Estava eu sentada no sofá do meu apartamento em NY. Meus cabelos levemente bagunçados, minha camiseta regata branca estava no lugar, e meu short minúsculo jogado no chão ao meu lado. A TV estava sintonizada no American Idol. Eu já estava, como sempre, com as críticas na ponta da língua para cada um deles, sem exceção. A campainha da porta se faz escutar, e no mesmo segundo penso em quem poderia ser.Não são meus pais, eles sempre avisam quando vem. Não é Santana, ela está de cama com uma gripe forte. Não é Kurt, provavelmente choverá, e em hipótese alguma ele sairia com esse tempo, ele morreria se molhasse o cabelo. E, com toda a certeza, Quinn também não é.

Larguei o controle na mesinha de centro, vesti meu short e me dirigi á porta. A campainha foi tocada mais uma vez e eu gritei um ‘já vai’ pelo caminho.

Girei a maçaneta e desloquei a madeira, vendo a última pessoa que eu esperava ver. Finn Hudson.

– Olá, Rachel – ele disse tímido

Eu não conseguia formar uma sentença, meus olhos focados em suas mãos que torciam o boné camuflado do exército devido ao nervosismo. O fantasma do meu passado voltara para me assombrar.

– Eu estou pronto – ele disse ao ver que eu não reagia

– O quê está fazendo aqui? – finalmente falei

No silêncio da casa, do fim do corredor pode se escutar o cessar do barulho do chuveiro. Finn, que ainda estava com seu uniforme verde do exército me olhava com o brilho nos olhos típico de quando ele estava feliz.

– Estou pronto, Rach – ele se abaixou sobre o joelho esquerdo – Estou pronto e agora eu mereço você – sorriu

Eu balanço a cabeça em negação, vendo seu sorriso mais doce. ‘Rach?’, ele diz, vendo que minha resposta não é positiva.

A porta do banheiro se abre, e uma voz familiar tanto para mim quanto para Finn flutua pelo ambiente.

– Tem alguém na porta, amor? Eu pensei ter ouvido a camp...

Ela para de falar assim que passa pela porta, enrolada em uma toalha rosa clara e com os cabelos molhados.

– Eu não entendo – ele nega com a cabeça se levantando – O quê a Quinn faz aqui?

Sei que ele merece toda a história, de como eu e Quinn usamos aquele passe de trem quase que semanalmente. Sobre como em uma noite, em que havia ficado até tarde, Quinn passou a noite aqui. De como ela falou que podia se arrumar no sofá, mas eu insisti para que dividíssemos a cama de casal do meu quarto. Em como na manhã seguinte eu acordei com seus braços ao redor da minha cintura, com seu queixo encaixado na curva do meu pescoço. De como eu vi o rosto angelical de Quinn dormindo, e finalmente entendi.

A forma como minhas pernas perdiam as forças quando olhava para ela. O jeito que sempre esperava que nossos olhos se cruzassem quando estivessemos na mesma sala. O modo como senti que tinha o sol dentro do meu peito quando Quinn sorriu e me abraçou dizendo que era minha amiga.

Depois disso, tudo tinha entrado nos eixos, de uma forma que nem eu poderia imaginar. Eu estava feliz com Quinn como jamais pensei que seria em minha vida. Tanto que já havia tirado Finn de minha mente de forma natural.

E agora ele estava aqui, de pé, com a compreensão despontando em seu rosto.

– Oh – ele disse em uma voz quase inaudível – Oh...

Ele se virou de costas e puxou a porta para se fechar atrás dele, sem mais palavras. Eu estou ciente de que a loira se moveu atrás de mim para me abraçar, envolvendo seus braços em minha cintura. Me viro ficando de frente para ela, bicando nossos lábios.

– Eu te amo – ela me diz sorrindo com os olhos

– Eu também te amo – respondo apertando meus braços em seu pescoço, voltando a beijá-la