Quando a campainha de Jane tocou dois dias depois, a moça não esperava mais uma rodada de emoções.

Seu coração cantou quando viu Lizzie e Darcy chegarem juntos, mas nada disse. Não havia indicadores de algo entre os dois, mas ainda assim... Talvez era a química no ar?

- Jane, precisamos conversar. - Disse o rapaz logo que se sentou. - Convidei Lizzie, uma grande amiga e sua irmã, para me acompanhar porque ela observou grande parte da história e poderá me corrigir caso falhe em algum ponto.

Elizabeth piscou de um jeito travesso e Jane teve de se segurar para não rir. Sabia que Lizzie e Darcy estavam se entendendo!

- Em primeiro lugar, devo pedir desculpas por todo o sofrimento que lhe causei. Minha intromissão, embora revestida de boas intenções, foi inaceitável e digna de um troglodita.

Lizzie revirava os olhos diante o discurso todo rebuscado de Darcy.

- E se Elizabeth parar de me gozar, explicarei minha conduta naquela época. - Ele sorriu quando a moça lhe deu uma cotovelada. - Você não é discreta, sinto dizer. Jane, o que me motivou naquela época foi um senso de proteção a Charles. Acredite-me, ele já foi ludibriado muitas e muitas vezes, tem uma tendência a acreditar que todos são bons.

- Will já teve algumas... experiências com pessoas assim, então sabe do que fala. É inaceitável o que fez, claro; eu mesma demorei muito para perdoá-lo. Sobre Charles, meu ressentimento se desfez algum tempo depois. Percebi sua natureza crédula e soube que somente era culpado de confiar demais. E quem de nós nunca fez algo assim? 

Jane assentiu.

- Realmente, Lizzie, quem de nós nunca confiou demais? - A irmã suspirou. - Estou vendo a situação por um novo prisma, devo confessar, mas ainda não me sinto propensa a perdoá-lo. Éramos tão próximos e nos amávamos tanto, será que não era óbvio que eu o correspondia?

Darcy sorriu.

- Jane, apesar de os sentimentos entre vocês serem fortes, só se conheciam há alguns poucos meses. Perceba o peso disto contra anos de amizade. Bingley não queria ser indelicado e se machucar de novo.

- Irmã, você não precisa se unir a ele se não for o que deseja, mas posso dar um conselho? Perdoe. Isto libertará ambos, seja para o verdadeiro entendimento, seja para um fim definitivo. 

Jane assentiu e os dois se despediram. Quando abraçou a irmã, segredou-lhe:

- Não deixe que nada atrapalhe o caminho de vocês. Seja feliz, Lizzie.

E enquanto os dois iam embora, Jane avaliava o próprio coração.