Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 11
Capítulo 11 - Sparks, Soy Lattes e Batom Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Olá :33 Um capítulo grandinho para vocês... Muito obrigada pelos reviews, de verdade :333 Eu gosto desse capítulo. Espero que vocês gostem também ♥



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Serena

— Eu estava pensando — Heath apareceu em minha janela no Sábado à tarde.

— Ai, capiroto! Você me assustou! — bufei, coçando os olhos com as mangas do meu moletom grande demais. — Afinal, desde quando você pensa?

— Esse não é o ponto — ele abriu a janela. Eu sempre me esquecia de trancar.

— Sábado não deveria ser o dia sagrado em que eu não tenho que ver a sua cara?

— Veja a minha cara de quem se importa — ele se sentou na janela. — O caso é que... minha mãe meio que... escolheu morar aqui, Loira.

— Aqui... No mundo mortal?

— É. E eu fiquei imaginando... por quê.

— Como assim?

— Olha, eu percebi, e você também percebeu que... eu não sei nada sobre o seu mundo — ele me fitou. — Mas minha mãe encontrou alguma coisa aqui embaixo. E essa é a minha chance de descobrir o quê.

— Eu tenho cara de agente de viagem, moleque?

— Mas eu não quero saber como é o lugar. Eu quero entender a vida mortal. Quero ver como funciona. Quero até... tentar viver um pouco. Eu preciso dessa conexão com ela, Serena.

Ele me chamou de Serena? Ele realmente fez isso? E ainda ficava me olhando com essa cara de anjinho que caiu do céu. Apelão!

— Você gosta de ser mortal? — ele perguntou.

— Colega, eu nunca tive nenhuma opção. Não tenho como comparar com nada. Sempre fui mortal, não conheço outra coisa. — desviei o olhar. — Mas sabe o quê? A vida é um porre, e aí você morre. Fim. É isso.

— Que desiludida.

— Ah, não é o que você queria ouvir? Que pena.

— Minha mãe encontrou uma razão para viver aqui. Ela escolheu. Eu posso nem ter opção. Caso, você sabe...

— Caso eu morra?

— Isso não vai acontecer, eu prometo. Mas esse não é o único jeito de cair. — ele deixou claro que não ia me explicar os outros jeitos. — Ajuda se eu pedir "por favor"?

— Não se dê ao trabalho.

Heath suspirou, aliviado.

— Muito obrigado, acho que eu não ia conseguir pedir, mesmo.

Levantei-me e encarei o garoto, sentindo faíscas saírem de meus olhos.

— Você quer saber como esse mundo funciona?! Está bem, Heath Seeler, eu vou te mostrar como essa porra funciona!

Heath

Um pouco atônito por causa da explosão repentina, fitei-a por alguns segundos.

— Encontro você na porta — disse ela, soltando o cabelo louro que antes estava preso em um coque já meio desmanchado.

Assenti rapidamente e dei a volta na casa. A porta da frente se abriu logo que cheguei lá.

— Muito bem. Vamos lá. — Serena suspirou e me arrastou pela calçada.

Serena Argent era uma daquelas garotas que saíam por aí de moletom e jeans surrado, sem maquiagem e com o cabelo um pouco bagunçado, e pareciam hipsters descontraídas, quando na verdade apenas estavam com preguiça de trocar de roupa.

Eu estava pensando nisso quando chegamos ao shopping.

— Então — ela me fitou na entrada. — Shoppings são essenciais na vida de adolescentes mortais. Servem como ponto de referência, lugar para um encontro, fazer compras, comer, ou apenas sair com os amigos. Eu levaria você ao cinema, mas não tem nada decente passando. Então... Ah, já sei.— ela sorriu levemente e me arrastou pelo pulso por aquele lugar enorme e cheio de gente.

Serena tinha razão, havia muitos adolescentes lá. Algumas garotas soltavam risinhos quando passavam por mim. Eu estava feliz com isso, mas Serena fez questão de se referir a elas como "vadias com fogo no rabo". Acho que ela apenas estava cansada dos olhares fuziladores que as tais paqueradoras lançavam a ela.

Chegamos a uma livraria. Serena sumiu dois segundos depois entre as dezenas de prateleiras cheias de livros. Quando finalmente a encontrei, ela jogou um livro em mim.

— "Querido John"? — li o título.

— Não reclama. Olha o autor — ela apontou. — Nicholas Sparks. Seja feliz.

Serena saiu correndo para o andar de cima da loja, onde tinha CDs e DVDs. Ela jogou uns três CDs para/em mim.

— Rock. É disso que você precisa. Viu, isso é o que adolescentes com bom gosto ouvem. Green Day, Coldplay e Train, que não é o rock mais rock de todos, mas as letras são fodas. Eu te compraria a loja inteira, mas estou meio sem grana.

— Você vai comprar os CDs e o livro para mim? — ergui uma sobrancelha.

— Cul-tu-ra, senhor aspirante a mortal. Além do mais, tenho desconto aqui.

— Por quê?

Ela riu como se lembrasse de alguma velha história.

— Você vai ver. Ei, Thayer! Quanto tempo! — ela acenou para um garoto da minha idade ou um ano mais velho.

— Serena Argent! — o garoto se virou e se aproximou da gente. — Que surpresa agradável. Quem é o seu amigo?

— Ah, esse é o Heath. É meu carregador oficial de livros e CDs agora — ela deu de ombros.

O tal Thayer não parecia muito interessado no que ela tinha a dizer. Parecia interessado... nela.

—- Vamos ver o que você tem aí — ele se aproximou para ver a capa dos CDs. — Certo, que tal um desconto? Mas só porque eu jamais negaria um CD do Green Day a alguém.

— Sei — soltei um pequeno riso debochado. Escapou, juro.

Serena me fuzilou e voltou a olhar para Thayer.

— Tá, valeu.

Pagamos os CDs rapidamente. Quando saímos da loja — depois de uma longa discussão sobre quem ia carregar a sacola (Serena ganhou com o argumento de que estava me fazendo um favor e que as coisas eram minhas) —, disparei:

— Aquele babaca estava dando muito em cima de você.

— Sério? Eu não fazia ideia — ela debochou. — Aquele garoto é apaixonado por mim desde que eu tinha 13 anos. Bem, não apaixonado... Tenho certeza de que as intenções dele são bem piores. Mas, ei, as minhas também não são boas. Ele é filho do dono da livraria, cara. Alguém tem que tirar proveito disso. Outra coisa sobre o mundo mortal: ou você tira vantagem, ou tiram vantagem de você. Mas agora temos outra missão muito importante.

— Qual?

— Starbucks! — ela abriu um grande sorriso e me arrastou até uma cafeteria. — Os Soy Lattes são incríveis. Me lembram de uma música do Train. Drops Of Jupiter — ela apontou para a terceira faixa do álbum. — É a minha preferida. Enfim. — ela fitou a atendente. — Dois Soy Lattes, por favor.

— De que tipo?

— Surpreenda-me.

A mulher assentiu e anotou o pedido.

Sentamo-nos em duas poltronas. Percebi que Serena estava falando muito e não me xingara uma vez sequer, mas, ei, quem estava reclamando?

Senhor Meio Anjo Idiota Que Vai Ler Nicholas Sparks? — ouvi a voz da atendente.

Serena abriu um sorriso presunçoso.

— É você. Outra coisa sobre o mundo mortal: não tem a menor graça dizer seu nome verdadeiro no Starbucks.

E lá veio a provocação.

Serena Argent! — disse a atendente.

Ergui uma sobrancelha.

— Eu sou muito sem graça às vezes — Serena deu de ombros e foi buscar o próprio café.

É. E só o próprio café. Ela me fez levantar para pegar o meu. Disse que fazia parte da experiência.

Ela tomou um gole.

— Vanilla — foi seu veredito.

Tomei um gole do meu. Cara, aquilo era bom. Tipo, bom mesmo.

Bebi rápido demais, então tive que esperar Serena terminar.

— Agora vamos passear — ela me arrastou pelo shopping.

Serena não parava para olhar todas as lojas. Na verdade, mantinha um ritmo bem mais rápido do que eu. A única hora que parou foi em uma loja chamada Macy's.

— Cara, aquele sapato está olhando para mim — ela me fez parar e olhar para o tal sapato também. — Eu vou ficar sem dinheiro por dois meses. — ficou parada por um momento. — Ah, quem liga?

E me arrastou para dentro da Macy's. Não só fez isso, como também me fez procurar por um par daquele sapato tamanho 37.

Eu nem sabia mais por que estava fazendo aquilo.

Ou você tira vantagem, ou tiram vantagem de você.

Maldita. Como anjo da guarda dela, meu primeiro instinto era protegê-la. Só que eu nem me lembrava dele quando ela me deixava irritado de verdade.

E foi então que entendi por que ela estava sendo legal.

— Achei! — ela abriu um grande sorriso e colocou os sapatos. — Vou dar uma volta para ver se são confortáveis.

— Tá.

Revirei os olhos e fiquei ali sentado num banquinho.

— Loira gatinha — disse uma voz masculina atrás de mim. Deparei-me com um sujeito moreno, com pele bronzeada e olhos verdes. — É sua namorada?

— Acredite, essa é a última coisa que ela é — soltei um riso.

— Ela me é familiar.

— Também não é o tipo de pessoa fácil de ser esquecida.

— Então... Por que você está comprando sapatos com ela?

— Essa é, na verdade, uma excelente pergunta.

— Olha só, fez um novo melhor amigo? — Serena debochou, correndo até mim como se ignorasse o fato de estar de salto alto. Era bizarro para mim que ela soubesse andar tão bem naquilo. Talvez fosse algum instinto feminino.

— Não exatamente.

— Espera, eu conheço você — ela estreitou os olhos, fitando o garoto. Eu também, pensei. Mas era idiotice. De onde eu conheceria um mortal? — Mas de onde...?

— Argent! — ele se lembrou, abrindo um grande sorriso. — Lembrei! A festa do Rodd, se lembra? Estavam você e aquela menina, a...

— Aubrey — completei.

— Audrey — Serena corrigiu. — Certo, lembrei. Charlie, não é?

— Chad — o cara corrigiu.

— Issaê.

— Olha, vai ter uma festa lá hoje à noite — Chad sorriu. — Às nove. Bem que você podia dar uma passada.

Serena abriu a boca e depois fechou. Fitou-me por alguns momentos e por fim disse a Chad:

— Certo. Eu e Heath estaremos lá.

— Eu sou o Heath — expliquei, acenando.

Chad continuava fitando Serena.

— Vejo você lá, então,

Vocês — ela corrigiu.

— Certo — ele piscou e saiu andando.

— Acha que ele piscou para você? Porque tenho quase certeza de que foi para mim — debochei.

Serena me empurrou de leve.

— Idiota. Enfim, temos uma festa para ir! Eu normalmente não iria, mas, já que estou nessa coisa de te fazer ter toda a experiência adolescente... E, acredite, uma festa de Rodd Williams faz todas as outras parecerem reuniões de tiazonas cheias de gatos e celulite.

— Esse é o único motivo?

Ela franziu o cenho. Demorou um minuto para entender.

Loira.

— Ah, está falando do Chad? Não, não tem nada a ver com ele. É um pouco mais complicado do que aparenta — ela me fitou. — Por que a pergunta? Também está se apaixonando por mim?

— Certamente estou me apaixonando pela megera da minha existência.

— Eu preciso de um vestido — decidiu. — Vem comigo.

— Está falando sério?

— Por que não está convencido? Não acabou de dizer que eu sou uma megera? — ela abriu um sorriso que me deu a certeza de que ali vinha chantagem. — Sabe, você pode ir para casa... Mas é claro que a megera poderia ser atropelada, esfaqueada, ter a cabeça arrancada por uma serra elétrica... São sempre possibilidades.

Serena

— O que acha desse? Combina com o sapato — estendi-lhe um vestido preto.

— Mas o sapato não é vinho?

— Exatamente, e o vestido é neutro.

—...

— Certo, vou provar — achei um de meu número e fui para o provador.

Tirei o moletom e a calça jeans e coloquei o vestido preto, completando com o sapato. Não estava tão bom, já que eu estava de cara lavada e não tinha feito nada no cabelo, mas o vestido até que estava legal.

E o sapato era incrível, meu Deus, eu cairia do céu por ele. Fiz essa piada com Heath, mas ele não pareceu apreciar muito.

Eu queria muito vê-lo dizer a mesma coisa depois que conhecesse o GTA 5.

Heath

— Okaaaay, pronto — Serena falou, saindo do provador. — Ficou legalzinho?

O vestido tomara que caia ia até um pouquinho acima do joelho. A parte da saia era coberta por um tecido vazado preto. Ele parecia se encaixar no corpo dela perfeitamente, dando mais destaque aos cabelos e olhos claros.

Desviei o olhar quando ela abriu a boca para fazer algum comentário autoengrandecedor ou algo como "Perdeu o cérebro na minha cara?! Ah é, você nunca teve um, mesmo".

— Ficou bonitinho — dei de ombros, tentando soar descontraído. Que mentira deslavada, Heath Seeler. Mas meu orgulho era maior, e ficava maior ainda perto dela.

O apocalipse vai chegar quando o meu ego e o dela começarem a tomar espaço físico no mundo, porque a Terra não é grande o suficiente para comportá-los.

— Boa tentativa — ela abriu aquele maldito sorriso presunçoso. — Vou levar.

— Ok.

Serena rodopiou mais uma vez para me provocar, e fiz questão de não estar olhando quando ela se certificou de que eu estava prestando atenção.

Só que é meio complicado enganar Serena Argent.

Ela vestiu o moletom de volta e pagou pelo vestido e pelo sapato. Carregou a própria sacola.

Isso mesmo. Ela carregou. A própria. Sacola.

Era uma caminhada de dez minutos da casa dela até o shopping. Fizemos-a em silêncio. Quando chegamos à casa dela, Serena me encarou.

— Esteja aqui às nove.

— Hum?

— Festa, lembra-se?

— Ah, certo. Só para avisar, eu vou fazer questão de manter você longe da bebida.

— Eu não bebo — ela desviou o olhar. — Aquele dia foi uma exceção.

— Você está fazendo muitas exceções hoje.

— Humpf. Eu não vou beber. E não é por você, que fique claro — ela semicerrou os olhos. — Eu só não sou esse tipo de pessoa.

— E que tipo de pessoa você é?

Serena abriu a porta.

— Tchau, Seeler — e bateu-a na minha cara.

"A alma seleciona sua própria sociedade / E depois fecha a porta / Para sua divina maioria / Não mais presente".

Era o poema de Emily Dickinson que tínhamos que analisar no dia em que eu estava puto com ela (apenas mais um dia como todos os outros).

— Cai fora!

Serena

Não obtive resposta, então apenas fui para meu quarto.

Been there, done there, bought a dress and shoes... Starbucks, Soy Lattes, what about you? Nicholas Sparks, Green Day, I really like Train, and... — comecei a cantar alguma letra aleatória que eu havia acabado de criar. — Preciso anotar isso. What about the youth? Stuck in malls, breakup calls then going to parties... Drinking a hell lot, who says you cannot have the power?*

O tempo passou antes que eu me desse conta, e subitamente já eram oito horas. Tomei um banho rápido e coloquei o vestido preto que havia comprado. Fitei-me no espelho, pensando no que fazer com a minha cara.

Liguei para a Audrey.

— O que acha de batom vermelho? — perguntei. — Não, tipo, vermelho sangue... Um vermelho mais discreto.

Oi para você também — respondeu Audrey, me censurando. — Por que a pergunta?

— Nada importante.

Então por que me ligou?

— Tá, vou com o batom vermelho e pronto — revirei os olhos, e estava prestes a desligar quando ouvi:

Querendo impressionar um certo bad boy americano gatchenho?

— Primeiro: nunca mais diga "gatchenho", pelo amor de Deus — eu ri. — E segundo: você realmente tem que tirar essa ideia da sua cabeça! Não tem nada entre o Seeler e eu! Nada! Menos que nada, na verdade.

Leslie Hills vai adorar ouvir essa notícia!

— Vadia — resmunguei. — Eu queria muito pegar aquele cabelo oxigenado dela e arrastar a cara de cavalo no asfalto. Mas isso não tem nada a ver com o babaca do Seeler.

Claro que não.

Foi quando ouvi a campainha.

— Espera aí, tem alguém na porta.

Desci para atender.

E me deparei com Audrey.

— Você deveria definitivamente ir com o batom vermelho — Audrey sorriu, ainda com o celular no ouvido. — Tenho certeza de que o Heath vai ficar louco.

Revirei os olhos e finalizei a chamada.

— Entra — dei passagem e subimos até o meu quarto.

— Então... — Audrey sentou-se em minha cama. — Por que, exatamente, você está se arrumando?

— Hum... Festa.

— Onde?

— Hum... — desviei o olhar. — Gostou dos sapatos? Eu fui à falência depois de comprá-los, mas fala sério!

— Eles são a versão podal de Deus, sem sombra de dúvidas — ela abanou os braços para cima e para baixo, como se estivesse fazendo uma adoração aos sapatos.

— E o Seeler ainda teve a falta de escrúpulo de dizer que não valia a pena!

— Espera... Seeler?

Serena, vai ser loira assim no inferno.

— Hã... É. Eu encontrei com ele ocasionalmente no shopping hoje.

— Heath Seeler estava na Macy's? — ela apontou para a sacola.

— Issaê. Eu fiz ele me ajudar a procurar um tamanho 37 desse sapato. E depois um tamanho 38 do vestido.

— E o que ele falou sobre o vestido?

— O que Heath Seeler fala e o que ele faz são duas coisas bem diferentes — lembrei.

— O que ele fez?!

— Foi meio estranho, na verdade — dei-lhe as costas para que ela não percebesse que eu estava corada. — Ele só ficou me olhando com aquela cara de babaca.

— E o que você fez?

— Hum...

— Serena!

— Eu posso tê-lo provocado um pouquinho. — admiti. — Mas eu não gosto dele nem nada, sério. É que aquela expressão no rosto dele estava impagável. E vê-lo tendo um bug no cérebro... Eu pagaria para ver de novo!

— Argent.

— Quê?

— Se você não passar essa merda de batom vermelho, eu vou te amarrar numa cadeira e passar em você.

Heath

— Vai sair? — Damien ergueu uma sobrancelha, vendo que eu tinha colocado uma camisa um pouco mais legalzinha e um jeans que não estava rasgado.

— Vou — foi tudo o que eu disse. Damien não podia saber sobre a coisa toda da minha mãe e da procura, não podia.

— Eu deveria me preparar para receber alguma ligação da delegacia?

— É só uma festa idiota.

— Então... A Serena vai estar lá?

— Considerando que o meu único dever aqui é garantir que aquela maldita não se meta em encrenca — eu o encarei. — O que você acha?

— Ela convidou você?

— Quase isso.

— Então... Vocês se acertaram?

Soltei uma gargalhada.

— Eu e a Argent? Caso perdido.

Tirei a camisa.

— Você sente a necessidade de ficar sem camisa na minha frente, é isso? — Damien ergueu uma sobrancelha.

— Preciso voar, e não quero rasgar essa camisa.

Pousei perto da casa de Serena. Apertei a campainha e estava colocando a camisa quando ela abriu a porta.

Parei de fazer o que estava fazendo para fitá-la.

Ela adicionara um cinto fino ao vestido, o que o acinturou mais. Seus olhos azuis contornados com lápis de olho preto demoraram algum tempo para se focarem em mim, o que me deu alguns segundos de vantagem. Ela usava um batom vermelho claro, que fazia com que sua pele parecesse de porcelana.

Tudo o que eu disse foi:

— Quer dizer que hoje você trouxe seu casaco? — apontei para a jaqueta na mão dela.

— Põe logo essa merda de camisa e vamos.

Serena Argent, pessoal.

— Tchau, Audrey! — ela gritou.

— Audrey?! — encarei-a sem entender.

Audrey desceu as escadas correndo e abriu um grande sorriso.

— Serena não gostou do cabelo dela, fui eu que fiz. Diz para ela que ficou ótimo, Heath.

O cabelo de Serena estava preso em um coque meio desfiado. Ela riu.

— Esse aí? Nem se pagarem a ele. Vamos, Seeler.

E então me arrastou pela calçada.

— Argent, o que Audrey...?

— Sem perguntas, pelo amor de Deus — ela suspirou. — Merda, como a gente vai chegar à festa?

— Bem... Podemos, sabe... Voar.

— Não! — ela respondeu numa velocidade impressionante.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ouvimos uma buzina.

— Ei, gata! — ouvi uma voz levemente conhecida, vinda de um carro que parou ao nosso lado. Chad acenou, abrindo um sorriso de canto. — Quer uma carona?

— Com uma condição: não me chame de gata.

Essa era Serena, impondo condições quando estava recebendo um favor. Mas, sendo Chad, não posso dizer que senti muita pena.

Ela me arrastou até o carro, onde nos sentamos no banco de trás.

— Jill, essa é Serena Argent, e esse é o amigo dela.

Jill, a garota ruiva linda no volante, olhou para trás e sorriu.

— Eu sou Heath — sorri.

— Prazer.

Fez-se silêncio.

Embaraçoooso... — cantarolou Serena como sempre fazia.

Jill entendeu o recado e deu partida no carro.


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Notas finais do capítulo

*Estive lá, me cansei de lá, comprei um vestido e sapatosStarbucks, Soy Lattes, e quanto a você?Nicholas Sparks, Green Day, eu realmente gosto de TrainE quanto à juventude? Presa em shoppings, ligações de término e depois indo para festas... Bebendo para caramba, quem disse que você não pode ter o poder?Queria agradecer a todos que estão acompanhando a minha outra fic, valeu mesmo ♥ ( http://fanfiction.com.br/historia/425334/90_Dias/ )