Cicatriz escrita por tsubasataty


Capítulo 24
Capítulo 23




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Uma extensão de águas num movimento sem fim, um reflexo das nuvens ao alcance das mãos, um conjunto de cores verde-azuladas que causam um deslumbramento dentro de nós. 

  Essa foi a impressão que tive do mar. 

  -Gabi! – Laís me puxou pelo braço, com um sorriso destacando seu rosto – Vem logo, senão você não vai aparecer na foto. 

  Quase me desequilibrei enquanto a acompanhava correndo. Tinha que me acostumar a não deixar meus olhos vagarem perdidos pelo mar. 

  O dia, ensolarado e úmido, contrastava com a brisa vinda do oceano, criando uma sensação refrescante e agradável à pele. Tínhamos chegado a pouco mais de duas horas e ainda havia muita coisa a se fazer e muitos lugares para conhecer. Estávamos usando o Búzios Trolley, um veículo que percorreria conosco várias praias e alguns pontos turísticos da cidade. Estávamos ainda no centro de Búzios, na Praia da Armação, mas ainda visitaríamos vários lugares, como a Praça dos Ossos – na qual só o nome já serviu para aumentar a ansiedade presente em mim - e a Ponta do criminoso, uma formação rochosa que o guia nos dissera ser usada no passado por piratas que costumavam contrabandear pau-brasil. Isso pareceu tão emocionante para mim que cheguei realmente a imaginar encontrar um navio de pirata ancorado ali. Ver um navio e toda sua tripulação, por mais assombrosa e estranha que pudesse ser, era algo que eu, quase hipnóticamente, adoraria conhecer. 

  Também, o que sabia que não iria faltar na nossa viagem escolar, foi visitar um ponto educativo: a praia da Lagoinha, considerada um ponto geológico em destaque por causa de suas rochas formadas a não sei quantos milhões de anos atrás. O que definitivamente me deslumbrou, no entanto, foi a vista do mar ao encontro das rochas; o movimento das águas atingindo as pedras como se este quisesse enfrentá-las numa luta, numa batalha entre o dinâmico e o estático. Se aquilo não estava entre as sete maravilhas do mundo, entraria na lista das maravilhas do meu mundo. 

  Depois de fotos, paradas para mergulho, lanche e ida a outros pontos turísticos, voltamos ao hotel. Por mais emocionante que tenha sido o dia, eu estava morta de noite, literalmente em fragalhos. Jantamos no próprio hotel mesmo e, quando o cansaço realmente se alastrou por todos, cada um seguiu para seu quarto, buscando nos sonhos uma chance de reviver tudo isso de novo. 

  

  Acordamos cedo na manhã seguinte. O dia amanheceu um pouco frio e o tempo antes das 10 horas quase ameaçou de chuva. Aquele dia, para meu desespero, seria o nosso último em Búzios. Iríamos permanecer mais ao centro da cidade para fazer compras e visitar uma última praia antes de ir embora. Seguimos para a Rua das Pedras, perto da Praia dos Ossos, e almoçamos num restaurante que possuía como atrativo seus famosos pratos de massas com frutos do mar. Aquela comida, aquele lugar por inteiro, eram o paraíso! Por mais interessante que eu imaginava que seria a viagem, eu estava realmente adorando cada vez mais estar ali. Cada instante e cada lugar me surpreendiam como eu jamais esperava. Se todo o Brasil fosse tão reconfortante e amado como ali, talvez os brasileiros admirassem e cuidassem mais do país ao qual pertencem, mostrando que ele não é feito apenas de futebol e carnaval mas que tem, sim, suas próprias belezas,  indispensáveis e únicas. 

  Assim que alguns dos alunos, incluindo eu e minhas amigas, seguimos no fim da tarde para a praia, chegamos a tempo de ver o pôr-do-sol iluminar o horizonte, cobrindo de cores a infinidade do céu e refletindo nas ondas do mar. Sentindo a areia aquecendo meus pés, estendi a mão num impulso, como se quisesse alcançar aquelas cores, me cobrir com aquele sol e ser parte daquele céu. Essa era outra maravilha do meu mundo. 

  Quando notei que alguém faltava perto de mim, que não compartilhava daquele momento com nós, foi que percebi que o Eric não estava ali. Não o vendo desde que estávamos na Rua das Pedras, perguntei à Laís se ela tinha visto o irmão e ela dissera que sim, que ele tinha ido descansar no hotel. Olhei mais uma vez para aquela aquarela pintada no horizonte e a desenhei em minha mente. Eu levaria uma parte daquele pôr-do-sol comigo.


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