Ele era uma pessoa de má índole, gostava de presenciar a desgraça alheia e seus olhos brilhavam com mais intensidade quando ele próprio era o motivo da desgraça. 

Para todos ele apresentava-se como Azin Mujin, mas eu sabia que não era, na verdade me deixava nervoso pensar que aquele garoto usava o nome de um dos meus queridos mestres e ocultava o próprio. 

Eu tive muitas chances de acabar com ele, me livrar daquela irritação de uma vez, mas eu simplesmente não conseguia e no começo eu pensava que era parte de minha formação ética de lutador, contudo com o tempo percebi que não era só isso... Percebi que aquele garoto que tinha muito em comum com uma raposa - talvez por isso seu apelido fosse Raposa Azul - me chamava a atenção como ninguém nunca antes tinha me chamado, me atrevo a dizer que de uma forma diferente e até mais forte do que minha diva, Amy.

- Jin...

Por Amy eu sentia admiração, gostava de estar com ela. Pelo garoto eu sentia vontades... Vontade de poder acariciar aqueles cabelos como ninguém jamais acariciou, vontade de ter aquele olhar safado só para mim e principalmente vontade de tocar naquele corpo esguio como ninguém nunca tocou.

- Jin...

A personalidade dele com certeza me irrita, mas talvez, de alguma forma, também seja um dos pontos que desperta meu interesse nele. Afinal ninguém gosta de uma pessoa esnobe, com muitos segredos e muito esperto... Esse é o tipo mais perigoso de pessoa que existe, ninguém consegue prever o que virá a seguir ou o que esperar de alguém assim.

-...

Senti duas mãos segurando meu rosto e em seguida lábios delicados tocando os meus, fazendo-me tomar um susto imediatamente, despertei naquele instante de meus devaneios percebendo facilmente quem era e me separei do ser, bastante agitado.

- Azin! O que foi isso?!

Não gostava de chamá-lo pelo nome, mas acabava saindo sem mesmo eu perceber. Enfim, ele revirou os olhos e lançou um sorriso cheio de graça para mim, respondendo calmo:

- Um beijo.

- Ah eu sei o que foi! Mas por que?!

Azin soltou um suspiro profundo e me encarou um pouco sério, em seguida falando em seu tom irritantemente calmo:

- Na verdade estava com vontade de fazer isso a tempos, mas com aquela menina cor de rosa por perto fica sempre difícil.

Eu pisquei bastante surpreso e então respondi depressa.

- Você sempre quis me beijar?! Você não gosta da Amy? Afinal sempre tenta roubá-la de mim!

- Aquilo é só para te irritar mesmo. - Ele riu parecendo bastante tranquilo quanto ao que tinha feito.

Minha cabeça girava e eu me sentia completamente confuso, será que aquilo não era mais uma forma dele me irritar? Se não fosse ele estava no mínimo gostando muito de me ver completamente tonto e sem saber o que dizer ou como agir.

De repente ele aproximou-se rapidamente de mim, segurando minhas mãos e me olhando nos olhos para dizer:

- Eu não estou mentindo, queria te beijar a tempos, Jin.

Eu ainda o encarei incrédulo por mais uns minutos, o suficiente para concluir que ele estava falando sério mesmo. Por um lado eu me sentia estranhamente feliz, acho que posso chegar a dizer realizado, mas por outro me sentia confuso, afinal, o que eu deveria fazer em uma situação daquelas? Íamos simplesmente assistir a um show da Amy em Arquimídia e agora, no meio do caminho, essa raposa maldita me faz uma dessas...

Como que entendendo minha confusão mental Azin acariciou minhas mãos, me fazendo prestar atenção nele e falou suavemente.

- Você fica feliz em saber que eu queria te beijar já faz tempo?

- Eu... - Procurei as palavras certas, mas acabou que eu não sabia se eram mesmo as mais adequadas - Só estou confuso, não sei o que fazer.

Ele riu um pouco e me roubou outro beijo, tão rápido que quando notei ele já tinha se afastado.

- Ei! - O olhei um pouco bravo, apesar de ter gostado da sensação dos lábios dele nos meus mais uma vez.

- Vamos deixar isso morrer aqui. - Ele levou um dedo aos lábios fazendo um sinal de silêncio e, em seguida, virou-se e começou a se afastar.

Com aquela ideia me senti extremesser, não era certo deixar morrer ali... De alguma forma eu sabia que aqueles sentimentos que aquela raposa estava me passando eram verdadeiros e senti necessidade de me apressar e abraçá-lo por trás para lhe dizer:

- Se formos você vai voltar a ser apenas uma maldita raposa que me irrita, já que chegamos nesse ponto por que você não vai até o fim? - Acabou que eu falei num tom desesperado e finalizei um pouco mais calmo - Diga tudo que sentir que precisa dizer!

Azin, ou seja lá qual quer que fosse o nome dele, me olhava surpreso com olhos grandes que cairam muito bem nele. Depois que recuperou sua postura calma soltou-se do meu abraço e ficou de frente para mim, começando a falar.

- No começo eu só sentia raiva de você... Por você ter coisas como poder, garota, amigos, mas depois, quando passei a conviver mais com você e fui te conhecendo melhor foi quando acabei me... Apaixonando.

Depois que ele terminou de falar eu engoli um seco, eu tinha ouvido bem? Ele estava apaixonado por mim?! Resolvi perguntar para ter certeza.

- Azin... - Outra vez esse nome - Você está mesmo apaixonado por mim?

Ele fez que sim com a cabeça, por fora não demonstrando, mas eu sabia que apesar de sincero ele estava adorando ver minha imensurável surpresa em saber daqueles sentimentos.

No momento que eu recebi a confirmação senti meu coração bater com mais força e meu corpo sentiu a necessidade de abraçar aquele pequeno novamente. Não neguei essa vontade e abracei aquela raposa com mais afinco que antes.

- E você, o que sente por mim? - Ele perguntou depois de uns minutos que ficamos abraçados daquele jeito.

Aquela pergunta tinha me pegado desprevenido, mas decidi que seria o mais sincero possível.

- Eu sinto uma atração muito forte por você e estou disposto a tentar te fazer feliz, por mais que eu ache que... - Senti o dedo dele nos meus lábios, fazendo-me calar.

- Eu quero certezas Jin... - Falou olhando-me nos olhos.

Eu sorri com aquele pedido e recebi um belo sorriso safado como resposta. Tirei o dedo dele dos meus lábios e disse num tom firme:

- Então, Azin, eu vou fazê-lo feliz enquanto permanecermos juntos.

- É uma promessa? - Ele me olhou um pouco sério demais para o meu gosto.

- Sim, é uma promessa. - Respondi no mesmo tom sério.

Então, como que para selar aquele acordo, ele me beijou cheio de volúpia e eu retribui da mesma forma, segurando na bela cintura dele e fazendo carinho de vez em quando. 

Eu nunca mais esqueci daquele dia... Não só por ter dado um belo passo adiante com aquela raposa, mas também por ter, naquele dia mesmo, ter sido aceito por todos os meus amigos em relação ao nosso relacionamento e até mesmo por minha diva que, depois do show, puxou Azin para seu camarim particular, aparentemente eles precisavam ter uma "conversinha" e depois desta Azin e Amy criaram uma intimidade que até me irritava um pouco...

Mas não importava, por que ele agora era minha raposa.