Mas é claro que ele iria ficar ligando e ligando e ligando e assim vai. Meu celular bipava o tempo todo com suas mensagens: "Anne me liga." "Anne atende o telefone." "Anne preciso falar com você." "Anne temos que conversar". Anne o cacete. Quando realmente tinhamos coisas para conversar ele nunca quis. O ele é meu ex namorado, Will. Mais uma vez o celular tocou, "Anne, amor, por favor.". Só pra constar, eram três da manhã. Irritada, pois já estava acordada a meia hora por causa das mensagens e ligações de Will, me sentei na cama e mandei uma mensagem de volta: "Cara, já faz duas semanas, poxa, esquece e me deixa dormir!". Alguns SEGUNDOS (olha o desespero do cara) depois ele respondeu: "Graças a Deus você me respondeu. Eu te amo. Me desculpa. Quero voltar".
Pelo amor de Deus! Esse garoto era bipolar, não pode uma coisa dessas. Will me traiu, eu não tenho vocação pra corna então terminei o namoro. De qualquer modo eu iria terminar, não gostava mais dele e ele só me deu um motivo a mais para fazer isso mais rapidamente.
Não queria mais saber dele, desliguei o telefone. Provavelmente isso me faria perder a hora para ir para a escola, de manhã, mas quem disse que eu ligo para escola?
E quem disse que eu consegui dormir? Parece até maldição, castigo, por querer dormir até mais tarde numa segunda-feira. Não consegui pregar o olho um minuto que fosse. Fiquei olhando para o relógio de parede e contando as horas para darem sete da manhã. Logicamente foram horas muito lentas.
Pulei da cama quando o relógio bateu sete. Fui para o banheiro, tomei um banho rápido e etc. Vesti uma calça jeans e uma camiseta, com a jaqueta por cima. Penteei meu cabelo rápidamente e me enfiei no tênis. Peguei a mochila e desci.
Mamãe já estava preparando o café da manhã. "Bom dia." Ela disse em seu habitual bom humor. Minha mãe era uma pessoa muito agradável que não merecia a vida mediócre que tinha. "Oi mamãe." Respondi. Saoirse entrou na sala e me deu um sorriso. Meu padrasto entrou logo depois dela.
"Cadê o café da manhã, mulher, não tenho o dia todo.". Velho asqueroso, nojento, com aquela barba por fazer e aquele barrigão, fedia de longe. Ele enganou mamãe, quando se casaram ele ainda sim era nojento e tosco e eu o odiava mas ele pelo menos fazia a barba e malhava, agora nem isso. Como minha mãe podia aguentar esse fedor dele do lado dela toda noite? Como ela podia aguentar... você sabe... fazer sexo com ele? Se é que fazia.
"Cale a boca que ela não é sua empregada." Morrison e eu nunca nos demos bem. Saoirse tinha medo dele. Mamãe tinha medo dele. A única pessoa que impedia que ele mandasse e desmandasse nessa casa era eu. Asim que falei, Morrison me olhou com uma cara de desprezo "Não é minha empregada mas é minha mulher, a mesma coisa." e riu, expondo seus dentes podres. Argh, que raiva, que nojo!
Fiquei calada para não manda-lo ir para os quintos dos infernos. Olhei para o relógio e vi que estava atrasada. "Vamos Saoirse." Minha irmã se levantou e obedeceu as minhas ordens, demos bença a mamãe e saímos. No caminho passamos por uma cafeteria e compramos três cafés, dois para mim e para Saoirse, e um para minha amiga, Georgia, que nos esperava a um quarteirão dali.
"Oi." Ela disse. Georgia era negra, não muito, os cabelos negros e as feições bem esculpidas. "Como vai?" perguntou. "Acontece, que estou acordada desde as três da manhã, por isso o café.". Saoirse e Georgia me olharam com surpresa. "É -me apresei a explicar -que, Will não parou de me ligar." "Você tem que dar um jeito nisso, você sabe, falar com ele." "É, eu sei, e vou fazer isso agora.".
Avistei Will de longe, com seu cabelo louro e pose de astro de basquetebol. Como eu pude namorar esse cara troglodita e primitivo eu não sabia, só sabia que tinha acabado e ele precisava perceber. Nesse instante, Caroline se juntou a nós. "E aí?" ela disse sorrindo com seu caloroso sorriso.
"Anne vai falar com o Will." "Sério? Vai logo, quero ver.". Que isso, minha vida amorosa virou um show? Sei lá, do tipo A Verdade Nua E Crua? Olhei para minhas amigas e minha irmã tomando coragem e fui na paz de Deus.
"Will preciso falar com você." Ele me pegou em um abraço de um jeito muito tosco de se fazer. "A sós." Eu disse saindo do abraço.
"Gata, não tem nada que você não possa falar agora. Estou vendo que você não consegue ficar longe de mim." Ele estava com bafo de cerveja. Essas horas da manhã? Sério mesmo? Esse garoto não toma café não? Afe.
"Will é sério." eu disse.
"Pode falar, gatinha, aqui mesmo." Ele queria assim? Assim seria. Eu não tinha nenhum problema em quebrar corações ou humilhar pessoas. Pessoas chatas muito menos.
"Então tá. Primeiro: não sou sua gata. Segundo: Acabou, não deu pra você entender? Você me traiu. E nem doeu porque eu também te traí, várias vezes. Estou pouco me lixando pra você, sequer gosto de você. Fiquei com você por pena, Will, pena. Sou uma pessoa muito caridosa, sabia? Te aguentei por um bom tempo. Só que acabou, então para de ficar me ligando as três da manhã dizendo que me ama e quer voltar porque não vai acontecer nunca. N U N C A." Me virei e fui em direção a Saoirse, Geo e Carol, que me encaravam de boca aberta e olhos arregalados. Sorri e joguei meus cabelos longos e louros de lado. Eu amo quebrar corações inocentes, é uma renovação para a alma.