Colégio de Tomoya, 12:00 AM

Era doze horas, horário que os alunos do turno da manhã eram liberados de suas salas para irem para casa ou para os diversos clubes que havia no interior do prédio. Tomoya , como sempre, andava sozinho, com o celular na mão e abrindo o “My-sister”, o seu aplicativo favorito.

– Finalmente, depois de seis aulas chata, vou poder ficar com você, Reiko-chan...- Olhava para a garota do aplicativo com um olhar de extremo interesse, como se todas as coisas do mundo exterior não fossem mais importantes do que aquele jogo.

– Hey, Tomoya-kun, por que você não se junta à gente? Vai todo mundo para o Karaokê!- Antes de chegar no portão do colégio, um colega de sua classe o abordou, fazendo com que Tomoya se alertasse e guardasse o celular no bolso.

– N-Não vai dá...T-Tenho que estudar.- Mentiu, nunca precisou estudar, pois sempre tirava notas acima da média, mas, não falava muito da sua vida para os outros, o seu colega apenas deu de ombros.

– Tudo bem, quem sabe na próxima, não?- Ele havia ido embora, o que gerou certo alívio para o moreno, não estava muito a fim de dialogar com outras pessoas, além de seu melhor amigo, mas ele havia morrido há algum tempo atrás.

Tudo começou há exatamente uma semana atrás, Tamaki, melhor amigo de Tomoya, havia morrido por consequência de um acidente de carro, a vítima estava atravessando uma rua, quando um motorista embriagado o pegou em cheio, fazendo com que Tamaki morresse na hora. Algumas horas depois, pelo telefone, Tomoya havia recebido a noticia sobre a morte de seu amigo, que fez inicialmente algumas lágrimas caíssem em seu rosto e que em seguidas foram transformadas em um choro constante, parando apenas minutos depois.

No velório, o clima não poderia ter sido diferente, estava todo mundo chorando e alguns indignados com o motorista que causou o acidente, chegaram até a planejar uma vingança, mas foi descartada pelo pai da vítima, que preferia deixar a justiça nas mãos de Deus. Depois do velório e do enterro, as pessoas estavam indo embora, sobrando apenas Tomoya, que olhava para o túmulo do amigo, apertava os punhos. Minutos depois, em consequência do fechamento do cemitério, ele foi obrigado a sair de lá e ir para casa.

Na caminhada pelo cemitério, onde podia se ter uma bela vista do por do sol e de algumas arvores de lá, o moreno avistou na grama um celular,estilo Smartphone. Quando se abaixou para pegar o objeto, uma brisa bateu em seu rosto e fez com que os seus cabelos voassem.

– O que foi isso?- Perguntou, mas deu de ombros, achava que aquilo foi apenas coincidência. O celular estava desligado, provavelmente sem bateria. Como não tinha mais ninguém além dele nas redondezas, pôs o celular no bolso da calça e saiu em direção a sua casa.

Chegando Lá, Tomoya deixou o celular um pouco de lado e foi se deitar, ainda estava muito abalado pela morte de Tamaki. Eles se conheciam desde de que eram crianças, praticamente havia crescidos juntos, além disso tudo, Tomoya não era próximo de mais ninguém, Tamaki era seu único amigo.

– Tamaki...Por que? Por que?...- Lágrimas começaram a cair em seu rosto, mas por pouco tempo, pois foi interrompido por uma luz que emergia na sua calça, era o celular que havia se ligado sozinho.

– Hey Onii-chan, não fique triste! Reiko está aqui para lhe fazer sorrir!- Uma voz havia saído do celular, se assustando com aquilo, ele pegou o celular e se deu de cara com uma figura loira de olhos azuis que sorria para ele, como se tivesse vida. “Reiko” não se parecia com aquelas garotas de jogo, era muito semelhante à uma garota real.

–...M-Mas..C-Como você sabe que eu estou assim? Você é apenas um joguinho!- Gritou em direção ao celular, como se não bastasse a morte de Tamaki, ainda tinha aquele celular amaldiçoado para assombra-lo?

– Por que você é meu novo irmãozinho...- A figura loira olhou para o garoto com um leve e inocente sorriso.-Prazer, me chamo Reiko-chan,e você?

...Tchau.- Tomoya desligou o celular e o guardou, achava que estava delirando, como aquilo era possível? Não havia encontrado a resposta e então, resolveu dormir, esperando que as coisas voltassem ao normal no dia seguinte.

Quarto de Tomoya, 10:00 AM

Havia acordado mais tarde do que o habitual, como era sábado, não havia problema. Tomoya esperou mais alguns minutos para poder se levantar da cama, estava um pouco confuso pelo o que aconteceu no dia anterior, achava que tudo aquilo havia sido um sonho, achava que seu amigo ainda estava vivo, porém, ao ver que o celular que havia encontrado no dia anterior estava ao seu lado, sua esperança foi jogada pela janela,

– Então nem tudo foi um sonho?- Ligou novamente o celular que se parecia com apenas mais um celular com sistema Android.- A Reiko foi apenas uma coisa da minha cabeça?- Pensou, mas ao clicar aleatoriamente em um ícone com “My-sister” escrito, a loirinha de olhos azuis havia voltado, pela sua cara, ela não estava muito satisfeita.

– Muito bonito Onii-chan, enquanto eu tento de animar, você me desliga na cara dura.- Reiko fez uma carinha emburrada para o garoto, suspirado em seguida.

– Desculpe, mas ontem eu estava sobrecarregado. - Disse aquilo com um tom e olhar calmo.-Então você não é apenas um delírio da minha cabeça?

– Claro que não! Eu sou real, digo...virtual!- Riu com o trocadilho que fez.-Bem..você é o meu novo irmão mais velho...espero que cuide de mim...se o fizer, prometo que sempre estarei com você.-Reiko havia aberto um outro sorriso para o garoto, que o encantou no mesmo instante, era algo que ele nunca tinha visto nas outras garotas da sua escola.

– Tá bom...- Deu de ombros e sorriu para a loirinha, tinha se simpatizado com ela. – Ah, eu me chamo Tomoya, Kurosaki Tomoya.

– Certo certo...agora...- A loirinha olhou para o relógio que ficava na parte superior do celular- Idiota! Isso é hora de acordar? Vá comer alguma coisa. -Novamente ela ficou com um olhar emburrado para ele.

– Hai...-Riu com o que ela falou- Está parecendo a minha mãe, só que um pouco mais nova- Ironizou.