Inocência Insana escrita por duuhalbuquerque


Capítulo 1
Capítulo 1: Yushiro e Misaki




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Aquele som alto e irritante visitava os ouvidos de Yushiro como toda manhã.

O  garoto acordou ainda meio atordoado, olhou para o relógio ao lado, e deu um tapa no mesmo, fazendo o objeto se estilhaçar pelo chão.  Ele sentou na cama remexida, seus cabelos negros estavam bagunçados, e seu rosto meio amassado.

      É, está na hora de levantar... – Disse o mesmo, se levantando da cama, ainda meio tonto.

Já fazia cinco meses que sua mãe havia falecido em um acidente de carro, agora vivia com sua avó, que não tinha tanta saúde para cuidar de um adolescente de dezessete anos.  O garoto de cabelos bem negros tomou um banho e logo substituiu seu pijama azul claro por um casaco cinza, blusa preta, calça jeans e all star. Olhou-se no espelho novamente, alguns fios de cabelo caiam sobre seus olhos absurdamente verdes, herdados de seu pai americano.

         Yushiro desceu as escadas de sua humilde casa. Chegou até então a cozinha, onde sua avó terminava de preparar o café.

      Ohayo – Desejou o garoto, depois de sentar-se a mesa.

      Ohayo, Yushiro-kun... Como dormiu? – A senhora simpática, virou-se até seu neto, com um grande sorriso no rosto.

      Muito bem, vovó... E a senhora? – Yushiro retribuiu o sorriso de sua avó materna.

      Senhora Misora tinha os cabelos quase todo branco, alguns fios pretos ainda se escondiam. Seus olhos eram surpreendentemente pequenininhos e enrugados, sempre deixava transparecer um sorriso agradável em seu rosto. Trajava um vestido simples todo estampado com flores coloridas. A mesma agora já havia feito o café para seu neto, então decidiu ir até a sala terminar de ver seu programa matinal.

Yushiro terminava de comer, enquanto admirava a cozinha tão confortável. A mesa era pequena, assim como as cadeiras de madeira. A cortina da janela ao seu lado tinha tons coloridos, o que fazia o ambiente mais alegre. Os raios do sol iluminavam cada parte do lugar, acompanhado com a brisa refrescante que passava pelos cabelos do garoto.

     É, deu minha hora... – Ponderou Yushiro, dando mais uma olhada em seu relógio e logo depois seguindo até a sala – Sayonara – Despediu-se de sua avó, e saiu em seguida.

 

         Caminhava pelas ruas de Tóquio como todos os dias, conhecia perfeitamente o caminho de seu colégio. Também não era pra menos, estudava lá fazia cinco anos, conhecia praticamente cada canto. Cumprimentava todos que passavam ao seu caminho, inclusive os comerciantes que vendiam frutas. Suas mãos permaneciam em seus bolsos, aquilo já era um costume antigo. As avenidas estavam movimentadas, assim como as calçadas, era um tanto comum naquele horário ver tanta gente. O garoto sorriu ao ver a mesma velhinha passeando com seu pequeninho cachorro.

      Ohayo, Saori-san

      Ohayo, Yushiro-chan – A velhinha sorriu para o rapaz.

 

Até que depois de dez minutos aproximadamente, Yushiro chegou até seu colégio. Já podia ver diversos alunos chegando, a maioria correndo antes que os portões fechassem.

Ao contrário dos outros, o moreno entrou calmamente, e até recebeu um sorriso do inspetor ao passar pelos portões.

Yushiro finalmente chegara até sua sala. Largou sua mochila preta sobre a mesa, e prontamente começou a tirar alguns cadernos. Olhou para trás, e logo percebeu a presença da professora de Geografia. Empurrou a mochila no chão e se sentou.

Olhava a professora, esperando que a mesma começasse a aula, e de modo súbito, recebeu um violento tapa na cabeça.

      AAAAAAI! – Gritou, virando-se rapidamente para ver o individuo que havia feito isso – Ah, tinha que ser você mesmo, Misaki, seu peste!

      HAHAHAHA, adoro te ver nervosinho – Se acabou em gargalhada o garoto, se sentando ao lado do amigo em seguida.

      Você não vale nada, sabia? – Ofendeu Yushiro, fazendo um bico com a boca, em sinal de protesto pelo acontecido.

      Eu sei que você me ama, seu besta – Misaki deixou escapar um sorriso sínico no canto dos lábios.

      Misaki era um garoto de dezessete anos, assim como seu amigo, seus cabelos eram extremamente lisos, até a nuca. Tinha o corpo ainda de um garoto bem novo, assim como seu rosto angelical. Na verdade, parecia ter no máximo quinze anos. Seus olhos eram magnificamente azuis, o que fazia as meninas delirarem por ele. Seus olhos eram levemente puxados, mas podia perceber facilmente que o mesmo não era totalmente oriental.

      Bom dia! – Desejou mais um garoto, se sentando atrás de Yushiro, junto de uma menina, que logo se sentou atrás de Misaki.

      Ohayo... Vocês chegaram vinte minutos atrasados – Brincou Yushiro, mostrando um sorriso em seu rosto.

      Foi culpa da Kaoru, que parou em uma loja de roupa e não queria sair mais – Respondeu Shirou, olhando de canto para a garota ao seu lado.

 

Shirou era robusto e o mais alto dos amigos. Seus cabelos eram loiros e arrepiados, os olhos castanhos contrastavam com seu rosto lívido. Diferente de Misaki, podia perceber a idade que tinha, era o mais velho da turma, dezoito anos.

Já Kaoru era uma menina extremamente linda. Suas madeixas eram longas até a cintura, e negras como uma noite mal iluminada. Seus olhos pequenininhos quase escondiam a cor dos mesmos. Eram tão negros como seus cabelos lisos. Tinha dezessete anos, como Yushiro e Misaki.

      Ah, mas tinha cada blusa linda... Até aquela com o desenho do Bob Esponja! – Falou a garota, com seus olhinhos brilhando ao se lembrar.

      AAAAH! BOB ESPONJA? – De maneira insana, Misaki deu um grito, causando um susto em todos ali presente – Nha, eu quero uma! – Prosseguiu, ficando agora com uma voz de súplica.

      Podemos passar lá depois da aula, o que acha, Misaki? – Kaoru sussurrou, olhando para os lados com um sorriso malicioso, como fossem fazer algo proibido.

         Assim foi passando as horas. Misaki e Kaoru só começaram realmente assistir a aula depois que a professora chamou a atenção dos mesmos. E, como num passe de mágica, já chegara o tão esperado intervalo. Misaki e Kaoru foram os primeiros a se levantarem, sendo seguidos por Yushiro e Shirou.

Agora os amigos estavam sentados em um banco no jardim. Cada um fazia seu lanche, Yushiro comia um sanduiche, Kaoru degustava um pacote de biscoito doce, já Misaki se deliciava com um pacote de bombons, Shirou apenas observava seus amigos, encostado em uma árvore ao lado direito do banquinho de madeira.

      E o nosso cinema amanhã, ainda está de pé? – Lembrou-se Kaoru, dando mais uma mordida em um dos biscoitos de chocolate.

      Ainda não sei... Talvez meu irmão volte dos Estados Unidos pra morar aqui novamente, caso ele venha, nem vai dá pra ser amanhã... – Yushiro respondeu, enquanto Misaki observava o seu amigo de infância.

 

         Yushiro levantou-se, amassou o papel onde estava embrulhado seu apetitoso lanche e seguiu até a lixeira. Mais alguns alunos passavam por ali, mas um, extremamente grosseiro, deu um esbarrão em Yushiro, fazendo o mesmo cair na grama. Prontamente, Misaki, Kaoru e Shirou seguiram até seu amigo para ajudá-lo. Yushiro se levantou e levou seus olhos até o garoto que havia o golpeado.

      Baka! Olhe por onde anda! – Gritou Yushiro, chamando a atenção do garoto que nem havia percebido o que havia feito.

Naquele mesmo momento, o garoto voltara, seus olhos demonstravam que ia revidar a ofensa do garoto. Shirou entrou na frente de Yushiro, o mesmo lutava Artes Marciais fazia uns três anos, e sempre protegia seus amigos de enrascada.

      Sai fora, garoto – Disse ele, pondo sua mão direita sobre o peito do outro, impedindo que o mesmo se aproximasse mais de Yushiro.

      Mas ele me chingou, você não ouviu? – Protestou o garoto, apontando para Yushiro.

      E você me empurrou, também não viu?  – Retrucou Yushiro, enquanto todos os alunos levavam suas atenções agora para aquela discussão.

      Eu nem percebi, você é tão... Tão imperceptível, que nem reparei – Agora o garoto rebatia Yushiro.

      AAAH, eu ainda acabou contigo, Kamui! – Gritou Yushiro, que tentou avançar até o garoto, mas foi impedido pelas mãos de Misaki e Kaoru – ME SOLTA, DISSE PRA ME SOLTAR! – Continuava a gritar.

      Nem vou ligar pra você, seu riquinho de merda! – Kamui virou as costas, desistindo de vez de tentar arranjar briga com seu rival.

         Realmente Yushiro sofria certo preconceito por ser o garoto mais rico do colégio. Seu sobrenome Kusanagi causava impacto por ali, tanto positivamente quanto negativamente.

Os Kusanagi eram uma das famílias mais ricas e bem conceituadas do Japão. Eram proprietários de diversos comércios, e até mesmo a metade do colégio fazia parte da família Kusanagi. Coisa que Yushiro escondia, com medo de sofrer algum tipo de preconceito.

      Não liga para o Kamui, Yushiro... Sabe bem como ele é – Misaki acalmava seu amigo.

Não era de hoje a implicância que Kamui nutria por Yushiro. Os dois haviam se tornado rivais fazia uns dois anos, depois disso, quase todo dia no horário de intervalo era uma nova briga. O que causava fascínio nos outros alunos.

Kamui era do terceiro ano, assim como Yushiro e os outros, mas, por sorte, ambos eram de turmas diferentes. O rival de Yushiro era um pouco mais alto que o mesmo, tinha o corpo mais atlético, seus cabelos eram castanhos escuros, assim como seus olhos. Andava com um bando de garotos metidos a rebeldes, assim como ele, e não chegava aos pés na popularidade de Yushiro. E isso irritava ainda mais o garoto.

         E assim mais um dia de aula normal havia chegado ao fim.

      Vamos lá comprar a blusa do Bob Esponja, Misaki? – Indagou Kaoru, segurando as mãos de seu amigo.

      Bem que eu queria, Kaoru-chan... Mas minha mãe me deu hora pra voltar, pois minha avó vem nos visitar do Brasil, e eu preciso estar em casa! – O garoto de cabelos castanhos respondeu, com os olhos lacrimejando.

      Então vamos deixar pra amanhã, tá? – Sorriu a linda japonesinha.

      Tudo bem, até amanhã... Sayonara! – Despediu cada um, seguindo caminhos diferentes, com exceção de Kaoru e Shirou.

 

         Misaki caminhava tranquilamente. Ainda lembrava-se do acontecimento de Kamui e Yushiro no intervalo. – Kamui, idiota... – Pensava.

O garoto então chegara até sua casa. Entrou, tirou seus sapatos, como de costume.

      Oi, amor... Como foi seu dia?  – A mãe de Misaki sorriu ao ver seu filho entrando.

      Tudo bem... E então, vovó já chegou?  – Misaki deu um beijo no rosto de sua mãe, e em seguida seguiu até a sala.

A mãe de Misaki tinha características de uma típica brasileira, um lindo corpo, assim como o rosto, que era bem parecido com o de seu filho. Misaki chegou até a sala, e logo se deparou com sua avó mexendo nos objetos decorativos sobre a mesa.

      Como sempre, fuxicando as coisas... – Pensou Misaki – Vovó! – Falou agora, chamando a atenção da senhora.

      Ah... Matheus, meu amor! – A velha, que usava um vestido catastroficamente cafona, apertou as bochechas de seu neto.

      Meu nome é Misaki, vovó... – Retrucou o garoto, enquanto sentia uma forte dor ao sentir suas bochechas esmagadas.

      Ah... Misa-não-sei-o-quê... Esse nome é feio, eu falei pra sua mãe colocar seu nome de Matheus que é bem mais bonito! Tinha que ser idéia do seu pai colocar um nome tão estranho... Coisa de japonês! – Disse a velha, enquanto mexia em sua bolsa verde-limão que estava sobre a poltrona ao lado da janela.

      É o nome do meu vovô que morreu... – Relutou Misaki, enquanto massageava suas bochechas, na esperança das mesmas pararem de doer.

      Nome de morto não trás sorte, Matheus... Ah, olhe o que eu trouxe lá do Brasil pra você... – A velha tirou uma revista e um porta-retrato da bolsa e entregou nas mãos de seu neto.

         O garoto começou a folhear a revista e não acreditava no que via.

      Revista de mulher pelada! – Misaki arregalou os olhos, tamanho foi o susto ao ver as poses das garotas nas páginas da revista.

      Exatamente... As mulheres brasileiras são lindas, você precisa ver! – A velha sorriu, enquanto Misaki ainda estava sem reação.

 

Agora o garoto de cabelos castanhos olhava o porta-retrato, e mais uma vez ficara surpreso. Havia uma foto de sua avó numa linda praia, provavelmente a famosa Copacabana, que Misaki havia ido quando ainda era apenas uma criançinhas – Típico dela... – Pensou o garoto.

Isabelle, mãe de Misaki, chegara à sala com uma bandeja de bolinhos e se assustou ao ver a revista na mão do filho.

      Mas o que é isso, Misaki? – Surpreendeu-se Isabelle, tirando a revista da mão do garoto.

      Foi a vovó que me deu... – Categoricamente, Misaki respondeu.

      Ah, mamãe... Falei pra senhora não trazer esses tipos de revista, não falei? – Zangou-se a mãe de Misaki.

      Matheus precisa ver essas coisas, minha filha... Ele é um homem! – Dona Madalena disse, demonstrando pouca importância para a filha.

      Primeiramente o nome dele não é Matheus, e sim Misaki... E segundo, não é só porque ele é homem que precisa ficar vendo essas coisas vulgares, da educação do meu filho cuido eu!

Misaki apenas observava a rotineira discussão de sua mãe e sua avó.

      Você é tão estúpida... Não faço mais nada pra agradar então! – Senhora Madalena se sentou na poltrona.

      Com licença, vou me trocar... – Pediu Misaki, saindo em seguida para seu quarto.

O garoto entrou em seu quarto e jogou a mochila sobre o chão, e logo depois caiu em sua cama macia e desarrumada – Minha avó é tão irritante... Só de pensar que vai passar uns dias aqui já me irrita mais ainda... – Pensou.


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Notas finais do capítulo

Espero que todos tenham curtido o primeiro capitulo da minha fic, Innocence Insane. Tambem espero comentários, oks? Isso me dará ânimo para a continuação... Comentem, oks?
Obrigadoooo, bgs ;*



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