Ela era assim, aparentava ser mais velha, mas por dentro era mais boba do que qualquer garota de sua idade.

Impressionava os adultos ao falar sobre diversos assuntos, sempre admirando com seu vocabulário tão vasto para alguém de sua idade... Mas por dentro ainda era uma garota, uma simples menina que podia ser desiludida facilmente.Só queria alguém para ficar junto de si, alguém para amar...

 A garota, assim como qualquer outra de sua idade, usava diariamente o computador...Fora mais fácil de achá-la daquela forma.

Fora simples iniciar um assunto privado com ela, havia comentado sobre alguma banda cujo ela também gostava.

E pronto!Tão rapidamente ela havia se envolvido com aquele estranho...Parecia que seu intelecto superior não havia a alertado em momento algum.Caíra na teia que ele mesmo tecera, e assim seu coração foi fisgado.

Já não falava de outra coisa, o nome dele nunca saia de sua boca, o que ele lhe falava toda a noite se repetia insistentemente em sua mente.

E assim se foi passando os meses, com aquela paixão pelo desconhecido aumentando sempre e sempre...

Até que...

“Eduardo: - Faz tanto tempo que a gente se fala não é?

Gabriella: -Sim sim!

Eduardo: -A gente podia se conhecer não é ?”

Sua consciência estava tão embriagada com as palavras doces que ele sempre lhe dirigia, que nem ao menos alertara a pobre garota a tal perigo.

Marcaram logo o tal encontro, seria em uma praça no centro da cidade.Gabriella só fora lá algumas vezes, mas convencera aos pais a deixá-la ir sozinha (apesar de ser muito nova para isso).

Gabriella não conseguira dormir durante a semana inteira, as borboletas em sua barriga estavam tão agitadas!Pensava em Eduardo todas as noites, pensando em como seria a sua voz, como seria o seu cheiro, seu abraço, seu beijo...!Ah!Tão inocente ela era, achava que ele a pediria em namoro...

Mal acabara de acordar e já se preparava para sair ao encontro de Eduardo, arrumara-se com todo o esmero, esperando conquistar o rapaz.Rapidamente já se dirigia ao ponto de encontro, sentara-se no banco que havia por ali e esperou.

- Gabriella...O que está fazendo?-Perguntou a voz suave ao seu lado.

Gabriella parou então de murmurar palavras surdas e virou o rosto.E ali o viu, parado, lindo, trajando uma camiseta colorida e uma calça jeans, tão trivial, mas tão esplendido nele- ela achava- !

Ficou meio abobalhada ao ver como parecia ser mais lindo do que nas fotos... Claro, ele tinha seus 19 anos, mas mesmo assim não deixava de fazer o coração dela pulsar mais rápido.

Foram até uma sorveteira que havia por ali, ele não pediu nada só ficou observar a garota tomando seu sorvete com as mãos trêmulas.Ele falava em tom animado sobre ter finalmente a encontrado.

Ela só escutava timidamente, tendo cuidado para não derrubar o sorvete com suas mãos trêmulas e suadas de ansiedade.Mas fora inútil, acabara deixando um pedaço cair de sua boca, sujando seu queixo.Envergonhada, apanhou rapidamente o guardanapo, na esperança de que ele não notasse.Mas num rompante ele prendeu seu rosto em uma das mãos, enquanto a outra parava o pulso com o guardanapo.Encarou o rosto ruborizado da garota, e logo tão atrevido, lambeu o queixo sujo da garota, deslizando sua língua para sua boca , que arfava aberta.

Ela tão envergonhada, ficou meio sem reação durante o beijo, ele demonstrara-se um tanto quanto assanhado... Mas era tudo com o que sonhava, tudo o que desejava durante tanto tempo!

De tão maravilhada que estava a garota nem percebeu quando deixaram o local. Deixou-se levar por ele até um edifício, onde entraram no rústico elevador que ali existia.

A garota de repente deu-se por si, percebeu o perigo que corria ao ir até a casa de um desconhecido.

“Ah! Eu o conheço há tanto tempo! E, aliás, ele sempre disse que me amava, ele não seria capaz de fazer algo contra mim...” – Pensava ingênua.

Ele então a envolveu pela cintura, levando-a para dentro do pequeno e velho apartamento, deixando-a até meio zonza com seus beijos. Mesmo depois de entrarem, ele ainda continuava a guiá-la pelo apartamento, com segundas intenções...

Até que então ele a empurrara para um quarto, jogando-a bruscamente em cima da cama. Ela congelou.

- Ta aí, mais uma garota, do jeitinho que vocês pediram. –Disse ele buscando pela sua droga cancerígena preferida, acendendo-a com o isqueiro vagabundo que tinha. – Cadê a grana?

Ela não entendia nada, não entendia o que ele dizia ou o que fazia ali. Só via os homens que ali se amontoavam em torno dela e dele, falando coisas desconexas para ela com as vozes a se misturar em sua mente em pânico.

Ele fora embora, levando consigo toda a felicidade e afeto da garota dentro de sua carteira tão maculada com o dinheiro sujo daqueles homens. Deixando-a sozinha com as mãos brutas deles, com a ignorância e violência deles.

As risadas eram elas que a assustavam mais que tudo, mais do que as ações deles.

Tão triste fora aquele dia, ah!Maldito fora o “sim” de aprovação da mãe para a filha, autorizando-a a sair de casa naquela tarde...

Quem sabe o domingo não poderia ser mais feliz se no habitual jornal que o pai assinava, não estivesse estampado em todas as letras na primeira página:

“Menina de 13 anos é encontrada morta no centro da cidade.”