A Lua era cheia de cobiça. Um monstro. Adorava fazer seus servos chorarem e também implorarem por perdão. Eles foram os primeiros mutantes da história do mundo, que antes era somente um conjunto terras. A Lua adorava castigar os seus servos. Adorava. E por isso, um dia deu um presente para os caídos.

   O presente fora de mal grado, porém, fez um dos caídos muito feliz. Ele estudou por vários anos os genes mutantes, e por conta disso, conseguiu o sucesso rápido demais.

   Ele cuidou de sua experiência por anos. Tantos anos, que acabaram ficando no passado. Cego pela luxúria, o cientista não percebeu que sua experiência havia se apaixonado. A criatura não queria mais ficar presa. Queria ficar com seu amado, livre para viver o romance que almejava.

   A criatura olhava para seu criador extremamente bem sucedido e sentia inveja. Ele queria dinheiro, e almejava a riqueza mais do que tudo, mais do que o amor.

   Seu criador já até havia se esquecido de que a criatura que ele havia criado, também sentia, também almejava, e também gostaria de compartilhar tudo de bom que ele havia conseguido com sua descoberta.

   A criatura estava triste pela primeira vez em toda sua existência. Sua visão era pintada de preto e branco. A tristeza engolia cada pedaço de sua alma. E então, ela o atacou. O destroçou. Isso serviu de aviso para todas as pessoas ao seu redor de que ela era muito mais poderosa do que eles realmente pensavam.

   A polícia nunca achou vestígios de quem quer que tivesse sido o assassino do cientista. A criatura fora a única pessoa a presenciar a morte dele. Ou assim ela se deixou iludir. Ela pensou que fosse a única mutante na Terra, mas estava errada. Tremendamente errada.

   A criatura casou-se com aquele que presenciou a morte de seu amado, e criaram um lugar para criar todas as suas loucuras e desejos. Mal sabia ela que seu marido era seu semelhante. Os dois criaram seus filhos para odiarem e massacrarem os humanos, porém seus filhos eram bons, e denominaram a mãe de Traidora de Sangue. Eles tinham repulsa pelo que a mãe havia feito com aquele humano, mas nada diziam, pois suas vidas dependiam de sua “criadora”.

   Um de seus filhos, o traidor Mor, se envolveu romanticamente com um humano, dando início a raça de mestiços. Alguns anos mais tarde, depois do nascimento de seu segundo neto mestiço, a criatura morreu de desgosto. E levou consigo, um coração cheio de amargura e mentiras.

   Por causa das desavenças que ocorreram, eles separaram a Terra em quatro raças: humanos, mestiços, mutantes e a colônia pacífica. Estas quatro partes juntas formavam o Ciclo da Boa Vontade, ou Sob a Lua de Sangue.

   As duas partes mais poderosas da Terra, humanos e mutantes, entraram em guerra, para ver quem ficava com o último pedaço “seguro” das quatro partes. Os mutantes atacavam com seus poderes já amadurecidos, sadios e muito, muito fortes, enquanto, do outro lado, os humanos atacavam com suas poderosas máquinas de metal.

   Os mutantes perderam, pois seu poder de cicatrização não era bom. A geração seguinte conseguiu desequilibrar os humanos, fazendo com que a ira dos mesmos explodisse em milhões de pedaços. E então o caos foi criado. O inferno e a Terra eram quase a mesma coisa. Tudo era baseado morte, tortura e principalmente gritos. Desesperados.

   E então a criadora viu, pela primeira vez, o que havia feito. Ela havia se tornado contra seus únicos filhos. Ela desacreditava em tudo o que havia criado. Era um monstro. Então, se matou, deixando seu sangue e sua miséria nas mãos de seus sucessores.