Minha cabeça agora predominava o lado humano, nada do que minha família dizia como hipóteses eu conseguia guardar. Papai tentou conversar comigo mentalmente, e os ecos não vieram à minha cabeça. Era tão bom ter só a mim nos pensamentos.

            _ Carlisle, eu não consigo entender! _ papai disse.

            _ Nem eu Edward, é um mistério para mim, temos que investigar.

            Ah, eu não queria fazer testes para que os ecos voltassem à minha cabeça, eu queria mais é saber do meu amigo. Mas não adiantaria perguntar, eles não iriam responder. Aqueles segredos estavam me sufocando. Mas logo tive que esquecer Jacob e voltar aos testes irritantes –e até agora sem sucesso- sobre os ecos.

            Eu estava distraída, não prestava mais atenção ao que diziam, e somente queria saber de Jacob. Procurava perguntas não-objetivas que poderiam chegar a alguma pista de onde estaria uma das pessoas mais importantes da minha vida. Como eu gostaria de ver onde ele está, abraçá-lo e dizer pra ele nunca mais sair do meu lado. E a pergunta se repetia em minha cabeça: Jacob, onde você está? Eu preciso e quero saber!

            De repente algo muito estranho aconteceu. Simplesmente do nada comecei a ver uma floresta com árvores altas e um gramado verde com gotas de orvalho, e ao meio dessas árvores eu conseguia me ver, eu encostada a uma árvore com Jacob segurando a minha mão. Eu fui sumindo dessa visão e comecei a escutar um chorinho de cachorro baixo. E de repente toda a visão extremamente nítida dessa floresta sumiu e os pensamentos da minha família vieram à tona na minha cabeça. Não! Eu queria, eu precisava daquelas visões nítidas da floresta, de eu segurando as mãos de Jacob, tão real, tão feliz.

            _ Oh! _ escutei papai exclamar.

            _Papai, papai! Você viu o que eu vi papai? Papai, eu quero ver aquilo de novo papai! _ choraminguei, meu corpo foi perdendo o peso, e caí no chão com um choro desesperado. Eu preciso tanto dele, Jacob!

            _ O que foi Edward? O que você fez? _ Rose falava severa com meu pai.

            _ Não sei Rose, do nada quando Nessie estava pensando em Jacob, ela começou a ver uma floresta e ver a si mesma. E essas imagens sumiram e ela voltou a ouvir os nossos pensamentos.

            _ Espere Edward, acho que estou raciocinando agora... _ Carlisle disse e vi seus olhos brilharem.

            _ Carlisle, isso parece ser completamente óbvio, acho que sei qual é o dom de Nessie! _ papai disse, seus olhos escuros de sede brilharam. Minha família não saía pra caçar a um tempo depois que comecei a escutar os ecos.

            _ Edward, nós queremos saber! _ mamãe disse, ansiosa e nervosa.

            _ Pense querida. Se ela consegue ler mentes como eu, ela não poderia ter um dom igual ao seu?

            Eu ainda não entendi, não gostava de joguinhos, papai tinha que ser objetivo!

            _ Sim, mas ainda não entendo...

            _ Bella, Nessie há um dom extremamente útil. Ela tanto consegue passar seus pensamentos e atrair as pessoas para si, como ela consegue ler os pensamentos e agir como um escudo para ela, que pode fechar temporariamente os pensamentos em sua cabeça.

            Aquilo estava confuso ainda. Então aquilo significava que eu tinha o dom do meu pai e da minha mãe opostos ao deles e também iguais? Quatro dons? Sim, era o que papai disse. Então eu poderia ler os pensamentos quando eu quisesse e usar meu escudo para não escutá-los mais?

            Cheguei a boas conclusões. Poderia escutar a mente das pessoas se quisesse e me proteger de Jane ou a algum poder mental. Mas cheguei a uma má conclusão. Eu tinha os dons de meu pai e de minha mãe, uma cópia de seus dons. Eu sou uma caixinha de surpresas. Eu sou uma ladra? Sim, uma ladra dos dons de meus pais.