Réquiem Para O Desafortunado escrita por claris1695


Capítulo 1
Prólogo




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Prólogo

Aquele ano estava excepcionalmente frio. A mata densa de Dumian, ele notou, estava bem mais enxuta que o normal. O clima ameno que fazia o suor ligar à sua pele naqueles dias de atividades ao ar livre meses atrás, dera lugar a uma frigidez que freqüentemente lhe fazia tremer. Ele sabia, no entanto, que não era apenas a natureza que estava se tornando mais instável, ou os animais que pareciam mais agitados, ou até mesmo as pessoas que aparentavam estar mais tensas. Ele próprio havia adquirido um receio, uma desconfiança nas coisas que fazia. Era como se uma verdade implícita pairasse sobre as cabeças alheias, que fazia até o mais tolo dos homens franzir a testa naquele momento. Ainda assim, ninguém se manifestava, ninguém se incomodava em abrir a boca para falar sobre algo que todos saibam: os anos de paz por tantos anos gozados haviam chegado ao fim.

“O rei está ficando cada vez burro! Eu te juro que não vai demorar até que ele tome uma decisão que vai condenar todos nós.” Ester já havia andando os quatro cantos do cômodo que eles dividiam. Ele podia notar inclusive que ela estava nervosa... Qualquer outro sujeito mal repararia no jeito no qual ela mexia suas mãos, e mesmo se notasse, não saberia que aquilo era sinal de preocupação. Não apenas isso, mas a forma em que seus olhos azuis escuros dilatavam-se apenas reafirmava o fato dela estar nervosa.

Quem nós, Ester? Eu? Suas amigas tão leais? Sua família tão dedicada? Ou será que nós agora se tornou primeira do singular? Admita Ester, você está preocupada mesmo em salvar sua própria pele. Sabe melhor do que ninguém que as decisões do seu marido afetam não só a ele como também a você.”

Ela pareceu ficar ligeiramente ofendida com as palavras proferidas por seu amante, como se as palavras realmente a tivessem atingido, de uma forma que fez ele quase se arrepender de tê-la chamado de egoísta. Porém, antes que ele pudesse abrir a boca, ela exasperou um suspiro e sentou-se ao seu lado no fim da cama.

“Eu posso não aparentar constantemente, mas eu me preocupo sim com o meu povo, e uma guerra agora seria um decreto de morte para incontáveis inocentes. Meu marido, por outro lado, está agindo de forma tola, instigando algo que nós não estamos prontos para enfrentar... Ao que tudo indica, ele perdeu o cérebro, ou o seu amor a vida... Talvez os dois.”

“Shh! Fale mais baixo. As paredes têm ouvidos, e é o teu rei que estais difamando...” Ester sorriu tortamente e encostou a cabeça em seu ombro.

“Eu achava que era meu trabalho ser a paranóica... Você sabe que não tem ninguém por aqui...”

“Cuidado para não ficar complacente, você sabe muito bem o quanto estamos arriscando fazendo ...”

“Sexo?” Ester levantou-se rindo e se aproximou da janela que avistava a masmorra do castelo. “ Se eu não te conhecesse diria que estais com medo de voltar para aquele lugar” Disse ela apontando para a masmorra.

“Se fosse só pelo sexo eu poderia estar com qualquer outra moça que não me pusesse numa situação tão complicada, e que não me pusesse de volta naquele lugar.” Ele aproximou-se dela por trás e a envolveu com os braços, Ester fechou os olhos e sorriu.

“O que eu tenho que elas não tem?”

“Você sabe muito bem o quê.” Ester inclinou a cabeça e ele a beijou bem no encontro do ombro com o pescoço. “Além do que...” Ele desceu as mãos para sua barriga que após três meses já começava a mostrar sinais de uma gravidez. “Daremos a vossa majestade, teu marido, o herdeiro do trono o qual ele tanto deseja.” Ester pôs as mãos por cima das dele.

“Teu filho. Não se esqueças disso.” Ele pegou os ombros de Ester e a virou para que pudesse olhar para o seu rosto.

“Não me esquecerei... Minha rainha.”


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