Hoje começa o treinamento. Estou ansiosa e com medo ao mesmo tempo, não tenho nenhum tipo de habilidade. Talvez a inteligência, sempre tirei notas altas na escola, até na fase ruim da minha vida. De qualquer jeito não acho que isso irá me ajudar muito na arena, nunca peguei em nenhum tipo de arma. Sigo para o café da manhã, já pronta, minha roupa é ligeiramente desconfortável mas tento ignorar isso. Mich não está na mesa conosco. Munch já se pronuncia sobre o fato. – Mich está com uma pequena dor de cabeça, relaxem, já já ele estará bem. Um médico virá daqui a pouco, enquanto vocês estiverem no centro de treinamento. – Por algum motivo fico feliz com a notícia, ver Mich doente, sei que isso não é muito legal da minha parte, mas ainda tenho suspeitas de que ele só quer fugir da realidade.

Chegamos ao centro de treinamento, é um espaço gigante cheio de estações, me deparo com arcos e flechas, uma estação de facas e muitas outras. Antes de começarmos a fazer qualquer coisa, nossa instrutora Atala, nos dá algumas instruções e dicas. Começo numa estação que percebo que ninguém se quer olhou para ela, percebo que é um jogo da memória, porém muito mais avançado do que os que eu brincava na escola. É rápido e tem diversas imagens de animais, assim que me acostumo com a máquina, melhoro cada vez mais e me surpreendo com minha facilidade com o jogo. Quando percebo, já se passaram 2 horas. Então sigo para a estação de armadilhas, encontro a menina que flamejou a multidão ontem com suas chamas. Dou um ligeiro ‘’Oi’’ e sigo as instruções de Jerad, o instrutor daquela estação. Paramos para o almoço e me sento junto com Ian, que já fez uma amiga, ou aliada, esqueço que nos jogos não se pode confiar em ninguém. O nome dela é Rue, conversamos sobre as estações até que o almoço acaba, me encaminho para a estação de camuflagem, me inspirando em Samantha, e fico lá até o fim do dia.

Quando chegamos ao nosso andar, sigo direto para o banho, e novamente encontro Mich lá, deitado na minha cama, nu da cintura pra cima, chega a ser nojento. Ele levanta da cama rapidamente, caminha até mim e tenta soltar meus cabelos que estão presos em um coque, mas rapidamente afasto sua mão. E ele solta – Nossa, está começando a mostrar seu lado agressivo, boa garota! – e bate palmas. Tento de algum jeito entender mas não consigo, fico parada em frente a porta fechada por diversos minutos esperando por mais alguma palavra de Mich até que me canso e começo – Tudo bem, o que você quer? Você já abusou de mim, já me ameaçou, já não é o bastante? Não consigo entender o motivo de tudo isso, mas já está feito. O que mais você quer?! – Eu explodo, já não basta ter que ser levada para a morte daqui a alguns dias ainda tenho que passar pelo ‘’pesadelo Mich’’ nos meus últimos momentos de vida. Estou enraivecida quando ele finalmente responde minha pergunta. – É tão bom ver você com toda essa raivinha de adolescente, me deixa mais excitado. Vou te explicar a situação queridinha. Quando fui mentor pela primeira vez, eu era extremamente atraente. – Difícil de acreditar – Ei! Não estou tão mal assim. Mas enfim, e a tributo daquele ano me seduziu, provavelmente para eu ajudá-la mais na arena. De qualquer jeito eu me deixei levar e adorei todos os momentos. A partir daquele ano, faço isso com todas as meninas, me dá muito prazer. – A partir do momento que ele explica tudo aquilo, sinto mais nojo ainda dele. – Por favor, eu estou cansada e o jantar está prestes a sair, vão acabar desconfiando da minha demora. – Tudo bem, eu vou sim, mas antes tenho uma surpresa. – me beija, coloca sua blusa e sai. Estou no banho enchendo minha boca de água e cuspindo diversas vezes, os lábios exclusivos de Gabriel foram tocados por um homem imundo e repulsivo. Estou devastada.

Durante o jantar Samantha nos alerta sobre nossa apresentação para os patrocinadores, nós pede para não mostrarmos demais nossas habilidades (como se eu tivesse alguma) e surpreende-los na arena e que acontecerá no final da semana. Pergunto um pouco sobre as estações de faca, quero aprender um pouco. Ela diz para eu começar com pequenas coisas que os carreiristas não se importam muito e só no final do dia ir treinar com as facas, para não darem muito atenção a mim. Ian faz algumas perguntas mas eu não presto muito atenção pois estou mastigando uma das melhores coisas desse mundo, a carne mais macia o pão mais crocante e um molho fantástico de alho, repito e quero repetir de novo mais fico com receio de Munch me dar uma bronca então só espero a sobremesa que não deixa a desejar. Sigo para o quarto e durmo.

Durante a semana continuo com a mesma rotina: Jogo da memória, armadilhas, camuflagem e no fim do dia, armas. Hoje é o dia de nos apresentarmos para os pacificadores, estou nervosa, por que não preparei nada de especial para esse dia, só pensava na minha ‘’vida’’ na arena. Levanto da cama e tomo um banho quente (finalmente aprendi a mexer em tantos botões). Eu e Ian tomamos café da manhã e seguimos para o centro de treinamento. Esperamos em bancos com o número do nosso distrito desenhado. Ian é chamado primeiro e depois de alguns minutos de tanto nervosismo a voz invisível diz: - Finch Locaster!