(...)Mas o erro foi dele, e não poderia revogar. Apenas aceitar as conseqüências de seus próprios erros.

José Miguel foi para um bar, ‘esfriar a cabeça’, sentou-se em uma mesa, e antes de pedir qualquer coisa ficou refletindo por algum tempo.

- O que vou fazer da minha vida agora? Ela nunca me aceitará de volta, sou burro. Parabéns, José Miguel, graças ao seu ciúme inútil, você perdeu sua mulher e seu filho, e não tem nem direito a perdão. – Pensava ele, enquanto estava debruçado sobre seus braços.

José Miguel estava distraído, quando ouviu alguém chamar seu nome.

- José Miguel, o que faz aqui? – Era Horácio, que vinha animado com seu chapéu na mão.

- Olá Horácio, estou triste, eu fui um burro.

- Nunca te achei muito inteligente, mas dessa fez você se superou. – Afirmou risonho, enquanto pedia uma dose de tequila.

- Mas desta vez eu me superei? Você já soube de Ivana, não é mesmo?

- Sim, eu soube, estive com ela há uns dias atrás, ela está muito mudada, de verdade. Sabe, se eu fosse você correria para ela, pois você não tem muito tempo.

- O que você estava fazendo com ela? E porque me diz isso? – José Miguel já começava ser consumido novamente pelo ciúmes que sentia da esposa.

- Serei sincero, eu tentei agarrá-la, mas ela se negou as minhas carícias, assim como as de Alonso. Como você pode ser tão burro a ponto de achar que ela te trocaria por um vagabundo? Abandonou uma mulher como aquela, aquele corpo perfeito, aquelas coxas...

José Miguel ficou colérico, e o agarrou pelo colarinho.

- Como pode fazer isso, Horácio? E como ousa falar assim de minha mulher?

- Acalme-se, homem, não aconteceu nada, fiz o que qualquer homem faria, Ivana é maravilhosa, e você a deixou para que outros conquistassem seu amor, não culpe pessoas que não tem nada com a vida de vocês. – Horácio tentava se desvencilhar dele.

- Como nada, ‘tu’ tentou agarrar minha mulher? – José Miguel lhe deu um soco no olho. – Isso foi por tentar agarrá-la.

Horácio, no chão, tentava se levantar.

-Eu acho que mereci, vá atrás dela, ela irá para o México com o menino.

- Quando?

- Vou saber, homem?!

- Obrigado, Horácio.

Quando ele tentou responder, José Miguel lhe deu outro soco.

- E esse foi por falar do corpo dela. Obrigado, muito obrigado! – José Miguel saiu decidido a ir para o hospital.

- Por nada, meu amigo. – Envergonhado, Horácio levantava do chão, em meio aqueles olhares focados nele.

José Miguel pegou a caminhonete e foi correndo para o hospital, chegando lá, encontrou Felipe.

- Que horas eles vão ter alta amanhã?

- Logo de manhã, mas por que quer saber? – Perguntou o médico, com uma prancheta na mão.

- Porque eu preciso vir cedo, ela quer ir embora com o meu menino, e isso eu não posso deixar, não posso perdê-la.

- José Miguel, o erro foi seu, ela pode fazer o que quiser, mas Ivana ainda te ama, e você vai ver o garoto, mas o que você fez, não se faz, meu amigo.

- E como você sabe o que fiz para ela? – Questionou José Miguel, com uma expressão de espanto.

- Pelo amor, em San Pedro de las Peñas não existe a palavra ‘segredo’ ou ‘discrição’.

- Para ajudar eu ainda expus minha mulher, eu sou um burro, um imbecil que não merece a mulher que tem, ou tinha.

- Vou atender os outros pacientes, não fique se lamentando, se mexa, venha amanhã e tente impedi-la de ir embora com o chiquito.

José Miguel foi para a casa e se trancou no quarto. Leonor batia incessantemente na porta, e ele mal a respondia.

- Filho, você está ai? Responda-me. – Dizia aflita, enquanto batia na porta.

- Estou, mas não para você, e nem para ninguém, então não estou.

Ele pensava apenas em um jeito de impedi-la, mas como? José Miguel pagara agora o que fez para Ivana, como foi capaz de duvidar da palavra da mãe de seu filho?

- Eu preciso fazer algo urgente, mas o que? – José Miguel ficou a noite toda pensando no que faria.

- Preciso ir até ela, e pedir perdão, é isso.