Better Days escrita por AcheleForever


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421170/chapter/1

Era uma terça-feira de feriado. Estava em meu pequeno apartamento alugado com o fruto do meu trabalho de meio período em uma lanchonete perto de Yale. Inicialmente dividia-o com Santana, mas quando a mesma coseguiu um estágio em um escritório de advocacia, mudou-se em busca do próprio espaço. Totalmente justo.

Estava deitada em minha cama de solteiro posicionada no meio do único aposento da casa. Fazia mais ou menos quinze minutos que eu lia a mesma página de Sonhos de Uma Noite de Verão, realmente sem entender uma palavra. Coloquei-o ao lado, encarando o teto.

Quando deixei minha vida sair tão fora de controle? Em Lima, estava tudo sob minhas mãos, meu destino estava traçado. Agora, na verdadeira realidade, tudo saíra o oposto. Sim, ainda estudava na faculdade que escolhi, ainda tinha minha melhor amiga por perto, me sustentava, como sempre quis, falava com meus antigos companheiros do New Directions... Todos, exceto ela. E era exatamente isso que me saiu do controle.

Sete meses. Fazia sete meses que eu não a via. Sete meses que eu dera á ela aquele passe de trem. Sete meses de rejeição. Sete meses de vazio.

Percebi tarde demais que necessitava dela. Que necessitava de sua compreensão a cada passo, a cada gesto, a cada pensamento. Eu realmente precisava dela. De um modo totalmente desesperado. Demorei demais para mostrar a verdade, para mostrar meus verdadeiros sentimentos.

A verdade era que eu a amava. E só no dia de sua despedida, sabendo que ela partiria para longe de mim, que percebi. Senti meu coração se partir, meu ser se encher de um vazio incomum, e minha alma seguir com ela. Eu não era nada sem ela. E continuava sendo.

Deus, seu cheiro. Eu ainda podia me lembrar dele. Perfume cítrico e creme de baunilha. Em meus sonhos podia sentir sua pele macia e morena sob meus toques nada sutis. Lábios vermelhos, que não tive a oportunidade de saborear, povoavam meus pensamentos quase que constantemente.

E por mais que eu tentasse, e eu tentava com toda força que me cabia, eu não conseguia passar sequer um dia sem pensar nela. Era surreal como eu pertencia á ela e ela nem sabia, nem sonhava.

Em todos os lugares eu procurava por ela. Por mais idiota que parecesse, eu ainda tinha esperança de esbarrar com ela em uma das minhas idas á NY, e que quando me olhasse nos olhos, acontecesse como em filmes de romance. Ela perceberia que eu era dela, e que ela era minha.

Era simples, nós nos pertencíamos, eu me recusava á pensar o contrário. E por mais que demorasse, eu rezava á Deus, para que nos encontrássemos em algum ponto de nossas vidas, e pudéssemos enfim ser felizes. Como em contos de fadas da Disney, eu a pedia em casamento, e ela sorrindo aceitava. Teríamos nosso casamento em um lugar lindo e perfeito, para que ela pudesse brilhar mais que todos os diamantes juntos.

Mas a vida não era fácil. Eu não a encontraria em frente ao Central Park, ela não diria que estaria apaixonada por mim, e nós não nos casaríamos. Era cruel, mas era a realidade.

Perdi as contas de quantas vezes não consegui dormir á noite, quando escutei a voz de Barbra Streisand vinda do apartamento em frente ao meu. Parecia que era apenas para me torturar. E quando, já com o sol nascendo, eu pegava no sono, meu sonho era povoado por ela. Lembranças vívidas de sua apresentação de Don’t Rain On My Paredevinham como enxurrada na minha mente.

Semana passada, enquanto caminhava de volta para casa depois do meu expediente de trabalho, escutei Here’s To Us vindo de um karaokê aberto. Pronto, sete dias, que por menor fosse o tempo que ficasse com os olhos fechados, imaginava essa música sendo cantada por ela para mim.

Rachel. Por quanto tempo eu sequer podia ouvir esse nome sem que chorasse por horas no silêncio do meu apartamento. Um nome comum nesse país, mas que foi escolhido á dedo para a maior estrela que já nasceu. A minha estrela.

Duas batidas com ritmo foram executadas contra a porta. Era Santana, esse era seu código secreto.

– Santana, eu não estou a fim hoje, ok? – gritei sem me mover

Em resposta, outras duas batidas foram ouvidas. Bufei me levantando da cama e passei por meu guarda roupa, olhando o grande espelho que tinha na porta do meio. O vestido usado para ir tomar café na lanchonete no fim da rua, ainda estava em meu corpo, agora um pouco amassado. Passei pela sala e abri a porta de entrada.

– Vá embora, Santana. Hoj... – parei

Deus, eu estava sonhando. Ou passei tantas horas na cama, que minha fome estava me fazendo delirar. Minha boca não conseguiu ficar fechada, e eu só tentava não babar.

– Olá, Quinn – sorriu

Essa voz. Continuava a mesma, me fazendo imaginar frases sendo sussurradas em minha orelha. Estava a mesma. Os cabelos um pouco menores e com um corte um pouco mais moderno, mais ainda sim castanho e ondulado. Seus olhos redondos e expressivos me fitavam, me fazendo sentir um calor pelo rosto. Suas mãos se apertavam de forma nervosa, seus pés mudando de lugar constantemente.

– Oi – foi o que consegui responder

– Eu... poderia entrar? – olhou para dentro

– C-claro – dei passagem

Olhou por toda minha sala e se virou novamente para mim. Meus olhos percorreram seu corpo, e fiquei extremamente desconfortável ao perceber que ela tinha ainda mais curvas do que quando a vi pela última vez.

– Eu quero me desculpar – olhou o chão

– Você não precisa – fiquei ereta – Não fez nada de errado.

– Eu deveria ter vindo, ou ao menos ligado dando uma satisfação.

– Você não me queria por perto, foi uma escolha sua.

Isso estava sendo um tipo de vingança. Queria vê-la sofrer ao menos um pouco de tudo que eu sofri por todos esses dias incontáveis sem ela. Dor era o que eu queria passar com essas palavras.

– Por que você sempre me afasta? – deu um passo em minha direção

– Por que você sempre faz as escolhas erradas? Por que sempre tem que escolher o caminho que te faz sofrer?

– Sempre rude – riu irônica – Acho que nunca vai mudar.

– Mudança nunca foi o meu forte – cruzei s braços

– Eu me enganei. Achei que chegaria aqui e veria a Quinn Fabray do último ano do McKinley. Mas eu apenas vejo a cherrio malvada que sempre me odiou – seus olhos me fitaram duramente

– Quer saber? Eu te odeio. Odeio você ter uma voz magnífica que me atormenta. Odeio seu corpo idiota que me faz ter pensamentos nada puros. Odeio sua boca vermelha e suculenta. Odeio seus olhos que parecem ler minha alma. Odeio seu cheiro que me faz querer te agarrar e te manter perto de mim. Odeio você ter escolhido á ele – meus braços caíram sem vida ao lado do meu corpo

O rosto da mulher á minha frente estava sem expressão. Pequenas lágrimas encheram meus olhos, e eu senti que mais dois segundos eu choraria na frente dela. Me virei de costas para ela abaixando a cabeça.

– Você pode ir embora agora – falei

– Você está me expulsando? – colocou as mãos em minhas costas

Dei um passo para frente, me virando e encarando-a já com as bochechas levemente lavadas pelas lágrimas doídas que saíram pelos meus orbes.

– Você quer ficar e me assistir ruir? Obrigada, mas eu recuso. Durante três anos eu chorei sem que ninguém no McKinley me visse. E não vai ser agora que eu vou deixar uma loser ver meus momentos de fraquezas – enxuguei as lágrimas com ódio

– Eu sou uma loser? – perguntou sorrindo

– A maior loser de todas – falei com raiva – E por que você está sorrindo, RuPaul?

– Por que eu sou uma loser – sorriu lindamente

– Me diga uma coisa que eu não saiba – me posicionei como a antiga cherrio do ensino médio

– Que eu te amo.

Meu maxilar caiu, minha posição ameaçadora foi trocada por uma que me mostrava frágil.

– Não vai falar nada? – encarou-me rindo de leve – Ok, eu tomo a iniciativa então.

Seus passos foram rápidos em minha direção. Seus braços tomaram posse da minha cintura, me puxando possessivamente para ela. Seus lábios ficaram á centímetros dos meus, tão vermelhos e convidativos.

– Não deixe todo o trabalho para mim.

E então eu senti. Meu coração voltou á bater, minha alma que á seguia encontrou meu corpo novamente, e meus pulmões se encheram de ar como se fosse a primeira vez. Seus lábios eram mais macios do que jamais pensei, tinham gosto de canela. Os arranhões que suas unhas bem pintadas faziam em minha cintura me faziam sentir arrepios tão fortes, que eu nem imaginava poder sentir. Minhas mãos se apossaram de seu rosto e afundei o beijo o quanto podia, sendo levada em direção á parede da sala.

– Me desculpe ter demorado tanto tempo para perceber o que eu sempre senti – passou a ponta dos dedos pela minha boca

– Você poderia ter demorado dez anos que eu ainda ia te amar, Rachel – ela sorriu voltando a me beijar

Xxx

Virei-me na cama, ouvindo um baque baixo do livro no chão. Abri os olhos e encarei as folhas que á pouco não me faziam sentido nenhum. Pisquei algumas vezes sentindo a compreensão invadir meu ser, ao sentir o outro lado da cama vazio. Sentei-me rapidamente e olhei em volta. Nenhuma pista de que ela estivera ali. Não, não pode ter sido mais um sonho.

– Amor, preparei a banheira para o nosso banho – Rachel abriu a porta do banheiro do meu quarto

Estava apenas com uma lingerie pink e uma cara nada puritana. Só então percebi meu estado, estava somente de lingerie também. Sorri abertamente para ela, enquanto vinha em minha direção.

– Você fica tão linda quando acorda – me deu um selinho

– Você é gostosa – riu

– O banho está esperando – puxou-me para o banheiro

– Sim, senhora – ri

E agora eu sabia, que toda aquela dor e angústia passariam. Que a partir de agora, Rachel Berry era minha, e que ao seu lado, dias melhores viriam


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Better Days" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.