Cicatriz escrita por tsubasataty


Capítulo 17
Capítulo 16




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 Domingo amanheceu nublado e escuro, como se alguém tivesse tirado uma parte essencial do sol e ele deixasse de brilhar como antes. Era exatamente assim como eu estava me sentindo.

  Liguei para a Laís e ela me avisou que seu irmão estava mais tranquilo e que seria capaz de me ouvir agora. Então, à tarde, eu iria a sua casa para esclarecer tudo.

  Depois que acabei de almoçar, disse aos meus pais – que inocentemente não sabiam sobre ontem - que iria à casa da Laís. Por mais revelador que tenha sido o que aconteceu na festa, isso era algo que envolvia somente a mim. Não tinha porque meus pais ficarem sabendo.

  Como eles não moravam muito longe, fui a pé mesmo. Caminhei organizando mentalmente todos os fatos e o que eu diria ao Eric. Eu não podia perdê-lo assim, por causa de um simples mal entendido, por isso, precisava estar preparada para saber o que dizer. 

  As ruas estavam pacatas e silenciosas naquele domingo. Quando cheguei à rua onde eles moravam, Laís já me esperava ansiosamente em frente sua casa. Ela sorriu, acenando assim que me viu, e correu até mim.

  -Pronta?!

 -Claro – respondi, tentando ignorar o tremor que se formou em minha garganta

  Eric estava jogando video-game quando o encontrei. Logo que me viu, ele pausou o jogo e eu me sentei com certa hesitação ao seu lado.

  -Eric... sobre ontem, eu não tinha imaginado que aquilo iria acontecer – falei, lutando parecer convincente - O Á Sama, quer dizer, o Álvaro tava bêbado, por isso ele me beijou.

  -E ele fez isso porque...?

  Sabia que ele iria perguntar isso.

  -O Álvaro se declarou pra mim ontem, e disse que não queria me perder pra você.

   Essa era a verdade.

  Agora, a única parte que eu tinha medo, era descobrir o que ia acontecer. 

  Não tirei os olhos do Eric por um segundo sequer, mesmo assim, ele não reagiu de nenhum modo que imaginei, ficando apenas mudo por um minuto. E sobre seu rosto, havia uma máscara impossível de se decifrar.

  -E você ama ele? – ele disse aquilo sem sentimento nenhum, como se não se importasse com a resposta.

  Isso me pegou de surpresa

  -Bom... como amigo, sim.

  -Mas ele não te vê assim, Gabi.

  Novamente, a pancada no estômago.

  -Eu sei que ele disse que me ama. Mas ele tava bêbado ontem e então nem deve ser verdade.

  -Gabi – Eric começou, fechando os olhos e suspirando impaciente - eu vi como ele olhava para você na festa do seu pai. Ele não te vê só como amiga.

  Não consegui olhar para ele, com o rosto com certeza em chamas. Eu conhecia o Á sama há anos e nunca tinha percebido isso, enquanto que, em uma noite – uma noite! -, Eric reparou nesse detalhe que agora poderia fazer toda a diferença. Eu simplesmente não queria acreditar que isso pudesse ser verdade.

  Acho que ele esperou eu contradizê-lo, contudo, como não disse nada, Eric continuou:

  -Enfim, não importa, eu não vou desistir de você - levantei o rosto e vi que ele olhava decidido para mim - Então, quem você realmente quer como namorado?

  Notei que um medo ficou preso em seus olhos. Ele realmente já estava mortificado pelas palavras que eu ainda iria dizer.    

  -O Álvaro é só meu amigo, bom, meu melhor amigo, mas você é meu namorado, Eric, você.

  Ele sorriu aliviado, deixando o medo desaparecer de seu rosto, e em seguida me beijou. Quando tudo parecia ter sido resolvido, notei que algo dentro de mim me incomodava, como se houvesse alguma coisa errada com meus sentimentos. Me afastei dele um pouco e, ignorando esse sentimento que só queria me confundir, falei, precisando mudar de assunto:

  -Então, Eric... em que nível você tá no jogo?

  -No cinco - ele respondeu com um brilho radiante no rosto e sem desconfiar de minha mudança súbita de assunto.

  -Mas é impossível passar da última parte do nível quatro! – me uni ao clima também, já que esse era um dos meus jogos preferidos.

  -Quase impossível - Eric argumentou, voltando ao nível anterior - É só ir à caverna vermelha e pegar uma chave dourada escondida. Aí, é só usar a chave para abrir a porta e chegar ao nível 5.

  Quase anoitecendo, voltei finalmente para casa. A tarde tinha sido boa - não excelente, só... razoável -  mas aquilo que Eric me dissera sobre o Álvaro tinha me abalado profundamente. Mesmo assim, alegando a mim mesma que só precisava de tempo para organizar tudo em mente, enterrei aquelas palavras no fundo do meu cérebro, num lugar em que não voltassem a me abalar tão facilmente. 

  Assim que cheguei em casa, tirei sem pressa a chave do bolso de meu jeans e abri o portão da garagem. Foi quando entrei na sala que parei de repente. Bem diante de mim, deparei com a maior surpresa que poderia imaginar.

  -Á sama?!  - minha voz saiu áspera, num sobressalto - O quê você tá fazendo aqui?!


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Notas finais do capítulo

Prestem mesmo atenção nesse Álvaro...



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