O Piano escrita por Isabella Cullen


Capítulo 17
Realidade em espera


Notas iniciais do capítulo

Bom meus amores obrigada pela presença aqui e pelo carinho, espero que gostem do capítulo, o próximo já está pronto e vou postar na quarta feira! Beijos meus amores!



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Olhando para a cidade de Nova York adormecida e embalada pelo resto de música que restou da virada eu estava pensando e tentando não deixar o medo me dominar. Eu tinha medo de perder Edward e nunca mais me sentir tão viva e tão eu como eu estou se fosse sincera eu nunca mais conseguiria respirar sem ele ao meu lado. Ele dormia tranquilo coberto só em algumas partes por um lençol branco, sorri e pensei que essa visão deveria ser pecado em tantos sentidos.

Fui para a cozinha e comecei a explorar ela. Tinha muitas coisas para muitos dias, quem fez isso era um exagerado. Com calma eu coloquei o café na cafeteira, separei um suco e fiz algumas torradas. Eu definitivamente não sabia fazer algo tão bom quanto Edward e queria muito comer suas panquecas, mas hoje eu prepararia o que desse. Arrumei a mesa e fiquei pensando em uma nova melodia que surgiu há alguns dias atrás, eu queria um piano para dedilhar ela e ver como ela era fora de minha cabeça.

– Bom dia.

Edward estava só de cueca parada na entrada da sala e eu sorri. Ele veio um pouco sonolento em minha direção e me abraçou. O cheiro dele era perfeito, ele tinha tomado banho antes de vir me encontrar.

– Eu queria preparar nosso café.

– Ainda pode fazer as panquecas.

Eu estava com muita vontade de comer elas. Não resisti a pedir isso a ele. Edward olhou a mesa posta com frutas, suco, pães e chá.

– Só falta elas mesmo.

Enquanto ele fazia eu fui tomar banho e colocar algo confortável já que o aquecedor do apartamento era perfeito, agora nevava em Nova York e eu fui simplesmente arrebatada pela visão da neve caindo. Eu amava o inverno e suas manifestações.

– Suas panquecas estão esperando.

– Não é lindo?

Ele se aproximou de mim por trás e me abraçou.

– Eu gosto da primavera, as flores e a vida que elas emanam.

– Não sei se ainda pude perceber algo de diferente, sabe acho que só reparei mesmo em flores quando vi a paisagem de sua casa em Paris. Aquelas flores sim me tiraram o fôlego.

– Posso prometer que verá a primavera com outros olhos.

E tomando café eu refleti sobre nossos gostos. Edward era assim, a primavera em gênero vívido e eu o inverno com minhas dores e mágoas. Eu esperava ansiosa a primavera e que com ela muitas coisas novas acontecessem. Passamos a manhã na cama rindo e nos amando. De tarde nós fomos visitar alguns amigos de Edward e apesar de pensar que veria Caleb não o vi mais, conheci Katrina e Joseph, um casal de senhores que tinha um lindo restaurante no centro e que morava numa área exclusiva de Manhattan. Eles nos contaram como chegaram aos Estados Unidos ainda novos e que viajaram pelo mundo depois que seus dois filhos mais velhos casaram e que agora estavam na sua mais nova jornada: Precious. O restaurante era o mais novo filho deles e isso os estava empolgando demais.

– Como os conheceu? – perguntei no carro tirando as luvas e deixando o aquecedor do carro fazer milagres.

– A filha deles é a spalla* da Sinfônica de Londres.

*nome dado ao primeiro-violinode uma orquestra. Na orquestra, fica na primeira estante, à esquerda do maestro. É o último instrumentista a entrar no palco, sendo o responsável por afinar a orquestra, antes da entrada do maestro. É também o responsável pela execução de solos e atua como regente substituto, repassando aos outros músicos as determinações do maestro.

– Maria Elizabeth?

– Sim, a conhece?

– Não pessoalmente, mas já estivemos em alguns eventos juntas. Ela foi homenageada ano passado. Ganhou um prêmio de grande valor em Berlim. Eu cheguei um pouco depois do discurso dela.

Edward me olhou com aqueles olhos.

– Eu saí um pouco antes dela discursar.

– Estava em Berlim?

– Sim, Jean exigiu que eu fosse, iam me fazer discursar só que de última hora eu preferi ir embora.

– íamos nos encontrar...

– Sim.

Aquela possibilidade me fez ter borboletas voando pelo estômago. E então eu me lembrei: eu estava grávida. Grávida. Eu o olhei sondando mais alguma coisa, mas o seu celular tocou e ele saiu para atender. Ele de alguma forma saiu porque eu estaria lá? Isso parecia explicar, mas não fazia sentido, não nos conhecíamos. Ele falava com a mãe e estava animado no telefone, mas meus pensamentos ficaram refletindo sobre as coisas que estavam faltando em muitas informações e coisa que vivemos.

– Minha mãe quer falar com você...

Atendi Esme e esqueci por completo todas aquelas questões. Ela estava animada com toda aquela euforia de Ano Novo e gargalhei com Carlisle quando ele disse que queria conhecer a namorada do filho dele, Edward não entendeu, mas depois disso pegou o telefone brigando com o pai e eu ria de sua maneira de falar. Era fácil como respirar ser um Cullen, eram todos tão calorosos e amigos.

– Quando vamos encontrar seus pais de novo?

Perguntei fechando as malas. Tínhamos longos ensaios antes da estreia e todos estavam intimados a voltar a ensaiar antes mesmo de curar a ressaca.

– Eles agora devem voltar para Londres e ver como as coisas estão com Emmett, depois eles devem ir para os EUA ver uma prima de meu pai no Colorado e chegarão em cima da hora como sempre.

– Eles viajam muito não?

– Demais. – ele falou rindo.

Quando ele pegou a mala eu olhei triste para o seu apartamento. Eu queria tanto ficar mais um pouco, só um pouco mais.

– Voltaremos meu amor. Voltaremos sempre. Deixa essa loucura de turnê mundial acabar e voltaremos.

– Promete? Eu acho que ainda não estou pronta para deixar Nova York.

– Eu acho que não estou pronto para dividir você.

Ele se aproximou e me beijou. Intenso e forte. Eu o amava e retribuí com o mesmo ânimo. Por mais que quiséssemos continuar não poderíamos, tínhamos um jato para nos levar para Paris e um maestro que queria acabar com nossos dedos antes do inicio da turnê. Eu ainda podia ouvir a nova melodia quando entrei no jato e fiquei me imaginando tocando ela no piano de Paris. Ele daria o som perfeito para ela, era calma tranquila e doce.

– Amor, precisamos desembarcar.

– Já?

– Você dormiu o caminho todo e olha que não foram poucas horas.

– Eu estou cansada.

– Eu sei quando chegarmos em casa você dorme mais um pouco, quer parar e comer alguma coisa? Eu deixei uma ordem para reabastecerem a cozinha de nossa casa.

Nossa casa. O olhei emocionada. Sim, aquela era nossa casa.

– Então vamos comer algo lá.

Ele enquanto dirigia pegou na minha mão e eu novamente sorri com aquele gesto. Edward e sua ternura me embalavam numa falsa. Sim, era uma falsa e assim que chegamos eu corri para cima e ao ver o piano eu suspirei de felicidade e ansiedade. Tirei o casaco e a luva, abri a tampa deixando as teclas brancas e pretas ficarem na minha frente sem nenhum obstáculo. E então as notas surgiam em mim como se sempre estivessem ali decoradas, era uma nova forma de expressar o que tinha em mim. Meus dedos deslizavam pelas teclas. Calma. Calma e serena. Sim, calma e serena. Essa era música. Calma e serena. Até seus tons mais graves conseguiam ser dessa forma. Como sempre fazia eu toquei novamente ela inteira dessa vez corrigindo algumas coisas de que não tinha gostado e dando o meu toque nas últimas notas.

– Lindo.

Olhei para Edward parado na porta.

– Calma e serena.

Ele fechou os olhos como se revivesse as notas.

– Sim, nome perfeito. O seu talento é inspirador.

– Você é minha inspiração.

Senti ele ficar envergonhado.

– Vamos comer alguma coisa. Eu já disse como gosto de cozinhar com você tocando? Podemos fazer isso em qualquer casa que tivemos não?

– Sim. Com certeza.

Eu estava definitivamente envolvida com ele até o último fio de cabelo. Fazendo planos, casas e família. Eu queria um menino aventureiro e explorador como ele, uma menina com seus olhos e uma linda casa com um piano em um lugar especial. Sorri ao imaginar a cozinha embaixo dela e com todas as loucuras que faríamos nela. Bebemos um vinho enquanto Edward colocava uma música no som, ela de uma banda irlandesa e ouvimos todo o álbum discutindo os pontos fortes e fracos dela. Amanhã seria o primeiro dia de ensaios e o que importava naquela hora era estarmos ali juntos nos amando no tapete e indo dormir no mesmo quarto. A realidade poderia esperar mais algumas horas.

Música : Two door cinema club – Next Year.

Ouçam, vale a pena!


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Notas finais do capítulo

Ouviram a música? Inspiradora o próximo está muito romântico. Eu sou apaixonada por esse pianista meninas!