Serenata Dos Sinos escrita por Matheus Henrique


Capítulo 3
As Primeiras Cinzas do Passado


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, gostaria de pedir perdão pela demora. Não tive muito tempo pra escrever nessas férias, e vou ter menos ainda a partir de agora já que esse ano é meu ano de vestibular. Mas cada tempo livre que eu tiver vou escrever um pouco. Espero que a espera que eu impus a vocês tenha valido a pena. Boa leitura.



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Minhas costas estavam doloridas por causa do colchão da estalagem em que eu Emma nos hospedamos. Não que fosse duro como uma pedra, ou algo do tipo, muito pelo contrário, era tão mole que se adequava a silhueta do meu corpo, logo as partes com mais peso, como a barriga, afundavam mais. Eu era do tipo de pessoa que gostava e dormir de bruços, então passei a noite inteira com o corpo parecendo uma vara de pescar.

Após fazer alguns exercícios de alongamento, troquei de roupa e vesti uma camisa branca simples, uma calça jeans e meu par de tênis azuis. Como não fazia tanto frio resolvi pôr a jaqueta dentro da bolsa, sem esquecer, é claro, do colar dourado que minha irmã me dera no dia anterior, antes de sairmos de casa.

Desci as escadas até a recepção onde um homem careca estava fazendo cálculos e checando o dinheiro que havia numa gaveta.

– Com licença? – Falei me aproximando lentamente. Ele simplesmente me olhou e sorriu. – O senhor sabe me dizer se a garota que dormiu no quarto 207 já se levantou?

– Ah, você deve ser o Matt, não é? – Balancei a cabeça concordando. – Sua irmã pediu para te avisar que ela foi à praia... Alguma coisa relacionada ao pokémon que ela tem.

– Certo. Vou procurá-la, muito obriga.

Antes que eu pudesse dar ao menos três passos o homem pigarreou, para chamar minha atenção, o que eu achei muito ameaçador, diga-se de passagem.

– Eu não quero ser incômodo, filho... – Ele falava devagar e pausadamente. – Mas sua irmã já esvaziou o quarto, e falou que você pagaria a conta.

Ah, claro que eu iria pagar a conta.

Depois de entregar o dinheiro ao balconista sai da estalagem e olhei para os dois lados da rua. Só tinha vindo à Cherrygroove uma vez na minha vida, e eu era bem pequeno, então não sabia direito por onde deveria ir para chegar até a praia, e voltar a entrar para pedir informações ao homem careca estava fora de cogitação, visto que eu quase lhe dera o calote mais “cara-de-pau” da história. Então resolvi simplesmente ir à direção oposta à da entrada da cidade e ver no que dava.

Passados alguns minutos de caminhada vi vários estabelecimentos sendo abertos e a rotina dos cidadãos começando pela cidade, para minha sorte algumas crianças resolveram se divertir um pouco com roupas de praia. Partindo do pressuposto de que usar esse tipo de roupa não fosse moda local, decidi segui-las. Não demorou muito para que eu pudesse ver o horizonte dividindo o azul do céu e o azul do mar, era uma vista deslumbrante, porém havia algo um pouco mais exótico acontecendo na areia.

– Ok, Totodile, pode ser arriscado, mas vamos tentar. Jato de Água! – O pequeno jacaré azul saltou para frente e uma corrente muito forte de água saiu de sua boca, derrubando um pequeno pokémon azul, em forma de concha desacordado no chão.

– Ah, não... Shellder, volte. – Um garoto de sunga que aparentava ter uns dezesseis anos estava com o rosto vermelho de vergonha. – É, parece que eu subestimei você.

– Não se preocupe. – Disse Emma, sorrindo. – Eu não esperava que fosse ganhar.

– Você é realmente muito boa... De onde você veio?

– Vim de New Bark Town. A alguns quilômetros daqui...

– Bom, seja bem vinda à cidade das cerejeiras. – O rapaz abriu um sorriso revelando destes brancos, dignos de um comercial de creme dental. – Se precisar de qualquer coisa eu moro naquela casa perto dos arrecifes.

Ele apontou para uma pequena cabana, que aparentemente era a mais próxima da praia dentre todas as outras casas da cidade. Acenou e saiu correndo em direção a um grupo de rapazes que conversava calorosamente na areia ao redor de alguma coisa.

– Quem era aquele? – Perguntei enquanto pulava algumas pedras para chegar onde ela estava.

– Ah, você estava assistindo? – Suas orelhas ficara vermelhas, mas ela mudou logo de assunto. – Aquele era o David. É o salva vidas da praia, ele me viu treinando com o Totodile e me desafiou para uma batalha, acho que pensou que eu era uma treinadora inscrita para a liga Johto.

– Mas você se saiu muito bem... Pensei que quisesse ser médica, não treinadora.

– Bom... Só não quero ser indefesa pelo resto da vida.

Um estranho silencio recaiu sobre nós, onde a cena podia ser vista claramente sem o menor esforço. Os punhos monstruosos daquele Geodude agredindo friamente as costas de Chris, rasgando sua jaqueta e fazendo sangue escorrer enquanto ele gritava para Emma se apressar em tirar a “farpa” daquele Graveler. Eu preferi sacudir a cabeça e aceitar que já estava no passado.

– Estou com um mau pressentimento, Matt. Algo está acontecendo... E está me assustando.

– Eu gostaria de discordar...

Mais uma vez o silêncio. O fato era bem simples, havia pokémons, como os Geodudes daquela caverna, que estavam se tornando muito mais agressivos do que o normal, e muitos podem dizer: “Eles estavam apenas se defendendo!”. Mas até então nós não havíamos nos mostrado agressivos para com eles, além disso, pesquisas já haviam confirmado que qualquer pokémon, por mais feio ou monstruoso que possa parecer, só ataca um humano sob duas circunstâncias: Se o humano em questão atacá-lo. Ou se ele aproximar-se de uma área onde há muitos filhotes (daí a má fala dos Beedrills). E todos sabemos que nenhum desses era o caso.

– Temos que descobrir o que é. E dar um basta. Por isso que temos que ficar mais fortes. – Ela realmente falava sério, seu olhar determinado para o horizonte me dizia todo o que eu precisava saber.

– Estou com você. – Falei. – Mas que tal se começarmos voltando ao Centro Pokémon para buscar o Chris? Não acho que ele vá sair de lá sem nós.

Juntos, refizemos o caminho de volta a estalagem onde estivemos hospedados. O que me lembrou que minha digníssima irmã devia certa quantia em dinheiro... Setenta e cinco persas, para ser mais exato. Porém deixei aquilo de lado, já que o clima ainda estava pesado, mas ela não me escaparia.

Ao chegarmos ao Centro Pokémon perguntamos sobre o paciente Chris Color e fomos encaminhados para um quarto no segundo andar, abrindo a porta encontramos um Mr. Color sem camisa e sendo massageado por uma enfermeira grande e gorda que passava um produto de aparência asquerosa em suas feridas.

– Vocês devem ser os amigos dele. – Disse ela numa voz inacreditavelmente grave. – Qual de vocês irá fazer a massagem diária no garoto? Ele não alcança a parte da coluna que está ferida.

Emma e eu nos entreolhamos e depois para Chris, cujo rosto havia um sincero pedido de desculpas, misturado com uma sutil dose de vergonha. Dando um passo a frente Emma retirou o casaco, mostrando que a blusa que usava por baixo não possuía mangas, e entregando-me.

– Você é namorada dele, filha? – Perguntou a mulher.

– Não! – Responderam os dois, Chris e Emma, em uníssono.

– Quero, dizer... – Emma gaguejava um pouco. – Nos conhecemos ontem, além disso eu... Quero dizer... Você sabe, nós...

– Tudo bem, filha... – Disse a enfermeira, rindo. – Eu só estou brincando. Agora preste atenção.

Enquanto ela explicava para Emma o que deveria ser feito, voltei-me para a medica que havia nos acompanhado até o quarto e perguntei:

– Existe mais alguma recomendação?

– Bom... – Começou ela. – Com a ajuda do remédio ele vai sarar um pouco mais rápido, mas ainda assim eu não recomendaria que ele acampasse por dois ou três dias. Fora isso, ele tem uma saúde de ferro.

Fiz que sim com a cabeça e voltei-me para Emma, cujas orelhas já assumiram o tom mais escuro de vermelho conhecido pelo homem, e Chris que pressionava a ponte de nariz entre os dedos polegar e indicador. Senti uma vontade enorme de rir, até que me ocorreu algo.

– Doutora... – comecei devagar. – A senhora mora na cidade ha quanto tempo?

– Desde que me formei... Há uns dois ou três anos.

– Sei... A senhora não conhecia um senhor que vivia numa cabana entre New Bark e Cherrygroove, conhecia?

– Na verdade não. – Confessou ela, parecendo desapontada em não poder me ajudar. Mas após uma longa pausa, voltou a falar: – Mas, talvez o velho George possa te ajudar. Ela mora ao norte da cidade, siga pela rota 30 e quando a trilha fizer uma bifurcação siga pela direita. Acho que é a única cabana que há por ali.

– Você entendeu bem, querida? – Perguntou a enfermeira para Emma.

– Acho que sim. – Respondeu ela, ainda envergonhada.

Depois de agradecermos as pessoas que nos ajudaram no centro pokémon, e que os curativos de Chris estavam finalmente prontos, nos despedimos de todos e, enquanto caminhávamos, contei a novidade que a doutora havia me contado.

– E é claro que vamos lá. – Falou Emma. – Certo?

– Com certeza... Onde é a Rota 30? – Perguntei olhando para Chris.

– A saída para a Rota 30 é a única entrada da cidade, se desconsiderarmos a que vai pela Rota 29, que foi de onde viemos.

Enquanto caminhávamos, íamos discutindo variar teorias mirabolantes para explicar o comportamento dos Geodudes na caverna, mas nada parecia realmente certo.

Chris caminhava com bastante dificuldade, mas parecia mais confortável conosco agora. Afinal, o que ser espancado por punhos de pedra não faz na vida de um garoto? Ela estava mais sorridente e conversava mais abertamente sobre vários assuntos à medida que caminhávamos e os minutos passavam.

Já estávamos na trilha que a medica havia indicado, não havia mais sinal do clima hospitaleiro da pequena cidade de Cherygroove e a floresta nos cercava onde quer que olhássemos. Chris achou alguns pequenos frutos pendurados em alguns arbustos e começou a explicar sobre as propriedades medicinais nos pokémons até que sua expressão ficou assustadoramente séria enquanto ele olhava atentamente para algum lugar entre as árvores.

– O que foi? – Perguntei assustado.

– Shhh! Ouça...

Emma e eu tentamos escutar mais atentamente e logo ouvimos um barulho que, a principio, parecia uma televisão fora do ar. Mas, à medida que o som se aproximava, pode-se notar que asas batiam rápido. Era um enxame de Beedrills. Olhando com mais cautela para as árvores podíamos ver alguns Kakunas pendurados nos galhos, o que significava apenas uma coisa.

Você lembra quando falei, alguns parágrafos antes, que uma das causas de pokémons se tornarem agressivos com humanos, era caso adentrássemos uma área de reprodução?

– CORRAM!!! – Levantei-me com um pulo, agarrando Chris e Emma, fazendo com que se levantassem também.

Já havia ouvido meu pai falar várias vezes sobre surto de adrenalina. Era um tipo de reação química do seu corpo que deixa as pessoas um pouco mais atentas, rápidas e fortes, como um tipo de alarme interno para uma situação de perigo. Eu estava sentindo aquilo agora. Mas por algum motivo Emma não.

Ela parou de correr e libertou seu Totodile da pokebola, mas até o pequeno jacaré hiperativo silenciou, como se pudesse pressentir o perigo iminente.

– Você enlouqueceu?! – Perguntei.

– Eu preciso capturar um deles!

– Se quer tanto um Beedrill, capture um Weedle e treine-o! – Falou Chris. – Tem um bando inteiro vindo até nós, precisamos nos esconder!

– Eu fiquei mais forte, Chris! Eu posso conseguir!

A tensão aumentou na mesma proporção que o bater de asas das mamães e papais que nos acusavam de mexer com seus filhotes.

– Se assas coisas são tão perigosas assim... – Continuou Emma. – Podem nos ajudar a lutar contra o que quer que esteja alterando o comportamento dos pokémons!

Tudo bem, eu não podia lutar contra aquele tipo de argumento.

– Vai Chikorita!

– Vai Pidgey! – Gritou Chris atirando sua pokébola para o alto.

Não que ver aquele passarinho indefeso me acalmasse, mas o pouco que conhecia daquele cidadão de Kanto me fazia pensar que ele tinha um plano.

O primeiro Beedrill do enxame apareceu para nós e foi para cima do Totodile de Emma, mas, após o comando da treinadora, ele lançou seu jato d’água, o que jogou o adversário contra uma árvore. Sem pensar duas vezes, Emma tirou uma pokebola de cores diferentes de sua bolsa, sorriu rapidamente para mim e atirou contra um potencial futuro Pokémon. Mas, infelizmente, ele estava forte o suficiente para rebater a esfera com uma de suas enormes pinças.

Após uma rápida olhada para Chris, que estava visivelmente curioso com relação aquela pokebola diferente, voltei-me para o combate.

Desse vez o enxame estava cercando-nos.

– Eu tenho um plano. – O que foi que eu disse? – Vocês só precisam atacar para todos os lados com tudo que têm quando eu mandar, certo?

– Você tem certeza do que está fazendo, certo Chris? – Perguntou Emma.

– Não tanta assim. Mas é o melhor plano que temos, não é? Pidgey! Ataque de Areia!

O passarinho começou a bater as asas freneticamente até que uma enorme cortina de areia começou a subir do chão e ficou tão espessa que nós não conseguimos mais ver nossos adversários. O que significava que eles também não podiam nos ver.

– Chikorita! Use as Folhas Navalha!

– Jato D’água, Totodile!

Foi um caos de ataques para todos os lados. Podíamos ouvir vários sons de coisas caindo e o zumbido dos Beedrils diminuiu um pouco, por um instante nós tivemos esperanças de que poderíamos vencer o combate. Mas essa é a graça da palavra “instante”: ele passa. No nosso caso, isso foi quando a areia baixou e vimos que apenas cinco ou seis criaturas foram atingidas, algumas das quais já estavam voando novamente, sem ferimentos graves, boa parte desviou dos golpes, ou nem chegou a se preocupar com eles.

Uma delas se aproximou de nós e atacou o Totodile com o que mais tarde eu reconheci como a Picada Venenosa. O pequeno jacaré caiu no ato, com um tipo de saliva roxa saindo alarmantemente pelo focinho.

– Convencida de que precisamos correr?! – Perguntei, enquanto ela colocava o parceiro nos braços.

– Acho que é um pouco tarde pra isso, amigo.

Uma voz grava saiu no meio da floresta quase que ao mesmo tempo em que uma Butterfree saia voando acima de nós, lançando uma espécie de pólen verde em cima de nós e das Beedrills. O que ocorreu a seguir é muito escuro na minha memória.

O fato é que acordei horas depois com a folha da cabeça da Chikorita coçando meu nariz enquanto ela se revirava no colchão. Havia uma atadura enrolada na minha testa, e uma dor de cabeça infernal deixava meus pensamentos confusos. Mas pude notar algumas coisas no ambiente.

Era uma pequena, aconchegante e solitária cabana de um cômodo só. Na minha frente podia-se ver a porta de entrada (e saída), onde uma mesa de computador dividia o cômodo, como um tipo de mini-escritório. A minha direita havia uma estante com vários livros e retratos na parte nua da parede. Uma lareira, que aparentemente também servia de fogão crepitava atrás de mim entre duas janelas e a minha direita Chris dormia em outro saco de dormir, em suas costas o pequeno Pidgey escondia a cabeça de baixo da asa, uma cama desforrada estava logo ao seu lado.

Não conseguia lembrar absolutamente nada depois do combate contra os Beedrills, muito menos como havia ido parar ali, mas preciso confessar que não tinha sido um destino ruim. No intuito de explorar um pouco o lado de fora da cabana, levantei-me e pus a Chikorita, ainda dormindo, na pokebola e saí o mais silenciosamente possível para não acordar Chris.

O lado de fora era simplesmente inacreditável. A cabana se localizava em cima de um pequeno morro e o terreno era absurdamente grande, basicamente dividido em dois lados. A minha esquerda havia uma enorme plantação de cerejas organizadas em fileiras, e a minha direita um arado de ervas medicinais, algumas bem parecidas com as que Chris nos mostrara antes de sermos perseguidos pelos pokémons. Saíram de dentro desta plantação Emma, que carregava seu Pokémon adormecido nos braços e um homem cuja cabeça estava habitada por uma Butterfree bem grande e de aparência saudável.

O homem parecia estar em seus quarenta anos. Vestia uma blusa florada, como as dos turistas que vão para as praias de Olivine City na época do verão, com uma mistura de cores esquisita que me dava um pouco de náuseas. Seu short era marrom com vários bolsos. Eles andavam e conversavam como se fossem bons amigos.

Ao chegaram o homem olhou para mim e falou:

– Ah, você já acordou! – Ele era um tanto rabugento. – Meu nome é George.

– George?! – Exaltei-me. – Tipo, o Velho George?!

– Velho? É assim que me chamam na cidade agora? – Até que ele tinha razão, ainda faltavam uns quinze anos para ele ser considerado velho.

– Não importa. Você sabe o que aconteceu naquela cabana isolada, que fica entre New Bark e Cherrygroove?!

Ele olhou-me da cabeça aos pés como que me analisando, tentando ler minha expressão corporal.

– O que você sabe sobre aquele lugar? – Disse, quase num sussurro.

– Não muito... Mas sei que aconteceu alguma coisa.

– Escute meu conselho, sim, garoto? – Ele falava enquanto entrava na cabana. – Não mecha com o que não é da sua conta.

Batendo a porta com força ele entrou na cabana e não se ouviu mais nenhum barulho vindo de lá.

Antes que a frustração tomasse conta da minha mente e eu entrasse lá com sete pedras na mão, Emma pôs a mão em meu ombro.

– Pegue leve. Ele parece carrancudo e rabugento, mas na verdade é uma boa pessoa. Vê? – Ele fez um leve gesto indicando o Totodile. – Ele curou meu Totodile que foi envenenado por um daquele Beedrills.

Apenas fiz que sim com a cabeça e me acalmei. O Totodile dormia calmamente nos braços da sua treinadora e parecia muito bem.

Entrei novamente na cabana para tentar conversar melhor com o Velho George, ou pelo menos tentei. Mas antes que eu pudesse ao menos tocar a maçaneta, um pokémon azul, que possuía em torno de um metro de altura passou na minha frente e começou a gritar freneticamente com George.

– De novo?! – Gritou ele pegando uma rede que estava apoiada a lareira. – Aquele inseto desgraçado me paga!

– O que aconteceu? – Perguntou Emma.

– Tem um Ledyba muito arisco que fez da minha plantação sua casa. De vez em quando ele começa a destruí-la sem nenhum motivo aparente.

Enquanto ele explicava, mirei a pokédex naquele pokémon que quase me atropelara e ouvi as informações disponíveis.

Heracross. Pokémon tipo inseto. Seu corpo é envolvido por uma camada de pele tão dura quanto as que protegem Kakuna e Metapod. O chifre em sua cabeça possui um poder massivo. Altura: 1,5m. Peso: 54Kg.

Era um pokémon realmente impressionante, e eu realmente gostaria de tê-lo como companheiro, mas ao que parecia ele pertencia ao George.

– Fiquem aí e esperem seu amigo acordar. – Disse ele. – Vou ver se consigo derrotá-lo dessa vez.

Ele saiu correndo e o Heracross o acompanhou. Eu e Emma nos entreolhamos, talvez pensando da mesma forma. Aquele Ledyba provavelmente era mais um dos afetados pela coisa que estava mexendo com a personalidade dos pokémons.

– Deveríamos ir lá? – Perguntei.

– Talvez... Vamos esperar Chris acordar. Se ele demorar de mais nós vamos.

Entramos na cabana onde Chris ainda dormia, mas seu Pidgey já estava bicando alguma coisa que encontrara em uma das janelas ao lado da lareira. Ao nos ver sobrevoou e empoleirou-se no ombro de Emma.

– Olá, amiguinho. – Disse ela gentilmente. – Você foi ótimo lá na floresta, sabia? Acho que as pessoas não deviam te subestimar tanto assim.

Tudo bem. A indireta foi recebida com sucesso, mas eu resolvi fazer-me de idiota e comecei a andar pela casa a procura de alguma coisa que nem eu mesmo sabia.

– O que aconteceu lá? – Perguntei.

– O Sr. George estava por perto quando os Beedrills nos atacaram. Ele disse que observou tudo, para ver se conseguiríamos vencer sozinhos, mas quando o Totodile foi envenenado ele pediu para sua Butterfree usar seu pó do sono para que as abelhas dormissem.

– Mas eu e, pelo visto, o Chris também fomos afetados.

– É. Isso ele disse que foi um erro de calculo. Você não faz idéia da dificuldade que foi trazer vocês até aqui. Você é assim magrinho, mas pesa tanto quanto um Snorlax, sabia?

Antes que eu pudesse protestar e iniciar uma pequena discussão familiar Chris começou a se revirar nos lençóis, gemendo, até que se sentou com a mão na cabeça.

– Onde estamos, hein? – Perguntou ele.

– Suas feridas estão doendo, não estão? – Disse Emma indo até ele e ajoelhando-se.

– Não tanto assim. Só estou um pouco zonzo.

Após explicarmos o que tinha acontecido ele se sobressaltou e ficou de pé num salto, mas algo deu errado e ele caiu no chão com uma das mãos cobrindo os olhos.

– Ei, ei, vai com calma, garanhão. – Falei. – Faz umas horas que você não come, não pode sair por aí querendo salvar todos os velhinhos do mundo.

– Vocês deixaram ele ir sozinho?!

– E o que você queria que fizéssemos? – Perguntou Emma. – Você estava aqui, e ele foi acompanhado por pokemons muito bons. Ele vai vencer.

Essa seria uma excelente ocasião para revelar a Chris que um dos apelidos de infância de Emma era “Boca Maldita”, pois sempre que ela dizia que algo aconteceria, acontecia justamente ao contrário, mas resolvi ficar calado. Pois o Velho George entrou na cabana, arrastado pelo Heracross que o colocou na cama.

Ele gemia segurando um ferimento nas costelas. Sua blusa, aquela com cores nauseantes, agora estava ainda pior, com um toque de sangue.

– O que aconteceu?! – Perguntou Emma, completamente assustada.

– Aquele miserável! – Falou George em meio aos gemidos. – Aquele Ledyba consegue usar o Soco de Fogo! E ele me acertou bem nas costelas!

– Tem alguma coisa que possamos fazer? – Perguntei.

– Sim... Vá até as ervas medicinais e pegue as frutas vermelhas. Use aquela cesta. Traga o suficiente para fazer uma jarra de suco.

– Eu vou. – Chris falou levantando-se. – Fiquem aí e cuidem dele.

Assim que Chris saiu Emma começou a falar.

– Façamos um trato. – Disse ela. – Nós resolvemos o problema com o Ledyba e o senhor nos conta o que sabe sobre o dono daquele Geodude que morava na cabana que meu irmão falou.

Ele avaliou Emma como fez comigo antes e depois olhou para mim.

– Vocês não conseguiram lidar com aquelas simples Beedrills, o que lhe faz pensar que pode derrotar aquele monstro em miniatura?

– Temos um acordo ou não?!

– Sim. Mas saiba que se você ou seu pokémon correrem risco de vida, eu não estarei lá para ajudar. – Ela simplesmente saiu correndo pela porta me deixando sozinho com o velho. – O que está esperando, seu tapado?! Vá logo com ela!

Ele não precisou falar duas vezes.

Ao sair pela porta vi que ela já estava a meio caminho da plantação. Corri até lá e fiz com que parasse.

– Você tem ao menos um plano? – Perguntei.

– Ainda estou bolando um...

– Você não tem uma gota de juízo, não é? Seu pokémon foi curado de um envenenamento a poucos minutos e você já quer fazer ele lutar com uma coisa, que, segundo o Velho George, é ainda pior que aqueles Beedrills?!

Ela se afastou e segurou um dos braços, olhando para o lado. Não fui muito legal com as palavras, preciso admitir, mas ela precisava de um choque de realidade. Muitas vezes a simples vontade de fazer algo não é o suficiente.

– Você vê outra saída? – Perguntou ela. – Além disso, essa pode ser a nossa única chance de descobrir algo sobre o que está acontecendo. Precisamos acreditar.

– Tudo bem... Mas me prometa que, se a coisa ficar muito feia você vai correr.

Ela não disse nada. Simplesmente correu até a plantação de cerejas e só o que me restou foi ir atrás dela.

Se a situação não fosse tão alarmante eu teria afirmado que aquele era um lugar perfeito para um passei romântico, pois era um dos lugares mais lindos que eu já vira na vida. Os troncos das cerejeiras estavam afastados o suficiente para que pudéssemos caminhar lado a lado de braços abertos, mas seus galhos eram tão grandes que as folhas de uma árvore se misturavam as vizinhas fazendo um tipo de teto ambientalmente correto, mas o que deixava tudo aquilo mais impressionante era que estávamos na primavera, e as folhas das cerejeiras tinha uma leve coloração rosada. A plantação se estendia por cerca de um quilômetro e meio, tanto de largura quanto de comprimento.

Olhamos ao redor para vermos algum sinal do nosso adversário, mas tudo parecia muito calmo.

– Tudo está calmo de mais, será que ele foi embora? – O dom “maravilhoso” da minha irmã deu o ar de sua graça novamente. Pois assim que essas palavras saíram de sua boca o som de uma pequena explosão veio de uma das árvores na lateral da plantação. – Totodile, use o Jato d’água!

Assim que o recém-curado pokémon saiu de sua pokébola iniciou o trabalho de bombeiro tentando apagar o incêndio antes que se arrastasse para o resto das árvores.

Enquanto isso eu e Chikorita, agora também fora de confinamento, tentávamos achar sinal do nosso inimigo. Não demorou muito para que eu pudesse ver um pokémon pequeno que voou até uma das arvores e nos encarou com um olhar ameaçador.

Mas de ameaçador ele só tinha o olhar. Pois era até fofinho em sua aparência. Possuía formar arredondadas e em suas costas havia uma espécie de casca vermelha com bolinhas pretas que abrigavam um par de asas. De seu tórax saiam três patas de cada lado do corpo.

Recorri a pokédex para saber mais sobre ele.

Ledyba. Pokémon tipo inseto. Quando o clima se torna frio vários Ledyba vêm de todos os lugares para aquecerem uns aos outros. Natureza geralmente tímida e se sente mais seguro estando em grupo. Altura: 0,20m. Peso: 5,8Kg.

O olhar daquela coisa para mim me dizia que ela podia ser qualquer coisa, menos tímida.

Antes que eu pudesse ordenar o primeiro ataque para a Chikorita o Ledyba voou, não para cima de minha parceira, mas para cima de mim. Agarrou-se ao meu rosto com quatro de suas patas e com as outras duas começou a socá-lo. A criatura tinha uma mão bem pesada para algo daquele tamanho.

– Agora vá ajudar o Matt, Totodile!

Depois de ter terminado com o fogo o parceiro de Emma saltou e, usando o golpe Arranhão, conseguiu tirar o Ledyba da minha cara.

Ele se distanciou de nós e nos avaliou, ainda planando.

– Alguma estratégia? – Perguntou Emma, ficando ao meu lado.

– Vamos usar apenas técnicas de retidão, por enquanto. E tentar desviar o máximo possível dos golpes dele.

– É muito arriscado para o Totodile!

– Não se preocupe... Ao que parece o ataque mais forte dele é o Soco de Fogo. E, se ele for inteligente, não vai querer usá-lo no Totodile.

O Ledyba veio para cima de nós como um raio vermelho, mas não atacou. Apenas se movimentou rapidamente para deixar-nos desnorteados, até que o barulho de suas asas parou e o silencio pairou entre nós.

A Chikorita parecia um tanto alarmada, pois parecia tentar ouvir algum som que indicasse a localização do nosso oponente, e eu não ousei nem respirar para não atrapalhá-la. Mas quando ele apareceu foi veloz suficiente para acertar um Soco de Fogo em minha parceira, jogando-a para longe. Corri até ela e percebi que o Ledyba havia ignorado completamente Emma e seu Totodile e corria atrás de mim.

– Totodile! – A voz da minha irmã fez-se ouvir quando eu estava a alguns metros de distância da minha parceira. – Use o Olhar Penetrante!

Se algum dia da minha curta vida de treinador eu subestimei a velocidade daquele pokémon hiperativo, naquele momento eu me curvei perante ela, pois de algum modo ele conseguiu ultrapassar o Ledyba e usar minha coluna como impulso para saltar mais alto e olhar fixamente nos olhos daquela criatura. O efeito do golpe atrasou-a por tempo suficiente para que eu chegasse até a Chikorita.

– Você está bem?!

Chiko... – Ela gemeu um pouco, mas se levantou com um olhar determinado.

– Acha que pode continuar.

Em resposta ela pulou por cima do meu ombro e usou o Rugido. Virei a tempo de ver o Ledyba caindo no chão, mais uma vez e o Tododile saltar com as garras preparadas para atacá-lo com o Arranhão. Infelizmente o efeito do golpe passou rápido e dando a oportunidade de fuga, mas não para muito longe. Já que dessa vez ele se encontrava cercado.

De um lado Emma e o Totodile, do outro eu e Chikorita.

– Você não vai escapar, garoto. – Disse Emma. – Você será meu.

A pokébola verde com os detalhes em vermelho já estava ampliada e preparada nas mãos de minha irmã. E eu não consegui me opor a idéia de ter aquele pokémon ridiculamente forte como companheiro de jornada.

Talvez eu e minha irmã não compartilhássemos lassos de sangue, mas com certeza éramos ligados o suficiente para bolarmos um plano apenas com um olhar.

– Ei, coisa feia! – Gritei. – Vem me pegar!

Não sei ao certo se estava ficando louco ou valente de mais. Mas chamei a Chikorita para meu ombro e corri com tudo o que tinha na direção de Emma. O Ledyba levantou voou e perseguiu-nos. Quando estava próximo o suficiente de minha irmã, estiquei o braço, que minha parceira usou como uma ponte para saltar, e falei:

– Vamos, Chikorita! Folhas Navalha!

Uma esquiva não era opção para o nosso oponente, já que ele estava próximo de mais de nós, então sua reação foi exatamente a que eu esperava. Um de seus pequenos punhos pegou fogo, preparando-se para incendiar as folhas que o cortariam, o que teria sido extremamente eficaz, caso Emma não estivesse preparada.

– Jato D’água, Totodile!

A técnica atingiu em cheio nosso oponente fazendo uma cortina de fumaça se levantar e nos cercar, o que nos deixou cegos por alguns minutos.

Quando a fumaça se dissipou eu sofri um dos maiores sustos da minha vida, pois o Ledyba estava a centímetros de distância da Chikorita e, saindo de seus olhos, podia-se perceber partículas de ondas que faziam o ar tremeluzir abraçando minha parceira. Se houvesse um lado bom naquilo, era que, como nosso amiguinho estava encharcado, mesmo que quisesse, não conseguiria usar o Soco de Fogo.

Depois de alguns segundos eu me permiti um suspiro de alivio ao ver a Chikorita virar-se para mim. Mas o suspiro se tornou um gemido quando notei que seus olhos estavam desfocados e que ela se virou apenas para se atirar com toda a força na arvore mais próxima. Eu tentei agarrá-la para impedir que ela acabasse desmaiando por causa da força de seus próprios golpes, mas ela mordeu meu braço e continuou.

– Totodile, use o Arranhão, depressa! – A presença de espírito da minha irmãzinha foi crucial.

Pois se o seu pokémon não tivesse acertado o golpe, aquilo que eu resolvi chamar de feitiço, não teria passado. E a Chikorita estaria desmaiada, ou eu estaria com os braços ensanguentados.

O golpe foi potente o suficiente para atirar o Ledyba contra uma cerejeira e deixá-lo tonto por um longo momento.

– É agora ou nunca! – Dizendo isso Emma atirou a Pokébola.

Era a segunda vez que eu via um pokémon tentando ser capturado, mas a sensação de impotência ainda era a mesma. E a cada vez que aquela pokébola tremia, por causa do Ledyba que tentava se libertar.

Quando o som avisou que ele havia desistido e fora capturado tocou foi como se eu sentisse toda a adrenalina e a tensão deixando meu corpo, e tudo que fiz foi cair de costas no chão. Emma foi até a pokébola que continha seu novo parceiro e sentou-se ao meu lado passando a mão no meu cabelo.

– Bom trabalho. – Disse ela.

Tive que me limitar a sorrir já que um grito vindo de algum lugar da plantação fez com que nossa atenção se desviasse. Graças aos céus era apenas Chris que caminhava em nossa direção com uma cara não muito feliz.

– Vocês ficaram malucos?! – Gritou ele. – Primeiro deixam o coitado do Sr. George ir lutar contra a coisa sozinho, e depois de o verem todo ensangüentado, resolvem vir aqui e ganhar alguns hematomas e queimaduras também!

– Vai com calma aí, colega... – Disse Emma rindo. – Nós conseguimos, veja.

Ela entregou a pokébola a ele dizendo que poderia fazer as honras. Chris, então atirou-a para cima libertando um Ledyba completamente diferente daquele que tínhamos acabado de enfrentar. Seu olhar era assustado como se não soubesse onde estava, mas correu até Emma quando a viu e escondeu-se atrás dela.

– Parece que o que a mulher falou sobre essa pokébola e verdade. – Falei.

– O que tem de diferente nela, além das cores.

– Nós explicamos mais tarde. Agora quem nos deve algumas explicações é o nosso excelentíssimo Sr. George.

Ao chegarmos lá o homem estava sem camisa com alguma folhas grandes cobrindo a queimadura. Ele lia calmamente um livro enquanto sua Butterfree, com uma aparência horrível, descansava perto dele. Quando nos viu entrar e ver que capturamos o Ledyba ele simplesmente deu de ombros e voltou a sua leitura.

– Você vai cumprir com sua parte no acordo, certo? – Perguntei.

– Não sou um homem sem palavra se é o que você está insinuando. – Ele olhou para mim, mas não dava sinais de que estava ofendido. – Aqui... – Quando estendeu o livro que segurava para mim, pude perceber que era um álbum de fotos. – Esse era o homem do qual vocês falavam?

– Sim... – Respondeu Chris.

– Ele era meu pai.

A informação pairou no ar enquanto observávamos aquela foto. Nela o homem do quadro que vimos na cabana estava mais jovem e passava a mão na cabeça de um garotinho segurando uma rede para pegar insetos.

– “Era”? Por acaso ele...

– Não sei ao certo... Sentem-se.

“Minha mãe morreu ao me dar a luz, então eu sempre fui criado pelo meu pai. – Começou ele. – Éramos muito sozinhos e vivíamos naquela cabana na qual vocês entraram. Nossa única companhia eram os muitos pokémons que meu pai mantinha abrigados no nosso quintal, muitos nem eram dele, e sim selvagens que estavam feridos ou famintos. Mas seu pokémon favorito era o Geodude, que foi seu parceiro quando ele ganhou um título da Liga Johto na juventude.

– Ele ganhou a liga Johto?! – Interrompi sem querer.

– Isso não é relevante, garoto. – Disse ele rispidamente. – Após desistir da carreira de treinador, o que, segundo ele, aconteceu quando soube que eu estava para nascer, sua maior paixão se tornou viajar e ver os mais variados tipos de pokémons. Costume que ele manteve mesmo depois que eu nasci.

“Juntos viajamos por várias partes deste continente e dos outros. Eu amava aquela vida. Mas o tempo foi passando e eu cansei de nunca estar em um lugar só. Então há vinte anos eu me mudei para essa cabana e comecei minha plantação de cerejas. Mas, claro isso não impediu meu, já velho, pai de parar com suas jornadas.

“Então, num belo dia, há mais ou menos oito ou nove anos, ele veio me visitar contando que havia visto um pokémon extremamente raro e estava louco para visitar o Prof. Elm para saber o que exatamente ele tinha encontrado, e pediu-me para ir com ele. Infelizmente, na véspera de nossa ida a New Bark, quando cheguei na casa de meu pai vi que havia sido saqueada. Todos os pokémons que lá viviam haviam sumido junto com meu pai, o único que sobrou foi seu Geodude. Mas ele estava muito alterado e não deixou que o tocasse.

“Sem querer perder muito tempo, saí em busca da policia local e juntos iniciamos as buscas... Depois de um ano sem nem ao menos uma única pista ele foi dado como morto.”

– Mas porque ninguém na cidade soube nos dizer quem era seu pai? Ao que parecia nenhum dele jamais havia visto a tal cabana. – Perguntou Emma.

– Meu pai deixava a localização dela em segredo, já que alguns pokémons que viviam lá eram bastante poderosos, ou raros. Provavelmente o saque ocorreu por causa disso, já que os outros pokémons também sumiram.

Eu não quis falar em voz alta. Mas uma pulga na cabeça me dizia que talvez o seqüestro do pai do velho George tinha sido algo muito maior que um simples caso de roubo de pokémons. O mistério agora estava ainda maior do que antes, e a história contada deixou mais duvidas que esclarecimentos.

Após um longo silencio em que cada um martelava as informações em sua própria mente, o Sr. George notou a pokebola que Emma segurava, na qual o Ledyba estava confinado.

– Onde você conseguiu isso, querida?

– Uma mulher me deu um tempo atrás... Não sei quem era ou seu nome, ela parecia bem misteriosa...

– Eu já vi uma pokébola assim antes. Ela era fabricada por Kurt, um senhor que vivia em Azalea Town. Mas ele morreu há quinze anos. Talvez a moça que lhe deu seja sua filha Anne.

Combinamos então de visitar a antiga oficina de Kurt para descobrir mais sobre a pokébola e, segundo o velho George lá também era sede de um Ginásio.

Após um bom descanso, nos despedimos da hospitalidade do nosso novo amigo com uma sacola cheia de ervas medicinais e uma cabeça cheia de duvidas, segundo ele para chegarmos a Violet City, local do meu primeiro desafio, nós deveríamos voltar para o local onde a trilha se bifurcava, mas pegar o caminho da esquerda.

Emma parecia muito satisfeita com sua captura.

– É Matt, irmãozinho. – dizia ela. – Você está perdendo para nós.

Ela cutucou Chris para que ele também participasse do momento “Vamos zombar o Matt”.

– Se não pegar algum pokémon logo vão pensar que você é treinador com menos chances de vencer a liga Johto da história.

– Emma... – Falei. – Você já esfregou o remédio nas costas do Chris?

Ambos parar a caminhada com bochechas e orelhas vermelhas, enquanto eu, tranquilamente, continuei andando com as mãos na cabeça e assoviando uma canção qualquer.


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Notas finais do capítulo

E aí? A espera valeu a pena ou não? Comentem! A minha caixa de mensagens não morde. KKKKKKKKKK . Fiquem a vontade para criticar, opinar, elogiar e dar sugestões, mantendo, claro, a boa e velha educação. Até a próxima, minha gente!



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