Segredos Beijos.

Capítulo Único – Kirino & Shindou.

“O beijo é capaz

De unir dois corações

Em um segredo

Que nunca foi contado.

E um sentimento destrancou

A imensa vontade que é o amor.”

~~//~~

O Sol queimava na cidade de Inazuma, e todos os habitantes saiam para aproveitar a estrela que logo partiria e em seu lugar o inverno pousaria.

Ranmaru Kirino resolveu que deveria sair também. Sentir o Sol em sua pele foi uma sensação boa, comparado ao que vinha sentindo nas semanas anteriores. Sua rotina tinha mudado drasticamente, desde que não possuía mais sua camisa 3, no time da Raimon.

Kirino só ia a escola e voltava, e fazia esse trajeto várias vezes... Sozinho. O rosado suspirou, odiava não ter companhia, alguém que lhe pudesse fazer rir e fazê-lo falar rapidamente. Embora tivesse seus amigos do segundo ano junto dele, Kirino sabia que queria apenas uma pessoa ao seu lado.

Queria que Shindou estivesse ali, queria que pudessem ir para casa todos os dias juntos, e parar uma vez naquele parquinho em que iam quando eram mais novos. Queria que pudesse jogar futebol somente com ele.

Mas o rosado sabia que tal desejo era impossível.

Ele é um Inazuma Japan, você não. Conforme-se com isso.

Kirino se conformava com a parte de Shindou fazer parte do time, mas não com a parte em que ambos não podiam se ver. Isso não era justo. Tenma não podia ver Shinsuke, mas pouco importava para ele, já que tinha Tsurugi e Aoi do seu lado. Mas Shindou tinha quem?

Um arrepio passou pela coluna de Kirino. E se ele me substituir? Se ele achar um novo amigo... E?

O rosado balançou a cabeça. Por muito tempo teve que ser somente o amigo de Shindou, se o moreno o substituísse sua vida ficaria totalmente sem rumo, e provavelmente procuraria Kariya para ser seu consolo. Kirino não estava certo se queria ou devia fazer isso.

Suspirou mais uma vez, e resolveu observar a paisagem. Contudo, viu seres que sabia que reconheceria em qualquer outro lugar.

“Tenma? Aoi? Tsurugi?”

O castanho virou ao ouvir seu nome, e ficou surpreso.

“Kirino-senpai! Que legal ver você!” Tenma deu um abraço no rosado e Aoi fez o mesmo logo em seguida. “O que o traz aqui?”

“Oh, eu só estava andando por aí. Aproveitar o Sol já que o inverno está chegando.”

“É verdade. Aoi, Tsurugi e eu fomos fazer o mesmo.” Tenma sorriu.

“Eu pensei que não podiam sair da estadia.”

“Não podemos.” Tenma afirmou.

“Então, porquê...?”

“Regras foram feitas para serem quebradas, Ranmaru.” Tsurugi sorriu.

“Até você Aoi?” Kirino perguntou surpreso.

“Oh, não. Eles me enganaram. Disseram que precisavam de ajuda para comprar as coisas no supermercado e eu fui ajudá-los. Eu só não sabia que o supermercado ficava na casa do Tsurugi. Pelo menos não fiquei de vela.” Aoi deu de ombros.

“Aoi, para com isso! Céus, você não estava de vela, o irmão do Tsurugi estava lá.” Tenma exclamou.

“O irmão do Tsurugi NÃO é meu namorado, o que resulta em duas pessoas ficando de vela.” Aoi explicou enquanto Tenma fazia uma careta. “Kirino, não quer conhecer os novos integrantes do Inazuma? Eles são legais. E a Sakura é super sua fã.”

“Isso seria legal.” Kirino concordou sorrindo e começou a andar com os amigos. “E os treinos?”

“Todos tem dado o melhor de si. Embora, Shindou não esteja mais aparecen... Ops, falei demais.” Tenma sorriu envergonhado.

“Como sempre, alias.” Tsurugi rebateu na ironia.

“Shindou está doente ou algo assim?” Kirino perguntou preocupado.

“Não, é que...” Tenma não completou a frase, pois Aoi deu uma cotovelada nele. “Ai! O que é? Que eu fiz de errado?”

“Kirino, por favor, não ligue para nada do que o Tenma diz. Ignore. Shindou-san está bem, só precisa se conformar com algumas coisas. Aposto que ele vai se sentir muito melhor quando assistirmos Harry Potter hoje a noite.”

“AH! De novo? Quero outro filme.” Tenma falou enquanto abria a porta. “Eu assisti esse umas trezentas vezes na casa do Tsurugi.”

“Assista trezentas e UMA vezes, então. Vou falar com o pessoal.” Aoi saiu pela esquerda, enquanto Tsurugi a seguia.

“Onde você vai?” Tenma perguntou e seguiu o olhar do azulado, que observava o olhar de Kirino.“Oh, é. Exatamente isso, Tsurugi!” Tenma piscou e começou a puxar Tsurugi. “Kirino, a sala é para a direita. Pode ir se quiser, nós vamos convencer Aoi que existem outros filmes no mundo. Vamos, Tsurugi!”

O rosado não havia prestado muita atenção no que Tenma havia lhe dito, desde da parte em que Shindou não havia aparecido nos treinos. Se Shindou não estava doente, então o que ele tinha? Kirino tinha de descobrir.

E por ironia do destino ou não, suas esferas tinham visto Shindou entrar em seu quarto. Kirino tinha que fazer isso. Quer dizer, não estava fazendo mal nenhum. Ele era amigo de Shindou. Sempre foi normal que se preocupasse com ele.

Kirino suspirou. Tudo bem, você pode fazer isso. É só ir lá, perguntar se ele está bem, saber as novidades e ir embora. Você já fez isso um milhão de vezes. Faça de novo.

O rosado balançou a cabeça e começou a andar, de repente se lembrando porque Tenma tinha o mandado ir pelo lado direito. Se eles tinham visto o que Kirino tinha visto, então era óbvio que saberiam que Kirino iria pelo lado direito para ver Shindou e não a sala.

Queriam que eu conversasse com ele sozinho. Como se já soubessem que Shindou e eu estivéssemos nos evitando. Tenma estava tentando me incentivar a falar com ele? Isso é besteira, Kirino. Lembre-se que Shindou só é seu amigo...

Mas bem que o rosado gostaria que fosse diferente. No final da busca pelo Chrono Stone, Kirino percebeu que Shindou havia se tornado mais distante, que sempre o moreno tinha uma desculpa para não ficar perto dele. Por que Shindou? Porque começou a me evitar? O que eu fiz de errado para você?

Kirino perguntou isso a Shindou, mas não conseguiu resposta. Mesmo que o rosado soubesse que sempre esteve apaixonado pelo moreno, nunca exigiu tal coisa. Nunca se declarou e deu dicas porque sabia que a resposta seria um não. Ao menos, que Shindou pudesse ser seu amigo, coisa que não seria se ficasse afastado demais.

O rosado abriu a porta lentamente e entrou no quarto. Havia duas respirações e um silêncio infinito.

~~//~~

Shindou definitivamente não estava para ninguém naquele momento. Não queria companhia. Não queria amigos. Só queria seu quarto, sua cama e uma boa soneca. O moreno fechava a cortina do quarto, quando ouviu a porta abrindo-se e uma respiração com ela. Suspirou.

Se fosse Tenma teria que lhe dizer pela última vez que não queria ver o Sol, e que estava ansioso pela chegada do Inverno. Virando-se preguiçosamente, começou a mover seus lábios, porém nenhum som saiu. Suas esferas marrons fitavam a figura a sua frente.

“Kirino...” Shindou quebrou o silencio infinito, mas, mesmo assim, sua voz era fraca.

“Hey, é sou eu.” Kirino sorriu.

O camisa 9 começou a sentir algo se agitar em si, seu coração estava tão acelerado, sua voz tão fraca, e o rubor estava evidente em suas bochechas. Só o que pode fazer foi abaixar a cabeça enquanto tentava pensar. Afinal, o que é que ele fazia ali? Em qualquer outro momento, seria mais sensato, não agora.

“Tudo bem com você?” Shindou ouviu a voz de Kirino se aproximar e recuou. Foi andando devagar para não tropeçar e tentou achar algo para se equilibrar. “Porque você está...? De novo... Está me evitando de novo.”

Shindou olhou para Kirino, e notou que este havia sentado em sua cama e suspirado. O moreno queria muito agir por impulso, ir até lá e dizer que não estava o evitando e que só estava surpreso. Mas ambos sabiam que não era nada disso. Shindou não podia ficar perto do melhor amigo porque certamente não conseguiria se controlar. E era errado amigos beijarem melhores amigos. Alias, não se deve apaixonar por um melhor amigo. Tsc, Shindou. Todo mundo sabe disso.

Mas Shindou não tinha toda culpa. Quer dizer... A culpa era dele. Kirino. A culpa é dele. A culpa é dele por ser tão bonito, por ter olhos tão cristalinos e hipnotizantes, uma voz doce e gentil, uma pele suave e um jeito gracioso. A culpa é dele por se tornar seu melhor amigo. O que podia fazer? A paixão é isso mesmo, a maior parte é feita de loucura.

Além do mais, lembre-se Shindou. Ele é um garoto. Os dois são.

O coração de Shindou quis gritar: E daí? E daí que ele é um garoto? Ele é... Meu amigo, ele é... Eu... Gosto dele.

Shindou balançou a cabeça. Não, não seguia o coração em hipótese nenhuma. Só para o futebol, o resto é importante seguir pela razão. Pelo que é certo.

Ainda assim, Shindou se ouviu dizendo:

“Só um minuto. Me dê um minuto, por favor.” O dedo indicava esperava e o moreno não ousou fitar os olhos do rosado para ver o que expressava. Shindou fitou o chão e...

Tentou lembrar. Havia prometido. Para Tenma. Que agir com Kirino da próxima vez que o visse. E ele estava ali, e não era assim que Shindou planejava. Ele queria estar pronto e não confuso.

No começo havia se sentindo muito confuso, porque desconfiava que Tsurugi e Tenma pudessem estar em um caso. Parecia loucura, é claro. Puf! Tsurugi e Tenma? Juntos? Não, não poderiam... Tsurugi não é dessas coisas...

Mesmo assim, o fato o incomodou tanto, que teve de perguntar a Tenma.

“Vocês estão... namorando?”

A reação de Tenma foi de surpresa, e Shindou logo soube a resposta, Tenma havia suspirado e olhado a ele.

“Parece que não consigo esconder tanto assim, não é?”

“Porque é que você não me contou?” Shindou perguntou um pouco revoltado.

“Porque, oras... É estranho, Shindou. Somos garotos. Quer você aceite ou não, é estranho... Não sabia se você ia contra ou a favor. Shinsuke não aprovou. Shinsuke! Ele é o meu melhor amigo e não aprovou, então por que você aprovaria?”

“Por que sou seu amigo?” Shindou arqueou a sobrancelha.

“Oh, é mesmo? Diga isso a Shinsuke, quem sabe ele não mude de ideia.”

“Tenma, não sei porque Shinsuke não aceitou isso. Mas eu aceito, numa boa, de verdade. Estou contente por vocês.”

“Você não estranha isso...? Dois garotos...? Namorando...?”

“Não.” Shindou disse aquilo tão normalmente, que Tenma se assustou.

“É verdade, eu me esqueci.”

“Esqueceu do quê?” Shindou o olhou confuso. Como Tenma podia esquecer algo que não havia lhe contado ou que ele mesmo não sabia?

“Você gosta de Kirino. E ele é um garoto.”

Shindou corou tão forte que não soube o que dizer por segundos. Tenma sabia. Como ele sabia? Não havia contado para ninguém, então...

“D-da o-onde é que você tirou isso? Gosto do Kirino, ele é meu amigo.”

“Não, não. Eu gosto do Kirino. Você o ama. É diferente, Shindou.”

“T-Tenma... Como é que você sabe? Quer dizer...”

“Shindou-san!” Tenma riu. “Isso tá na sua cara! Só o Kirino não percebeu, porque obviamente, ele também esconde coisas.”

“Do que está dizendo, Tenma?”

“Devia conversar com Kirino sobre isso. Vai se sentir melhor.”

“Droga, eu não entendo Tenma...”

“É estranho, eu admito. Mas vai ver que quando falar com Kirino, vai se sentir melhor.”

“Como vou falar com ele?”

“Oras, Shindou-san. Não sei, quando o ver aí, algum dia. Apenas diga o que sente, mesmo que não seja correspondido. Uma resposta sempre nos ajuda. Não importa qual ela seja, sempre nos faz seguir em frente.”

“Como é que sabe tanto dessas coisas?” Shindou provocou Tenma.

“Sou um cupido, oras.” Tenma riu e pegou as mãos de Shindou. “Posso apenas ser seu amigo. Posso tentar ajudar você e confortá-lo com palavras e abraços. Mas não posso dizer como fazer ou dizer as coisas, isso cabe ao seu coração. Sei como isso machuca, e nos destrói. Sei como é difícil, e como nos confunde a mente. Eu sei Shindou. Mas se nunca fizer, nunca vai saber.”

Shindou abraçou Tenma e sussurrou um obrigado. Suas esferas viram Tsurugi e logo ele se separou.

“Sem mortes Tsurugi.”

“O quê? Eu não disse nada.” Tsurugi disse inocentemente, embora parecesse irritado. Tenma riu e foi dar um beijinho no namorado.

A cena não abalou Shindou nenhum um pouquinho.

“Você deve fazer isso, não por mim, ou por Tsurugi, ou Kirino, mas por você Shindou.” Tenma disse. “Promete?”

“O que é isso? Virou cupido agora?” Tsurugi perguntou irônico. Shindou sorriu e acenou a cabeça.

“Prometo.”

“Legal! Tenho fome. Tem comida?” Tenma perguntou ao azulado.

“Tenho cara de geladeira agora? Oh, por favor, pendure-me imãs se eu parecer uma.”

“Nossa! Eu só perguntei sobre comida.”

“E eu educadamente respondi.”

“Ah, Tsurugi! Vá catar coquinho tá bom? Credo, que estresse!” Tenma pegou alguns papéis e saiu.

Tsurugi piscou para Shindou e seguiu Tenma. O moreno riu e se sentiu melhor.

“Tenma, aproveite e pendure aqueles avisos sobre quando terá festas.”

“CALE A BOCA!” Shindou ouviu Tenma gritar e seguiu para seu quarto.

Apesar de sentir melhor, isso foi algo que não durou muito tempo. Estava feliz por seus amigos, mas triste por Kirino não estar ali. Shindou estava querendo ferozmente que o rosado aparecesse por acaso, para lhe tascar um beijo e dizer o quanto o amava. Mas nada disso acontecia. E a única coisa que prosseguia e não o fazia bem, era ignorar Ibuki.

“Só quero saber porque me ignora!”

“DEIXE-ME EM PAZ!” Shindou bateu a porta e parou de se comunicar.

Passava dias trancado, sem fome. Pensava no que podia fazer, e nada lhe vinha cabeça. As fotos que tinha de Kirino no seu celular sempre lhe torturavam. Porque você não pode estar aqui quando eu quero?

Certo, quer dizer que o destino resolveu pregar uma peça no moreno. Quando Shindou só queria descansar, o rosado apareceu. Meio tarde, não Kirino?, Shindou pensou irônico.

Mas finalmente andou pelo quarto, e dessa vez ficou surpreso ao ver Kirino recuar na cama.

“Por que está recuando?” Shindou perguntou baixo, mas o suficiente para que Kirino o ouvisse.

“Você também recuou.” Kirino disse enquanto Shindou colocava um joelho na cama, inclinando-se para Kirino.

“Não tenha medo de mim.”

“Eu não tenho medo de você.”

“Então, por que está recuando Kirino?”

O rosado suspirou, estava sem argumentos e continuava recuando. Não podia ficar muito perto... Não ia resistir. Ia beijá-lo. Céus, pense em qualquer outra coisa Kirino!

“Você se afastou também. Por que eu não posso?”

“Você pode. Mas prefiro que não o faça. É difícil para mim. Quero lhe cortar uma coisa.”

“Contar o quê? Pode contar. De longe... Está tão perto...”

“Vai fugir?”

“Você não me dá espaço...”

Shindou sorriu um pouco, suavemente colocou suas mãos no rosto de Kirino e agora tinha de beijá-lo, mas não sabia se conseguiria. O moreno estava analisando a face do ser a sua frente. Seus olhos principalmente. Shindou conseguia decifrá-los, mas agora não passavam sentimentos.

“Não consigo...” Sua mão abaixou e ele suspirou melancolicamente.

“Não consegue... me contar?”

“É.”

“Então me mostre.”

“Mostrar?”

“É, mostrar, desenhar, fazer mímica. Sei lá, apenas... Faça. Está me deixando curioso.” Kirino disse com os olhos brilhando.

De repente, ambos pareciam crianças contando uma coisa super mega-hiper secreta, que se uma lesma ouvisse, seria o fim do mundo.

Shindou suspirou. Mostrar, certo. Mostrar. Você pode fazer isso Shindou. É fácil. É só...

“Você não está bem, não é?” Shindou sentiu a mão de Kirino em seus ombros.

“Estou sim. Eu estou pensando.”

“Pensando em quê?”

“Em como fazer isso.”

“Fazer o quê? Juro, Shindou, vou te bater se não me disser o que é. Droga! Sabe que eu sou curioso.”

“Você não está com medo.”

“Não tenho medo de você. Já te disse isso.”

“Mesmo... Se eu me aproximar... Muito?”

“Bem, isso é... Diferente...” Kirino afastou o rosto corado.

“Você tem medo sim. Acabou de se afastar.” Shindou riu.

“Não tenho!” Kirino puxou a gola da jaqueta de Shindou para que ambos pudessem se encarar, e os dois coraram fortemente. Agora, apenas sussurravam. “Viu?”

As mãos de Kirino deslizaram e Shindou as pegou delicadamente. Seus olhos fitavam as esferas azuis de Kirino.

“Shin-”

O moreno cortou a palavra antes de ser totalmente dita. Não ia ter outra oportunidade dessa e nem a mesma coragem. Selou seus lábios com os do rosado e fechou os olhos, se deixando levar pelo que sentia. Pelo coração. Pela loucura. Moveu os lábios procurando alguma resposta de Kirino.

Já este, estava surpreso. Idiota. Não te disse para não se aproximar dele? O que acontece com o Oi e Tchau?, Kirino pensou e fitou Shindou por alguns instantes. Ele está dando tudo de si nisso. Não está pensando...

Era tão raro não ver Shindou pensando, porque é que tinha que pensar também? Porque resistir se gostava do que estava acontecendo? Entretanto, o corpo de Kirino já havia cedido antes dele deixar. Suas mãos estavam entrelaçadas ao pescoço de Shindou, enquanto seus lábios se moviam nos do moreno com certa rapidez e habilidade. Kirino apenas fechou os olhos e aproveitou o momento. E pareceu que durou longamente, para felicidade de ambos.

Pequenas lágrimas se formavam nos olhos de Shindou. Não estava triste, ou chorando porque era errado. Mas sim porque isso era algo que deveria ter feito a muito tempo. Porque essa era a resposta que tanto queria.

Os lábios moviam-se de maneira rápida e prazerosa, e logo, Kirino havia cedido para Shindou entrar mais em sua boca. O moreno pesquisou cada local minuciosamente, até as línguas se tocarem e fazerem Kirino gemer. Parecia que o ar estava a favor do beijo, e continuaram a se beijar.

Kirino levou suas mãos aos ombros e puxou Shindou, fazendo com que o ex-capitão da Raimon, caísse sobre si. Beijaram-se mais ainda. Shindou trabalhava sua língua na boca do rosado, enquanto este fazia algumas carícias no cabelo marrom do outro, causando-lhe arrepios.

Finalmente, quando o ar resolveu fazer-se escasso, ouviram um grito.

“O QUÊÊÊE??? KIRINO RANMARU ESTÁ AQUI E NINGUÉM ME DISSE NADA?? ONDE?? ONDE??? KIRINOOOOOOOOOOOO!”

Kirino ficou um pouco assustado enquanto tentava recuperar a respiração. Shindou saiu da cama e trancou a porta, logo voltando para onde estava. Kirino respirava lentamente agora, e ficou sentando.

“Fã girls até mesmo aqui. Isso é uma decepção.” Kirino balançou a cabeça em reprovação.

Shindou riu e beijou Kirino na bochecha. O rosado estremeceu, mas não se afastou. Shindou esperava que Kirino pudesse dizer alguma coisa, mas logo notou que era ele que devia dizer algo.

“Eu gosto de você, Kirino.” Shindou disse olhando nos olhos do rosado.

“Gosta?”

“Gosto. Muito. Eu gosto de você, absurdamente, e me sinto um idiota, porque você corresponde. Deveria ter feito isso antes.”

“Eu pensei que você soubesse...”

“Que gostava de mim? Não, nunca soube...”

“Shindou, você é muito ingênuo. Metade da escola sabe. Não. Inazuma toda sabe! Até o Tenma sabe.”

“O Tenma é esperto... Tsurugi está com ele.”

“Sim, eu sei.”

“Só eu que não sabia?!” Shindou disse indignado.

“Você é ingênuo, já disse.” Kirino sorriu.

“Não sou tanto assim.” Shindou sorriu maliciosamente.

“Céus, deveria estar em casa. Já viu a hora? Preciso ir.” Kirino tentou levantar mas Shindou impediu.

“Ah, não vem não. Você é meu por hoje.”

“Sou é? Desde quando? Quem disse?”

“Eu.” Shindou puxou Kirino para um beijo que não foi recusado.

Dessa vez, lento e demorado, não havia pressa ali. Quando Kirino abriu mais a boca, Shindou entrou calmo e doce, fazendo Kirino estremecer em cada parte tocada.

A partir daí, tocaram vários beijos, de vários tipos e colocaram a conversa em dia. O quarto ficou totalmente escuro, e sabiam que era noite. Horas e horas conversando – e se beijando- não pareceram nada. Agora, estavam deitados fitando a parede.

“É por isso.” Shindou sussurrou na orelha de Kirino. “Está dormindo?”

“Não, eu estou pensando.”

“Hm...” Shindou deu uma fungadela no cabelo do rosado uma vez e depois beijou de leve a bochecha dele.

“Você sabe que há outras maneiras de ajudar Ibuki não sabe? Isso parece cruel.”

“Ah, não. Nem vem. Você também está contra mim?”

“Não, eu não disse isso. Só acho que há outras formas.”

“Vou fazer desse jeito.”

“Tá, tudo bem.” Kirino virou-se para Shindou. “Eu preciso ir para casa.”

“Amanhã. Hoje não. Está escuro, é perigoso agora.”

“Sei me cuidar.”

“Nem ligo. Você vai ficar aqui.”

“Shindou!” Kirino gemeu. “Quero ir para casa.”

“Você está em casa.”

“Não, nem faço parte dos Japan.”

“Fará, você vai ver. Espere um pouco mais.”

“Você é impossível.” Kirino se aborreceu e escondeu o rosto no peito de Shindou, sentindo seu perfume. E logo depois, sentiu seu rosto sendo puxado de leve e seus lábios se moverem lentamente. Kirino levantou-se um pouco e ficou por cima de Shindou.

Shindou sorriu no beijo, e continuou a beijá-lo. Vício. Simplesmente vício. E na verdade, não parecia tanta loucura assim. O moreno gostava desses beijos. Não era louco, era bom. E então, o moreno percebeu que realmente não se importava com que os outros pensavam. A vida era dele, e ele fazia o que ele queria. Ele queria Kirino, e ele tinha isso. Não desejava mais nada no momento.

“SHINDOU, VOCÊ ABRE ESSA PORTA OU EU DERRUBO! NÃO ESTOU BRICANDO DESSA VEZ!” Sakura gritou do lado de fora.

Shindou e Kirino haviam se preocupado na primeira ameaça, mas depois relaxaram quando Sakura passou a dizê-lo a cada meia hora.

“SHINDOU É SÉRIO! Você pode ter o Kirino sempre que quiser, eu não! Só quero um autografo. Droga! Só isso!”

“Tá, tá bom. Eu abro.” Shindou andou até a porta e a abriu. “Pronto. Fique aí com o Sr. Ranmaru. Eu quero água.”

“AAHH! Você é tão bonito pessoalmente! Tire fotos comigo para Instragam e Facebook? Por favor? Tenho que provar para minhas amigas recalque que eu conheci você.”

“Legenda, pelos meus cálculos será: Meu marido S2!” Manabe disse.

“QUER UM SOCO, MANABE?” Sakura provocou.

“Não, não. Estou bem.”

“Dá um autografo para mim também? Meu nome é Konoha! Gosto muito da The Mist!”

“Claro!” Kirino sorriu.

“Ele é o tipo de garoto que as garotas sempre ficam em cima não é?” Hayato disse com uma gota na cabeça.

“Garotos também, Hayato-kun.” Tenma disse piscando, quando Shindou apareceu.

“Eu não sei o que você disse, mas que saber? Não quero nem ouvir. Tenma pervertido.”

“Eu não.” Tenma riu. “Bem, vamos assistir Harry Potter 8! Querem assistir?”

“Já assisti. Todo mundo sabe que o Harry fica com a Gina. O Rony com a Hermione. O Voldemort morre e o Draco foge. Ah! E o nome do filho do Harry é Alvaro Severo Potter.” Shindou disse sorrindo.

“AH! Vai te catar Shindou! Eu NÃO tinha assistido ainda, droga.” Tetsukado saiu irritado, Kusaka o seguiu, Konoha foi atrás.

“Parece que vamos ter que assistir aquele filme de alien...” Ibuki sorriu.

“De novo.” Hayato bufou e seguiu com os outros.

Logo, apenas ficou Tsurugi, Tenma, Shindou, Kirino e Sakura.

“Aquele filme de alien é legal. O carinha se apaixona por uma elfa. O mais da hora, é que o protagonista é a cara do Kyousuke.” Sakura disse.

“Verdade.” Tenma riu.

“As fuças de vocês que parece com ele. Tenho cara que vou me apaixonar por uma alien? Tenho?”

“Claro que não.” Tenma riu novamente.

“Vamos assistir conosco, Kirino-senpai? Oh, você vai gostar! Além do mais, tem muitas guloseimas para gente devorar.” Sakura perguntou com os olhos brilhando.

“Parece legal. Vamos sim.” Kirino sorriu. Tenma e Tsurugi começaram a andar com Kirino, mas este foi puxado por Shindou.

Com os corpos colados, o moreno tascou um beijo quente de tirar o folego do namorado. Terminaram pelo ar que faltou.

“Ahn... Essa... Ahn...” Kirino respirava rápido. Shindou sorriu maliciosamente.

“Você é meu, não dela. Não se esqueça disso.”

“N-não v-vou esquecer. Pare de fazer isso. Eu gosto de você, não dela. Você é mais pervertido que Tenma.”

Shindou sorriu e entrelaçou seus dedos com os de Kirino e andaram pela sala.

“Tem certeza disso? Quer dizer...” Kirino disse relutante.

“Não vou esconder nada como eles. Não gosto de segredos. Eu realmente não me importo com as opiniões deles. Eu amo você.”

“Amo você também.”

“Bom... Agora, só preciso dar um jeito de você entrar no time. De-mê um tempo, eu vou conseguir.”

“Posso esperar, Shindou.”

“Eu sei que pode, Kirino. Esperou para ver se conseguiríamos ficar juntos, e estamos. Você nunca perdeu a confiança em algo tão rápido. É por isso que amo você.”

“Eu sei!” Kirino sorriu e notou as outras mãos entrelaçadas na sala. Hayato e Ibuki, Sakura e Tetsukado, Konoha e Kusaka, Manabe e Minaho, Tenma e Tsurugi. “Sabe? Eu também não gosto de segredos. Nem um pouco.”

“Eu sei.” Shindou roçou os lábios levemente nos do rosado. “AÍ! O filme é de aliens mesmo? O carinha parece o Tsurugi.”

“Se levar um soco depois, não reclama.” Tsurugi sorriu amigavelmente.

Todos sentara e começaram a ver o filme, tratava-se uma história onde uma princesa se apaixonava pelo garoto humano bonito e branco e então causava intrigas e mistérios entre seus amigos e inimigos. Mas esta é uma outra história.

“Aliens não existem.” Kirino afirmou.

“Como é que você sabe? Você já viu algum?” Manabe.

“Não. Por isso, não existem.” Kirino.

“OH, é. Faz sentido. Perdi.” Manabe sorriu envergonhado e todos riram.

“Eu te amo.” Shindou sussurrou no ouvido de Kirino. O rosado o analisou e rebateu.

“Como vou saber que você não é um alien?”

“Aliens não existem.”

“Usar meus argumentos, você se acha um esperto, não é Takuto?”

“Eu sou esperto.”

“Então talvez soubesse que não devíamos estar aqui, assistindo a um filme, quando poderíamos estar fazendo outra coisa bem mais divertida.” Kirino piscou e foi fazer companhia a Aoi, que estava agarrada a um ursinho de pelúcia. Logo, Sakura se juntou aos dois também.

Shindou corou mais que pimenta e ficou estático. Depois sorriu.

Estava tudo bem para ele agora. Sem segredos. Com Kirino. E ele estava feliz. Um beijo nunca o fez tão feliz. Ele não esqueceria aquele momento nunca.

O momento em que um beijo revelou todos os seus segredos, e despejou a alegria do amor verdadeiro.

“Assim é o desejo

Surge quando acontece

O mágico e inesperado

Beijo

Revelando todos os seus segredos

Trazendo consigo sentimentos

Desconhecidos

De um amor amanhecido.”

-FIM-