The Prince Of My Ballerina escrita por Isabelle Masen


Capítulo 4
Capítulo 3 - Uma Razão


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, um novo capítulo fresquinho! Muitíssimo obrigada aos reviews que vocês me deram, estou brilhando mais que o sol aqui kkkkkkk'


Deixem esse vídeo carregando: http://www.youtube.com/watch?v=DCuxlw97tGY


Dêem play quando eu pedir, honeys :B


Nos vemos lá em baixo!



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Cheguei em casa e subi as escadas com tanta agitação que em meio segundo já estava no segundo andar.


 

--- Bella! Você vai para a reunião da elite? - ouvi meu pai gritar quando eu bati a porta de meu quarto com tudo. Encostei as costas ali, sorrindo com malícia.


 

--- Vou sim, pai! Posso levar um acompanhante?


 

--- Pode, querida - falou em um tom mais feliz, provavelmente gostou de eu responder com tanta naturalidade e sem a presença de meu sarcasmo habitual. Desabei em uma gargalhada alta enquanto ia até o closet caçar a roupa que Alice preparara pra mim.


 

Meu plano era simples, fácil e prático. Desse jeito eu não precisaria ir mais para as malditas reuniões e festas da elite, e muito menos ter que ficar como um cachorrinho bajulando meu pai para que os outros pudessem ver. Eu agiria como uma verdadeira rebelde e inconsequente, mas daria certo e eu me livraria de um fardo em minha vida. O motivo? Desconhecido.


 

Tomei um banho rápido.


 

Vesti o vestido maravilhoso tomara que caia dourado que caía na cintura em preto e calcei meus ankle boots preto, amarrando-o. Deixei a franja partida pro lado e o resto do cabelo mantinha as malditas ondas horrorosas nas pontas. Não tive tempo de pranchar ou fazer mais nada, pois em uma fração de trinta minutos seriam sete horas. E eu definitivamente gosto de chegar cedo nos lugares.


 

--- Vou indo na frente, pai - gritei e ele disse mais algo, mas não ouvi pois já estava na porta de casa, a qual bati com força quando saí. Quando fico feliz costumo ficar mais forte.


 

--- Ahh! - ouvi o grito de susto de Garrett que comia um sanduíche, o qual caiu no chão e esparramou alface e queijo pra todo lado.



 

--- Desculpe, Garrett - falei rindo e entrei no carro, sentando ao lado do banco do motorista.


 

--- Vai na frente, srta. Swan? - o homem estranhou enquanto ligava o carro.


 

--- Sim. Hoje vamos passar na Juilliard primeiro, vou pegar uma pessoa - falei e ele assentiu ainda confuso, estranhando meu modo de agir. Nunca fui impulsiva e não questionava nada, e hoje estou sendo exatamente o contrário com ele. Mas até me sinto bem assim.


 

Rapidamente chegamos à Juilliard e ele estava lá, sentado com o olhar perdido, sem saber pra onde iria. Usava uma calça jeans levis, uma blusa cinza gola V por dentro de um casaco de couro com a gola com duas listras grossas amarelas, os cabelos bagunçados como sempre. Seus olhos brilhavam com a luz do pequeno poste próximo quando ele avistou o carro. Imediatamente baixei o vidro e o chamei com um aceno de mão. Ele estranhou eu estar em um carro tão grande, mas nada disse.


 

--- Oi, Mozart - sorri quando ele estava perto e ele deu um meio sorriso, ainda fitando o carro com as sobrancelhas unidas. Ri.


 

--- Boa noite? - disse cortês mas saiu em tom de dúvida. Ele estava alheio à mim e a Garrett, pois apenas fitava os bancos, a marcha e até mesmo o espelho retrovisor do veículo.


 

--- Pra onde vamos? - perguntou-me e eu sorri, pedindo a Garrett pra acelerar o carro.



 

Ele continuou me fazendo perguntas o caminho todo, mas eu nem ousei respondê-las. Precisei até tapar a boca de Garrett algumas vezes para que o boca de botija não soltasse nenhuma informação. “É, você conseguiu me sequestrar. Só, por favor, não corte os meus dedos na hora da tortura” falou em um momento e eu ri, chamando-o de convencido, e de fato ele era. Mas pessoas dotadas de talentos realmente podem ser convencidas, então eu chamei-o apenas no lado brincalhão.



 

Chegamos ao local e eu precisei tapar os olhos dele enquanto subíamos o elevador executivo, pois ele sairia correndo quando visse que não estava vestido apropriadamente - se ele fosse um Alice Brandon da vida.



 

O elevador foi aberto direto no grande salão executivo, os pisos - alguns brancos, outros acinzentados - bem distribuídos e brilhantes estavam ocupados com mesas de toalhas de linho branco com pessoas em trajes black-tie sentadas, papeando com sorrisos falsos se gabando por serem os “donos” de Nova York. O presidente do comitê estava sentado antes do centro, pois nele havia um grande espaço vazio onde algumas pessoas ficavam em pé, porém ali, em qualquer outro salão normal seria denominado como um local para dançar. Tocava o novo sucesso de alguém, uma música meio gay e estranha, não distingui a voz do cantor.


 

--- Alguém morreu? - perguntou e eu dei um longo suspiro.


 

--- Minha liberdade - falei monotonamente e ele me olhou, erguendo uma sobrancelha - vem cá - puxei-o pelo braço até uma mesa razoavelmente afastada do bando de executivos, que mais pareciam pinguins.


 

Contei a ele toda minha história e ele a ouviu com paciência, não me interrompeu um só segundo. O que fora bom e estranho, por que até quando eu contei isso pra uma psicóloga ela me atirava um monte de perguntas a cada vírgula. A curiosidade que estava em seu semblante parecia passar a cada palavra dita por mim. E ao mesmo tempo que o fato de ele não me interromper fosse estranho, era ótimo poder desabafar com alguém.



 

--- Você é uma escrava da mídia socialista - concluiu depois de alguns minutos em que calei a boca. Assenti - e me trouxe aqui pra… Tentar desfazer esse esteriótipo de garota exeplar - franzi o cenho, intrigada com sua perfeita análise.


 

--- Você lê mentes, Mozart? - ele abriu um sorriso torto.



 

--- Pode ser. Agora vamos seguir com seu plano - falou se levantando e eu uni as sobrancelhas, confusa e surpresa.


 

--- Sério?



 

--- Sim, pois se eu tiver de ficar aqui sentado olhando para um bando de pinguins em forma de gente vou dar uma de louco e tacar ovo em todo mundo - falou e eu ri, levantando com sua ajuda e dei o braço a ele, meio tensa. Era mais que óbvio que nunca tive tanto contato com um garoto ao ponto de tocá-lo de braço como se estivesse entrando numa igreja.



 

De repente paramos de andar e ele se virou pra mim.



 

--- Mas antes de enfrentar essa gente eu preciso beber. Quer um drink?


 

--- Eu não bebo, mas…


 

--- Mas hoje vai beber - piscou pra mim - vou pegar um dry martini pra nós. Não saia daqui, Bella.


 

Disse e se virou, soltando meu braço partindo entre as pessoas. Fiquei ligeiramente tonta por ele ter tirado o braço do meu, como se tivessem tirado um ímã de geladeira. Estremeci com o pensamento estranhamente bom.



 

--- Bella? Bella, pode vir aqui um instante? - meu pai me chamou com a mão de longe, acompanhado pelo presidente do comitê e mais um bando de velhotes babões - desculpa a expressão grosseira. Haviam também um ou dois garotos jovens e bem altos, deveriam ser filhos dos pinguins mais velhos.


 

Olhei pros lados vendo se o Mozart estava por perto, e decidi ir até eles já que não tinha escolha e quando ele retornasse me resgataria daqui e mudaria de vez minha imagem para com a imprensa novaiorquina.


 

--- Aqui está ela, minha Isabella Swan - meu pai disse com orgulho.


 

--- Está bem crescida. Uma moça linda, eu diria - um dos homens falou, avaliando-me da cabeça aos pés como se eu fosse uma interessante mercadoria. Ele, apesar de ter cabelos bem brancos, tinha as feições joviais e pequenas como as de um ratinho. Não reconhecia ele, mas ele parecia me conhecer.


 

--- Isso vai dar o que falar no The New York Times da semana. Posso até ouvir os burburinhos - um outro falou.


 

Os outros idosos comentavam sobre meu crescimento saudável e tipicamente jornalístico e eu, como sempre, ficava calada, pois cada pergunta que me dirigiam era respondida pelo meu pai. Os dois garotos de minha idade me fitavam com uma curiosidade contínua.



 

--- Então Bella, você faz aulas de ballet com minha Rosalie. Vocês são amigas? - o homem com cara de ratinho perguntou e eu respondi com um meio sorriso, para a felicidade de meu pai. Era bem mais fácil eu ser legal com Charlie que com minha mãe por perto.



 

Um dos idosos - o mais calado de todos - me fitava com cobiça, fitando principalmente meus ombros nús e o meu decote comportado, e o pior é que ele sabia que eu tinha notado e mesmo assim não parava. Seu olhar era indecente, e pensei que por ele ser descendente de um índio poderia ser cego ou algo do tipo.



 

--- Ah, sim! Esqueci de apresentá-los. Bella, este é Billy Black, dono da principal empresa de advocacia da cidade - falou e o homem deu um sorriso malicioso estendendo a mão pra mim. Meu pai não percebeu isso.


 

--- E esse é Jacob Black, o filho dele e futuro herdeiro. Está cursando administração de empresas em Harvard - meu pai disse e o tal Jacob abriu um sorriso enorme pra mim, ele era até bonito com os dentes bem brancos reluzindo na pele castanha-avermelhada e lisa do rapaz.

Os olhos negros e diminutos como os do pai eram marcados por grossas sobrancelhas pretas, assim como os cabelos bem cortados. Era alto e dava pra se perceber que era musculoso, mas isso não chegava perto da beleza mozartiana do pianista.



 

--- Acho que você não lembra mais de mim, né? - me perguntou ainda sorrindo - nós brincávamos quando…


 

--- Eu lembro, eu lembro - falei sem ser grossa, interrompendo-o com um sorriso. Ainda sim ele estava bem diferente do garotinho de seis anos com os cabelos batendo nos ombros que sonhava em ser surfista.


 

Ele, meu pai e os outros homens engataram uma conversa agradável, na qual eu ainda estava no centro. Conversei com todos, ainda meio incomodada pelos olhares indiscretos de Billy Black, que ainda se mantinha calado.



 

Senti algo tremer em minha bolsa e eu prontamente tirei meu celular dela, sem tirar os olhos de meu pai e dos outros. Era uma mensagem de… Mô? Quem diabos é mô? Abri a mensagem.




 

Estou te vendo. Basta eu me afastar e os lobos caem matando, hein?




 

Deduzi que se tratava do Mozart e sorri, olhando em volta e vendo ele, lindo, encostado relaxadamente na pilastra branca de gesso que ia até o teto do salão. Um sorriso torto brincava em seus lábios enquanto ele segurava o celular em uma das mãos.



 

Digitei rápido.





 

Como tem o número de meu celular?





 

Em poucos segundos, ele respondeu:





 

Além de ser um incrível pianista, também sou um renomado hacker.




 

Ou ligou do meu celular pro celular dele - pensei estrategicamente e olhei pra ele, erguendo uma sobrancelha. Ele gargalhou deixando os dentes incrivelmente brancos à mostra. Desejei estar próxima pra ouvir aquela gargalhada distante, que pelo sorriso dele, devia ter um som contagiante.




 

--- Filha, quem diria! Você veio mesmo - minha mãe apareceu do nada e se colocou ao lado de meu pai, com um sorriso zombeteiro pra mim. Dei um sorriso mais falso que sua voz robótica e desafinada.



 

--- Preciso ir ao banheiro. Se me derem licença, senhores - falei educadamente e me retirei dali antes que eu brigasse com minha mãe. Mal suportava olhar pra cara dela, pois a cena das sapatilhas queimadas ainda não saíram de minha cabeça.



 

Andei em direção ao Mozart ou Mô, como ele se denominou na mensagem. Ele desencostou da pilastra, mas não deu um passo.



 

--- Tenho que admitir que você é muito inteligente - assenti e ele me entregou uma taça fina e frágil com um líquido transparente em um verde bebê, que deveria ser o dry martini.



 

--- Eu pedi pra me esperar.


 

--- Bem, não tenho culpa de ser a “atração do circo” - fiz aspas com os dedos e beberiquei o líquido, sentindo-o descer pela garganta com agonia. Fiz uma careta.



 

--- Estou apenas esperando um pedido seu pra arrasar com essa festa - um sorriso malicioso se formou em meu rosto quando ele tomou minha taça e bebericou sensualmente o resto de meu dry.



 

--- E o que pretende fazer? Colocar ratos nas bolsas das mulheres? Colocar pimenta nos petiscos? Fazer um ataque terrorista?


 

A cada palavra ele arregalava os olhos em uma expressão cômica, e no fim caiu na gargalhada. Era realmente gostosa de ouvir.


 

--- Não - falou e minha expressão caiu, como quem diz “como não?” - me empolguei com tanta gente elegante e vou agir com classe. E também vou te dar uma aula sobre dança contemporânea - falou e eu engoli em seco. Ele riu de meu nervosismo e fez um sinal pra eu esperar e foi até o DJ, sussurrando algo no ouvido dele. Eu pensei em correr e alertá-lo que aqui as pessoas só curtem música clássica e Jazz, mas meu queixo caiu quando uma música com uma batida diferente começou. Não só nós, mas todos pararam pra escutar enquanto Mô vinha de volta pra mim.



 

--- Não sou muito fã de Robin Thicke, mas esse é o único disco contemporâneo que tem aqui. Qual é, esses coroas não curtem nada além de música clássica? Não que eu seja contra, já que sou pianista, mas por favor né…



 

--- Eu. Não sei. O. Que. Fazer.


 

--- Relaxa, Bella. Vem cá - falou e me rebocou da pilastra até o meio da “pista”.



 

Virou-se pra mim e com um sorriso pegou minha mão. Estremeci de imediato e ele me girou ali, e quando eu parei de rodopiar ele colocou a mão em minha cintura e, meio que sem perceber, estávamos nos movendo ao som da música.


 

--- Viu? Nem precisei te ensinar nada - sussurrou em meu ouvido enquanto nos movíamos. Sorri contra seu ombro e quando o cantor gritou “good girls” Mozart me ergueu pela cintura e me girou levemente, para logo me levar ao chão de novo. Não pude evitar a gargalhada de nervoso que dei quando fui carregada.


 

--- Preciso saber muitas coisas sobre você, sr. Mozart - falei enquanto movia os quadris em uma distância em que eu não precisasse levantar a cabeça pra fitar seu rosto, com a mão dele ainda em minha cintura - tipo o seu primeiro nome. Tem haver com “”?


 

--- Por que acha isso? - sorriu e me girou mais uma vez, me fazendo ir as nuvens.


 

--- Porque nos meus contatos seu nome aparece assim - falei e voltei girando pros seus braços, ficando com as costas coladas em seu peito e seu braço em minha barriga.


 

Me descolei para o passo não ficar indecente… E desconfortável pra mim.


 

--- Não, vai ter que ralar muito pra saber meu nome - sussurrou e me girou novamente, ficando de frente pra ele enquanto dançávamos no ritmo da música.


 

--- Depois diz que não é sombrio - ele riu olhando por trás de mim.


 

--- Eu disse que teríamos um encontro pra você desfazer essa imagem de mim.


 

--- Pensei que o encontro fosse esse - fiquei confusa e ele baixou a cabeça encontrando meu olhar.


 

--- Não, isso é um sequestro - corrigiu-me e eu ri.


 

Quando coloquei a cabeça em seu peito vi que a maioria das pessoas nos fitava com curiosidade, perguntando a todo momento quem nós éramos. Achei ótima a atenção sem ter que berrar pra todo lado quem eu era e o que eu queria. Apenas quebrei a regra nº1 da etiqueta da elite: não monopolizar os outros. Meus pais sumiram, deveriam estar com os outros líderes da elite no jardim. Pena não estarem vendo isso.


 

Era realmente a primeira vez que eu era notada sem ser rodada por toda a sala para saberem meu nome e como eu estava grande, como a mídia ia cair matando etc., e me sentia bem assim. Não sei se fora por causa da minha companhia ou pelo fato de com o gesto simples eu ter atraído toda a atenção, mas de qualquer forma sou grata ao Mozart pelo momento proporcionado.


 

O mundo parecia fazer sentido, tudo parecia não girar mais em torno dos poderosos donos da elite. O planeta gira por si, e cada habitante faz seu próprio destino de vida. Eles escolheram subir em cima uns dos outros pra ganharem poder, por isso se denominavam os reis. Mas hoje, quem reinava era apenas eu e ele.


 

Tirei a cabeça do peito do Mozart para que ele me girasse mais uma vez, terminando a música e começando outra. Era com uma guitarra, isso eu pude reconhecer. Algumas pessoas sorriram reconhecendo o cantor, e eu fiz uma nota mental de me atualizar urgentemente com a música.


 

--- Led Zeppelin - Mozart sussurrou percebendo a dúvida estampada na minha cara.


 

E o inesperado e impossível aconteceu: os homens chamavam suas esposas - ou amantes - para onde estávamos e começaram a dançar e cantarolar. Os mais jovens imitavam uma guitarra elétrica imaginária com as mãos em suas mesas, outros riam e os mais velhos discutiam coisas tipo “no meu tempo esse cantor era a revelação”, etc…


 

Eu e o Mozart nos entreolhamos e rimos da ironia.




 

(..)



 

Passavam garçons pra um lado e pro outro, e os mordomos estavam enlouquecidos tentando seguir os bêbados no meio da pista. Eu e o Mozart nos retiramos, e eu não perdi a chance de filmar aquilo tudo com meu celular. Eu iria rir muito mais tarde.



 

--- Olha aquilo - Mozart apontou para um piano negro e aberto, e pelos seus olhos ele considerava aquilo um convite. Olhou sugestivamente pra mim e eu revirei os olhos e sorri, e ele me puxou até lá. Tirou a jaqueta preta de couro e colocou-a no braço deixando os bíceps torneados à mostra, sentando no banco e fazendo um gesto pro DJ parar. Suspirei e fiquei ao seu lado em pé, sem saber o que fazer ou em que pensar. As pessoas logo perceberam que a música tinha parado e procuraram o motivo, até que um holofote apareceu não sei da onde para iluminar o Mozart.



 

O salão silenciou quando ele começou a dedilhar nas teclas do piano negro. (Deem play na música)



 

Apesar da música ser clássica, eu não reconheci quem era. Deve ser um cover ou algo do tipo, mas era lindo. Tremi com a onda sonora que me inebriou, assim como em algumas pessoas que fitavam o Mozart.


 

Suas feições eram tranquilas e seus olhos estavam só um pouco abertos, ele parecia estar bem concentrado. Sua clavícula estava trincada, apenas seus dedos largos e finos se moviam contra as teclas enquanto ele dedilhava. Seu olhar era sereno enquanto ele teclava suavemente, como um perfeito anjo.


 

Nem Mozart, Beethoven, Chopin ou qualquer outro poderiam se comparar ao som que ele transmitia. Sentia tanta paz… Como se a vida valesse a pena, como se nada no mundo pudesse me ferir. Me sentia protegida, amparada e… amada. E sentia algo por aquele homem, só não sabia dizer o que era. A cada minuto, a cada segundo daquela terna canção me dava cada vez mais força, descargas elétricas percorriam todo meu corpo e deram vida própria para minhas pernas, que caminharam e pararam na frente do piano. Pousei os cotovelos na parte de cima e deixei meu queixo cair sobre minhas mãos, admirando aquela reinvenção do paraíso.



 

E minha mente, por incrível que pareça, se esvaziou pela primeira vez em tantos anos de preocupação.


 

Quando a música ia atingindo os tons mais leves já próxima ao final, ele subiu o olhar pra encontrar com o meu. A paz e a concentração dele eram facilmente refletidas, eu era o espelho dele. Ele acompanhou algo em minha bochecha e deu um sorriso torto de tirar o fôlego, e voltou a fitar o piano. Toquei com o indicador a bochecha e só então percebi que chorava de emoção.



 

A música acabou e ele baixou a cabeça de olhos fechados, como se agradecesse mentalmente por algo. As pessoas aplaudiram seu lírico, assim como eu. Jogaram até uma rosa perto dele.



 

(...)




 

Depois de algum tempo, eu e o Mozart driblamos os convidados e conseguimos sair do grande salão, e por sorte, não fomos barrados pelos meus pais, que sumiram misteriosamente. Mô foi alvo de muitos elogios e de muitos flashs, o qual fazia questão de posar comigo, escondendo o rosto em meu cabelo. Os executivos em geral adoraram, pois duas grandes notícias em uma mesma noite - o meu crescimento e a surpresa do Mozart - dariam muito mais o que falar na boca da população. Nem nessa hora meus pais apareceram, achei até melhor assim, pois não queria apresentar meu amigo a eles. Meu amigo…




 

Não saímos com Garrett. Despachei-o pra casa, ou melhor, o pianista despachou, pois queria me fazer uma “surpresa”. Me levou pela primeira vez à lanchonete Mc Donalds, que estava aberta quase as 2h da manhã, o que achei incrível. E o sanduíche mais incrível ainda. Porém a surpresa não parou aí, quando ele me arrastou até o Empire State. Subimos pela sacada muitos e muitos degraus para chegarmos ao topo, e fiquei bastante receosa por ter medo de altura. Ele segurou minha mão o tempo todo, e isso reduziu bastante meu medo. Só não entendi por que meu estômago ficou gelado e por que suei bastante, mas devia ser o medo.



 

--- Você realmente é de Nova York? - falou quando sentamos no topo, encostados no troço alto e afiado que quase tocava o céu. Ventava bastante, mas eu continuava suando.


 

--- Sou da Califórnia, mas me mudei pra cá quando tinha 7 anos - falei e dei uma mordida no meu sanduíche - e você?


 

--- Sou britânico - murmurou enquanto bebericava o resto de sua coca - fui deportado pra cá - ergui uma sobrancelha.


 

--- Aprontou muito por lá? - ri e ele balançou a cabeça, com um sorriso enquanto fitava a lua.


 

--- Não exatamente deportado, eu tive que vir pra cá de qualquer jeito por causa de meu pai - e lá estava ele com a voz sombria denovo. Abracei os joelhos e me aproximei dele, incentivando-o a prosseguir com sua história - ele a maltratava - deduzi que fosse sua mãe - mas nunca deixou de cuidar de mim por isso. Ela que me ensinou a tocar, ela era a melhor pessoa do mundo… - sua voz ficou levemente embargada.



 

--- Era? - perguntei e vi uma lágrima iluminada pela lua descer por sua bochecha.


 

--- Sim, era, mas não vamos falar disso - suspirou levemente e fechou os olhos, o vento limpando sua lágrima. E então eu reconheci que sabia menos dele do que achava saber.


 

--- Então você é uma garota da califórnia… Sabe, eu sempre sonhei em ir as praias de lá um dia - falou com um sorriso, como se não tivesse quase chorado há alguns segundos. Resolvi ir na onda, não queria vê-lo triste. Isso acabaria com a noite, ou melhor, madrugada.


 

--- Eu ia, mas eu era bem pequena… Quase não me lembro da sensação - admiti fitando a lua e ele riu.


 

--- Nem eu me lembraria com tanta coisa pra me preocupar aqui - falou e escorregou o corpo pra baixo, deitando-se com os braços cruzados atrás da cabeça fitando a lua - mas e seu namorado? Não te ajuda em nada?


 

--- Não tenho um namorado - deixei meu corpo escorregar do lado dele e fitei o céu - não tenho tempo.



 

Ele virou de lado e apoiou a cabeça com só um braço, me fitando. Estremeci com seu olhar e lá estava o maldito frio na barriga denovo.



 

--- Por que não quer ou…


 

--- Tipo, meu pai não aprova. Ele quer um cara que tenha, sei lá, o mundo pra me dar - gesticulei um círculo e ele riu.


 

--- Mas não pense que é por falta de opção - corei - até mesmo um indio velho estava te olhando lá no salão.



 

--- Você também viu? - fiz uma careta e ele deu um sorriso divertido, assentindo - que nojo!


 

--- Estou só te dando opções. O filho dele também não tirava os olhos de você - falou mas agora não estava tão divertido assim. Ergui uma sobrancelha.



 

--- O Jacob? Nem pensar, aquele ali era como um irmão - falei dando de ombros, sem dar importância. Ele suspirou e deu um sorriso relaxado, fitando alguns traços de luz de estrela no céu. Aquilo significava alguma coisa, -+mas esqueci o que era.



 

--- E você, grande Mozart?


 

--- Eu namoro com a vida - deu de ombros e eu dei um sorrisinho, deitando de lado quando ele deitou de barriga pra cima novamente.


 

Ficamos em silêncio por alguns segundos, já começava a fazer frio. Tremeliquei e o Mozart pegou sua jaqueta e passou por meus ombros pra me cobrir, não consegui reagir, só sei que foi bom. Aquela jaqueta era quentinha e tinha um cheiro agradável de madeira nova, com menta e com couro. O cheiro dele, perfeito. E quando ele deitou ainda mais perto de mim, passou o braço por baixo de minha cabeça e eu me acomodei meio desajeitada ali. Não tinha intimidade alguma com ele, mas aquilo era bom…


 

--- Se você pudesse escolher alguma coisa pra ser na vida, o que você seria? - perguntou, com sua voz grave e sonolenta fitando o céu, rompendo o silêncio.


 

--- Hmm… Dançaria nas estrelas. E você?


 

--- Seria o pianista que tocaria pra você dançar - falou e senti borboletas no estômago com força máxima, e minha mão formigou. Minhas pálpebras estavam cada vez mais pesadas, e o soar do vento não ajudava em nada.


 

O Mozart começou a fazer cafuné em meus cabelos e a cantarolar uma melodia que ele desenterrou do baú de minha memória, pois era a única música de rock que eu escutava quando era pequena. E fui, pouco a pouco, adormecendo nos braços daquele misterioso homem.




 


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Notas finais do capítulo

Amores, já estou com o próximo cap prontinho aqui! Talvez eu até poste hoje denovo. Iai, o que acharam da festa? E da Bella? E esse tarado velho aí olhando pra ela? uhauahuah se preparem, por que ele aparece no próximo também... *SPOILER*


Pra quem quiser ver o dress da Bella, ele tá aqui: http://www.polyvore.com/prince_my_ballerina_reuni%C3%A3o/set?id=100159714


Beijos amores, deixem suas opiniões pra que eu possa melhorar!

Até o próximo!



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