O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 4
Capítulo 4 - A Chave da Esquiva




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Yue começou a explicar todos os detalhes do treinamento. Deu algumas dicas válidas e rápidas sobre os dois treinamentos que ela iria enfrentar e comentou sobre uma terceira etapa, na qual fez um certo mistério. Sakura não gostou daquilo, pois queria não estar ali. Na verdade queria dormir e acordar um mês antes aonde ela poderia chamar a própria vida de “normal”.

– Lembre-se de quando você me enfrentou, entendeu? Espero que se lembre. De qualquer forma você não vai ter todas as cartas do seu lado, eu só vou te dar três delas, as únicas necessárias para o primeiro treinamento. Tente combinar, ou de alguma forma faça seus movimentos surtirem efeito.

Sakura entendeu tudo o que o guardião falou sempre meneando positivamente com a cabeça. Através de magia, três cartas sairam do livro e pairaram na frente de Sakura. As cartas reluziam de tal forma que Sakura não conseguiu identificá-las até tocar cada uma delas. Elas eram ERASE (Apagar), JUMP (Pulo) e FLY (Alada).

– Isso não é justo, só tem carta de defesa aqui eu não poderei atacar assim. – disse Sakura tremendo os lábios.

– Apenas pegue as cartas e faça o que eu mando. Que comece o treinamento.

Yue se escondeu em um canto do estádio e Kerberos pediu para Sakura mostrar a pequena esfera com a estrela.

ESFERA QUE GUARDA O PODER
REVELE SUA MAGIA.
CONCEDA A ESSA GAROTA O DOMÍNIO DAS CARTAS
A MAGIA CRIADA A PARTIR DE SEU CORAÇÃO.

E num relampejo, a esfera se transformou em báculo estrela, o mesmo que Sakura usou para capturar as cartas. Sakura percebeu que não estava nada diferente da ultima vez e começou se perder nos pensamentos, ao relembrar de toda a época em que ela mal sabia como usar magia. Foi um erro, pois um vulto azulado passou por perto e ela sentiu que algo sólido acertou sua perna o que a fez quase cair.

– Eu não estava preparada, espere um pouco. – gritou Sakura.

– Apenas preste a atenção no treinamento e desvie dos meus ataques. – falou a voz de Yue de algum lugar do estádio. Em um relance alguns fragmentos de gelo vão na direção de Sakura que pega de raspão e faz um corte raso no braço.

– Eu não lembro direito como usa isso. – disse Sakura enquanto segurava o báculo com as duas mãos e tentava olhar para todos os lados pra ver de onde viria o próximo ataque.

Viu uma luz bruxuleante em um lugar por ali e imaginou que se viesse alguma coisa seria daquela direção.

Sakura ativou a carta JUMP e pulou para o alto, mas em vão. As estacas de gelo a acertaram na perna o que a vez sentir uma dor insuportável quando seus pés aterrissaram no chão novamente.

– Se continuar assim, você vai se ferir mais ainda. Lembre-se, você pode morrer aqui e a agora se não desviar, acho melhor você relembrar como se usa magia o mais rápido possível.

Yue nem precisava dizer aquelas palavras, o furo que recebeu na perna e sangrava era o suficiente para ela entender que se não fizesse alguma coisa, o próximo ataque poderia ser fatal. Yue então ativou a carta SAND (Areia) e em seguida ARROW (Flecha). Com a FLY, Sakura se esquivou do primeiro ataque, mas o segundo pegou de raspão na sua cabeça e Sakura poderia jurar que a flecha conseguiu tirar uns cinco ou seis fios de cabelo.

Kerberos berrou pedindo para Sakura tomar cuidado e Tomoyo apenas começou a tremer no banco e mal conseguia segurar a câmera. Os avisos de Kerberos não adiantaram e com a carta FREEZE (Congelar), Yue congelou Sakura que caiu no chão quase inconsciente por alguns segundos.

– Eu não posso perder aqui – sibilava Sakura enquanto tentava se erguer do chão. Na tentativa de ganhar tempo, Sakura usou a carta ERASE e desapareceu.

– Não é o suficiente. – disse Yue em tom desafiador.

Yue pegou Sakura pela perna e a arremessou em direção aos blocos de gelo formados pela carta FREEZE anteriormente. O impacto fez com que Sakura caisse sentada no chão, completamente desorientada, praticamente desmaiada. Em segundos Sakura recobrou os sentidos e percebeu que esta perto de um imenso muro de gelo liso, mas transparente. Com um grande esforço, se arrastou atrás do gelo. Yue lançou um ataque, mas acertou a parede de gelo, dando tempo de Sakura usar a carta ERASE com toda aquela explosão.

Yue olhou para dos os lados quando sentiu que algo agarrava suas roupas atrás. Yue viu que era Sakura, chorando de dor e gemendo como se lhe faltasse o ar. O brilho dos olhos de Sakura se apagou e estavam quase sem vida. Sakura olhava como se fosse uma boneca para o chão. Yue a segurou antes que caísse no chão e levou até Kerberos. Fizeram os primeiros socorros e demorou algumas horas até Sakura acordar novamente.

Estava no chão, estatelada, e ao acordar viu que Yue, Kerberos e Tomoyo olhavam para ela fixamente.

– Sakura, você está bem? – Disse Tomoyo com os olhos vermelhos como se tivesse chorado por horas.

– Que isso! Chorando desse jeito, nem parece você. – regurgitava as palavras tossindo e podia sentir o gosto ferroso do próprio sangue na boca. Yue olhava feliz para Sakura carregando uma pequena chave com a palavra ESQUIVA cunhada no centro. Colocou nas mãos de Sakura e disse:

– Você fez o suficiente por hoje, o restante fica por conta da experiência e da percepção. Conseguiu usar bem o campo e se esquivar a tempo. Manobra suficiente para as próximas lutas, não se esqueça do que aprendeu aqui hoje. Você passou na primeira parte do treinamento.

Kerberos curou as partes machucadas restantes de modo que Sakura pôde se levantar com estrépito. Por causa da emoção Sakura sentiu um pouco de dor e Kerberos, desesperado, falou que ela não deveria fazer movimentos bruscos ou os ferimentos iriam se abrir novamente.

– Você estava magnífica Sakura. Parabéns. Gravei tudo aqui. – disse Tomoyo apontando a câmera de vídeo.

Sakura pensou que ali estava gravado cada segundo da surra que levou e que quase sucumbiu de forma vergonhosa, então pensou se Tomoyo iria querer mesmo continuar filmando-a. Yue e Kerberos pensaram a mesma coisa.

– Ah Tomoyo, bom, você não iria querer guardar esse vídeo vergonhoso meu, eu acho que tem coisas mais interessantes que eu pra gravar e... – Sakura parou ao perceber que Tomoyo olhava pra ela quase rindo.

– Vou gravar tudo o que eu puder da nossa heroína, não é mesmo?

No caminho de casa Sakura tentou arrancar detalhes dos outros treinamentos, mas Kero sempre mudava de assunto falando do pudim da geladeira que ele iria comer assim que chegasse. Tomoyo se despediu e pegou o rumo de sua casa. Enquanto andavam Kero não parava de elogiar Sakura pelo treinamento e a garota, distraída, deu uma topada em Shaoran que quase caiu de costas.

– Olha por onde anda! Você está bem? Está toda machucada, vem pra minha casa que é mais perto, vou cuidar de você. – disse Shaoran regulando o tom da voz ao ver que era Sakura que havia esbarrado nele.

– Não, não precisa, isso vai sarar rápido. – disse Sakura com desdém.

– Isso foi por causa do treinamento e ela passou na primeira fase. – disse Kero baixinho no ouvido de Shaoran para que ninguém que estivesse passando na rua ouvisse.

Shaoran sentiu um alívio muito grande. Pensou na possibilidade do que poderia acontecer se Sakura não tivesse passado. Sem dizer nada, Sakura lentamente caminhou na direção de Shaoran e abraçou muito forte quase esmagando Kero que se desvencilhou rapidamente. Ao ver Shaoran, ela viu a responsabilidade pesar em seus ombros. Perder Shaoran? O mundo sendo destruído, e todos morrendo? Havia milhares de coisas para se pensar.

– Você é tudo na minha vida sabia? – disse Shaoran no ouvido de Sakura. A menina olhou para ele como se tivesse acordado de um transe, deu um sorriso, mas ainda ficou em silêncio. Continuou abraçada como se nunca mais soltasse.

Kero tentou puxá-la pela roupa e com a ajuda de Shaoran ela solta sem dizer nada ainda. Parecia que estava fora da realidade.

– Vai na frente Sakura, eu te alcanço - disse Kero com um sorriso.

Shaoran comparou o andar de Sakura com o de uma múmia, mas ao ver que ela tomou o rumo de casa, ficou mais aliviado. Kero conta tudo sobre o treinamento para Shaoran que a cada palavra fechava mais a cara.

– Como ele pôde passar ela? Tudo o que ela fez foi apanhar e num golpe de sorte ela conseguiu fugir como que por milagre. E agora ela fica praticamente muda após quase morrer. – disse Shaoran impaciente.

– Calma, é o suficiente para essa parte, ela vai aprimorar o resto nas próximas lutas. Yue jamais a mataria. Ela precisa descansar agora, ter pelo menos uns momentos de paz. O treinamento de hoje foi o bastante para que ela não fique em seu juízo perfeito por alguns dias – disse Kero tentando conter a tensão, mas piorando ainda mais as coisas.

Shaoran queria imediatamente contar tudo o que ele sabia para Sakura, mas foi proibido por Kero falando que se ele contasse alguma coisa, só iria estragar tudo.

Ao se despedirem, Kero tentou alcançar Sakura no caminho, mas a encontrou na porta chorando. Kero se sentou ao lado dela, presenciando a garota em pleno estado de choque.

– Eu não estou com coragem de entrar em casa nesse estado, bom, meu irmão não está em casa também.

Kero não sabia o que dizer naquela altura da situação, mas de repente a porta se abriu e Fujitaka vê a filha naquele estado. Kero imediatamente tentou se esconder e então entrou pela janela do quarto de Sakura que a deixava sempre aberta propositalmente.

– Alô Sr. Fujimoto? Aqui é o pai de Sakura. Ela não poderá trabalhar amanhã. Ela está um pouco doente e se sente muito fraca.

– Mas ela está bem? – Disse uma vozinha do outro lado do telefone.

– Está sim, então depois ela volta trabalhar normal. Não se preocupe, ela está bem.

A ligação terminou e a noite se passou e o outro dia também. À noite, Sakura desceu correndo as escadas e avisou que iria para faculdade. O pai olhou os muitos curativos e alertou que ela não deveria fazer nenhum movimento repentino, senão o imenso corte na região da barriga poderia abrir, mesmo com os pontos falsos que o ele havia feito.

Sakura colocou seus tênis, e correu rumo à faculdade. Shaoran estava esperando na porta agachado, como se tivesse há uns minutos ali. Pegou Sakura pela cintura com cuidado e juntos caminharam junto ao portal de entrada. Foram até o elevador e Shaoran apertou o botão da ala H.

– H? Nossas aulas são no W. O que você está fazendo? – disse Sakura surpresa.

– Quero conversar com você um pouquinho, vai ser rápido – disse Shaoran tremulando a voz com o movimento do elevador.

A ala H estava deserta, e no fim do corredor havia uma sala que levava o nome de H23 – DEPÓSITO.

Quando chegaram na sala, Shaoran lhe entregou o caderno em tom de reverência tentando disfarçar a imensa demora para entregar.

– Só agora? Vou ter que passar tudo a limpo as anotações que eu fiz.

Shaoran ficou sem jeito pela vergonha, mas logo se recuperou. Pensou nas palavras de Kero. Não deveria contar uma palavra do que sabia, iriam ser mais preocupações, mas não aguentava mais a ideia de esconder tudo aquilo.

– Por onde devo começar? Bom, eu estou sabendo dos seus sonhos. Sei da mulher que está tentando roubar a magia do planeta. Sei que ela sequestrou seu irmão, e sei também dos outros dois treinamentos.

– Espera, o que tem meu irmão? – disse Sakura com uma expressão de terror no rosto.

Shaoran viu que havia cometido uma besteira naquele momento.

– Você disse que meu irmão foi sequestrado é isso? E porque não me contou nada até agora? – trovejou Sakura que respirava intensamente como estivesse à beira de um colapso nervoso. Shaoran viu que um pouco de sangue minou na blusa branca de Sakura e então pegou seu próprio casaco e abotoou de modo que ninguém visse quando saíssem dali.

Sakura colocou a mão no ventre na tentativa de estancar um pouco, mesmo assim resolveu não forçar mais.

– Sakura, não force, você sabe que você tem um grande ferimento na barriga. Eu sou descendente de Clow Reed, sei de tudo o que está acontecendo e agora que te contei não tem mais jeito de voltar atrás. Você tem que controlar suas emoções mais do que nunca, por que o que você passou até aqui não é nada comparado ao que está por vir.

– Tudo bem, mas me prometa que não vai esconder mais nada de mim. Eu como sua namorada, preciso saber de tudo o que você sabe.

Mas Shaoran não poderia prometer aquilo. Não deveria nem ter contado sobre o sequestro de Touya. Decidiu que não iria mais falar sobre a mulher, tampouco iria dizer a Kero que contara a Sakura aquilo que o guardião o alertou que não contasse.

– A suas mãos são a de um homem forte. Sei que me protegerá. Eu, Sakura Kinomoto, dedicarei todos os dias da minha vida a você, as minhas escolhas, o meu coração, tudo o que sou hoje e sempre... Não posso te perder por nada desse mundo.

Aquelas palavras fizeram com que Shaoran se emocionasse por um tempo e Sakura o estudasse com os olhos. Num relance, Shaoran puxa Sakura e a abraça muito forte. Estava muito feliz por ter a pessoa mais perfeita do mundo ao lado dele, então, pensou que jamais a magoaria dali pra frente.

– Espera, espera, não abraça tão forte, não esquece que acabei de sair de uma luta – disse Sakura rindo – vamos para a aula, estamos mais que atrasados.

Chegando na porta da sala de aula, todos olharam para ela como se tivessem visto uma assombração horrenda. Tantos curativos davam a impressão de que ela havia sofrido um acidente de carro, capotado dez vezes e o carro ainda tivesse pegado fogo.

– O que aconteceu com você? Está toda esfolada – disse Rika com espanto.

Shaoran se adiantou e começou a inventar uma história mirabolante, dizendo que ela estava correndo disparado e havia batido na cerca do vizinho e tivesse escapado de um cachorro.

– Ai!!! Solta a minha orelha! – gritou Shaoran.

– Não exagera, está parecendo o Yamazaki já – disse Sakura secamente.

A aula correu normalmente, e Sakura verificava dentro do casaco se o ferimento estava em ordem de meia em meia hora. Todos se assustaram quando ela abriu o casaco e mostrou o corte que mais parecia uma cirurgia de gravidez na diagonal. No fim todos riram engolindo qualquer história que ela pudesse contar e então todos retornaram para suas casas.

Sakura correu para a sua na esperança de abrir a porta e dar de cara com Touya lendo o jornal na mesa, mas quando chegou em casa, não encontrou ninguém além de seu pai. Cumprimentou-o recebendo um beijo na testa e então subiu a escadaria para o seu quarto.

– Não quero que nada te atrapalhe no treinamento hein? – Disse Kero ao ver o semblante triste da garota.

– Meu irmão ainda não voltou? Estou preocupada com ele, não faço a mínima ideia de onde ele possa estar – mentiu Sakura vestindo o pijama – ele judiava de mim, mas eu gostava dele.

– Espera, ele não morreu. Você fala como se ele tivesse morrido. O que está havendo? – perguntou Kero pensativo.

– Não foi nada, é só que ele não ficou tanto tempo assim fora, fico imaginando que alguma coisa ruim deve ter acontecido com ele.

Kero viu que Sakura não sabia mentir direito e ainda por cima estava mais pessimista do que nunca, estava na cara que ele deveria dar uma mordida no dedo de Shaoran como forma de punição. Sakura deitou-se, virou para o lado e desejou dormir o quanto antes para pode acordar logo. Quem sabe seu irmão estivesse ali no dia seguinte.


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