O Dia Seguinte escrita por ChatterBox


Capítulo 2
S'il vous plaît


Notas iniciais do capítulo

Olá genteeeeeObrigada pelos reviews, vocês são maravilhosas ^^ Fico muito feliz de q estão gostando da fic. Estou muito empenhada com ela. o/Esse capítulo ficou bem legal, to bem satisfeita com ele, espero q também achem o mesmo. :)Boa leituraaaBeijocas, Anonymous girl writer s2.



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– Vamos começar recolhendo pistas... Pegando o celular, e procurando fotos, ou últimas ligações... Pode nos ajudar.

Ele disse.

– Tudo bem.

Concordei, ainda preocupada. Onde será que estava meu celular? Comecei a fuçar os lençóis, as mesas... Tinha medo de tê-lo perdido.

– E você também podia colocar um roupa...- o estranho disse. Sorrateiramente. Olhei para ele, num alarde, e tinha um sorriso debochado no seu rosto. O que fez meu rosto corar na mesma hora. Não podia acreditar que tinha acabado de me dar conta de que estava só de calcinha e sutiã. Andei pelo quarto catando minhas peças de roupas, e escondendo meu corpo com elas, enquanto ele ria, me deixando sem graça. – Não devia ter vergonha, eu já vi tudo mesmo.

– Há-há, não tem graça, okay? – dei de ombros, tentando desviar sua atenção e vestindo minhas calças jeans. – Seria bom que numa situação como essa, você não ficasse fazendo brincadeiras.

Ele abafou uma risada, sem ligar muito pra o que eu disse. Estava vestindo suas próprias calças também. Tinha tatuagens no antebraço. E devido à isso, e à seu corte de cabelo, o porte físico, o brinco na orelha direita, devo ter certeza de que ele deveria com certeza ser um pegador barato. Ainda me perguntava como poderia ter caído nas garras de um Don Juan desses.

– Mas, à propósito. – ele quebrou o silêncio, depois que vesti minha blusa, e virou-se para mim, já usando sua camisa xadrez. – Me desculpe, mas... Acho que não lembro seu nome.

Se aproximou, com um sorriso torto. É claro que não, revirei os olhos. Muito menos eu me lembrava do dele. Era tão patético, estar naquele papel de vadia que nem tinha identidade para o cara com quem fez sexo no dia seguinte...

– Eu sou a Maddie.

Respondi, sem entusiasmo. Ele estendeu a mão para me cumprimentar:

– Maddie. – repetiu. – Sou o Dominic. Mas pode me chamar de Nick.

Acatei o seu cumprimento, ainda um pouco hesitante.

– Tá legal. – dei de ombros. – agora tenho que achar meu celular.

Andei pelo quarto, e comecei a me rastejar pelo carpete para olhar debaixo dos móveis. Nick fez o mesmo, tentando achar o dele.

Agachei para dar uma olhada embaixo da cama, e... Vitória. Lá estava ele, meu celular.

Estiquei o braço para puxá-lo e gritei:

– Achei!

Para Nick, que saiu dentro do banheiro e mostrou o dele também:

– Achei. – ergueu o aparelho pingando de água e sabão. Com o semblante de frustração. – Estava dentro da banheira... Ai, droga...

Chacoalhou-o, fazendo espirrar milhares de gotas de água no carpete. Estava ocupada de mais, fuçando o meu celular, tinha que ter alguma foto que me desse alguma pista sobre ontem à noite.

Abri a galeria, e comecei a procurar as últimas fotos tiradas, assim que achei a primeira, cliquei nela.

No entanto, o universo resolveu me dar mais decepção, fazendo com o que o visor se apagasse e a mensagem aparecesse: “Carga insuficiente”. E o aparelho se desligasse automaticamente.

– Ahhh...! Ta de brincadeira!!

Resmunguei, entre dentes, irritada.

– Olha isso, não funciona! – Nick apertava os botões do celular com toda força, mas tudo que ele fazia era produzir sons de bolhas estourando, ou algo parecido, o que fez ele arremessá-lo na parede, furioso. – Porcaria...!

– E agora? Temos que arranjar um jeito de carregar o meu celular. Mas pra isso temos que sair daqui.

Lamentei, choramingando, sem acreditar que tudo aquilo estava acontecendo.

– Preciso achar minha carteira, talvez tenha cartão de crédito, ou dinheiro... Pra que a gente faça uma ligação para Londres. Meus amigos podem saber o que aconteceu. Você achou a sua bolsa?

Ele disse, saindo agitado, abrindo as gavetas.

É claro, a minha bolsa. Tinha esquecido dela. Parece que estava tão atordoada que me esqueci que deveria ter uma bolsa comigo antes daquilo tudo. Mas onde mais estaria ela?

Fui até a saída, era o único lugar onde não tinha ido ainda, e lá estava o guarda-roupa, abri a porta, e a achei. Minha bolsa, com meus pertences todos caídos pela prateleira. Fui catando, com pressa, e ao mesmo tempo alívio, e a primeira coisa que fiz foi abrir a minha carteira para ter certeza de que havia algo lá. Não poderia sair dali sem meus cartões de crédito.

E uma onda de satisfação me invadiu quando os vi ali, todos eles, meus bebês. Tive a vontade involuntária de beijá-los em seus compartimentos.

– Achei minha carteira! Minha nossa.... Está vazia, completamente vazia! Quer dizer, que eu devo ter pagado tudo pra vir até aqui, isso é péssimo!

Ouvi a voz abismada de Nick falando. Fui até lá e mostrei minha carteira.

– Eu tenho cartões de crédito. – mostrei, com um sorriso escancarado no rosto, o que fez ele abrir outro. – E vinte libras... Não é muito, mas ao menos consigo pagar um café da manhã, já que minha barriga está roncando.

– Também tenho meus cartões aqui, mas tenho a impressão de que devo ter acabado com o meu saldo. – pairou no ar, com ar lastimado. – Acho que foi eu que paguei isso tudo... Não posso acreditar, onde eu fui me meter? Onde estava a minha cabeça? O que me deram pra beber?

– Eu sabia que era você. – cruzei os braços, dura. – Só poderia ter embarcado nessa loucura se fosse influenciada por alguém, e esse alguém é você! Vamos acertar contas um dia!

– Oraaa...! – ofendeu-se. – Pois é você que está sem nem um centavo? Não! Eu te trouxe até aqui, mas até agora, só eu saí perdendo. Agora vamos sair daqui.

Aquilo me deu um frio na barriga.

– Mas finalmente... Como vamos fazer isso? Qual é o plano?

– Por que acha que eu tenho que ter um plano?

– Ora, você é o delinquente com experiência aqui! Eu nunca saí sem pagar de lugar nenhum, muito menos um lugar como esse.

– E por que acha que eu saí? Eu posso não ter pagado um cookie uma vez, no colegial, mas nada como um Hotel Palace em Paris! – exaltou-se. Depois parou para arfar o ar e manter a calma. – Tudo bem... Agora vamos pensar...

Verdade, tinha que pensar. Não podia esperar por Nick em tudo, já que levando em conta seu estilo de vida, ele não devia ser das pessoas mais inteligentes...

– Acho que nos filmes, geralmente, as pessoas se disfarçam de arrumadeiras, ou de carregadores de bagagem para sair sem serem vistos.

Sugeri, encolhendo os ombros, foi tudo que consegui pensar.

– Está tomando como exemplo os filmes...?

Franziu o cenho.

– O que você quer de mim...? Ao menos tive alguma ideia!

– Tudo bem, pode funcionar. – abanou as mãos, deixando pra lá. Mas depois ficou um tempo pensando. – Na verdade, eu tenho uma ideia melhor.

– Que ideia...? – deixei as pálpebras caírem, já esperando uma péssima.

– Aqui as pessoas são ricas, tudo bem? Elas sempre pagam. Eles não tem qualquer fiscalização quanto a saída dos turistas. Eles podem sair para visitar a cidade e voltar à noite. Só vão saber que saímos sem pagar, no dia seguinte.

Fiquei quieta, pensativa. Não tinha pensado nisso. Parece que aquele patife era mais experiente em trambiques do que pensei.

– Tudo bem, mas e depois? Vamos ser procurados pela polícia!

Lembrei-o.

– Mas temos mais tempo até isso acontecer. – aproximou-se e tocou no meu ombro para que eu prestasse atenção. – Pensa, se a gente sair daqui disfarçado, será muito mais fácil de sermos identificados, e perseguidos por uma viatura, do que se fingirmos ser um casal rico saindo pra passear.

De uma certa forma, estava mesmo certo. Acho que devia começar a baixar a guarda e confiar mais em Nick. A final, querendo ou não, nós estávamos juntos nessa confusão toda, e tínhamos que nos virar para sair dessa. Ele tinha muito mais chances de estar correto do que eu, que sempre passei a minha juventude debruçada sobre os livros, e na primeira noite que saí para me divertir, acabei acordando em Paris, com um desconhecido, e uma breve amnésia.

Que vergonha...

– Tudo bem. – concordei, num suspiro apreensivo. – Então, por onde começamos? Se eles perceberem algo estranho? Se não acreditarem na gente? Se algo der errado?

– Vai ficar tudo bem.

Tranquilizou. E por incrível que pareça, o olhar de Nick era bem convincente.

– Você só precisa seguir a minha deixa, tá bem?

– Como assim?

Arqueei uma sobrancelha, desconfiada.

– Fazer o que eu fizer. – explicou. – Nós vamos na recepção agora. Entregar as chaves do quarto antes de sair.

– O quê? Mas você disse para que não existíssemos.

– Eu sei, mas não temos outra escolha, temos que fazer o possível para parecer um casal jovem e rico. Têm que acreditar na gente, para que não aja suspeitas. – parou mais uma vez para raciocinar. – Nós temos que arranjar óculos escuros. Assim vai ser mais difícil depois, para nos identificar.

– Mas eu não trouxe o meu.

– Não se preocupa, vem.

Ele colocou a carteira no bolso, e foi até a saída, tirando as chaves do suporte ao lado da porta antes de sair. Eu peguei minha bolsa e o segui pelo corredor.

Havia um carrinho de arrumadeira alguns quartos à frente. A porta estava aberta, e se ouvia um barulho de aspirador, vindo de lá de dentro. Nick analisou, e em seguida me pediu, num sussurro:

– Chama o elevador. Eu já volto.

– O quê? O que você vai fazer?? – Murmurei de volta, em pânico.

– Não se preocupa, vai.

Abanou a mão para que eu fosse logo e saiu em direção ao carrinho da arrumadeira. Eu não tive escolha, tive de caminhar até o elevador e pressionar o botão. Mas fiquei vigiando o que ele ia fazer.

Vi-o andar tranquilamente pelo corredor e se aproximar do carrinho assobiando, como se estivesse fingindo estar tranquilo. Depois parou na porta que estava aberta e sorriu para a camareira:

– Ah, não sabia que estava limpando...! – e deu uma risada fingida. – Esse aqui é meu quarto. – ergueu as chaves, sem mostrar o número pendurado no chaveiro, para ela, que respondeu com alguma frase em espanhol. – Se importa se eu pegar os meus óculos...? - perguntou, mas não esperou que ela respondesse e entrou no quarto. – não se preocupe, finja que não estou aqui. Preciso pegar os meus óculos e os da minha namorada. Ela está esperando o elevador.

A camareira saiu do quarto e resmungou algo em espanhol, com o semblante meio à contragosto, e fiquei nervosa que fosse chamar alguém, mas parece que ela acabou deixando depois que me viu na porta do elevador.

Não sabia o que fazer para ajudar, fiquei toda corada, e tudo que pude fazer foi acenar um pouquinho para ela, sem graça, para fingir que estava tudo bem.

Meu coração acelerou com a possibilidade dela notar algo. Mas ficou apenas esperando na porta, com a expressão meio desgostosa.

Bati os pés no chão, olhando para os andares no topo na porta do elevador, e imaginando o que faria se alguém chegasse, ou se a camareira notasse algo, a cada minuto que se passava e Nick não passava por aquela porta. Pensava na possibilidade do verdadeiro dono do quarto chegar, ou de não haver qualquer óculos escuros e isso chamasse a atenção da arrumadeira, que avisaria à recepção. Cada minuto era uma tortura.

Quando finalmente Nick apareceu na porta, uma onda de alívio, e sossego inestimável, me invadiu. O elevador apitou e as portas se abriram, mostrando o espaço vazio.

– Obrigada, me desculpe.

Acenou Nick, para a camareira, que fez um grunhido como resposta e entrou de novo no quarto, com o peito inflado.

Ele voltou triunfante com dois pares de óculos escuros e me entregou um deles:

– Era o quarto de um casal.

Deu uma risada abafada, sussurrando para ninguém ouvisse, e entrando no elevador comigo.

– Você é louco. – dei uma risada de nervosismo e ao mesmo tempo, excitação. – Se não fosse o quarto de um casal? Nós estaríamos numa enrascada!

– Uma enrascada maior do que a que já estamos, é bem difícil.

Riu baixo com um sorriso torto, e apertou no botão do térreo, fazendo as portas se fecharem.

Abri a caixa dos óculos que me entregou e os provei. Eram um pouco espalhafatosos, mas não tinha muita escolha. Eram eles, ou a cadeia. Nick ficou perfeito com os dele. Acho que não tinha como não ficar, era do tipo tão bonito que qualquer par de óculos só o deixava ainda mais arrasador.

No momento, meu estômago já não estava muito bem por conta da ressaca, e parecia que queria perfurar minha barriga. Pois estava muito nervosa pensando no que poderia acontecer quando chegasse à recepção. Parece que cada passo que dávamos nos fazia correr ainda mais perigos.

Nick apoiou o braço no espelho do elevador e começou a me dar algumas instruções:

– Escuta, precisa fingir que é minha namorada, está bem?

– Por quê?

Franzi o rosto, sem gostar da ideia.

– Porque assim vai fazer mais sentido, por que outro motivo estaríamos numa suíte desse Hotel se não estivéssemos apaixonados? Tem que parecer muito convincente, ouviu? Confia em mim.

Enrubesci. Não gostava da ideia de fingir ser namorada dele, porque no momento, só estava com ele por uma simples audácia do destino, e não esperava a hora de que isso tudo terminasse e não nos víssemos nunca mais. Não gostava de dá-lo o gostinho de me ver como se fosse apaixonada por ele, e não queria fazer isso. Detestava o fato de ter que estar fazendo tudo aquilo.

Quando as portas se abriram, o meu sangue gelou. Fiquei encarando o salão de entrada com os olhos arregalados, e todas aquelas pessoas andando só faziam minhas pernas tremerem ainda mais.

A minha garganta secou, e senti um braço me envolver por trás. Foi o braço de Nick, que me empurrou levemente minha pernas bambas para fora do elevador, para que eu conseguisse me mexer, e murmurou algo como:

– Aja naturalmente.

Só então me dei conta do que estava fazendo e controlei minhas pernas de gelatina para que ficassem eretas, e seguissem Nick pelo salão, até o balcão de mármore da recepção.

Estava tão nervosa que me esqueci que tínhamos que parecer o casal, então me corrigi, passado um dos braços ao redor dele, enquanto ele envolvia meus ombros de um jeito teatralmente carinhoso.

Ai meu Deus, como aquilo era ridículo. Não acreditava que estava fazendo.

A moça da recepção tinha cabelos ruivos presos num coque e um par de olhos esverdeados, quando nos viu, mostrou um sorriso atencioso:

– Como posso ajudar?

Ela perguntou, fiquei tensa só de pensar no que Nick faria a seguir. Mas ele debruçou um braço no balcão e mostrou o seu sorriso mais charmoso possível, para desarmar a recepcionista, que era tão pálida, que quando corou, seu rosto tornou-se vermelho tomate. Mas que nível... Além de ser um garanhão... Ele sabe que é, e como usar isso, impressionante... Só que não.

– Então, querida, é que eu e minha gata vamos passar um dia por Paris, e viemos deixar nossas chaves aqui.

Jogou o chaveiro no balcão, mantendo um braço ao redor do meu ombro. Eu fazia o possível para tentar parecer confortável. A moça ficou claramente encantada com o charme de Nick e na mesma hora, alargou mais o sorriso, para se tornar ainda mais atraente.

– Claro, só preciso de um minuto.

Ela disse, com voz aveludada, e começou a teclar no computador que estava do outro lado do balcão. Eu e Nick nos entreolhamos naquele momento, ambos tentando esconder a apreensão de algo dar errado, enquanto ela apertava as teclas do teclado e imaginando como agir se tudo desse errado.

– Hãm... – de repente a moça hesitou, olhando para a tela do computador e com certeza, eu e Nick fizemos o máximo para não transparecer o desespero. – O pacote de vocês só é para uma noite.

– Ah é claro. – Nick respondeu, muito mais naturalmente do que pensei. – Mas acho que resolvemos ficar um pouco mais, sabe como é...

Deu uma risadinha sarcástica, tentando ganhar a recepcionista com seu charme mais uma vez. Enquanto eu me segurava para não desmaiar ali no chão.

– É claro. Só preciso mudar o seu pacote. – respondeu, prestativa. – Para qual vai ser, duas noites? Três noites? Uma semana?

Nick ficou parado, olhando para o nada, pensando no que falar. E depois respondeu:

– Três noites.

Fiquei um pouco surpresa, e tentei esconder isso. Por que não só duas? Ele não tinha pensado que talvez, se tudo desse errado, teríamos que pagar mais ainda?

A moça fez mais modificações, usando o computador, e três minutos, angustiantes, depois, ela disse:

– Tudo certo. – com seu sotaque francês. Soltei um fôlego de alívio. – Podem aproveitar Paris, tenham um bom passeio.

– Obrigada, docinho.

Nick respondeu, com um sorriso malandro nos lábios e saiu de perto do balcão. Antes disso ele me deu um beijo na bochecha, o que foi bem inesperado. E eu tentei não mostrar meu estarrecimento.

E seguimos pelo salão, até o lado de fora do Hotel, onde soltei todo o meu fôlego.

Agora era oficial. Era apenas a cidade de Paris, e nós, para nos virar.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo então!! Obrigadaaaa por terem lidoBeijocas, Anonymous girl writer s2.