Mantendo O Equilíbrio - Um Novo Amanhã escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Segue-se a saga do "como um dia sem celular faz diferença" rs
Pelo menos tem uma desculpa para seu melhor amigo não te matar, né, Milena?

Enjoy.



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– QUEÊÊ GATO ERA AQUELE, Milena?

Daniela simplesmente se pendurou às minhas costas no pátio da faculdade.

– Shii, Dani. É da minha turma.

– Como que nunca o vi antes?

Apesar de estar quase em cima da hora de as aulas começarem, a área da lanchonete tá vazia. Não tem fila quando chego lá para pedir um sanduíche rápido. Ao me avistar que Dani correu para me abraçar. Ela tinha me visto com Sávio, que seguiu minhas orientações para a secretaria.

– Foi transferido recentemente.

– Me ofereço para um tour com ele. O cara tem uma lapa de peitoral, tu viu?

Tanto vi quanto senti.

Eu não pensei isso, eu não pensei isso.

– Hã... missão esquecer o Bruno em andamento ainda?

– Ai, não me lembra disso, Lena. Na realidade, valeu por ter lembrado, porque eu te liguei só umas MIL vezes para que você viesse com a gente hoje. Ele ofereceu carona, aceitei pensando que você pegaria com ele também. E nada de tu atender esse telefone! Tu sabe que minha relação com ele tá super estranha, ficar sozinha com ele no carro, num engarrafamento ainda, foi triste.

Nos sentamos à mesa para que eu devore logo meu sanduíche, mais engolido do que mastigado pelo horário. Entre engolidas eu consigo espaço pra falar:

– Depois quero saber o que foi que aconteceu nessa virada de ano entre vocês. Naquele dia que te liguei não deu pra ficar no telefone. Se eu te disser o quanto de coisa que tenho que fazer ainda já que o aniversário é amanhã, tu chora comigo. Garantia mesmo só tenho o presente. Hoje não foi um belo dia para esquecer o celular em casa.

– Num foi mesmo. Só me faz o favor de não me deixar sozinha com ele?

Rio do seu desespero porque ela riu do meu.

– Ok, vou fazer o possível. Viu Djane por aí?

– Deve tá na sala dos professores essa hora.

– Tá, tenho que correr.

Tomo meu último gole de suco e parto para lá. Já disse que o dia tá dose hoje?

~;~

Incrível como a gente se presta a um papel desesperador para chegar na hora da aula e professor inventa de se atrasar. Se fosse o contrário, eu que tava marcada para todo um semestre. Mesmo que fosse o primeiro dia de aula. Professora Amália é durona nesse quesito. Menos hoje.

Topei com Sávio saindo da ala da secretaria quando eu vasculhava a sala dos professores atrás de Djane. A mulher também sumiu, para meu desagrado pessoal. Assim subi logo para a sala para mostrar algumas coisas para Sávio no caminho que era seu agora também. Lá não tinha muita gente, a maioria estava no parapeito do corredor conversando e matando as saudades em suas panelinhas. Cumprimentei a galera, apresentei uma geral para o cara transferido, entramos na sala.

Conversava com ele já mais a vontade sobre a faculdade quando Gui e Flávia chegaram. Como estava de costas para a porta, nem os vi. Já Gui fez questão de se fazer ouvido, o que me fez saltar da mesa do professor em que estava sentada:

– DONA MILENA LINS, TU ME ODEIA POR ACASO? TÁ COM RAIVA DE MIM? SABE QUANTAS VEZES TE LIGUEI?

Com um facepalm, rio e repito o que Dani já havia me dito:

– Só umas MIL?

– Por que não me atendeu?

– Cara, quando eu te contar o que me aconteceu hoje, tu vai é me abraçar. Sou muito é da valente, tem sorte de me encontrar viva ainda.

Quem me abraça na verdade é minha amiga, que parece que há anos num me via. E não fazia 24h que eu tinha saído da casa dela. Um dos últimos detalhes da surpresa foi decidido ontem mesmo lá. Antes de cumprimentar meu amigo, apresento os dois a Sávio. Gui ainda parece indignado. Falsamente, claro:

– Agora conte.

Inspirei fundo para falar tudo numa lapada só. Indicava cada item pelos dedos.

– Fiquei presa meio que dentro/fora de casa, o celular ficou dentro, Ryan tocou tanto que até agora tô com a música na cabeça, tive que pular o muro pra poder sair, peguei um busão lotado, desci na lotérica ali da avenida, consegui pagar as contas antes de Murilo me matar, quase fui assaltada e o Sávio aqui que me ajudou.

Isso o cala. Já Flávia fica preocupada.

– Meu Deus, Mi. Você tá bem?

– Agora tô. Não consegui encontrar Djane. Gui, me passa teu celular aí, rápido. Tenho que avisar também Vini de que tô sem o meu. Ah, merda, ainda tenho que ver com Murilo sobre a bomba de bicicleta.

Enquanto procura o seu no mundo perdido de sua mochila, Sávio, que ainda estava lá, questiona:

– Pra quê uma bomba de bicicleta?

– Pra encher balão de aniversário. Murilo disse que não tem amizade essa no mundo que o faria perder o fôlego pra encher balão.

Gui concorda e leva tabefes leves no braço, um meu e outro de Flávia.

– Eu posso conseguir pra vocês. Não te disse que meu tio tem uma loja de motos? Lá tem peças pra bicicleta também. E claro, a bomba.

– Valeu, Sávio. Vô checar com meu irmão, se ainda não tiver arranjado, pego com você. A propósito, pra te situar, tamo organizando uma festa surpresa.

– Pra esse tal Murilo?

– Não, ele que é meu irmão. É pro Vinícius, meu namorado. Shii, é surpresa.

Sussurro de brincadeira e Sávio sussurra de volta, um pouco perdido:

– Ah, ele é daqui da turma também?

– Não, nem estuda aqui. Fiz “shi” pra reforçar mesmo.

– Ai, não.

Flávia faz uma cara de desgosto com esse murmuro. Se me disser que a encomenda do bolo deu errado, eu mato ela!

– Olha quem tá na nossa turma. Quer dizer, não olha!

Nem preciso olhar mesmo, porque o ser simplesmente sabe preencher o espaço com seu egocentrismo. Reviro os olhos, faço cara de tédio. Como ele foi parar na nossa turma mesmo?

– Meninas, o rei Hermani voltou.

Era André Hermani, um dos caras mais pé no saco da faculdade. Pensei ter me livrado dele semestre passado quando sumiu das vistas de todo mundo. Boatos corriam de que ele tinha conseguido um intercâmbio, outros de que ele tinha se cansaço daquilo tudo, era rico e não se importava muito com as coisas. Mais esnobe impossível, mais idiota cafa, possível.

Era bonito até, sua beleza exterior é que não conseguia compensar o quer era por dentro. Ele quem fez o trote quando minha turma iniciou na faculdade, era de um período avançado que o nosso. Só porque o fiz perder uma aposta na festa de entrada, André implicava comigo sempre que podia. Quase saí no tapa com ele uma vez por causa disso.

Pelo jeito estava de volta e pagando o período que sumiu.

Não podia sumir por mais um não?

E então a professora deu a graça de sua presença, nos fazendo sentar e retomar o que ela deu na aula de Marketing no período passado para dar continuidade à disciplina. Dali mesmo algo me dizia que esse semestre seria um pouquinho complicado.

Quando não é?

~;~

Fiquei um tanto chateada por Sávio ter sido levado pela panelinha que André formou logo que chegou. Na aula, André foi certeiro de sentar ao lado dele – e me provocou algumas vezes, só pra não perder a mania, aposto. Eles juntaram umas mesas da lanchonete que logo se encheu no intervalo.

Eu e meus amigos ficamos do outro lado do pátio. Como tinha lanchado mais cedo, preferi apenas uma sobremesa que Gui foi pegar. Terminava de contar a Dani e Flávia a odisseia do dia quando ele apareceu. Me entregou o pedaço de torta que me seduziu na vitrine da lanchonete e passou o sanduíche para Flávia enquanto abria o seu. Serinho, ele comenta:

– Sabe, Milena, achou que o Vinícius me cantou.

Quê?

– Sério, escutem essa mensagem: “Oi, amor, tenta me ligar no seu intervalo mesmo”. Eu não sei o que responder a ele.

Com alívio, todos riem. Foi porque eu tinha mandado mensagem a Vini pelo celular de Gui, já que com a chegada da professora eu não pude falar com ele por ligação. Devia estar ocupado na aula, pois Murilo foi mais rápido de responder. Entre palhaçadas, levanto para deixá-los, pois tinha que resolver umas coisas com Djane sobre falar com um vizinho dela que poderia nos ajudar numa parte da organização da festa.

– Ok, tenho uma sogra pra caçar ainda.

– Ih, ouvi que ela tá trancada desde cedo com Fabiano. Reunião dura com o diretor. Nem pôde dar aula agora nos primeiros horários, minha turma ficou vadiando aqui.

É Bruno quem chega com a péssima notícia.

O que tem o dia de hoje para ser tão ruim? Parece que não consigo resolver nada. Tomada pela frustração ainda consigo cumprimentá-lo com um abraço. Tava precisando de um mesmo. Quando faz que vai me soltar, não o solto, deito a cabeça no seu ombro. Brincalhão, ele me abraça ternamente de novo.

– Que foi, hein? É TPM?

– Não, stress. Stress de organizadora do aniversário-surpresa do namorado num dia recheado de azar.

– Que nada, vai dar tudo certo. O da Flávia foi de última hora e foi um sucesso, não foi?

E é ela quem explode.

– Quê? Vocês tinham me dito que planejaram por tempos!

Por que todo mundo de repente olha pra mim? Dou de ombros, ela não tinha do que reclamar, foi um sucesso mesmo e ainda arrecadamos fundos para as crianças necessitadas, que iriam receber parte do dinheiro rendido naquela noite especial.

– A gente tava trabalhando na monitoria, Flá. Pareceu tempos.

Uma risada manifestou-se ruidosamente pela lanchonete, que chamou a atenção de todos. Era o André, fazendo mais uma de suas aparições na mesa. Parece mesmo que o “rei podre” voltou.

– Esse cara num cansa, não?

Resmungou Bruno ainda com os braços passados em volta de mim. Solto-o para voltar ao banquinho em que estava sentada, e vejo uma Dani pra baixo. Queria até conversar com ela a sós, só ainda não arranjei tempo pra isso. Um pouco cansada, faço drama aos meus amigos:

– Adivinha em que sala ele caiu? Dica: já falei do meu azar de hoje?

Dani interfere. Na realidade, quase quica quando nos dá uma boa notícia, enfim.

– Então vamos mudar de assunto. Vocês vão para o EREAD? Tava todo mundo falando hoje na turma. Vai ser daqui a quatro meses.

Engatamos uma conversa sobre o “Encontro Regional de Estudantes de Administração” que rolaria num Estado colado ao nosso. Os anúncios do encontro só demoraram por causa de um problema que tiveram na universidade de lá, mas já estavam nos murais da nossa faculdade segundo Dani. Seria uma viagem que poderíamos ir todos e nos manter juntos, afinal, eu, Gui e Flávia somos da turma do 5º período, Bruno do 4º e Dani do 3º. Era melhor começar logo as pesquisas de orçamento, transporte, estada e outras coisas mais. Prometi verificar isso logo após o níver de Vini, para não me atrapalhar em mais nada, que já de odisseia me bastava.

~;~

Estava acontecendo alguma coisa séria na diretoria do curso de Administração. Porque, além de Djane não sair de lá, outros professores mais foram convocados para uma reunião de emergência. Havia um movimento estranho, ninguém tinha alguma ideia sobre o que estava acontecendo, não além dos boatos. Tinha cada teoria que melhor nem mencionar. Até nosso professor de orientação de estágio supervisionado estava lá, e não em sala. Luciano da recepção, famoso quebra-galho, foi deixar o recado de que nossa turma fora dispensada por causa disso. No entanto, eu, Flá e Gui permanecemos em sala, pois eu queria esperar Djane para conversar. Se não, Vini mesmo que disse que ia me buscar.

Conversei com Sávio brevemente quando ele saía com André da sala. Tinha gostado da pessoa que ele se apresentava, mas só por estar com aquele pé no saco, começava a ter minhas dúvidas. Posso estar levando muito a sério isso, mas quando as pessoas conhecessem quem é o sacana do André, entendem bem o que tô falando.

Não estou julgando-o sem conhecer. No trote e na calourada que houve quando entrei na faculdade ele fez questão de mostrar bem quem era. Esbanjou de quem era filho e neto, um dos empresários mais conhecidos da cidade, fez questão de ficar com um monte de garotas e zoava uma galera. Até o meio da festa eu num tava ligando muito para isso, até porque tinha encontrado Gui lá, e não o via desde que ele tinha se formado na escola (éramos na mesma instituição de ensino), que saiu primeiro que eu, pois ele era de uma série mais avançada.

Dado uma hora, eu saí para o banheiro, só que estava um alvoroço enorme lá de gente se pegando. Então procurei outro, por caminhos mais obscuros daquela casa de eventos que promovia tudo, e foi aí que ouvi um grupo de caras – o André no meio sendo idolatrado quase – num papo muito idiota sobre pegar umas garotas selecionadas por eles mesmos.

Ao que parece, para fechar a aposta, faltava para André duas; porém, por ter pegado gêmeas penetras da festa, ele proclamou que tinha sido um bônus e só faltaria uma. Adivinha quem era a candidata? Era eu e só eu. Pois os caras disseram que não iria mais fazer mudança de planos.

Tanta gente na festa e logo eu sou a merda da escolhida.

Não sei o que estava em jogo, e nem me importava mesmo. Não ia ficar com ele de jeito maneira, nem se estivesse sóbrio, nem se ainda fosse gentil comigo, o que ele nunca era com alguém. Ouvir eles falando sobre como se devia pegar uma mulher era tão nojento que nem aguentei de escutar a baboseira toda, saí foi da festa. Lá fora encontrei Gui, que, graças, também não tava muito de curtir aquilo, e me deu uma carona.

A festa foi numa quarta-feira se bem me lembro. Só sei que no dia seguinte o André estava com cara de poucos amigos, pois perdera a aposta. Ele veio tirar satisfações comigo, cara-de-pau. Como não dei muita entrada, ele passou a meio que me perseguir. Sabe como são essas pessoas, se você dá trela para elas, é aí mesmo que te perturbam, então não dei muita bola. Esperei pacientemente até que ele perdesse o interesse.

Demorou quase o primeiro semestre inteiro, mas foi. Me perturba de vez em quando, claro, porém deu uma diminuída. Às vezes acho que ele fica tentado de terminar aquela mesma droga de aposta, outras parece nem se lembrar. Ou é isso que ele quer que eu pense pra me deixar de baixa guarda?

Num sei, só sei que nunca contei pra ninguém. Uma galera via nossas implicâncias, não entendiam e ficou por isso mesmo. André já tinha espalhado uns boatos sobre mim, só não me dignei de ir atrás. Ele que ficasse nesse joguinho sem fim até perder a graça.

– Milena? Oiii? Tá me ouvindo, criatura?

Uma mão alcança o nível de minha visão. Balança levemente antes me de dar um peteleco na testa. Fico indignada.

– Ô homem pra me amar! Que é, Gui?

– Tá pensando no aniversariante demais. Volta pra Terra.

Se ele soubesse o que realmente estava pensando...

– Fala então, tô ouvindo.

– Tu viu o mural de hoje?

– Sobre o EREAD? Ainda nem parei para olhar para dizer a verdade.

– Não, sobre o anúncio da seleção de monitorias. Tu tá viajando mesmo.

Flávia concorda. Me ajeito na carteira para melhor entender o que falavam.

– É, Lena, a gente tava falando aqui quais professores valem a pena se arriscar de pegar monitoria, e você nem cá.

Sorry... é que é muita coisa na minha cabeça hoje.

Gui então maneira comigo. Não que antes não tenha, ele só para de brincadeira.

– Djane abriu monitoria. Imaginei que você se candidataria.

O que ele quer dizer com isso?

– Eu? Por que eu faria isso?

Gui soa meio vacilante:

– Bom, vendo pelo ano passado...

– Não, eu sei que Djane é uma ótima pessoa, admiro-a muito, se tornou uma grande amiga, porém, não pegaria monitoria com ela. E justamente por isso. Tu viu o que deu ano passado quando descobriram aquele negócio da professora Silvana. Acham que só porque somos próximas eu posso conseguir privilégios. Eu não sou assim, Gui, você sabe.

– Sei. Mas é que ninguém nunca pega monitoria com ela, porque, bem, era Djane, né? A mulher tocava terror em jardim de infância, diziam as más línguas.

Faço cara de tédio.

– Eram só más línguas.

Eu não gostava quando falavam assim de Djane, mesmo que não fosse sério. Qualquer pessoa que eu ame na boca das pessoas me deixava desse jeito, na verdade.

– É, mas até a gente descobrir isso, ninguém quis. E talvez nem queira, pensando que você procure pela vaga. Eles ainda não acreditam na mudança dela.

É, isso é verdade. Crispo a boca entendendo a abordagem dele... Eu queria pegar uns pontos extras desde o ano passado e não consegui porque as vagas eram poucas, além de que não eram as que eu queria. No entanto, eu não poderia ficar como monitora de Djane. Não estava preocupada com isso de pegar mal, nem pra mim ou ela, na minha cabeça isso era como uma forma de ela mesma meio que me favorecer. Digo, eu quero algo com meus próprios méritos. Já havia dito uma vez isso.

– Por que vocês não pegam então? Podiam sair daqui como heróis se ela é tão assustadora assim.

– Nãmmm... não é minha área, nem de Flávia. Tô pensando no professor Carvalho, só num sei se quero mesmo. Com umas apresentações em eventos posso conseguir uns pontos extras.

Flávia vai pela tangente também:

– Eu o mesmo, praticamente. Só que acho que pegaria Amália. E ela não pediu monitoria. Não tem muitas opções esse semestre. Me pergunto sobre o estágio supervisionado que vai começar agora. Vocês viram os que abriram? Tava no mural também.

Onde eu estava com a cabeça que todo mundo viu esse mural hoje e eu nem tchum? Nem lembro na verdade de ter passado por ele. Quando Luciano apareceu na nossa turma para informar que o professor de estágio não poderia ir dar aula, só avisou para olhar a tal seleção para adiantar o processo de escolha mesmo. No entanto, eu fui atrás dele para saber da tal reunião.

Disse que não poderia comentar, não tinha autorização para tal, e pela sua expressão, não parecia boa coisa. O que será que estava acontecendo, afinal? Pedi que ele desse um toque no número de Gui quando acabasse e, se possível, avisar Djane que eu precisava falar com ela, que a esperava.

E até então nada.

Na mesma hora algo pipoca na cabeça de Gui ao comentário de Flávia:

– Ah, isso que eu tava querendo lembrar de falar contigo, Lena. Falei com Luciano hoje da recepção sobre uns estágios que foram confirmados depois desses que foram para o mural. São bons e temos chances. A Flávia que num quer.

– Por que não, Flávia? Quais são?

Minha amiga boceja um pouco antes responder. Mal começaram as aulas e ela já tá com sono. Imagina quando o bicho pegar.

– Ah, queria pegar algo estilo ao que trabalho lá da loja do seu pai. Foi tão legal trabalhar com seu avô. Tem um no mural desse jeito. Acho que vô pegar. Isso se eu conseguir, né? A concorrência tá grande.

– Ah, consegue, sim, amor, você consegue tudo.

Gui afaga o rosto da namorada para que ela não fique tão ansiosa, o que era bem a cara dela de ficar com uma coisa assim. Nos seminários ela costuma ficar nervosa por tempos. Até mesmo no evento que trabalhei no ano passado Flávia bebeu quase um litro d’água pra compensar o nervosismo. Sua bexiga quase estourou antes do tempo.

Era muito fofo ver como o relacionamento dela com Gui estava ganhando espaço nos seus corações. Eu mesma estava quase saindo dali para não interromper o chamego dos dois. Porém, o assunto era importante para cortar abruptamente.

Dou um tapinha sugestivo no braço do amigo.

– Ok, para de fofura e começa a falar.

Quem disse ele para de fofura? Deita a cabeça na mesa da carteira para que Flávia fizesse um cafuné nele. Ô se Vinícius estudasse comigo assim...

– Tá. Tem um que é numa distribuidora de produtos para supermercados e outro é numa empresa de eventos casamenteiros. Eu pegaria esse de boa se não fosse por aquela história dos meus pais... Já imagino eles tirando seu “usufruto” porque é uma empresa super conceituada para elite da cidade. Pegamos o da distribuidora?

– Parece... razoável.

– Então fechou. Ah, antes que eu me esqueça também...

Devia promovê-lo a meu assistente pessoal, senão agenda humana de consciência. Pelo menos para dividir as preocupações ele era uma ótima pessoa.

– Conseguiu o contato do tal Anderson?

Xiiiiiiiiii...

– Er...

– Devo aceitar isso como um “sim, consegui, falei com o cara, ele já tá sabendo”?

– Garanto 50%.

– Como assim?

– Sim, eu consegui o número. Só que ficou guardado no meu celular e ele ficou lá em casa, lembra?

– Ah, você liga quando chegar então.

– E se eu chegar tarde? Eu não sou cara-de-pau de ligar tarde da noite pra ele.

– Mas pra mim tu liga 4h da manhã, né?

Ele sempre ia jogar na minha cara que liguei numa hora indevida para a pessoa errada. Foi no começo do ano passado, era um trabalho em grupo e o prazo estava bem apertado. Quando consegui terminar de unir as partes da equipe para mandar para o líder, sem querer liguei foi pra Gui. Ah, qualé, eu estava com sono e cansada.

– Claro. Te conheço bem. Ele não, pelo menos não ainda, mesmo que ele seja um grande amigo de Vinícius. É falta de educação sabia?

– É falta de educação com os amigos também, sabia?

Quem não o conhece não imagina quão dramático ele pode ser.

– Ah, você sobrevive. Além disso, cadê o “conte comigo para qualquer coisa, a qualquer hora”?

– Quando estou dormindo, não sei de nada. Deixo que fique com 50%.

– Do “a qualquer hora”?

– Não, do “pra qualquer coisa”.

E então seu celular toca. Mostra pra mim que é Luciano.


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Notas finais do capítulo

Tbm não gostou desse tal Hermani?



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