Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 34
Capítulo 34 - O verdadeiro inferno


Notas iniciais do capítulo

Olá ;3 Essa nota inicial vai ser importante, então leiam. Please.
Então. Eu pedi nas Notas da História que alguém fizesse uma capa pra fic, e acabou que eu tive várias, várias pessoas fazendo capas pra mim. Sério, eu não imaginava que vocês estariam tão dispostos. Muito obrigada, do fundo do coração. Todas as capas ficaram melhores do que qualquer uma que eu faria, porém eu só podia deixar uma na história, certo? Mas eu estava bem em dúvida entre algumas, então pedi umas opiniões e tal, e acabou que ficou a capa da Anônima ;3 Desculpe se eu deixei alguns de vocês sem resposta, mas é que eu queria falar aqui e de uma vez só. Obrigada mesmo.
Ah!
LucyMusics2, obrigada infinitamente pela recomendação linda ;33333 esse cap vai para você, pessoa bela da minha vidinha,
Que mais?
Ah, sim. A fic tá chegando ao fim, pessoal ;( Foram um pouco mais de três meses de pura magia e alegria e tal, mas tudo está caminhando para o desfecho agora... Apesar de eu ainda ter mais algumas surpresas guardadas, HEHEHEHEHEH
Enfim. Mais um dois ou três capítulos (depois desse) e puf.
Porém. Eu ainda não estou pronta para dizer tchau para a história, então fica aqui uma questão para os meus 126 leitores (fantasminhas, hora perfeita pra aparecer): vocês leriam uma continuação?
Tenho algumas ideias na cabeça, mas vou deixar para a próxima nota inicial. Por enquanto, só quero saber se vocês achariam legal. No próximo capítulo, se a reação for positiva, vou dar mais detalhes do que eu imaginei ;3

P.S.: Mais um POV especial para vocês ;3



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Heath

Caius ainda me encarava, esperando uma resposta. Soltei os ombros, suspirando.

— Bem, suponho que...

Foi quando meu colar começou a brilhar. O colar com a pedra vermelha, que eu dera a Serena há algo que soava como uma eternidade. Ela provavelmente o pegara quando subira para vestir o casaco.

— A Argent está em perigo — falei.

— Não seja tolo. Além do mais, já coloquei outro anjo para cuidar dela.

Tão rápido assim? Encarei-o.

— O senhor não está entendendo. Ela está em perigo. E precisa de mim.

— Ou você precisa dela?

Não respondi.

— Eu vou salvá-la — prometi. — A única pauta aberta para discussão aqui é se o senhor vai me acompanhar ou não.

Sem esperar por uma resposta, abri as asas e voei. O colar brilhava mais forte quando eu me aproximava dela. Demorei mais tempo do que desejava, mas com a chuva era difícil ver onde eu me encontrava.

Gelei ao perceber que estava em um hospital. Corri pela entrada, ouvindo os gritos da recepcionista me censurando pela bagunça.

— Serena Argent — disse eu a ela, os olhos vidrados. — Ela deve ter chegado há alguns minutos. Eu preciso vê-la. Agora.

— Apenas família — a vadi... Digo, mulher, me encarou.

— Sou o irmão dela. Thomas Argent. Pode checar os registros.

— Ei! — chamou um homem sentado na sala de espera. — Rapaz!

Virei-me.

— Sim?

— Essa garota... é uma loura, relativamente alta? Olhos azuis, vestindo um casaco verde-escuro?

Assenti.

— O senhor a viu?

— Eu... — ele hesitou, desviando o olhar. — Veja bem, ela estava no meio da avenida, eu não consegui...

— VOCÊ ATROPELOU O AMOR DA MINHA VIDA, PORRA?!

O homem recuou, assustado.

— Foi um acidente! Ela se jogou na avenida!

Isso soava muito Argent, então relevei.

— Onde ela está agora?!

— Foi levada para a emergência. Estava viva quando chegamos, mas não sei. Perdeu muito sangue.

— Onde é a emergência?

— Terceiro piso.

Quando comecei a andar, a mulher da recepção gritou:

— Parado aí! Tenho uma foto de Thomas Argent aqui, e certamente o senhor não...

Não parei para ouvir. Saí correndo pelos corredores, chegando ao elevador. Soquei o botão umas dez vezes.

— Não vai mais rápido assim do que se você só apertar — comentou uma voz conhecida ao meu lado.

— Damien! — encarei o garoto. — Como chegou aqui?!

— Caius. Ele também está vindo.

— Você encontrou a Argent?

— Não nos deixam entrar. Só família. E, na verdade, acho que você quebrou o elevador.

— Cacete! — gritei, abrindo a porta da escada de incêndio e pulando de dois em dois degraus escada acima.

O corredor era bem movimentado, e todos ali pareciam estar no mesmo nível de pânico que eu. Corri até uma enfermeira.

— Oi! Por favor! Uma garota loura e linda. Impossível não ver — supliquei.

— O senhor é parente?

Eu estava prestes a repetir a mentira quando falaram no walkie-talkie dela.

— Rapaz alto e moreno, muito bem-afeiçoado, clamando chamar-se Thomas. Entrou sem permissão e se dirige à Emergência.

A mulher me encarou.

— Qual disse ser seu nome, mesmo?

Abri um leve sorriso.

— Heath.

— Boa tentativa — ela estava prestes a chamar a segurança quando apelei:

— Por favor! Sacrifiquei muito para estar aqui. Só preciso saber se ela está viva. Por favor.

— Sinto muito, senhor, mas não posso divulgar informações.

Olhei para a mão esquerda dela.

— Olha, você é casada! — forcei um sorriso. — Espero que seu marido seja atropelado e que eu possa estar aqui quando alguém lhe disser que não pode vê-lo.

Antes que ela pudesse retrucar, sentei-me numa das cadeiras de espera no corredor e passei um bom tempo olhando para o nada. Assustei-me ao ver meu reflexo no espelho. Os olhos vazios, o rosto pálido, os cabelos molhados caindo no rosto, as roupas rasgadas...

Inspirei fundo, sentindo a necessidade de gritar.

— Ei. Heath — a mulher do walkie-talkie me encarou. — Quantos anos tem?

— Dezessete.

— Estão pedindo um adulto responsável.

Assenti. Eu não tinha o telefone de Patricia, mas sabia o de Frederick de cor. A mulher me deixou usar o telefone do hospital.

Liguei para meu pai, explicando a situação, e logo ele havia chegado.

— Frederick Seeler — apresentou-se à enfermeira. — Preciso saber o estado da menina Argent.

— O senhor é parente?

— Eu sou... Hum... Sogro dela.

A mulher ergueu uma sobrancelha.

—... Escuta, ou você me atende, ou atende o garoto em pânico ali.

Ela assentiu, vencida, e disse:

— Me acompanhe.

Frederick me encarou.

— Já volto, garoto. Não faça besteira.

Assenti.

* * *

Um cara com suspeita de câncer me deu dois tapinhas nas costas e algumas palavras de incentivo quando viu a expressão desolada em meu rosto. Era a esse ponto que eu chegara.

Damien apareceu no corredor e sentou-se ao meu lado.

— Preocupado com o inferno? — Damien ergueu uma sobrancelha.

— Está brincando comigo? Isto aqui é o inferno! Bem aqui! Nada pode ser pior do que... do que...

A verdade é que eu não tinha pensado no que aconteceria comigo se Serena morresse até aquele momento. Pouco me importava se era no Céu ou no Inferno, o lugar ao lado de Serena era o único que soava como um lar. Se ela morresse, eu faria questão de ir para o Inferno eu mesmo. Se ela morresse, eu não merecia nada disso. Nem sequer a merecia.

— Garoto — Frederick apareceu, me encarando. — Ela está viva. Não vão nos deixar vê-la, mas parece que recebeu uma transfusão de sangue. Está desacordada... Mas viva.

EU QUERO VER MINHA FILHA, SUA VADIA MAL-COMIDA DE MEIA TIGELA!

Alguém ainda disposto a discutir que Patricia não era mãe de Serena?

A mulher baixinha saiu gritando pelo corredor, enquanto uma trupe de enfermeiros lhe pedia que aguardasse.

— Sra. Argent! — chamei, me levantando.

— Por que diabos você não me chamou?! — seu olhar parecia queimar minha pele.

— Eu não tinha seu número. —

Sorte que na ficha dela está meu telefone como contato de emergência. Como ela está?

— Recebeu uma transfusão de sangue. Parece que está desacordada, mas viva.

— Você não foi vê-la?

— Tentei, mas aquela enfermeira ali não tirou os olhos de mim desde que cheguei.

— Patricia Argent? — falando no demônio, a enfermeira a chamou. — Autorizaram que a senhora a visite.

— Ótimo. Venha, Heath.

a senhora.

Patricia ergueu uma sobrancelha para a mulher.

— Querida, o garoto é o próximo na Emergência se ninguém deixá-lo entrar no quarto.

— Eu tenho ordens explícitas para não perdê-lo de vista.

— Então me parece que a senhorita está fazendo um péssimo trabalho.

Quando Patricia me empurrou pelo corredor e fugimos da enfermeira, eu tive certeza de que amava a família Argent.

— Quarto 306, foi o que me disseram — disse ela, abrindo a porta.

E ali estava. Deitada na cama de lençóis brancos, sua respiração baixa e lenta. Os cabelos louros caindo no rosto, tampando parte da gaze que cobria o ferimento na cabeça.

Sentei-me numa cadeira ao lado da cama, segurando sua mão direita. Estava um pouco gelada, e era estranho não sentir sua mão quase esmagando a minha como sempre, mas a sensação continuava sendo boa. Beijei as costas de sua mão levemente e passei um minuto apenas olhando para ela.

— Minha filha tem sorte de ter você — Patricia sorriu.

— Isso tudo é minha culpa. Eu deveria ter corrido atrás dela na droga de chuva.

— Oh, querido, quando Serena coloca uma ideia na cabeça, ninguém pode impedi-la. Nem mesmo você.

— Talvez as pessoas apenas não tentem o suficiente.

— O que importa é que ela vai ficar bem — Patricia percebeu que meus olhos continuavam cravados em Serena. — Vou deixá-los a sós.

— Não, claro que não, ela é sua filha, eu não posso...

Ela sorriu.

— Não se preocupe.

Patricia deixou o quarto.

Frederick

Eu deveria ter adivinhado que o anjo ia aparecer.

— Caius — bufei quando ele sentou-se ao meu lado. — Sempre um prazer.

— Está tarde, Frederick. Vá para casa.

— Eu me importo com a garota, anjo. E me importo com meu filho. Vou ficar aqui até ter certeza de que ambos estão bem.

— Como quiser. Onde está ele, falando nisso?

— Onde acha? Com a garota, é claro. Faz umas duas horas.

— Ela acordou?

Neguei com a cabeça.

—... Ele desobedeceu minhas ordens para vir aqui.

— Que surpresa — zombei. — Eu odeio pedir qualquer coisa a você — encarei-o. — Mas, por favor, não o puna.

— Puni-lo por quê?

— Ele não vai voltar ao Céu, Caius. Sabe disso.

Caius se remexeu na cadeira, desconfortável.

— Nesse caso, não tenho escolha.

— Bem, há algo que pode fazer.

— Sim?

Inspirei fundo.

— Ele diz que vai ficar por mim e por ela, e acho que está dizendo a verdade — fiz uma pausa. — Mas ele não ficaria se a perdesse. A dor seria grande demais, e ele não ficaria só por mim. Sei disso.

— Seeler, eu não posso matar a garota.

— Nada disso. Dê a ele o que ele quer. Mas sem que ele realmente a possua.

— Não sei se estou acompanhando.

— Se ela não o amar... A estadia dele será em vão.

— Mas ela o ama. O único jeito de não amá-lo seria se eles nunca tivessem se conhecido.

Assenti. Se era o que tinha de ser feito para salvar meu filho da ira divina — que eu bem conhecia e bem temia —, que assim fosse.

— Então acho que temos nossa resposta.

Heath

— Vá para casa, garoto — o médico de Serena me encarou quando passou da meia-noite.

— Não. Só vou para casa quando ela acordar.

— Isso pode demorar dias. Semanas.

Encarei-o, cerrando os dentes.

— Eu vou esperar.

— E quando ela acordar, não posso garantir nada.

— O que quer dizer?

— Ela bateu a cabeça muito forte, garoto.

Ele deixou o quarto antes que eu pudesse pedir mais informações. Em algum ponto na madrugada, cochilei. Por não mais do que duas ou três horas. Quando acordei, já estava amanhecendo, mas Serena ainda não havia acordado. Não sei dizer quanto tempo passou, mas Patricia me trouxe um sanduíche. Eu sequer lembrava de que precisava comer, mas notei que estava com muita fome.

Fitei Serena por um minuto.

— Por favor — sussurrei, beijando sua mão mais uma vez.

Como uma resposta imediata de Deus, ela abriu os olhos azuis intensos.

— Eu havia esquecido como seus olhos são bonitos — sorri.

Ela franziu o cenho.

— O que diabos...? Onde estou?

— No hospital. Você foi atropelada, Einstein. Quase me matou de preocupação.

— Você não é meio novo para ser médico?

Arregalei os olhos.

— Argent, isso não é engraçado.

— Certo, desculpe, mas você parece muito ter dezessete anos ou sei lá. Devem ser esses tratamentos rejuvenescedores de hoje em dia, mas sempre achei essa porra toda muito gay.

— Eu sei que você sente um prazer imenso em me torturar, mas hoje não. Por favor.

Seus olhos azuis continuavam me fitando com certa confusão.

— Estou falando sério. Eu deveria reconhecê-lo?

Ela bateu a cabeça muito forte, garoto, lembrei das palavras do médico.

Soltei sua mão.

— Não. Não, não, não. Isso não! Depois de tudo! — eu basicamente gritava com o Céu. — Isso não! Me joguem logo na porra do Inferno, para mim já deu!

— Você está me assustando — ela suplicou baixinho.

Inspirei fundo e sentei-me novamente.

— O doutor disse que você bateu a cabeça. As coisas podem estar um pouco enevoadas agora, mas tenho certeza de que vão melhorar. Eu prometo.

— Eu não conheço você, pouco me importa sua promessa. E não há nada enevoado — seus olhos estavam mais frios, assumindo o tom Argent de sempre. — Não tenho Alzheimer, cacete. Eu me lembro de tudo da minha vida. E você não faz parte dela. Não sei que tipo de pervertido, perseguidor, psicopata ou sei lá você é, mas faça-se útil e chame minha mãe.

— Serena... Eu amo você. Por favor, tente se lembrar.

Ela cerrou os dentes.

— Dê. O fora. Do meu. Quarto.

Assenti, aceitando a derrota. Sem tirar os olhos dela, deixei que a porta atrás de mim se fechasse.


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Notas finais do capítulo

Is this what it feels like to reeeeeally cryyyyy? ~momento Rachel Berry