Eu tentava me mover, mas minhas pernas não saiam do lugar. Tudo o que eu fazia era em vão. Paredes em forma de labirinto me cercavam, me prendiam. No fundo, todos os meus instintos sabiam que ele me observava.

E isso era totalmente uma tortura.

Sua voz soou dentro da minha cabeça, e eu estava a um único passo da insanidade.

– Você finalmente descobriu!

“Cale a boca, cale a boca.” - Tentei pronunciar mas as palavras não chegavam até a minha boca.

– Sabe que precisa fazer , precisa pegar o que resta do poder da lua, minha querida filha. – Não. Saia da minha cabeça – Só você pode fazer-lo, e então me trazer de volta. Você precisa de mim, Luanne.

– Não! Eu não quero ser sua filha, tenho nojo de você, nunca vou ser leal ao ser que destruiu a minha vida. – Minhas palavras ecoavam.

– Destruí sua vida? – Uma risada demoníaca encheu o lugar – Você é a criatura mais poderosa, não existe ninguém como você. A mãe do bastardo ao perceber o que eu estava planejando se juntou com um lobo amaldiçoado para criar híbridos.

– Eu não acredito.

– Você é minha Luanne, não há nada o que possa fazer para mudar isso.

Lutei para abrir os olhos, eu não queria mais ouvir-lo. Queria que ele saísse da minha cabeça, queria dar um ponto final a isso.

– E precisa matar James. – Nunca – Quando finalmente tiver nas mãos o poder, vai poder trazer me trazer de volta, não só eu, como também seu amiguinho Logan e... Marie, sua mãe.

Não. Mentira. Mentira.

– O sangue do bastardo é a chave.

– Não fale dele assim.

– É apenas o que ele é, de fato. Mate-o ou contrário morrerá. A marca do seu coração, irá te consumir, te destruir e só irá desaparecer quando o dele parar de bater. Mate-o Aili. Mate-o.

– NÃÃÃOOO! – Um grito escapou da minha garganta, enquanto meus olhos se abriam e eu me sentava rapidamente na cama.

– Lua? – James se acordou assustado- Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

– James... – Meus olhos se encheram de lágrimas – Eu não vou agüentar. Não consigo.

Ele prontamente me envolveu em seus braços, me puxando para seu colo. Deixei de lado a ardência em minha garganta. Não havia muito tempo que eu me alimentara de seu sangue, e não iria fazer-lo novamente, não depois do que havia descoberto.

– Eu estou com você.

– Ele... Caos vai encontrar um jeito de me dominar, James. Estar em meus pensamentos não é nada comparado ao que ele pode fazer.

– Lua, não precisa se preocupar comigo.

– Como não? – Segurei meu rosto entre as mãos, deixando pela primeira vez, desde que Logan morrera, meus sentimentos por James aparecerem – Eu não posso te perder. Nossos destinos estavam ligados desde crianças. Você faz parte de mim.

– Escute, eu amo você. Eu me apaixonei mesmo sabendo que você seria minha destruição. E se for para morrer, que seja por suas mãos.

Encostei minha testa na dele.

– Seu sangue pode trazer Logan de volta a vida e minha mãe. Como também pode trazer Caos.

Eu escolhi não contar sobre a marca, que eu iria morrer se ele continuasse vivo.

– Quando chegar a hora, você saberá o que fazer.

Por fim, deixei que ele tomasse meus lábios, senti sua língua pedindo passagem e eu concedi. Minhas mãos foram até o seu cabelo puxando levemente, enquanto suas mãos passeavam pelas minhas costas. Eu já podia sentir minha vontade de ter-lo aumentando junto com a sede de seu sangue.

“Mate-o Aili. Mate-o.” – Novamente escutei as palavras de Caos ecoando na minha mente.

Coloquei a mão no ombro de James e me afastei.

– Eu... Eu preciso ficar longe de você.

– Espere...

Preferi não escutar, e saí do quarto batendo a porta com força. Coloquei minha mão no rosto, respirando devagar, fiz ao máximo para não chorar, mas uma lágrima insistiu em cair.

Então senti algo me puxando para o final do corredor, não era algo ruim, era parecido com uma brisa, meus pés começaram a se mover naquela direção, cheguei a uma escada que levava para uma espécie de torre.

Subi degrau por degrau, sentindo algo me sugando, me atraindo como um imã. No topo, para minha surpresa, encontrei Carlos.

Imóvel.

De frente para uma porta.

Pelo modo que seus olhos estavam parecia estar hipnotizado.

– Você se sentiu atraída para chegar aqui também, Lua?

Demorei alguns segundos para perceber que ele havia falado.

– Não sei ao certo, só senti que precisava vir aqui.

Passei por ele, e empurrei a porta que se abriu com um rangido.

– Espere... – Carlos puxou meu braço fazendo-me olhar diretamente nos olhos dele – Por que sempre tem alguém que nunca nos deixa ficar a sós? Por que nunca podemos conversar? Eu tenho tanta coisa para te dizer.

– Carlos? Você está bem?

– Não, eu não estou. Eu sou sua última opção, não é mesmo?

– O que você está querendo dizer?

– Primeiro o Logan, sempre foi óbvio que você daria a vida por ele, depois o James... Está estampado que vocês têm algo, que vocês têm alguma espécie de ligação, tanto faz. Ah... E o Kendall, só falta sair faíscas quando estão juntos. Eu não tenho nada.

– Carlos... Por favor.

– Evidentemente, você e todos já notaram que eu quero algo com você. Mas, você está limitada aos outros. Eles só te colocaram em perigo, eu te ajudei e estou aqui para ajudar. Só me dê uma chance. E eu posso te mostrar...

Ele levantou a minha mão e entrelaçou junto a dele.

– Eu iria até o inferno por você.

– Não quero que vá a nenhum lugar, fique comigo.

Novamente, senti algo me empurrando para trás daquela porta, dessa vez mais forte.

– Você sentiu isso também? – Assenti.

Entrei com Carlos atrás de mim, uma sala grande estava nos aguardando, faltava uma parede, assim mostrando grande parte da floresta, do vilarejo e nos dando uma ótima visão da lua cheia. Mas, o que me chamou mais atenção foi que bem no meio da sala, uma pequena mesa com uma cúpula de vidro em cima e então uma pequena chama azul, acesa, brilhando, mas não havia nenhuma fonte, nenhuma vela, nada para que ela queimasse.

Dei dois passos em direção a chama.

– Lua, cuidado.

A voz de Carlos era quase inaudível para mim, me aproximei e levantei a cúpula, senti o vento sacudir meu cabelo levemente e sem pensar segurei a chama em minhas mãos. Um leve formigamento surgiu e então, finalmente, se apagou.

Senti a energia percorrer todo o meu corpo, como sangue, e então meus joelhos cederam indo de encontro com o chão.

– Lua! Lua, olhe para mim. – Carlos se ajoelhou ao meu lado e segurou meu rosto tirando algumas mechas da frente.

Meus olhos estavam fechados, eu podia sentir minha força aumentando, e várias perguntas sendo respondidas.

– Luanne?

– Eu estou bem. – Abri meus olhos e o olhei. Vi o choque passar por seu rosto. Havia alguma coisa errada comigo.

– Lua... Seu olho...

Esperei ele continuar.

– Está igual ao de Caos. Está cinza.