O Natal e A Repetição escrita por Bravery


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Olá, eu sou a Bravery e essa é a minha primeira história. Eu a fiz num momento de inspiração. Por favor, não pense que é baseado uma história real pois não é.
Espero que vocês apreciem a história.



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Conto: O Natal e a Repetição.

Natal.

Ah, o doce natal. A época do ano em que nós assassinamos um peru ou então compramos um chester congelado para comer junto com comidas maravilhosamente gordurosas ou, como gostamos de chamar, gostosas.

A época do ano em que você é obrigado a arrumar o seu quarto, a casa e até varrer a calçada para que a casa esteja “apresentável”. É também o tempo em que você tem que se arrumar em um nível “comportado”, porque a sua avó sempre vai reclamar se você estiver usando uma roupa decotada ou então vai reclamar que o seu cabelo está grande demais e que você parece uma doida varrida.

Meu natal é sempre assim. Meu Natal nunca tem coisas novas, porque é sempre a mesma repetição. Eu sei que você acha que eu estou exagerando. Por isso, vou contar como são geralmente são os meus natais.

Tudo começa às nove horas da manhã. Minha mãe, com uma calma muito grande, me acorda. Como sempre, ela usa uma voz muito suave assim como diz palavras carinhosas.

— LEVANTA DESSA CAMA AGORA ANTES QUE EU VÁ ATÉ AI E VIRE UM BALDE D’ÁGUA NA SUA CARA!

Depois, eu levanto e arrumo a minha cama. Como sempre, eu levanto para tomar o café e depois escovar os dentes. Assim que eu chego à cozinha, meu pai me elogia.

— Jesus Cristo, que cara de babuíno louco, filha.

— Obrigada, velho. — Eu resmungo.

E então, a minha mãe me serve o café com leite, com muita gentileza.

— A xícara tá no armário, o bule de café tá no fogo e o leite tá em cima da mesa. Se vira.

Depois de tomar o café com conversas agradáveis do tipo:

— Hoje você tem que lavar o quintal, a louça, encerar o chão, limpar as vidraças, repintar as paredes, se livrar do lixo, lavar o quintal, o carro, a garagem, varrer a calçada, dar comida pro gato da vizinha. Depois que você terminar essas poucas tarefas, martela um prego na parede, pinta um Vincent van Gogh, espera ele secar, bota o quadro na parede e vai buscar o seu irmão na casa do seu amigo. Depois dá banho nele, comida e manda-o ser educado na frente dos nossos familiares. Ah! E dê banho no Marley!

(Marley é o nosso cachorro que, quando minha mãe comprou, tinha a intenção de transforma-lo em cão de guarda. Não deu certo. Ele é um cachorro extremamente babão e influenciável).

— Ah, e faça um favor para o seu velho pai e engraxa os meus sapatos, por favor — Meu pai sorri para mim, zombando da minha cara.

E depois de concordar com tudo isso...

— Só isso? Não tenho que fazer mais alguma coisa? Tipo, não precisamos de uma laje não? Eu posso construir uma, sem problemas!

— PERDEU O MEDO DE FICAR CARECA, MENINA?! — Minha mãe diz sutilmente.

Tomo meu banho e me arrumo. Dai eu começo as minhas tarefas básicas e ignoro as impossíveis. Começo isso às dez horas da manhã e acabo às quatro da tarde. A peste do meu irmão está arrumado, a casa está apresentável. Agora só falta me arrumar.

Demoro meia hora pra achar minhas roupas na zona de calma (ou bagunça, como uma pessoa normal chamaria) e quando vou até a cozinha, onde minha mãe está se preparando para começar a cozinhar, ela me dá sua gentil opinião sobre a roupa.

— MAS QUE DROGA É ESSA?! VOCÊ TÁ PARECENDO UMA MENDIGA! VAI TROCAR ESSA ROUPA AGORA!

E, depois de ouvir a opinião sutil da minha mãe, resolvo que posso melhor o meu visual. Me visto de novo e então me sento na sala, pronta pra descansar um pouco depois de todas as tarefas que fiz no dia.

Papai me olha por cima do jornal que está lendo com um sorriso que praticamente diz “Minha filha, você está muito bonita!”.

Isso é o que, geralmente, me dá forças para continuar o resto da noite. Porque meu pai é sempre muito sincero quando faz um elogio.

A peste maldita do meu irmão está brincando pacificamente com o cachorro e quando começo a relaxar, a campainha toca.

— PAI, ATENDA A PORTA! — Mamãe grita da cozinha.

— Filha, atenda a porta. — papai me diz.

— Peste, atenda a porta. — Eu digo para o meu irmão.

— Cala a boca, sua folgada.

E é assim que eu me levanto e vou atender a porta.

Logo de cara, tem a tia Carminha, segurando uma cesta enorme. Ela imediatamente grita “FELIZ NATAL, SOBRINHA!” antes mesmo que eu possa sorrir. E eu sorrio, porque não sei se fiquei surda. Tenho medo também de não estar surda, dizer algo e ela me responder gritando novamente e assim me deixar surda de verdade.

Ela entra e logo atrás dela tem o tio Fabio, o piadista sem graça. Ele me abraça e me fala que eu cresci.

—CRESCI? CRESCI O QUE, SEU TAPADO? VOCÊ ME VIU NO MÊS PASSADO E ME DISSE A MESMA COISA! Palhaço.

É o que eu tenho vontade de dizer e não digo.

“Sorrir e acenar!” Eu lembro a mim mesma. “Sorrir e acenar faz eles irem direto para a cozinha falar com a minha mãe!”

E logo em seguida entra o garoto mais encapetado que eu já vi na vida. Carlinhos, meu primo de dez anos de idade. Ele para na soleira da porta, me olha com os olhinhos pretos malignos, esfrega as mãos gorduchas e sorriu como um capeta.

“Eu estou tão ferrada!”

Com esse pensamento, percebo que meu primo já entrou e fecho a porta. Chego na sala e quase mando todos mundo ir para a casa da mãe Joana (porque eu sou uma menina muito educada). Não tem lugar nenhum para me sentar.

— Velho, dá licença. — Empurro o braço do meu pai e sento no braço da poltrona. O velho me olha com os olhos estreitos e então se apoia em mim, como se eu realmente fosse o braço do sofá.

Vinte minutos depois e todos já chegaram. E agora todos nós ocupamos a mesa de jantar... E de almoço também.

Tia Carminha, tio Fábio, Carlinhos, Tia Margarida, Tio Ricardo, Maria, vovó Laura e vovô Marcos. A peste, Eu, meu pai e minha mãe. Todos sentados nessa ordem, completando uma volta inteira na mesa, sem deixar nenhuma cadeira de sobra e se acotovelando de vez em quando para comer.

Depois de alguns minutos de todos conversando menos eu e meu irmão, que estamos comendo porque não aguentamos mais as mesmas conversas, meu tio “mega-engraçado” (Espero desesperadamente que você entenda que eu fui irônica.) já começa a apresentar sinais de que bebeu muito vinho.

Mas, quem ataca antes, é a minha avó.

— Ah, então, querida... — Lá vem merda. — Você está meio cheinha, não é? — E antes de eu responder, ela volta a falar — A Maria está tão bonita! Magrinha, magrinha! Come tão pouco! — Vovó aponta para o prato dela e olha para o meu prato.

—Cala a boca sua velha chata. Te vejo uma vez por ano e você SEMPRE tem que me comparar com a Maria, que come que nem um passarinho porém, solta veneno igual uma cobra.

É o que eu quero falar e não falo.

Eu realmente amo minha avó, mas ela faz questão de sempre deixar claro que Maria é sua favorita e isso me irrita.

Ela continua enquanto eu afundo na cadeira. Papai me olha com os olhos divertidos e meu irmão começa uma guerra de chutes com Carlinhos.

Alguns minutos depois, mamãe serve a sobremesa e eu quase tenho vontade de bater com o prato de vidro na cara.

—Hum... É Pavê ou Pracumê? —Tio Fabio diz. E antes que nós possamos rir forçadamente, meu irmão se pronuncia.

— Nem ver e nem comer. É pra enfiar NO NARIZ. — Meu irmão pode ser uma peste, mas ele sempre verbaliza meus pensamentos. Eu amo essa peste.

— MENINO! — Mamãe grita e papai sufoca uma risada, junto com os meus tios Legais, ou seja, Tia Margarida e Tio Ricardo. E comigo, claro!

Como meu pedaço do pavê e finjo que estou muito cansada, o que não é mentira. Eu vou para o meu quarto e meu pai e meu irmão me seguem. Eles vão para o quarto e eu vou trocar de roupa no banheiro e quando volto ao quarto, meu irmão está encolhido na minha cama, embaixo das cobertas e meu pai está deitado no colchão que sai como uma gaveta da parte debaixo da minha cama. Eu apago as luzes, acendo os pisca-piscas que ficam em volta da janela por causa do meu irmão, que ainda tem medo do escuro. Fecho a porta e me acomodo na minha cama, ao lado da peste do meu irmão.

Nós três começamos a conversar e rir. Contamos piadas e pegamos os doces que eu deixei no quarto mais cedo, propositalmente. Fazemos a nossa própria comemoração e dormimos jogados de qualquer jeito.

Eu sei que quando eu acordar irá ter cento e cinquenta reais, um urso de pelúcia, meias e blusas de frio de moletom esperando por mim. Sei que a mamãe vai se encarregar de ajeitar a sala para os bêbados dos meus tios dormirem por lá. Sei também que meus avós vão dormir no quarto de meus pais e que mamãe vai entrar aqui no meu quarto, vai empurrar meu pai para o lado e se acomodar e dormir.

Afinal, é sempre assim que acontecem os Natais.

É uma repetição.


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Notas finais do capítulo

Perdoem os erros, caso encontrem algum. Digam-me nos comentários se vocês gostaram e suas opiniões! Eu vou amar responder todos os comentários.
Um beijo e até breve.



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