu, e uma enorme garra desceu na minha direção. A garra se abriu e se fechou a minha volta, e meus pés saíram do chão, as garras me puxando em direção ao aerodeslizador. Na metade do caminho, segurada no ar, pude distinguir uma grande parte da arena. Ela parecia ser bem maior do que eu pensava. Eu estava tão longe do chão, numa altura que parecia ser muito alta. que os corpos de Harry, Laureen e o garoto do distrito 11 iam ficando para trás, reduzidos a minúsculos pontinhos que mais se pareciam formigas.

A porta do veículo se abre e eu me jogo para dentro dele.

Médicos aparecem e me levam para uma maca, aonde me deito. Eles não deveriam saber que eu não tinha tido ferimentos graves, nem nada do tipo.

Senti uma fome angustiante, mas parecia que não tinha nenhum tipo de comida a minha espera.

Há um espelho na frente da maca aonde estou, agora, sentada.

Meus cabelos curtos estão estranhamente cortados desregulamente. Penso se minha equipe de preparação poderia dar um trato nisso.

Percebo também que tenho um corte fundo que vai do começo do meu lábio superior e desce até o começo do pescoço. Provavelmente terei que fechá-lo com alguns pontos. Meu rosto tinha sangue seco. Minhas bochechas estão inchadas como meus olhos, de tanto chorar. Aiden estava certo quando disse, meus olhos ficam muito verdes quando choro. Agora estão quase da cor de um limão por dentro.

Quando meu olhar parou no meu corpo, eu observei cada detalhe do estado dele. Minhas botas estão sujas de terra, licor de fruta e sangue. Minha calça esta rasgada por toda a parte e há um grande corte na coxa direita. Onde me cortei tanto? Onde fiz isso? Do meu peito até minha clavícula há uma mancha enorme de sangue. Ela é quase preta como o maiô que eu uso, que surpreendente não tem nenhum corte. Sei de quem é aquele todo aquele sangue: Aiden, Amy, Harry e Laureen.

Estou um caos. Cheiro muito mal, estou um lixo. Estou muito mais magra do que antes. Estou toda cheia de sangue. Meu rosto de dor é substituído por um rosto de repugnância. Não sei como os médicos aguentam ficar perto de mim.

O aerodeslizador deu uma ligeira chacoalhada e faz um baque estranho. Acho que chegamos no terraço do Centro de Treinamento. Uma porta abre na minha frente e me deparo com ele: Terie Stone.

Terie. Seu rosto expressa alivio e desespero ao mesmo tempo. Ele corre em minha direção e me abraça. Eu retribuo o abraço como uma criança de 4 anos.

– Você está viva. - diz ele contra o meu pescoço - realmente viva. E está aqui.

– Sim, estou. - Sorrio. Mas volto ao meu rosto sério depois de um milésimo de segundo - Me desculpa. Quebrei uma promessa. Quebrei várias promessas. Me desculpa, Terie...

– Acalme-se, Fay. - O som do meu apelido é doce em sua voz. Ele me lembra o meu pai - Não me importo, está bem? Eu te amo e você está bem. Ah, como senti saudades!

Apenas agora eu percebi que ele me guiava,enquanto conversávamos, para fora do Aerodeslizador. Já estávamos dentro de um elevador, indo para o andar do meu distrito. Eu não queria soltar Terie.

“Eu te amo, eu te amo.” Os murmúrios incessantes do homem continuavam no meu ouvido. E eu os respondia com “desculpa, desculpa.”

Espero para ver o resto da minha equipe. Espero impacientemente. Mas também estou com sono e com fome. Com sono e com fome. Fome...

Mas muito sono.

***

Meu primeiro dia de aula. Avistei uma garotinha de cabelos loiros no canto da sala, sozinha, olhando para os pés e se balançando na cadeira.

– oi. - eu disse chegar perto dela.

– oi. - ela disse sorrindo.

– Qual o seu nome?

– Me chamo Diana. Qual o seu?

– Faith Mai... meinez... m...Meinerz! - disse, me embolando novamente com o meu nome, que sempre tive dificuldade de pronunciar. - Me chame apenas de Faith. Ou Fay, se preferir.

Ela soltou uma risadinha.

– Ok, Fay. Quer ficar comigo nessa aula?

– Claro.

Mal sabíamos que essa amizade duraria mais que uma aula. Que duraria para sempre.

*

– Corre, Diana, Corre - eu ria enquanto corria na margem do rio, Diana tentando me alcançar.

Havíamos provocado um bando de garotos da nossa série, tacando um saco de aranhas no meio deles, que agora corriam atrás de nós. Eles pareciam estar levando na brincadeira, pois riam descontroladamente. Dávamos gritinhos de alegria enquanto a espalhávamos água na corrida.

Hoje Diana fazia 8 anos, e ela é um pouco mais velha do que eu, faço 8 meses depois.

Fomos dispensadas hoje de manhã para brincarmos a vontade. Mamãe disse que precisava fazer algumas coisas. Eu a ouvi falando com o meu pai sobre jogos. Que tipo de jogos eu não faço idéia. E uma tal de Colheita que aconteceria hoje. Mas quando ela viu que eu ouvia tudo, tornou a se calar. Quando eu perguntei do que se tratava, ela me ignorou.

Todos os anos no aniversario de Diana, éramos dispensados de todas as tarefas. Era como se fosse um feriado. Eu brincava falando que era um feriado especial para o aniversario dela.

Eu sem querer tropecei num galho e cai na água.

Aos risinhos, Diana se jogou na água também. Os meninos se jogaram na água com tudo, jogando mais água para cima da gente. Fizemos guerra de água, duas meninas contra meia dúzia de meninos.

*

– Acalme-se, vai ficar tudo bem. - Uma voz suave tentava me acalmar - É seu primeiro ano, vai ficar tudo bem, Faith.

Minha mãe, com seus longos cabelos que caiam sobre suas costas, sorria para mim, um sorriso acomodador e caloroso, e me fitava com seus olhos castanhos que brilhavam encantadoramente.

Hoje é a 70ª edição dos Jogos, e o primeiro ano em que meu nome estaria depositado na Colheita.

O nervosismo tomara conta de mim.

Eu forcei um sorriso de volta para minha mãe, que não pareceu perceber o sorriso forçado e sai para o encontro de Diana.

Ela usava um vestido creme com rendas e sapatos vermelhos um tanto exagerados, assim como eu. Eu usava um vestido cinza que vinha até os joelhos. Diana estava acompanhada de um rapaz loiro com características bastante parecidas com a de Diana, que eu conhecia como o seu irmão, Aiden.

Era o 1° ano de Diana na Colheita também, mas para Aiden, já era o 3°.

Diana parecia estar com o mesmo acesso de nervosismo que eu estava. Já Aiden, tinha um sorriso gostoso no rosto.

– Melhor irmos andando, meninas. A Colheita está prestes a começar.

E com um aceno de concordância com a cabeça, seguimos para o Edifício da Justiça, aonde seria realizado a Colheita.

*

Uma garota de 17 anos, morena e de cabelos cheios rumou para o palco confiante, seguida logo depois de um garoto magricela e pálido que tremia descontroladamente.

Todos sabem que o dia da Colheita não é para ser um dia comemorativo, feliz ou festeiro.

Mas após a Colheita, aquele nó que estava em minha garganta se desfez, e a vontade de celebrar era imensa.

– Uma corrida até o relógio? - perguntei aos dois que sorriram para mim desafiadoramente.

– vou deixar vocês irem na frente porque sei que vão perder para mim. - Aiden riu-se, mas Diana disparou na nossa frente antes que alguém pudesse argumentar nada.

Eu dei um empurrão de brincadeira em Aiden, que cambaleou e eu corri ao encontro de Diana antes que ele me desse o troco.

*

Estávamos sentados no banco ao lado do velho relógio, contemplando as estrelas.

Tínhamos passado o dia ali, conversando sobre qualquer assunto que não citasse os Jogos, como era dia da Colheita, fomos dispensados de tarefas ou afazeres.

Aiden olhou de relance para mim.

– bonito penteado, você quem fez? - disse passando os dedos pelos meus cabelos.

Eu senti corar levemente, enquanto recebia um olhar brincalhão de Diana..

– Ah, não. - eu disse com a voz falhando - Foi minha mãe.

Ele sorriu

Eu fechei os olhos e me deitei na grama úmida e meus amigos me acompanharam.

*

Minha mãe, jovem, parecia ter a minha idade, aos prantos, chorando em cima do corpo de sua amiga que tinha perdido há anos nos Jogos.

*

Layla e Hope nos seus primeiros passos. Dois bebezinhos que parece , e esperamos, que nunca irão crescer. Como estávamos errados.

*

Diana e eu brincávamos com bonecas de pano, se divertindo como nunca.

*

Aiden estava do lado da cama de Diana e uma cama provisória no chão para mim, pois eu passaria a noite na casa dela. Aiden cantava para dormirmos. Tínhamos 10 e ele 12. Eu conhecia a musica. Mas a letra musica não importava. A voz melodiosa de Aiden invadia meus ouvidos. Eu poderia ouvir aquela voz dia e noite. Segundos depois, caio no sono.

*

Harry, Aiden, Amy, Josh e todos os nossos aliados estavam num lugar claro e com uma forte luz branca.

Eles acenavam para mim, sorrindo, e me chamava para se juntar com eles.

– Venha, Faith. - Harry sorria.

– Junte-se a nós. - dizia Piper.

– não tema, Faith. - dessa vez foi Aiden que se pronunciou. - sentimos sua falta.

***

Um grito escapa da minha boca e eu me sento na cama.

Um sonho. Um sonho maravilhoso. E ao mesmo tempo, um pesadelo horrível.

As imagens passavam como flashes...

Doía muito lembrá-las.

Eu percebi que não estava no meu quarto.

Não há janelas nem portas que estejam visíveis nesse compartimento. Há uma luz azulada no teto, que ilumina fortemente a cama onde estou deitada. A atmosfera tem um cheiro forte que não consigo identificar.

Com um pequeno incômodo, sinto por baixo das cobertas que estou nua. Levanto minha mão do tecido, encontrando meu braço limpo, minhas mãos limpas e minhas unhas cuidadosamente aparadas e bonitas. Olho em baixo do tecido. Estou novinha em folha, nem um corte ou arranhão. Imagino se a Capital fez uma plástica em mim enquanto dormia.

Toco o meu rosto devagar, e ele está macio, tirando uma cicatriz profunda que posso sentir, da boca ao queixo. Acho que os médicos quiseram deixar uma marca visível dos jogos em alguma parte do meu corpo.

Passo as mão nos cabelos, sedosos, porém ainda irregulares. Muito curtos. Não sei conseguirei me acostumar.

Não sinto nenhuma dor, e estou bem o bastante para me sentar. Puxo as cobertas até a altura dos ombros, formando uma espécie de capa fina, mas não transparente, para cobrir meu corpo.

Sento-me com as pernas cruzadas. Pode parecer estúpido, mas me sinto um tanto brilhante.

Onde estão as contas de Elsyn? Tateio minhas têmporas, mas não as acho. Os médicos da Capital tiraram-nas de mim. Tiraram minha sorte de mim

Um menino Avox entra no quarto segurando uma bandeja. Sinto minhas orelhas ficarem vermelhas por estar apenas com lençóis me cobrindo. mas o menino não olha diretamente para mim. Ele se aproxima da cama e aperta um botão, que até agora eu não sabia que existia, fazendo duas travas aparecem em cima do meu quadril. O garoto as usa como suporte para a bandeja e então finalmente olha nos meus olhos. Não sei o que o Avox acha da cor dos meus olhos, mas a cor dos dele é linda, escura como piche. Os olhos dele são grandes, mas não de um jeito assustado, mas sim de um jeito bonito. Os cabelos dele são escuros igualmente, cortados em estilo militar, mas com alguns cachinhos perto das orelhas. Não sei como poderiam cortar a língua de alguém como ele.

O garoto move a cabeça em direção aos travesseiros na cama, e depois volta os olhos para outro botão.

– Levantar o encosto? - tento decifrar o que ele diz.

Ele faz que sim com a cabeça.

– Ah, sim. Por favor. - tento sorrir, mas a cicatriz dói - O-obrigada.

O menino arruma o encosto e ajusta o travesseiro para eu ficar confortável.

Sabe, estou cansada de chamar ele de menino.

– Qual é o seu nome? - eu pergunto antes que ele saia do quarto. Sei que é uma pergunta arriscada, e que estou sendo monitorada e observada pela Capital, e por perguntar isso estou pondo não só minha vida, como a do Avox em perigo também, mas é um fato que me deixa curiosa.

Ele parece hesitar em me mostrar o nome, mas logo depois se dirige a cama, amontoa um pouco dos lençóis e começa a moldar as letras do seu nome. Ele confia em mim.

C-H-A-N-D-L-E-R.

Quando Chandler levanta o rosto para ver se compreendi, há uma lágrima descendo do seu olho. Peço para ele se aproximar e com uma mão limpo a sua bochecha.

– Obrigado por confiar em mim. - Digo, e ele assente. Depois olha para mim em expectativa - Obrigada por tudo, Chandler.

Chandler sorri e se retira. Talvez eu nunca mais o veja de novo, mas foi um dos melhores momentos da minha estada na Capital.

Olho para bandeja que Chandler deixou ali para mim e devoro tudo numa imensa voracidade. Após ter comido tudo, me levanto da cama e visto umas roupas que tinham deixado ali para mim.

Sinceramente, estava considerando sair nua.

Em resumo, é uma roupa da arena. Mas não é a minha, pois essa está limpa e visivelmente costurada em alguns lugares. Foi provavelmente de Emma ou de Marie, porque me lembro de onde ficavam alguns dos seus cortes. Memória fotográfica tem vantagens e desvantagens.

Estou vestida rapidamente, a roupa está um pouco larga, então me coloco em frente a parede, tateando em busca de uma porta. Pressiono as mãos em cada centímetro das paredes brancas, até que chega uma hora que a parede “se abre”. Tamanha a minha surpresa que acabo tropeçando e caindo de cara no chão.

– Ah Faith, querida! - ouço meu nome ao longe. Começo a rir enquanto passos de salto alto ecoam até mim, mas ao olhar para Elsyn meu mundo desaba.

– Você está bem? - ela me pergunta. - Consegue se levantar?

– Consigo. - Sorrio. Em seguida minha estilista me ajuda a ficar de pé e eu a abraço fortemente como fiz com Terie. Ela continua maravilhosa, seus cabelos crespos brancos impecáveis, sua pele morena brilhante e suas roupas lustrosas.

O resto da equipe logo chega, junto com a equipe de Aiden. Todos que tanto me ajudaram.

Um a um, abraço todos. Shawny se mostra forte e feliz que ganhei. A equipe de Aiden sorri e me congratula, mas sei que prefeririam que ele tivesse ganhado. Lorne, Hannah e Donna fazem festa comigo, e eu rio feliz num corredor não tão deserto.

– Fay, vá com Elsyn. - Terie coloca a mão no meu ombro depois de eu abraçá-lo mais uma vez – Ela irá te ajudar a se arrumar.

Aceno com a cabeça e sigo minha estilista.

Quando estamos sozinhas, ela me dirige a palavra:

– Você sabia que estava sendo filmada, certo? - ela ri. - Seu tombo foi transmitido para todos os distritos.

Bato na minha testa e nós duas rimos. Lembro-me do dia que a conheci, quando gargalhamos por... não me lembro. Nossa, não me lembro!

***

Após o que me pareceu uma janta maravilhosa, volto ao meu quarto no quinto andar com minha equipe completa. Eles mesmos regulam o meu banho, e quando saio da água apenas Elsyn me aguarda fora do banheiro.

– Feche os olhos. Abra apenas quando eu disser que você já está pronta. – ela diz, finalmente.

Parece que eu aguardo duas horas para isso, mas não ouso olhar, nem um pouquinho. Percebo que minha equipe entrou em ação quando começam a falar sobre meu novo cabelo e fazer perguntas. Respondo algumas delas, mas sem abrir as pálpebras.

– Acabamos, flor. – diz Elsyn e finalmente me deixa olhar.

Sem dúvida, a roupa não é bonita. Mas sim sentimental e profunda.

Meus olhos estão pintados de verde-musgo, com alguns pontos negros, como se teleguiadas voassem nas minhas pálpebras. Lexy e Julie. Meu cabelo continua desregular, mas agora está enrolado e tem algumas mechas ruivas. Amy. Uso botas que são excessivamente grandes em mim, manchadas de sangue em lugares específicos. Minha memória fotográfica não falha, são as botas de Harry. Uso uma camiseta térmica da arena que fica grande em mim, com um rasgo irregular costurado na altura do coração. A blusa de Aiden. Para não parecer uma camisola, há um cinto de facas prendendo minha cintura fina. O cinto de Laureen.

Estou simbólica.

Elsyn deve ter pirado se achou que iria parecer forte e confiante usando essas roupas na maldita apresentação, se vestindo assim.

Mas, de qualquer forma, estou pronta para ser, de fato, a Vitoriosa.

Entramos no elevador e descemos até onde eu realizei meu treinamento. É de praxe que o Vitorioso e sua equipe de apoio surjam da parte de baixo do palco. Primeiro a equipe, depois o acompanhante, depois o estilista, o mentor e o Vitorioso.

A minha equipe me deixa em uma área pouco iluminada debaixo do palco. Uma placa de metal foi instalada para me levar até o palco. A equipe se despede para poderem colocar seus trajes e me deixam aqui, sozinha.

A multidão começa a se aglomerar em volta do palco. Os gritos eufóricos me ensurdecem, então viro para os lados, tentando poupar meus ouvidos. Ao me virar para a esquerda, vejo Terie. Isso dói demais. Ainda me sinto culpada pelo que eu fiz, pela promessa que quebrei.

– Mais um abraço? Antes de começarmos? – diz o homem, se aproximando, erguendo os braços. É impossível negar o carinho.

Com o rosto afundado no peito do meu mentor, começo a falar rápido, pedido desculpas por tudo, falando que não aguentaria mais que cinco segundos daquela entrevista, porque por mais que doa, essa é a verdade.

– Isso não importa agora. - Terie me segura com força, meus ombros finos contra seu abdômen forte. - Pode não parecer, mas entendi o porquê de você ter matado aquelas pessoas. Tanto você quanto a menina do 4. Nada mais importa, senão você viva, aqui e agora.

Desprendo-me do homem, levanto-me bem na pontinha dos meus pés e beijo o único lugar que alcanço nele: a base do queixo.

– Acho que Aiden teria sentido ciúmes de mim. - Terie não ri. Sinto que ele ainda está meio desapontado comigo por aquilo da promessa, mas tento não ligar. Pela primeira vez percebo como ele está vestido para o evento: Os cabelos estão puxados para trás num topete, um terno azul piscina é enfeitado com uma gravata vermelha do mesmo tom do sapato do nosso distrito. Bem, bem chamativo. Uma coisa que Elsyn teria criado.

Meu mentor me guia silenciosamente até o cilindro de metal que fica embaixo do palco, onde o barulho é ainda mais alto. Estremeço.

Agora o barulho da multidão está mais alto do que nunca, se é que isso é possível. Parece que o palco vai desabar sobre mim, e então não haverá mais uma vencedora da 72º Edição dos Jogos Vorazes.

Mas há. E é isso o que mais me espanta. Fora Fllyn, eu era a tributo com menos chances de ganhar isso. Porém estou aqui, agora, esperando pela apresentação com Caesar. Eu ganhei essa edição. Pelo menos não quebrei a promessa que fiz à minha família.

E, ainda assim, não queria ter ganhado. Porque eu viva significa Amy, Aiden, Josh, Piper, Harry, Fllyn, Laureen, enfim, todas aquelas pessoas mortas. Será que eu ficaria louca depois disso? Será que conseguiria olhar nos olhos da minha família ou de Diana? Eu vi com meus olhos o irmão dela ser brutalmente assassinado, e não fiz nada para impedir. Não que houvesse uma maneira de impedir.

Mas estou aqui. Pensando. Em tudo que eu fiz.

Como meus atos refletiram na Capital? Ainda sou aquela menina inocente para eles? Estariam orgulhosos? Ah, Deus, Faith, não seja burra. Se a Capital fosse realmente ficar orgulhosa, porque não escolhem 24 crianças aleatórias e as matam de uma vez, ao invés de criar os Jogos? Ao mesmo tempo o vencedor dos Jogos Vorazes é um símbolo de esperança. E um símbolo de sofrimento.

E esses símbolos estão gravados em mim, agora, para sempre.

Respiro fundo, pela boca. Nesse momento, não sei mais o que fazer.

***

Levo um susto quando o hino começa a tocar ,e Caesar, saudar as pessoas da sua maneira frenética de sempre.

Percebo que minha equipe está subindo ao palco quando o barulho da multidão fica ensurdecedor de uma vez só. Acho que vou perder o sentido da audição quando subir ao palco. Estou nervosa, com medo desse barulho. Ouço o som de saltos acima de mim e percebo que é Shawny sendo apresentada. Em seguida Elsyn, com os saltos batendo ainda mais forte. Imagino ela sendo recebida com as mesuras mais ridículas que as pessoas da Capital são capazes de fazer. E, ao ouvir passos fortes acima de mim, sei que é Terie. Os aplausos demoram a acabar, mas no exato momento em que cessam a plataforma que estou em pé solta um estalo e começa a subir em direção ao palco.

Para cima, para cima, para cima. O medo de altura não ajuda. Luzes dos holofotes logo invadem meus olhos, e, como previsto, o barulho dos cidadãos da Capital faz a plataforma em que estou suspensa estremecer. Quando minha visão se ajusta e consigo olhar para o rosto das pessoas na platéia, percebo que estão boquiabertos com minha roupa. Nunca se viu algo assim. E mesmo com os olhos abertos em espanto e admiração, continuam assoviando e gritando enquanto batem palmas.

Olho para meu lado esquerdo no momento em que Caesar Flickerman surge do nada e estende a mão para me levar para o local onde vou me sentar. É uma bela cadeira prata onde espera-se que eu sente e assista aos melhores momentos da arena.

Caesar faz piadinhas, mas logo pede silêncio. Significa que o show vai começar. Durará 3 horas e é obrigatório que toda Panem assista.

Há uma tela na minha frente. Não muito próxima, mas perto o bastante para que eu veja todos os detalhes. A medida que os holofotes vão se apagando e a insígnia da Capital aparece na tela, fico nervosa. Como esperam que eu pareça forte e inocente, usando essa roupa e assistindo a essas cenas dos Jogos? Eu estava lá. Não preciso assistir de novo!

Geralmente, colocam a reação dos tributos vencedores no canto da tela, na televisões dos outros distritos. Lembro de um que assisti. O menino estava triunfante, socando no ar e batendo no peito com o rosto sorridente. E eu? Como reagiria? Certamente não sorriria. Como é possível sorrir enquanto assisto as mesmas pessoas morrerem, dessa vez do alto de uma câmera? A pessoa que editou essas cenas é ao mesmo tempo muito esperta e muito estúpida. Ela não entende o sofrimento que é para alguém estar na arena.

As imagens escolhidas geralmente contam histórias. A história desse ano é sobre amizade. A minha amizade.

A primeira meia hora do filme mostra as colheitas, tanto minhas quanto as dos meus aliados e de Laureen, o desfile dos tributos e as nossas notas do treinamento. Não sabia que Piper tinha conseguido um 9, como eu. Ou que Josh tinha conseguido, injustamente, um 6. Em seguida as imagens são das entrevistas dos meus aliados, de Aiden e de Laureen. Já estou triste, e a trilha sonora realmente não ajuda. Pois é uma seleção de músicas lentas e tristes.

Em seguida, cenas da arena. Há muitas tomadas de mim no banho de sangue. Pareço tão frágil e assustada. Meu cabelo comprido presos em tranças e logo solto ainda não me é estranho o suficiente aparece bastante, também. Depois mostram imagens alternadas, ora da minha aliança sendo formada, ora da aliança de Aiden e seus encontros com Laureen. Oh, eles mencionaram muitas vezes o nosso beijo antes dos Jogos. E percebi que a maioria dos barulhos de folhas que eu ouvia não eram de Fllyn, mas de Laureen. Então começam as mortes. Mostram os corpos de Julie e Lexy, inchados e roxos, teleguiadas voando em volta delas. Tenho vontade de abanar os braços e gritar “saiam de cima delas!”, mas já é muito, muito tarde. Em seguida há algumas cenas de Josh e Harry se revezando para me carregar nos braços, para me salvar. Meus irmãos. Meus irmãos fortes e corajosos.

E aí tudo fica rápido demais. PAM! Aiden morre. PAM! Fllyn no holograma. PAM! Piper no chão e Josh perplexo e culpado. PAM! Minha espada entrando no estômago de Amy. Uma tomada apenas para nossos cabelos, ouro no cobre, loiro no ruivo, amarelo no laranja. PAM! Marie e Emma. PAM! Josh. E Harry. E Laureen.

Há muitas cenas de mim chorando. Estou chorando agora? Toco minhas bochechas. Incrivelmente, não há vestígios de lágrimas. Acho que perdi essa habilidade. Como consegui? Estar presente nessas mortes dói, porém reviver esses momentos, detalhadamente, é infinitamente pior. É ridículo. É ridículo passarem esse filme para os vencedores.

O filme acaba no meu abraço com Terie no aerodeslizador. A tela se apaga, e eu sinto no meu coração que preciso chorar, mas isso não acontece. Me levanto da cadeira e aceno enquanto sorrio para os espectadores da Capital. Sempre inocente, penso. Pelo menos aqui na Capital, essa é minha imagem.

O hino de Panem começa a tocar enquanto o presidente Snow e uma menina pequena de cabelos escuros sobem no palco. A menininha segura uma almofada de veludo vermelho, com uma bela coroa de brilhantes em cima. Quando o presidente e a garotinha se aproximam de mim, noto que ela tem olhos diferentes: um é escuro como o de Aiden, e o outro é claro como o de Harry.

O Presidente Snow segura a coroa com as mãos enluvadas e a coloca no topo da minha cabeça, se curvando um pouquinho. Ele ri feliz, a rosa branca na sua lapela balançando um pouco com a risada. Ele me beija a testa e depois vai embora, apenas se virando para sorrir para mim.

Seus olhos não são vermelhos, mas assustam como se fossem. Não foi uma risada feliz, afinal de contas.

Aceno tanto para a multidão que meus braços cansam. Assim que faço menção de para abaixar os braços, Caesar deseja boa-noite a todos e convida o público par acompanhar a última entrevista a amanhã.

O sol já se pôs quando estou de volta ao Centro de Treinamento. Ninguém me chama enquanto me dirijo ao meu quarto, então me dispo e vou dormir, apenas nas minha roupas íntimas.

***

Não tenho sonhos ou pesadelos essa noite.

Elsyn me acorda e me leva até a sala de jantar, onde me sento e só tenho tempo de comer uma tigela de cereais. Minha equipe de preparação logo chega e estou pronta para ser finalmente levada pela transformação deles.

Digo para eles que o público os amou ontem, mas eles apenas pedem para que eu fique parada para que eles possam trabalhar.

Hannah, Donna e Lorne me deixam preparada em 10 minutos. Elsyn logo chega e dispensa seus ajudantes.

Ela mesma me veste e me maquia, tão ágil quanto a equipe. É tudo muito corrido.

Me olho no espelho. Outro trabalho perfeito de Elsyn, é claro.

Uso um vestido sem mangas, que destaca minhas clavículas cada vez mais visíveis. A parte de cima é branca brilhante, e a saia do vestido vai até a metade das minhas coxas finas e é bordô. Meus olhos estão realçados de branco, fazendo a cor de mel cada vez mais destacada no meu rosto. Minhas bochechas foram coloridas de vermelho sutilmente, como as bochechas de um bebê ávido e feliz. A minha cicatriz no lábio também foi destacada. Meus sapatos são brancos e brilhantes. E têm saltos muito altos. Não sei como ficarei em pé com eles. Meus cabelos finalmente foram arrumados, e agora minha franja está reta na altura das minhas sobrancelhas, o cabelo bate um pouco acima dos ombros e está completamente liso. Estou inocente e adulta ao mesmo tempo.

Admiro Elsyn por ter pensado nessas roupas. Elas não foram feitas para me deixar bonita, ou apresentável, ou qualquer coisa parecida. Elas foram feitas para virarem símbolos, para que eu signifique alguma coisa e me destaque. Não estou me gabando, mas é um grande privilégio ter justo Elsyn como estilista.

Mas há uma coisa faltando nessa roupa.

– Elsyn. - Chamo. - Onde estão meus pontinhos para me dar sorte?

A estilista me olha com terror, estranhamente. O que ocorrera?

– Faith. - A mulher se aproxima de mim até sussurrar. - Entenda: a Capital tem medo de que criemos algum símbolo de rebelião, ou de vitória. Foi um erro eu colocar aqueles pontos em você. Não podemos deixar que os distritos se rebelem outra vez.

– Você tem razão, não podemos. – murmuro. Mas não entendo. Foram aqueles pontinhos que me fizeram acreditar que eu tinha “sorte”. Sem aqueles pontos, eu não teria confiado em mim mesma para ganhar os Jogos Vorazes. Sem aqueles pontos, “sorte” ainda seria superstição para mim. E agora Elsyn me diz que foi um erro, que nunca deveríamos ter acrescentado-os na minha maquiagem?

– Ótimo assim. – diz ela – Preciso te levar para a entrevista. Vamos, está quase acabando.

Quase acabando. Quase acabando. As palavras se repetem na minha cabeça enquanto sou levada até o local onde a entrevista vai acontecer. E depois que acabar? O que será de mim? Serei apenas outra vitoriosa, minha vida continuará a mesma de sempre? Serei só a menina de 13 anos que ganhou a septuagésima segunda edição dos Jogos Vorazes? Não. Não quero ser esquecida. Isso me assusta demais.

A sala que eu e Aiden costumávamos discutir estratégias com Terie foi a escolhida para a entrevista. Talvez porque me desse muitas lembranças. Quando chego no terceiro corredor, percebo que a única coisa que parece igual na sala é a tela de vidro. Porque o resto está completamente diferente.

Ao invés do sofá e da poltrona, agora há uma lustrosa cadeira estofada prata com desenhos vermelhos, indicando cenas comuns do meu distrito: os painéis de controle, o sistema de energia hidrelétrica, o sistema de energia solar. Sá não temos energia nuclear. Isso era trabalho do distrito 13, antes de ser destruído. Depois aboliram tudo que há de radioativo em Panem. Em frente dessa cadeira há outra, puída, feita de ferro oxidado e sem encosto nenhum. Parece a ponto de desabar a qualquer momento agora, mas de um jeito rústico.

Câmeras cercam a sala de todo jeito possível. Apenas um homem as controla. Menos mal, afinal não há plateia dessa vez.

Caesar me espera olhando para a paisagem pelo painel de cristal. Ele sorri, me cumprimenta e me convida a sentar. A cadeira gasta, que presumi ser para ele, na verdade é para mim. Que gentil.

Sento-me e as câmeras são acionadas.

Caesar começa com piadas, depois com elogios tanto para minhas roupas quanto para minhas atitudes na arena. Percebo que seu olhar reveza entre os meus olhos e minha têmpora sem brilho nenhum.

Logo, iniciam-se as perguntas. Começam fáceis, em seguida médias. Quando elas ficarão difíceis, afinal?

– Então, Faith. Conte-me mais... - O entrevistador cruza uma perna sobre a outra. – Nós descobrimos que você beijou Aiden nesta mesma sala, uma noite antes dos Jogos começarem. Como se sentiu?

Nota mental: nunca perguntar quando as coisas ficarão complicadas.

– Eu, hum... - gaguejo um pouco. Não que eu tenha me esquecido desse momento. - Bom, eu estava fora de mim no momento. Não tinha controle sobre o que estava acontecendo. Então realmente não sei como a mão dele parou no meu pescoço e meus lábios pararam nos dele.

Caesar assovia e percebo que estou sendo um pouco “quente” demais.

– Quer dizer... - Tento concertar o que eu disse. - Não vou negar que foi bom, mas... - sinto minhas bochechas queimarem. -... Foi estranho, Caesar. Ele é irmão da minha melhor amiga. Mas aquilo me fez começar a sentir que talvez eu tenha sido apaixonada por ele.

Não ficou nem um pouco menos “quente”, Faith. E pare de corar!

– Que menina mais fofa. - Até Caesar cora. - Mas pena que apenas há um vencedor. Que pena que apenas um de vocês está aqui.

– É triste. - Digo. - Mas é como tem de ser. Só espero que Diana me perdoe.

Olho intensamente para as câmeras em volta de mim. Diana tem de ouvir isso, tem de saber que eu estou triste pela perda de Aiden.

– Ela deveria. - O homem acompanha meu olhar. - Falando nisso, como você sentiu quando assistiu a morte de Aiden, de Amy e dos outros da sua aliança? Foi difícil?

– Difícil? - exclamo. - Não tem como tirar esses momentos da minha cabeça nunca mais. Ser atacada pelas teleguiadas foi assustador, pois foi a primeira chance de morte. Mas depois disso só ficou cada vez pior. Sinto-me culpada por Aiden, Amy e Harry. Não queria que Fllyn, Piper, Josh e mais ninguém tivesse morrido. Mas eu sabia que para ganhar, cada uma dessas mortes seria necessária. Eu só queria mais alguns minutos com cada um, para falar que vou amá-los para todo o sempre.

Deveria chorar agora. Sinto no meu coração que deveria. Mas por mais que eu faça toda a força do mundo, eu não consigo mais, não consigo.

– Você vai. - Pelo menos Caesar chora. - Eu gostaria tento de dar esses minutos para você. Mas já estamos atrasados.

– Sim, estamos. - Concordo. Devo ser inocente, devo pelo menos aparentar triste.

– Agora que acabou, está pronta para voltar para sua família? - a entrevista continua depois de segundos avassaladores de silêncio.

– Não diria que acabou de uma vez. - Respondo. - Mas mal posso aguentar toda a ansiedade de ver minha família, minha amiga, minha casa e meu distrito. É do que mais senti saudades desde que cheguei na Capital.

– Bom, pode ficar feliz, querida Faith, pois sua entrevista acabou de acabar. - Caesar sorri. - Vá se trocar e corra para ver sua família. Abrace suas irmãs por mim.

Faço que sim com a cabeça e ouço as câmeras serem desligadas.

Vou para casa.

***

O trem de volta foi mais rápido. Acho que descobriram que não aguentava de saudade.

Quando cheguei, abracei minhas irmãs como louca. Estavam lindas, como sempre. Meus pais tinham os melhores sorrisos do mundo estampados nos rostos. Minha família é a mais bonita do mundo, não importa o quanto neguem para mim.

Diana ainda tinha o mesmo abraço reconfortante. Disse que sempre me perdoaria, e que não fora culpa minha, e sim de Laureen, e também disse que apoiaria meu casamento com Aiden se ainda estivéssemos todos reunidos aqui. Choramos e rimos.

Os cidadãos do Distrito 5 me receberam do melhor jeito possível: me entregaram um sapato vermelho tradicional com os dizeres “72º Jogos Vorazes” bordados em dourados, ao lado de uma coroa. Sempre usaria esse.

Olhei a minha volta. Estava realmente de volta ao meu distrito. Lutei nos Jogos Vorazes, e por algum milagre venci. Posso dizer que esse “milagre” foram as pessoas que me amaram enquanto eu estava lá. Lembrar de todos eles faz com que minha respiração fique mais pesada e alta, como se... como meu coração estivesse parando e minha respiração falhando. Sinto vontade de desabar. Esperava que nada disso tivesse acontecido. Acho que todos os vitoriosos que um dia tiveram uma amizade dentro da arena esperavam isso.

De alguma forma, minha vida era a mesma. Nada nunca mais aconteceria de ruim, e eu ficaria bem, ao lado dos meus entes amados.

Eu estaria sã e salva.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim...
Bem, não realmente.
AINDA TEMOS UM EPÍLOGO :3
queria dizer apenas : Obrigada.
Obrigada por comentarem e acompanharem a fanfic até o fim.
Obrigada por terem sidos leais.
E espero que tenham gostado do último capitulo.
Terá mais surpresas no Epílogo. Então, bem... Não espere para ler depois.
beijos no core de vocês



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