About Doomed escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 5
Collect my tears and make a book of it




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"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras"

– Friedrich Nietzsche

Capítulo 5: Collect my tears and make a book of it

Florence acordou antes de abrir os olhos, e mesmo assim ela conseguiu sentir a dor explodindo pelo seu corpo. Então a lembrança do dia anterior inundaram sua mente e ela abiu os olhos sobressaltada, gritando o primeiro nome que conseguiu se lembrar:

Scott!

Talvez ela tinha se levantado rápido demais, porque quando ela abiu os olhos e tentou se sentar, todo seu mundo pareceu girar e ela sentiu seu corpo caindo para trás novamente, fazendo com que ela batesse com as costas em alguma coisa macia. Ela estremeceu apesar de não ter se machucado e abriu os olhos mais uma vez. O lugar em que ela se encontrava estava voltando a ficar em foco e ela conseguir olhar em volta.

Ela estava deitada em cima de uma cama de solteiro dentro de um quarto. O quarto em si não possuía quase nada em relação a mobília, apenas uma escrivaninha, um guarda-roupa (que na verdade era uma porção de gavetas fundas), e uma janela solitária em uma parede com as cortinas fechadas, impossibilitando que ela visse o mundo exterior.

Só depois de seu olhar percorrer o quarto pelo menos umas três vezes foi que ela notou a presença de mais alguém no quarto.

– Florence! - disse a voz de alguém que ela conhecia muito bem. Scott se sentou ao seu lado na cama com a testa franzida e ela suspirou aliviada ao perceber que ele estava bem - Você está viva, graças a Deus!

Ela tentou sorrir mas todo seu rosto doía, então sua tentativa de aparentar que estava feliz resultou em uma careta de dor. Scott tirou o cabelo da testa dela e examinou seu rosto.

– Parece que eles estavam certos - murmurou ele.

– Eles quem?

Mas antes que ele pudesse responder outra voz se sobrepôs a dele dizendo:

– Ela está acordada?

Florence virou a cabeça para o lado e viu uma menina alta com cabelos lisos e loiros compridos a encarando com os braços cruzados. Ela usava um daqueles coletes jeans que tinha o capuz de uma blusa de moletom azul escuro e usava uma calça jeans quase no mesmo tom de seu colete, e uma blusa com o desenho de um esqueleto muito bem detalhado. A menina se aproximou e Florence reprimiu o impulso de se afastar.

– Quem é você? - ela conseguiu perguntar, apesar da hesitação.

– Christina Becker - respondeu ela - Mas todo mundo me chama de Christ.

– Onde eu estou? - Florence se viu pela primeira vez perguntando - O que aconteceu com meu carro, e com... - ela se lembrou do menino que havia atropelado - Ai meu Deus eu atropelei um garoto! - ela se sentou e depois abriu a boca para mostrar incredulidade - Ele matou alguém, ele...

– Ele estava tentando salvar a sua vida - disse outra voz atrás da menina loira.

Todos se viraram para ela novamente e ela deu um passo para o lado, revelando a forma do garoto que Florence tinha atropelado na noite anterior. A visão dele ainda lhe causava arrepios, e ela ainda conseguia sentir aquela admiração irritante toda vez que olhava para ele, dos cabelos ruivos que agora se encontravam cecos, para os tênis rasgados que ele vestia no pé.

Ele caminhou lentamente para dentro do quarto e parou ao lado da cama de Florence, no outro lado de Scott, e olhou para ela com os braços cruzados, tão intimidante quanto Christ havia sido.

– Ela já vomitou alguma coisa? - ele perguntou sem tirar o olhar dela, mesmo que sua pergunta fosse claramente direcionada a outra pessoa.

– Não - respondeu Scott. Florence se virou para olhá-lo - E os machucados, eles...

Ele se interrompeu e Florence se perguntou o que aquilo significava, mas antes que pudesse formular qualquer pergunta, a dor na lateral do seu corpo voltou e ela deu um grito surto, se jogando na cama novamente. O garoto ruivo imediatamente se aproximou dela para examiná-la, mas ela o empurrou com as pontas dos dedos debilmente e ele nem se mexeu.

– Fique longe de mim! - ela conseguiu ordenar. Mesmo sentindo dor sua voz saiu autoritária. Ela estava com medo.

– Quantas vezes eu vou precisar te lembrei que fui eu que salvei a sua vida?

Florence continuava a emburrá-lo toscamente para longe, então Scott se levantou da cama e disse desesperado:

– Você não consegue ver que está assustando ela?

O garoto olhou mais uma vez para Florence.

– Se você não me deixar ajudá-la você vai morrer.

Ela piscou e olhou para ele. Então lentamente abaixou o braço para permitir que ele a examinasse, e sem olhá-la uma segunda vez, ele o fez.

– Infelizmente - disse ele após observá-la - Você vai sobreviver. A ferida é apenas um arranhão da Fera - ela arregalou os olhos e ele deu de ombros - Nada permanente.

Ela se lembrou do que os havia atacado na noite anterior e ela se perguntou se tudo aquilo tinha acontecido de verdade. Mas então uma nova pontada na região de suas costelas respondeu a sua pergunta silenciosa.

– O que era aquela coisa? - perguntou ela - Aquele que você... - ela hesitou - Aquela que você matou.

– Nós os chamamos de Feras - respondeu ele indiferente - São subjugados da Carniça.

– Da o quê?

– Carniça - repetiu ele - Tenho certeza que você já trombou com um, senão não estaria aqui.

Florence pensou no que poderia tê-la levado aquele lugar. Que ela nem ao menos sabia o que, ou onde era. Nada de incomum era parte de sua vida, a não ser...

Ela sentiu seu rosto empalidecer.

– A máscara branca - sussurrou ela, depois levantou o olhar para o garoto - Vocês os vêem também?

Ele soltou uma mistura de um suspiro com uma risada.

– É - concordou ele - É nossa maldição.

Florence se sentou na cama ignorando a dor na lateral do corpo mais uma vez. Sua excitação fazia com que todas as dores de seu corpo cessassem por um momento.

– O-oquê eles são? - gaguejou ela piscando - Quero dizer, quem são eles? Por que eles me perseguem?

O garoto abriu a boca para respondê-la, mas Christ o interrompeu:

– Não acho que somos qualificados para respondê-la.

– Que lugar é esse? - ela tentou perguntar mais uma vez;

– Tudo ao seu tempo - disse ela - Logo você vai entender.

Florence correu o olhar por cada integrante da sala, tendo o cuidado de não permanecer o olhar em nenhum deles. Todas a olhavam com os braços cruzados, até mesmo Scott, como se esperassem que ela fosse enlouquecer e começar a delirar.

Ela sentiu sua respiração ficando pesada e seu coração deu uma batida a mais. Ela se sentia estranha, como se algo estivesse acordando dentro de seu corpo e estivesse pronto para sair. Ela se dobrou para frente e todos imediatamente deram uma passo em sua direção. Seu estômago doía e relinchava, como se estivesse reclamando de alguma coisa. Ela ia vomitar.

Ela sentiu o gosto de ácido em sua boca antes de qualquer coisa acontecer, e alguém segurou as suas costas e a sua nuca, empurrando-a para o lado, como se a direcionassem para o lado da cama. Sem pensar duas vezes, ela obedeceu a pessoa e se curvou um pouco para o lado. Ali, parado ao lado de sua cama, tinha um balde verde. Florence abriu a boca e vomitou.

A pressão contraía seu estômago e sua garganta, fazendo com que a situação parecesse infinitamente pior. Alguém tinha segurado o cabelo dela para trás e quando ela se voltou para trás com a cabeça pulsando, ela percebeu que havia sido o garoto ruivo.

– Quem é você? - ela conseguiu perguntar mesmo com a sensação de que algo perfurasse sua boca.

– Eu sou o que o tempo e a consequência fizeram de mim.

Ela franziu o cenho pronta para perguntar o que diabos aquilo significava, mas como antes, alguém falou por cima dela:

– Mais conhecido como Aaron Heynest.

Todos viraram para a porta novamente, onde agora Christ se encontrava apoiada, e uma nova garota adentrou o quarto. O cabelo da menina era liso como o de Christ, mas um pouco mais curto e num tom de castanho claro. Ela usava quase as mesmas roupas dos outros dois últimos visitantes, com apenas uma diferença no tom do colete e da calça jeans e uma estampa diferente na camiseta que usava por baixo. Ela tinha um sorriso brincalhão nos lábios e uma sobrancelha erguida, como se estivesse desafiando alguém.

– O quê? - ela perguntou inocentemente quando todos a encararam irritados - Não posso nem ter mais uma entrada triunfal?

– Entrada triunfal? - repetiu Christ - Qual o seu problema, garota?

– Eu diria que é você - ela apontou o dedo indicador para Christ e entrou no quarto sem tirar o olhar dela - Mas meu querido amigo Aaron está na sala.

– Você pelo menos avisou o Owen? - perguntou o garoto ruivo, que ela suspeitava ser o tal de Aaron, revirando os olhos.

– Ele me disse para levarem-na até ele.

Ela também cruzou os braços e se virou para Florence, fazendo um sinal com a cabeça em sua direção.

– Quem é você? - ela perguntou para a menina - E quem é Owen?

– Meu nome é Scarlett, prazer - ela se apresentou orgulhosamente - E você já vai conhecê-lo. Geralmente ele vem conhecer os novatos pessoalmente, mas tivemos alguns problemas no setor de Recuperação.

– Problemas? - repetiu Aaron - Que tipo de problemas?

Ela piscou como se dissesse "te conto depois", e então balançou a cabeça e exibiu seu sorriso novamente.

– Mas não é por isso que eu vim aqui - ela começou a se virar - Me disseram que... - ela parou de frente para Scott e jogou os braços ao lado do corpo - Meu Deus, ela estava certa, você é gato.

Scott piscou. Seu rosto começou a ficar vermelho e Florence se segurou para não rir.

– Hum... - ele engoliu em seco - Obrigado, eu acho.

Scarlett sorriu como se dissesse "de nada" e se virou para partir do quarto.

– Relaxa - tranquilizou Christ revirando os olhos assim que a menina desapareceu na porta - Não é só com você, ela faz isso com todo mundo.

– Eu ouvi isso! - disse a voz de Scarlett no corredor e Christ apenas deu de ombros.

Aaron se distanciou de Florence e ela tentou se sentar novamente, jogando as pernas para a lateral da cama para tentar se levantar. Mas assim como antes, a dor na lateral do seu corpo fez com que ela desse um grito surdo e ela se jogou na cama novamente.

– O quê está acontecendo comigo? - ela gritou para ninguém em particular.

– Você quebrou uma costela - respondeu Aaron - E esta estava perfurando seu pulmão. Não foi fácil de concertar, e você ficou com uma cicatriz.

Ela arregalou os olhos e levantou a cabeça que segundos antes se encontrava enterrada no travesseiro.

– Concertar? - repetiu ela - O quê você quer dizer com concertar?

Sua mão voou para a região onde ela sentia a dor e deu mais um grito. Passando a mão mesmo por cima da camiseta ela conseguia sentir uma parte de sua pele saltada. Uma cicatriz que ia quase de seu peito a lateral de sua barriga.

Ela não teve nem mesmo coragem de olhar com medo do que iria ver. Ela sentia aquela parte de sua blusa molhada, como se ela estivesse suando só ali. Mas ela sabia que não era suor. Era sangue.

Imediatamente, se lembrando do machucado na cabeça que ela havia feito na noite anterior, ela colocou a mão na testa, procurando sentir outra cicatriz, mas surpreendentemente, ela não sentiu. Ela passou a mão freneticamente pela cabeça, procurando qualquer sinal de ali um dia houvera um machucado, mas nada, ela não encontrou nada.

– Mas o quê…? - ela não completou a pergunta.

– Sobre isso… - começou Scott tentando se aproximar dela, mas Aaron o impediu.

– Você não acreditaria em mim se eu contasse - ele disse se aproximando dela - Então vou ter que te mostrar.

Ele tirou uma faca do bolso de trás de sua calça e antes mesmo que Florence pudesse pensar em alguma coisa, ele pegou o braço dela e fez um corte vertical. Florence gritou mais de surpresa do que de dor e começou a puxar o braço de volta.

– O quê você pensa que está fazendo?

– Apenas observe - ele disse apenas.

Sem saber o porque, ela obedeceu.

O sangue escorria pelo seu novo machucado como se fosse uma torneira meia aberta, pingando água. Por um momento ela ficou ali, observando impacientemente o sangue escorrendo pelo seu braço, mas então, tão rápido quanto tinha começado, o sangramento parou. Florence se ajeitou na cama como se não pudesse acreditar no que estava acontecendo. Ela sentiu um leve puxão naquela região de sua pele e piscou quando percebeu que ela estava se costurando sozinha, curando o machucado rapidamente, como se estivesse com pressa. Ela estava se curando.

Florence piscou mais uma vez e esfregou os olhos com a outra mão, não acreditando no que estava acontecendo diante de seus olhos. De repente ela sentiu. Algo vindo do interior de seu corpo, uma sensação que ela nunca tinha experimentado na vida, como um jorro de água gelada correndo por suas veias, aliviando a dor.

E de fato, havia algo em suas veias.

Primeiro ela pensou que as veias de seu braço estavam dilatadas, mas quando ela conseguiu enxergar quase todas as veias por baixo de sua pele, como se alguém as tivesse destacado com canetinha, ela acreditou ser outra coisa.

O efeito logo passou e parou, como se nunca tivesse acontecido de verdade, e ela levantou o olhar para os outros presentes no quarto, rezando com todas as suas forças para que ela não fosse a única a ter visto aquilo.

– Vocês também…? - ela não conseguiu terminar a pergunta então piscou - O machucado ele… Eu juro que não fiz nada! As minhas veias, elas…

– Calma - Christ segurou os braços da menina que estava a beira do choro - Calma. Isso não foi nada.

– Na verdade, a partir de agora, isso vai começar a ocorrer com frequência - ele deu de ombros - Vamos. Você precisa ver o Owen antes que faça mais perguntas irritantes.

Christ se levantou e foi para o lado de Aaron, enquanto Scott ajudava Florence a se levantar.

– Dá um tempo - pediu Christ - Ela é uma novata. Todos nós já fomos assim um dia.

– Eu não fui - ele disse isso e saiu do quarto.

Christ revirou os olhos e indicou com um aceno de cabeça que eles deveriam seguí-los. Sem pensar, e mancando, Florence o fez, com Scott logo atrás.

Enquanto eles andavam por um corredor comprido, Florence olhava ao redor, procurando qualquer coisa que indicasse onde eles estavam. Ela duvidava que fosse encontrar alguma coisa, e de fato, ela não encontrou nada. Tudo ali parecia igual. Era apenas o corredor comprido cheia de portas iguais em sua extensão que não possuía nada além disso, nem janelas, nem carpetes, nada.

Depois de andarem pelo que pareceu uma eternidade, eles chegaram ao fim do corredor, e ali se encontrava uma escadaria comprida. Assim que começaram a descer, Florence observou o garoto ruivo andando na frente do grupo.

Havia algo de estranho nele, algo morto talvez, como se ele escondesse o segredo de sua vida. Para ela, ele parecia infeliz, ranzinza e muito irritante. Mas ao mesmo tempo ela sentia aquela admiração irritante que a enchia de raiva. Enquanto ela o observava ela pensou ter visto uma linha preta na região de seu ombro que era coberta pela manga de sua camisa, se parecia com...

– Ah, com licença - alguém disse empurrando-a para o lado.

Eles tinham chegado a base da escada sem que ela conseguisse perceber. Estavam parados de frente a um pátio grande com iluminação franca. Havia várias pessoas correndo de um lado para o outro, algumas andavam em grupos, outros vagavam sem rumo, mas todos usavam quase as mesmas roupas de Aaron, Christ e Scarlett, sempre o mesmo colete e calça jeans.

Ela avistou Scarlett a alguns metros de distância conversando com uma garota que estava de costas para eles, mas Florence conseguia ver que seu cabelo era um liso num tom de preto que ia até a altura dos ombros. As duas garotas se dobravam de rir de alguma coisa, Scarlett mais escandalosa do que a outra. Eles passaram direto pelas garotas e Florence se perguntou onde eles estavam indo. Mas antes que ela pudesse fazer essa pergunta em voz alta, alguém se aproximou do grupo.

Era um garoto com sembrante de homem. O cabelo preto bagunçado e os olhos caídos, como se ele estivesse cansado. Como se ele já tivesse visto muita coisa.

– Você é a garota VanChester? - ele perguntou para Florence ao se aproximar.

– Você deve ser o Owen.

Ele sorriu. Seu sorriso mostrava tanto cansaço quanto seus olhos.

– Esses garotos te contaram alguma coisa? - ele indicou com a cabeça na direção de Christ e Aaron. Ela fez que não - A questão Florence, é que você está condenada.

– Condenada a quê?

– A ser uma de nós.

– E quem são vocês?

Ele cruzou as mãos em suas costas e suspirou fundo, como se estivesse testando a própria paciência.

– Nós nos chamamos de Condenados - ele disse após uma longa pausa - Nós temos algumas… qualidades que o resto da humanidade não tem. E por isso somos caçados.

– Que tipos de qualidades? - perguntou ela - Quem é que caça vocês? E o que eu tenho a ver com isso?

– Uma pergunta de cada vez, criança - advertiu ele, depois pigarreou - E eu tenho certeza que você já sabe a resposta para essas perguntas.

– Não - ela respondeu com raiva - Eu não faço a mínima ideia do porque eu estou aqui ou do que é que vive caçando vocês. A única coisa que eu sei, é eu não sei de nada! - ela estava gritando agora, não conseguindo conter a própria raiva. E sem perceber, seus olhos começaram a ficar marejados - Mas eu estou cansada, cansada, das coisas acontecerem na minha vida sem fazer o menos sentido. Então se você sabe de alguma, qualquer coisa, pelo amor de Deus, pare de fazer joguinhos e me fale logo!

– Eu sei que é difícil, Florence - disse ele - Foi difícil para todo mundo. Mas como eu disse, você sabe as respostas para as suas perguntas, você sempre soube, você só não queria saber.

Ela respirou fundo e balançou a cabeça.

– Você realmente vai ficar me testando depois de tudo o que aconteceu?

– As mascaras brancas, Florence - ela arregalou os olhos - Elas eram apenas o começo dessa história. Da qual você faz parte.

– O quê você quer dizer?

– Elas nos caçam por uma razão - disse ele - Eles dizem que a culpa do mundo morrer doente é culpa nossa.

Ela balançou a cabeça, não entendendo o que ele queria dizer.

– Você viu o que aconteceu com o seu braço - continuou ele - Você é como nós. Você consegue se curar. Qualquer machucado, arranhão, fratura, você se cura.

Ela continuou balançando a cabeça, andando para trás, querendo sair daquele lugar, fugir.

– Eu não acredito em você - disse ela - E eu quero ir para casa. Agora.

Todos a olharam por um longo tempo, até que Owen respirou fundo.

– A desição é sua - disse ele - Nós não obrigamos ninguém a ficar aqui. Mas a Carniça nunca nos encontrou aqui. Este é o único lugar seguro que conhecemos, Florence.

– O quê? - interrompeu Aaron - Como assim ela pode ir embora? Ela vai morrer se sair daqui.

– Eu não sei se você percebeu - disse a voz de Scarlett que logo se juntou ao grupo - Mas nós podemos morrer em qualquer lugar.

– Isso não quer dizer que nós devemos sair por aí procurando pela morte.

– Eu vivi cinco anos sem ver essa tal de… Carniça - ela se sentia estranha ao dizer o nome - Eu posso viver por mais cinco.

– Esse é um jogo perigoso, Florence - avisou Owen - Sair desse lugar é o mesmo que aceitar isso. Tem certeza que você quer entrar nesse jogo?

Mais uma vez ela ouvia aquelas palavras. Jogo. Eles descreviam a sua vida como se ela fosse um jogo.

– Isso não é um jogo - discordou ela - É a minha vida. E eu preciso controlá-la.

– Então acho que é melhor você pensar duas vezes antes de pensar que você pode controlar a sua vida - insistiu ele - Porque você não pode.


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