Roqueiros Também Sabem Amar escrita por Miyuki Yagami


Capítulo 7
O Idiota do Salvador


Notas iniciais do capítulo

Yo minna o//////
Perdões pelo atraso!!! Estava voando aqui sobre o que escrever, exatamente. Eu quero agradecer muito todos vocês!!!!! Eu não sou o que chamam de pessoa sentimental, ou mesmo uma pessoa compreensível. Nenhum dos meus amigos se importa com o que eu penso (sou como uma ditadora inescrupulosa, talvez achem que não tenham sentimentos), e sei lá, acho que se não fossem as fanfics e vocês, eu ficaria louca (mais do que já sou), porque tudo que eu sinto eu coloco nos meus textos. Ou até mesmo o que eu queria sentir.
Hum, pulando o melodrama/nhé nhé nhé, kkkk, espero que gostem desse capítulo!!
Boa leitura o/



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Eu sempre adorei música. A maioria das pessoas costuma dizer isso, mas nem mesmo metade delas amava escutar música tanto quanto eu. A maior parte disso veio do meu pai.

Ele sempre tocava pra mim. Sempre. Ele tocava para me fazer sorrir. Tocava quando eu estava triste. E eram sempre músicas que combinavam perfeitamente com o que eu sentia. Ele cantava. Eu cantava. Minha mãe desafinava umas notas.

Só que, mais ou menos quando eu tinha uns seis anos, a minha mãe começou a ficar muito doente. Já morávamos na mesma casa de sempre, e nossa condição não era a das melhores. Eu não me preocupava muito, pois tinha papai, mamãe e a música. Só isso importava.

Mas isso era só comigo.

Como mamãe ficava de cama, quem tinha que sustentar a casa sozinho era meu pai. Eu nunca ouvi uma reclamação provinda dele. Ele se orgulhava de conseguir o suficiente para vivermos e os medicamentos necessários.

Quando fiz sete anos, ela voltou a trabalhar, pois estava curada. E então meu pai tomou sua decisão.

– Eu vou ser músico. – disse. Minha mãe começou a reclamar, falando que ele estava velho e que não faria sucesso. Meu pai retrucou, dizendo que poderíamos ter uma vida melhor, uma casa melhor, em um lugar melhor. “Uma utopia” nas palavras da mamãe.

Eu não sabia o que utopia significava.

No dia em que meu pai partiu, ele me pegou no colo e ficou me segurando. Minha mãe chorava e o amaldiçoava baixinho, mas ela sorriu quando ele começou a falar comigo.

– O papai vai ser cantor. – disse.

Acho que meus olhos brilharam.

– E quando eu voltar vou te trazer um presente. – continuou.

– Não. – murmurei. – Eu só quero que o papai toque e cante pra mim.

Ele sorriu.

– Eu farei isso.

Eu nunca mais o veria.

Já passara alguns meses quando ele decidiu voltar para nos fazer uma visita. Conseguira fazer alguns shows e cantar em muitos pubs e em muitas cafeterias. Mas, perto da estação onde pegaria seu trem, ele viu alguns garotos batendo em um senhor, e foi impedi-los. Um deles sacou a arma e deu um tiro nele.

O ato foi tão horrível que vários jornais relataram. Foi assim que a notícia chegou até nós.

Desde aquele dia, a mínima melodia, o menor toque, a nota mais baixa, tudo me dá repulsa. Eu odeio música. Foi ela que tirou o meu pai do mundo.

***

Chego em casa e fico do lado de dentro. Espero quinze minutos, tempo suficiente para Gajeel chegar até sua casa. Olho para o calendário. Minha mãe deve estar fazendo plantão. Ótimo, assim ela não fica triste ou não vai pro seu quarto chorar. Meu estômago ronca, mas desisto da ideia de comer.

Já está ficando muito tarde. Deixo a minha bolsa e pego apenas a chave.

Saio de casa.

Começo a andar pelo bairro e não penso em nada. Só o que eu penso é chegar lá. Meus passos são pesados e, devido à luz que emana dos postes, vejo minha sombra. Pareço tão grande...

Sem querer Gajeel aparece em minha mente. Depois do ocorrido com meu pai, Lucy começou a se afastar e eu não dei muita importância. Jet e Droy ainda conversavam comigo e me chamavam de amiga, mas eu também não reagia.

Aliás, nunca venho reagindo com nada. A não ser para contra atacar Lucy Heartfilia e para estudar cada vez mais. Fora a isso, não presto atenção em mais nada.

Até ele chegar. Ele me irrita em um tanto que me obriga a pensar nele. Isso já está incomodando e, de certa maneira, atrapalhando meus estudos. Sem contar que, depois que ele chegou, tudo piorou.

Estava a algumas quadras do cemitério quando me pararam. Eram cinco.

– Oi, baixinha. – disse um deles.

– O que uma menina está fazendo sozinha a essa hora da noite? – perguntou outro.

– Até que ela é bonita.

Recuei alguns passos.

– O que querem? – perguntei.

– Nossa, ela está bravinha. – disse o que parecia o líder da gangue.

– Relaxa.

– Ei, vamos levar ela com a gente? – Os outros assentiram. Respirei fundo. Se acalma. Você atura Jet e Droy todo o dia. Você vai conseguir sair dessa.

– Se não querem nada, então. – dei meia volta. Uma mão envolveu meu punho e me parou. Apertava tão forte que doía.

– Espera aí, quem disse que a gente não quer nada? – perguntou o líder.

Levei minha mão até a mão dele e o furei. Ele gritou e outro segurou meu braço. Não adiantava gritar.

De repente fui solta e o garoto que segurava meu braço caiu. Um punho pairava no ar.

– Ga-Gajeel. – gaguejei.

Gajeel parecia um monstro que não matava ninguém há muito tempo. Ele começou a espancar todos os cinco. Eles tentavam fugir e Gajeel batia um pouco mais.

Eu devia pará-lo.

Mas por que minhas pernas não se mexem? Por que eu fico assistindo tudo como se não me envolvesse? Por que eu não o parava?

Por que alguém resolveu me ajudar?

– Pare... – murmurei. Gajeel erguia o punho novamente. – Pare! Eu já falei pra você parar.

Gajeel pareceu ter notado minha presença só naquele momento. Ele continuava segurando a gola do garoto quando bufou e olhou pra mim.

– Por que eu deveria?

Porque... porque...

Consegui ir até ele. Coloquei minha mão na mão dele que segurava o garoto.

– Está tudo bem. – murmurei. – Não precisava fazer nada disso.

Ele respirou fundo para se acalmar.

– Se eu ver você, ou um dos seus amigos, fazendo isso de novo, não vou ter piedade. – rosnou. O menino assentiu e começou a correr, junto com os outros.

– Por que está aqui? – perguntei.

Gajeel segurou meus ombros.

– Você não sente medo? Por que não está assustada? Por que não gritou? Ou deixou que eu acabasse com todos eles? – gritou. Ele me balançou um pouco, para me ver reagir.

– Eu não fiquei com medo. Não estou assustada. Não era necessário. A única pessoa prejudicada seria você. – respondi. Gajeel me soltou e desviou o olhar.

– Eu não entendo você. – resmungou.

– Não precisa. – retruquei.

Ficamos em silêncio. Meu coração batia rápido. Desde o momento em que fui encurralada. Mas eu... eu não estava com medo.

– Eu... eu só vim atrás de você porque eu decidi que vou te fazer gostar de música. – murmurou.

– Você é idiota? – perguntei. – Está parecendo stalker.

– O quê? É isso que você diz pro cara que acabou de te salvar? – berrou.

Eu olhei para os meus pés.

– A propósito – interrompi. – obrigada.

Eu não fui ver o túmulo de meu pai naquele dia. Ao invés disso voltei pra casa, acompanhada de Gajeel. Bem, não acompanhada, mas, sabe, íamos para a mesma direção e tudo o mais.

Ele esperou que eu entrasse em minha casa e eu o olhei feio. Depois tranquei a porta e sentei no chão.

Naquele momento eu soube porque eu não senti medo, porque não gritei. Eu nunca recebi a ajuda de ninguém, portanto não há o que temer ou pra quem gritar.

E eu também soube porque não consegui me mover quando o vi espancando os garotos. Foi porque, pela primeira vez, alguém me ajudou. E eu quis continuar naquele momento pra sempre.

Balancei a cabeça. Talvez eu seja mais idiota que Gajeel Redfox.


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