Instituto Das Bruxas De Salém escrita por Matheus F


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito há algum tempo, incompleto na verdade. Só quis publicar porque sei que provavelmente não vou terminar, só quis saber o que acham.

Pode ficar um pouco confuso em uma parte, mas com os (possíveis) próximos capítulos, vocês irão entender.

Desculpem os erros, não editei ou reescrevi o texto.

Espero que gostem.



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Acordei com uma menina ao meu lado vomitando bile no carpete. Rastejei para trás, esbarrando em um corpo desmaiado, com um arquinho de chifres que brilhavam e bigodes desenhados no rosto. Olhei em volta tentando reconhecer o lugar em que estava, mas a pouca luz que entrava pelas janelas vinha do brilho da Lua, que ainda estava no céu, e eu mal lembrava como tinha ido parar ali.

Me levantei com um pouco de esforço, e minha cabeça começou a latejar na mesma hora. Demorou alguns instantes até que tudo parasse de rodar e eu conseguisse enxergar alguma coisa, mas assim que fiz, notei uma fresta de luz vinda de uma porta entreaberta. Caminhei até lá com dificuldade, tinha muita gente espalhada pela sala em que eu estava, todas dormindo, ou desmaiadas, ou sabe-se lá o que aconteceu para que estivessem assim.

Assim que abri a porta, pude notar uma leve música que percorria os arredores do recinto. Era uma música baixa, mas o estilo condizia com uma batida pesada, de guitarras, baterias, e uma voz dizendo coisas como “[...] Você não me amou como deveria, agora sofra as consequências [...]”. Demorei um pouco para me acostumar com a luz do lugar, que era iluminado por imensos lustres que pendiam do teto, e que cada lâmpada parecia mais um mini-sol, de tão intenso que era seu brilho.

Ali, também havia muita gente, só que não estavam desmaiadas ao chão como na sala anterior, mas sim fazendo de tudo. Havia alguns casais pelos cantos, se beijando de tal forma que eu poderia jurar que a qualquer momento eles estariam tirando as roupas; havia também grupos de amigos, sentados em algum lugar e jogando algo como Verdade ou Desafio; havia grupos com garrafas de bebidas na mão, tropeçando de tão bêbados; e havia também um pequeno grupo que parecia participar de uma “competição”. Uma pessoa colocava uma fileira de algum tipo de pó branco sobre a mesa, e outros dois tentavam sugar, tapando uma das narinas com o indicador, enquanto friccionavam a outra contra a fileira de pó sobre a mesa, tentando inspirar a maior quantidade que conseguissem.

Eu não conseguia fazer julgamento de qualquer coisa que estava acontecendo ali, pois ainda estava desnorteada, e uma sensação percorria meu corpo como se eu tivesse girado por horas e finalmente parado. Eu com certeza não estava sóbria.

Olhei ao redor, me apoiando no batente da porta com medo que minhas pernas não fossem o suficiente para me sustentar, e logo vi uma cabeleira cor de fogo à frente.

Gina parecia muito entretida com aquele garoto. O que diria Harry se visse essa cena.

Tentei chegar até ela aos tropeços, com os olhares em cima de mim como se eu fosse algum tipo de morto-vivo. Não que naquele momento eu não estivesse parecendo um, mas todo aquele constrangimento estava fazendo meu estômago remexer, e não sei se iria conseguir segurar por mais tempo.

– Primeira noite? – Me deparei com um garoto à minha frente que parecia ter surgido do nada. Ele segurava uma garrafa de alguma coisa e mantinha um sorriso malicioso nos lábios. – Vem, é melhor você se sentar, você não parece muito bem.

– Estou ótima. – Menti. A tontura já estava passando, mas eu não desejaria que ninguém estivesse na minha pele nesse instante, pois além de eu estar um caco, a cena só piorava a cada momento.

Olhei por cima do ombro do garoto à procura de Gina, que estava absolutamente perdida nos braços daquele desconhecido. O garoto na minha frente deve ter reparado, porque virou para olhá-la. Ele deu um riso para mim e disse:

– Aquela ruiva ali é sua amiga? Acho que ela está muito ocupada no momento para te ajudar, vem, senta aqui. – Ele tinha dentes lindos e uma pele bronzeada. Indícios de barba feita podiam indicar que ele tinha a minha idade. Até que para uma doidona como eu, estava raciocinando bem.

Ele colocou sua garrafa em cima do braço do banco que íamos sentar e pegou minhas mãos, me acompanhando até o assento como uma criança que está aprendendo a andar.

Ele voltou a pegar sua garrafa, e tomou lugar ao meu lado, ingerindo a bebida.

– Olha, tudo isso deve ser novo pra você não é? Você e sua amiga são novas por aqui? Pelo sotaque você deve ser de algum lugar do Reino Unido, certo? Pensando bem eu nunca vi vocês por aqui antes, não que eu costume frequentar bastante esses lugares... – Ele não parava de falar, mas eu não estava mais prestando atenção, tinha reparado na garrafa dele, onde o líquido tinha um tom esbranquiçado como leite, mas com uma efervescência de que algo fora diluído ali.

– O que está bebendo? – Perguntei, ignorando todos os questionamentos dele.

– Ah, isso aqui? – Ele ergueu a garrafa enquanto fazia movimentos em círculos, e o líquido parecia borbulhar. – É uma das minhas poções. Quer dizer, bebidas. Bom, são poções, mas eu sirvo como bebidas comuns. Essa em especial tem o gosto da sua bebida alcoólica favorita, sem com que você fique realmente bêbado.O ponto positivo é que não tem ressaca no dia seguinte, o ponto negativo é que ela te deixa muito hiperativo. É por isso que eu não consigo parar de falar. Não é minha culpa.

Ele soltou todas aquelas palavras como se estivesse soluçando, e sem que eu percebesse, comecei a rir. Ele notou o quão estranho aquele efeito colateral da poção era e começou a rir também.

Notei que ele tinha dentes muito brancos e alinhados – Ah, droga, a quem estava enganando? Ele era incrivelmente lindo -, e seus olhos transmitiam uma profundidade imensa, parecendo duas grandes avelãs. Aqueles segundos fitando-o pareceram ser uma eternidade.

Nós dois estávamos paralisados, e o olhar dele parecia penetrar minha alma, me aquecendo. Meu coração acelerou abruptamente, e um enorme frio percorreu minha barriga - que efeito era aquele que esse garoto que eu mal conhecia estava fazendo em mim?

Seu sorriso tinha dado lugar a uma expressão relaxada, e transmitia muita paz. Logo meu riso foi sumindo, até virar um sorriso tímido, constrangido. Notei minha face esquentar, e olhei para o chão enquanto colocava uma mecha do cabelo atrás da orelha. Ele deve ter percebido, mas continuou a me observar por mais alguns instantes, antes de dar um salto no banco, remexendo nos bolsos da calça.

Arqueei as sobrancelhas esperando ver o motivo daquela nova euforia.

– Droga. Eu devo ter deixado no dormitório. – Ele passou as mãos pelos bolsos mais uma vez, esperando que encontrasse em algum canto intocado. – É uma outra poção, ela seria perfeita pra você. De manhã você já teria sua memória recuperada e lembraria tudo. Por falar em lembrar, você lembra de ter tomado algo que ocasionou a perda de memória? Ah, claro que não, você não lembraria. – Ele ia respondendo as próprias perguntas, vendo quão óbvias eram.

– Eu estou bem, só preciso me deitar um pouco. – Disse. Por mais engraçada que toda aquela agitação era, o que eu mais queria era uma noite de sono.

– Eu faço questão, eu posso ir até o dormitório pegar, só vai levar um minuto. – Eu mal pude falar algo e ele já estava caminhando abruptamente na direção oposta.

Pude ver ele se perdendo pela multidão, que mesmo com seus ombros largos e porte atlético, desviava agilmente da pequena aglomeração a sua frente. Conforme ia andando, as luzes refletiam em seus cabelos arrepiados, e um lindo tom de caramelo, mais claro do que realmente era, tomava conta de sua cabeça.

Por Merlin, o que eu achava que estava fazendo? Eu nem lembrava como tinha ido parar nessa festa, mas por algum motivo, eu não estava desesperada por causa dessa situação, eu sabia que ali era uma espécie de casa. Que eu estava morando ali. Só não me lembrava que lugar era aquele.

Além do mais, o que foi aquilo tudo aquilo com aquele garoto? Eu mal o conhecia, eu nem sei o nome dele... Mas não posso negar que senti algo que nunca tinha sentido antes. Foi uma conexão tão grande que chega a me assustar.

Me dispersei por um segundo e minha cabeça começou a imaginar diversas situações e hipóteses com aquele garoto. Nós de mãos dadas. Rindo. Nos abraçando... Nos beijando. Se controle, Hermione! Fui obrigada a dizer a mim mesma, com todas aquelas imagens ainda rodando na minha cabeça, até que uma em especial me despertou, como uma facada no coração.

O rosto de Ronald Weasley sorrindo para mim.

Naquele segundo, minha cabeça voltou a doer, como se memórias estivessem sendo injetadas lentamente no meu cérebro. Tentei ignorar, me levantando do banco e olhando em volta, a procura de Gina. Pude acenar bem a tempo para que ela me visse antes de se virar. Ela andou até mim um pouco espantada, mas com um sorriso de quem presenciou uma artimanha infantil.

– Ora, Srta. Granger, por onde andou? – Ela parou na minha frente com as mãos nos quadris, apoiada em uma das pernas. Mesmo àquela altura, Gina ainda estava disposta, com o rosto radiante, vestindo uma calça jeans justa e uma regata simples.

– Eu não sei. Esperava que você pudesse me dizer. – Ela deve ter relacionado esse fato com o de eu estar fisicamente devastada. Tirou o sorriso do rosto e fez menção para que nos sentássemos. Ela mantinha os joelhos juntos, com as mãos sobre as minhas.

– Hermione, não me diga que você tomou um Meia-Noite sem memória?!

– Um o quê? – Eu não fazia ideia do que ela estava falando, mas pela cara de espanto, não devia ser coisa boa.

– Ok. Vamos lá. Primeiro: Você sabe onde estamos? – Perguntou ela. Eu poderia ter achado que Gina estava ficando louca, se eu realmente soubesse onde estava.

– Em uma festa, mas eu não sei aonde exatamente. – Senti minha voz me abandonar por um instante, mas respirei firme para poder continuar.

– Tudo bem. Isso descarta as perguntas “qual era a última coisa que você se lembra” e “o que você está fazendo aqui”. Do que você se lembra até agora?

– Bom. Eu acordei numa sala escura com várias pessoas provavelmente desmaiadas de bêbadas e vim pra cá. Eu te vi, mas você estava muito ocupada com um garoto, - por mais que eu quis censurá-la nessa parte, tudo o que ela fez foi rir, o que me deixou mais confusa -, depois, um garoto apareceu, e começamos a conversar; e ele me disse que estava tomando uma poção para não ficar bêbado; e disse que tinha uma poção que ia me deixar melhor; e foi no dormitório pegá-la, pois tinha esquecido; e... E... Eu nem ao menos sei o nome dele.

Não sei se Gina conseguiu entender tudo o que eu disse, pois nesse ponto eu já estava me desfazendo em lágrimas, soluçando a cada segundo. Ela envolveu seus braços ao meu redor, e eu a abracei, chorando em seu ombro.

– Vai ficar tudo bem, Mione. – Disse ela com uma voz suave. – Todo esse desespero momentâneo é por causa do Meia-Noite Sem Memória. Vamos para o dormitório, amanhã você já estará melhor. Você vai ver.

Nos levantamos, e Gina foi me conduzindo ao dormitório, ao mesmo tempo em que tentava me acalmar, e eu ia parando de chorar. Naquele ponto, meus olhos estavam muito marejados para afirmar algo com certeza, mas enquanto andávamos pelos corredores, pude notar que aquele lugar me lembrava Hogwarts, nitidamente mais moderno, mas não só por causa da estrutura, mas pelas pessoas e decoração. Aquela dor de cabeça parecia aumentar a cada passo, a cada objeto que eu observava, como uma espécie de déjà vu, e um turbilhão de imagens e cenas passava superficialmente pela minha cabeça, como se eu estivesse vendo alguma parte da minha vida antes de morrer.

                                              Ж

Senti o calor do sol sobre minha face quando este já aparecia entre a fresta da cortina. Sorri no mesmo instante, dando um longo suspiro enquanto me espreguiçava na cama depois de uma longa noite.

Eu não me importava de que horas eram, ou se eu estava atrasada para algum compromisso, porque ali era onde eu queria estar. E não havia melhor jeito de se acordar se não com um raio de luz te aquecendo, além da pessoa que você ama ao seu lado.

Rony ainda estava dormindo, mas o sol também já ia escalando seu corpo, refletindo as luzes em seu cabelo, que agora tomava uma coloração acentuada, quase em chamas. Passei a mão por seus cabelos jogando-os para trás, e ele apenas sorriu e puxou a manta para si, continuando a dormir.

Eu estava passando o último mês de férias n’A Toca, assim como Harry. A batalha havia acabado ainda no primeiro semestre de ano letivo, então todos estariam livres da escola até o ano seguinte, quando Hogwarts estivesse se recuperado de todo o ataque. E agora não faltava muito tempo até que as corujas chegassem com as cartas e todo o habitual começasse.

Foi um recomeço difícil para todos, e é claro que as feridas nunca estarão realmente sanadas, pois nem mesmo o tempo é capaz de apagar o sofrimento que todos nós passamos; mas esse tempo cruel e excruciante que não nos deixa esquecer, é o mesmo que nos ensina a conviver, perdoar e a lembrar com carinho dos nossos entes por ele levado.

Eu já tinha recuperado a memória dos meus pais; todos nós estávamos nos recuperando da morte de nossos colegas e amigos próximos, e a família Weasley ficou abalada por um tempo, principalmente Jorge, que era mais próximo de Fred, e agora, quase um ano depois, o tempo está nos ensinando a conviver com a dor, e tudo está voltado para o mais normal possível, se é que se pode dizer.

Levantei da cama sem fazer barulho, não queria que Rony acordasse e fizesse com que eu demorasse mais tempo para descer sem que ninguém percebesse que eu não estava no quarto de Gina.

Vesti o casaco e as calças, levando meus sapatos na mão enquanto andava na ponta dos pés para não fazer barulho.

Depois do café da manhã, – Rony só desceu depois que Gina, Harry e eu havíamos tirado a mesa; O Sr. Weasley já tinha ido trabalhar, assim como Percy e George; e a Sra. Weasley tinha ido fazer compras – fomos fazer uma pequena competição no jardim. Como Gina era a única que ainda não podia usar magia, pois ainda era menor de idade, criamos um jogo do tipo Caça ao Tesouro.

Gina deixava pedaços de panos em alguns lugares, que indicavam que estávamos no caminho certo, além de nos darem alguns pontos a mais. Depois disso, ela se posicionava no fim de todas as pistas, e esperava até que algum de nós a achássemos.

Harry, Rony e eu nos posicionávamos na mesma faixa de terra, com alguns metros de distância, e quando Gina desse um grito alto – em uma das vezes, tivemos que parar tudo, porque a Sra. Weasley pensou que realmente tivesse acontecido algo à Gina - nós disparávamos em busca dela.

A parte legal do jogo vinha agora. Cada um de nós podia usar o artifício da magia como atraso para o outro jogador, com azarações e feitiços de impedimento.

Na maioria das vezes eu ganhava, pois os meninos apenas se focavam em ficar duelando um contra o outro, e eu saía em disparada para encontrar Gina.

Dessa vez, eles pareciam ter feito algum acordo.

Quando Gina deu o grito de início, eu apertei a varinha em mãos e olhei para o lado, esperando ver o duelo dos meninos iniciarem. Mas agora eu tinha certeza que eles tinham mudado os planos.

Um lampejo percorreu o ar em minha direção na velocidade de um raio, e meu despreparo quase me valeu a vitória quando eu ergui os braços junto ao corpo, dando um salto para o lado. Pude ouvir o barulho de algo como uma madeira quebrando, e imaginei que fosse uma das estacas da cerca que rodeava o terreno dos Weasley se partindo.

Harry ainda tinha a varinha apontada para mim, assim como um sorriso largo estampado no rosto. Seus cabelos estavam grudados na testa, empapados de suor, e o brilho do sol refletia nas lentes de seus óculos, fazendo com que eu desviasse o olhar.

– ACABOU OS DIAS DE VITÓRIA, HERMIONE! – Gritou Rony com direito a uma risada doentia, meio quilômetro à nossa frente, como um verdadeiro pirata.


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Notas finais do capítulo

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