Já está de noite. A lua brilha no céu, iluminando nossas ruas em “Seseitei”.

Queria poder estar na minha cama, dormindo... Mas... Não vou conseguir esse mérito. Estou com insônia há dias... Minha mente à noite parece não querer se desligar dos acontecimentos dos últimos dias.

As batalhas, as mortes de amigos e subordinados.

Perseguições...

Mas, não é por isso que fico acordado...

Não é por isso que estou agora bem em frente a você. Deitada nessa maca, acoplada a todas essas máquinas para que continuasse viva, para que... Continue ao meu lado...

Já estou aqui no mesmo lugar há não sei quantas horas, mas eu continuo aqui... Devo estar cheio de olheiras pela falta de sono, mas eu não consigo sair daqui...

Fico olhando para você, dormindo profundamente. A pele pálida pela falta de luz solar, os lábios finos entreabertos, os cabelos negros, ao qual vivem presos e que tanto amo, agora soltos e esparramados no travesseiro branco. Os olhos, brilhantes de admiração, lindos e encantadores, agora jaziam fechados em seu sono eterno... Espero, não! Eu desejo que eles abram logo. Só para eu admirá-los mais uma vez...

“Hinamori”

Seu nome ecoa em meus desde que a conheci...

É quase impossível não se apaixonar por sua beleza divina... Lembro-me de como você era e de como é agora...

Praticamente não mudou nada, nem mesmo o sorriso...

Passei a mão de leve em seus lábios entreabertos. Queria que você acordasse nesse momento para que sorrisse pra mim, somente pra mim.

Eu sei, chame-me de egoísta, é a verdade. Meu coração é egoísta e eu a amo. Nunca disse isso a você e agora que a vejo entre a vida e a morte, sinto uma necessidade de voltar ao tempo e dizer, tudo o que você tentava me dizer desde o inicio.

Ah, Hinamori, lembrei-me de um dia quando você estava toda orgulhosa de si. Correu pra mim e sorrindo falava de como conseguira virar tenente, agradecendo por ter sido escolhida como tenente do Grande Aizen sorrindo e brilhando ficava toda orgulhosa sempre repetindo:

-“Aizen Taichou! Ele é maravilhoso...

- O que tem de mais nesse cara, ele é só um homem qualquer com um posto de metidinhos.

- Ahhh! Não diga isso, Aizen Taichou é um grande homem, tão elegante, gentil, prestativo, corajoso, bonito...”

Bonito? BONITO?!

Lembro-me de ter parado de prestar atenção no que você tanto tagarelava sobre seu novo Taichou, enquanto sentia um ácido subir pelo meu estomago.

Azia? Não, eu não comi nada desde o dia anterior...

Raiva? Talvez, mas era impossível odiar a um anjo como você Hinamori...

Ciúmes? É... Talvez seja mesmo isso, mas claro que nunca iria admitir, assim como nunca iria admitir que toda a vez que você me deixava sempre para seu “Aizen Taichou” eu me sentia um miserável, meu coração parecia não existir mais.

Aff, as noites de insônias, com medo de sonhar com meu querido anjo com aquele cretino...

Era uma tortura, precisava tê-la para mim, precisava voltar a vê-la...

- Por isso virei shinigami – Disse em voz alta – por você, para poder ver seu sorriso novamente...

Suspirei.

Lembrando-me novamente de seus sorrisos orgulhosos a me ver na escola. Você parecia tão feliz, e eu admirava seu sorriso, sorriso somente meu. Mas mesmo assim, não era o bastante... Por que seu sorriso, sua atenção sempre se voltava novamente para, adivinhe... “Aizen Taichou!”

“Você correu em direção dele, abandonando-me em meio a rua. Fazendo uma leve reverencia...

Seu sorriso não era mais para mim...

Seu olhar de orgulho também...

E agora você lançava um olhar de admiração para ele, um olhar que nunca recebi... Sai de lá antes que você fosse de verdade.”

Naquele tempo, e ainda hoje, eu não sabia mais o que fazer... Ele era um taichou e eu...

Então me decidi, viraria um Taichou. Mas mesmo assim, você nunca me dirigiu um olhar igual ao que dirigia a ele...

- Por quê? – pergunto sem pensar – Por quê? Olhe o que ele fez, olhe o que toda essa admiração resultou...

- Por favor, abra os olhos... – Pedi, meus olhos lacrimejando – Por favor, eu sei que já errei com você, mas abra os olhos...

Refiro-me a Kusaka, talvez uma amizade pura e singela, mas como disse antes sou egoísta. Quando conheci Kusaka, eu ainda não sabia o que sentia por você. Eu só sei que queria tirar você um pouco de minha cabeça, então eu o conheci. Eu e ele fomos cúmplices, ele me ajudava, ele era meu melhor amigo.

Sei que disse a você que nós éramos melhores amigos, mas cá entre nós, amigos não se desejam dessa forma, não sonham com o outro do mesmo modo egoísta que eu sonho com você, nem tem crises de ciúmes por causa de um Taichou de 5º, muito menos fazem o que estou fazendo agora...

- Por favor, perdoe-me...

Não seu se isso é pelos meus pecados passados, mas se for então acrescente esse pequeno e doce pecado que é beijar-te. Ah, se isso é pecado, então não me chame de santo...

Seus finos lábios meio secos, agora molhados pelos meus, minha língua ousada criando vida própria para poder provar do sabor doce e angelical que é o seu amor...

O que nunca tive...

- Muito menos mereço... – falei quando consegui me afastar do seu gosto maravilhoso, mas não muito longe, ainda podia sentia sua falha respiração se embaçar com a minha – Não sou o que você desejava que fosse, nem nunca irei de ser. Por favor, perdoe-me... Perdoe-me por amá-la e por só perceber isso agora...

Eu estava chorando, sei disso pois eu via em seu rosto algumas lágrimas molharem sua pele branca e desejosa.

- Hinamori, eu... Não queria, mas... – Não posso, não consigo dizer, sei que você não irá me ouvir, mas mesmo assim...

- Shiro-chan...

Hinamori?

Sim, é você! Você me chamou! Você chamou por mim! Não chamou por Aizen, por mim. Eu, seu Shiro-chan...

Hinamori, não abra os olhos ainda... Prometo que quando você acordar será para olhar para mim, prometo que você terá motivos para poder me olhar como um dia olhou para Aizen... Por que...

- Eu a amo... Hinamori!