Thalia saía de um longo e revigorante banho, quando a campainha tocou. Rapidamente ela se envolveu em uma toalha e foi atender a porta. Sim, ela esperava alguém.

“Oi, Tomi,” ela disse quando seu irmão mais velho entrou.

“Oi, maninha.” Ele a cumprimentou dando-lhe um beijinho na testa antes de dizer: “Tenho uma proposta. E trouxe a correspondência. Mas, primeiro, vá se vestir.” Ele disse com um sorriso maldoso enquanto se sentava no sofá e admirava o corpo da irmã mais nova.

Thalia se vestiu rapidamente, pois estava frio – era época de inverno em Nova York. Vestiu uma calça de flanela e um moletom da NYU, além de um casaco quentinho.

“Quais são as novidades?” quis saber ela enquanto retornava a sala; Tom a esperava, enquanto mastigava uma maçã pega da cozinha.

“Temos role para hoje, Thally. Um barzinho ótimo na Quinta Avenida, com música ao vivo e tudo mais. Eu,você e a Charlotte. Topa?”

Charlote era a peguete da vez de Tom; uma loira muito bonita que ele conhecera no escritório onde trabalhava, advogada de sucesso, que logo cativou Thalia pelo gosto em comum por Martini e cigarros.

“Sei lá, Tom. Estou exausta. Hoje a redação estava frenética. Mais um yuppie mais ou menos famosinho morreu essa madrugada. Pelo que parece, ele caiu do oitavo andar de seu apartamento ao ser flagrado com a amante. Então foi mega cansativo,” ela concluiu fazendo um beicinho.

“Ah, vamos...” insistiu Tom, entre uma mordida e outra de sua maçã. “Apenas um drink, vai. Nem precisa levar o seu carro, eu dirijo. Depois te trago em casa sã e salva. Posso até dormir aqui.”

“Vou pensar. Me passe a correspondência.”

“Está em cima da mesa. Tem mais algo pra comer?”

“Se vira, Tommy. Você sabe onde fica a cozinha.”

Tom saiu,  e Thalia se sentou à mesa do living para olhar o que havia recebido.

A maioria eram contas a pagar, correspondências do trabalho e publicidade, porém, havia um grande envelope branco.

Para Thalia Kantermann

Ela o abriu, curiosa. Era um bonito cartão, com detalhes em prata e escrito com letra caprichosa. Ela o leu:

Temos a honra de convidar a senhorita Kantermann

Para o casamento de

Lysbeth Grace e James Lynn

Thalia paralisou. Não sabia o que fazer.

“Thally, cadê a comida dessa casa? Não sei como você sobrevive sem...” Tom apareceu de repente, e deu de cara com a irmã paralisada. “O que houve?”

Thalia não ouviu.

Estava em choque.

Lysbeth ia se casar.

Sua antiga e amada Lizzy.

Lysbeth era sua ex – a mais amada de todas, a primeira, da época do colégio. Aquela que Thalia nunca havia esquecido.

Um flashback de todos os momentos que elas haviam passado juntas passou por sua cabeça.

Não, Lizzy. Não faça isso comigo, ela pensou.

“O que aconteceu?” perguntou Tom já alarmado. Ele a sacudiu de leve. “Por favor, não me assuste assim!”

“Lizzy vai se casar, Tomi.”