Foi muito difícil perdê-la, a doença infelizmente venceu desta vez e ele nada pôde fazer. Pensava que era até o melhor para ela, ao invés de viver e sofrer no hospital, cena que não podia mais presenciar. Mas por outro lado, sentiria falta dela para sempre e intensamente.

O dia estava nublado e eles estavam reunidos ali naquele pequeno quarto do cemitério, o corpo dela estava sendo velado por uma última vez, era a sua despedida do mundo. Dentre todos os familiares, ele com certeza era o que mais sentia. Sentia a dor de perdê-la, a dor de pensar que viveria sem o sorriso dela, a dor de não ter conseguido salvá-la.

“Não foi a sua culpa”, era o que todos diziam. Mas não pensava assim, sua consciência era pesada, não havia nada nem ninguém que poderia mudar isso.

Vê-la ali sem vida era o seu pior pesadelo se tornando realidade. Não enxergava nada, apenas olhava para o seu corpo fixamente, mas tinha a mente longe dali. Tão longe que não se lembrava de como ter chegado ali, naquela cova, não se lembrava de como já estavam enterrando-a.

Não quis dar uma palavra, se abrisse a boca, tinha a certeza de que choraria e não queria isso. Queria se manter forte até o fim. Apenas escutou, concordou e mentalmente se despediu.

O tempo lhe passou tão rápido que quando caiu em si, já era noite, fria e serena, ninguém mais estava ali a não ser ele. Esqueceram-na tão rapidamente. Finalmente desabou, deixou as lágrimas quentes lhe escorrer.

Tantas memórias elas continham... Lembrava-se de como a conheceu, tão linda e tão luminosa naquela noite. Lembra-se de que foi a única por quem realmente se apaixonou. O dia em que começaram a namorar, um dia ensolarado e tão bonito. O dia em que se beijaram pela primeira vez, a colisão de seu beijo, tão terno, apaixonado e gostoso, tornou tudo isso mais difícil, não o sentiria nunca mais. O dia de seu casamento, o sorriso que do seu rosto brotava linda e perfeitamente. O dia de sua lua de mel, os dias comuns que ao lado dela foram tão especiais.

Suspirou, e disse com a voz falha: “Adeus, meu único amor”. E então foi embora, para nunca mais vê-la, mas jamais esquecê-la. Entrou no carro e ligou o rádio, como de costume.

Todas as músicas não lhe animavam tão pouco chamavam sua atenção, mas essa sim. Everything do Lifehouse, a música que marcou suas vidas. Naquele dia, em que juntos viveriam para sempre. O sorriso, a alegria, a vivacidade dela inundaram sua mente, não podia enxergar novamente, as lágrimas e as saudades o impediam.

Respirou fundo, largou o volante, fechou os olhos e como a última coisa que viu na sua vida, lembrou-se da felicidade dela ao lhe dizer: “Eu te amo”.

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