Entre Dois Mundos escrita por Malu


Capítulo 15
Férias


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei um inverno de Nárnia para postar e peço desculpas por isso, mas é que a escola e o bloqueio criativo não estavam me deixando escrever. Mas aí está, o maior capítulo que já escrevi Kk Boa leitura!



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Dezembro chegou e com ele alguns testes. Fui muito bem em todos, para a minha surpresa. Passava meu tempo livre desenhando ou com o Grim. De vez em quando brincávamos de duelo. Algumas vezes tínhamos que ir para a ala hospitalar por causa de uma ou outra azaração mais forte. A maior vantagem é que sabíamos muito bem como nos defender.

Após os testes vieram as férias. Grim disse que ficaria na escola. Eu fiz o que meu pai me pediu e voltei. Ele estava me esperando na estação, com uma mala também. Fiquei surpresa quando ele disse que íamos viajar.

Fomos para um canto isolado e meu pai tirou uma escola de cabelo com um estranho brilho azul da bolsa. Disse-me que era uma Chave de Portal e para eu tocá-la logo. Aconteceu sem que eu esperasse. Foi como se alguém estivesse me puxando pelo umbigo para a frente. Avançávamos vertiginosamente em meio a um ropoio de cores e um vento horrível. Tão repentinamente como começou, meus pés tocaram o chão com um solavanco. Quase caí, mas meu pai me segurou.

Estávamos em um campo aberto, isolado. Não era nenhum lugar que eu conhecia. Meu pai pegou nossas coisas e começou a andar, em silêncio. Fui atrás, sem perguntar nada, mas esperando alguma explicação.

Ainda sem falar nada, ele parou na porta de uma casinha e bateu. Uma senhora muito simpática nos recebeu. Meu pai trocou algumas palavras com ela e fomos para um quarto. Só então ele pareceu relaxar e olhou para mim, sorrindo.

– Acho que te devo uma explicação, não é?

– É, também acho… Onde estamos?

– Nos Estados Unidos. Resolvi trazer você para cá. Você nasceu aqui, sabia?

– Sim… Veio procurar a minha mãe?

– Ela não é fácil de encontrar. Mas não é por isso. Eu tinha uns negócios com um bruxo que veio para cá e resolvi te trazer junto. Hoje vamos ficar aqui. Essa senhora me acolheu uma vez. Amanhã vamos viajar de novo.

– E porque não disse nada?

– Eu estou com frio, você não? - ele me pegou no colo e começamos a rir e brincar.

Fomos dormir cedo para descansarmos bastante. A senhora era muito simpática e era trouxa, por isso meu pai me pediu para ter cuidado. Ela disse que havia gostado de mim. Era estranho conversar com ela por causa do sotaque, me dava vontade de rir. Ela cozinhava bem e comi bastante. Dormimos eu e meu pai no quarto.

Acordamos bem cedo no dia seguinte. Tomamos um café rápido e silencioso, pois tínhamos pressa e a senhora ainda dormia. Meu pai escreveu um bilhete agradecendo e colocou junto com algumas notas da moeda trouxa em cima da mesa. Pegou mais uma Chave de Portal e bastou um olhar para que eu entendesse. Era um chapéu velho. Encostei o dedo e pouco segundos depois tive a sensação de estar sendo puxada pelo umbigo.

Aterrizamos em um estacionamento. Estava praticamente vazio, exceto por três pequenos carros. Saímos em silêncio, meu pai segurando minha mão. Na casa da senhora, ele havia enfeitiçado minha mochila com um Feitiço Indetectável de Extensão, assim não precisava ficar carregando meu malão para todo lado.

A rua estava deserta. Meu pai andava rapidamente ao meu lado. Não paramos até chegarmos a um pequeno hotel, onde fomos recebidos por um rapaz de terno que nos levou até um quarto no último andar. Estava tão cansada que deitei na cama de roupa mesmo e dormi.

Acordei algumas horas mais tarde. As cortinas estavam fechadas. Olhei para um relógio na parede. 12 horas. Minha cabeça doía um pouco. Fui até uma pequena geladeira no canto e bebi um copo de água. Não vi meu pai, mas não me preocupei, ele devia estar resolvendo seus negócios. Ainda meio tonta, fui ao banheiro. Lavei meu rosto com água gelada. Pouco a pouco a tontura e a dor de cabeça foram melhorando.

Sentei-me na cama para esperar meu pai chegar. Porém vários minutos haviam se passado e ele não apareceu. Estava começando a ficar preocupada. E com fome. Fui até a janela e abri as cortinas. Havia uma sacada e meu pai estava lá. Parecia pensativo. Tentei sair antes que ele me visse. Mas devo ter feito algum barulho, pois ele virou e me chamou.

– Bonita a cidade, não?

– Um pouco… O que faz aqui, pai?

– Estava pensando…

– No que?

– Na sua mãe. Em como ela era linda. E em você. Em como é uma menina muito especial e única.

– O que tenho de tão especial e diferente? É a segunda pessoa que me diz isso… O senhor e o meu amigo Grim…

– É que gostamos de você. Pelo menos eu gosto muito.

– Não é isso pai. Não mente para mim, por favor.

– Não estou mentindo filha, eu realmente gosto muito de ti.

– Não estou falando disto. O que eu tenho de diferente?

– Que tal irmos comer algo e depois conversamos?

– Tudo bem.

Fomos a uma lanchonete almoçar. Fiquei observando as pessoas na rua e acabei esquecendo de terminar a conversa. Meu pai me contou mais sobre seu projeto com o bruxo, algo sobre o uso de poções na arquitetura. Ele também ia aproveitar para tentar contatar os bruxos norte-americanos para aprender algumas novas poções.

Os primeiros dias foram tediosos. Não saíamos muito de casa. Passei bastante tempo observando a neve pela sacada do quarto, mas estava perdendo a graça. Meu pai recebia alguns homens estranhos e eu mantinha distância.

Uma semana depois meu pai me disse que havia terminado os negócios. Fiquei feliz, pois não aguentava mais ficar em casa. Fomos para um rápido passeio, estava frio e não queríamos ficar doentes. Após o almoço fomos para um parque, onde fizemos uma guerra de neve. Algumas outras crianças se juntaram a nós, foi bem divertido. Não falei muito com nenhuma delas, logo que terminamos a brincadeira voltamos para o hotel tomar um banho quente e ficarmos embaixo das cobertas.

No dia seguinte voltamos ao parque, mas dessa vez sem brincar na neve. Eu queria ver pessoas e meu pai tinha que entregar um documento para seu sócio. Algumas crianças passeavam por lá com suas famílias, aproveitando a neve. Saí de perto do meu pai, com a recomendação de ir apenas onde ele pudesse me ver. Fui andando sem ver. Sentei-me em um banco, observando algumas crianças brincando na minha frente.

Estava tão distraída que não percebi um garoto que se aproximava de mim lentamente. Ele sentou-se ao meu lado e ficou me observando. Deu um pequeno espirro para chamar minha atenção. Olhei para ele e sorri. Parecia ser alguns anos mais velho que eu. A única coisa que percebi era que tinha um problema com espinhas, porque vestia tanta roupa que não dava para ver nada além do rosto.

– Oi… - falei, timidamente. Ele olhou para mim e pude ver seus olhos cor de chocolate.

– Olá! Lembra de mim? Estava brincando com você ontem…

– Desculpa, mas não.

– Tudo bem. Meu nome é Godric. E o seu?

– Eu sou a Sophie.

– Você é nova por aqui? Nunca te vi antes…

– Não sou daqui. Nem dos EUA eu sou.

– Percebi mesmo que você fala de um jeito diferente… É de onde então?

– Teoricamente eu nasci aqui. Mas moro na Inglaterra.

– Caramba… E o que faz aqui?

– Viagem de férias. Meu pai disse que não, mas eu acho que ele espera encontrar minha mãe aqui.

– Eles são separados?

– Nem chegaram a se casar. Eu nem conheço minha mãe.

– Que triste. Por que não?

– Não sei. Desculpa, mas isso é pessoal. Eu nem te conheço e você fica me fazendo um monte de perguntas!

– Desculpa, eu só queria uma amiga! - ele gritou, mas eu já estava me afastando, um pouco assustada. Meu pai já estava sozinho. Fui até ele e pedi para ir para casa. Ele estranhou e perguntou. Respondi apenas que estava cansada.

No Natal, ficamos no hotel, apenas eu e meu pai. Ele me deu um livro de mitologia grega, um de arquitetura básica e mais algumas outras coisas. Ganhei também um kit de desenho do Grim. Passamos a tarde toda juntos, rindo, conversando e vendo tv. Ao anoitecer, resolvi fazer mais algumas perguntas sobre minha mãe.

– Pai, acha que minha mãe gostaria de estar com a gente agora?

– Acho, minha pequena. Nos deixar foi uma decisão difícil pra ela.

– Então por que não fugiu com a gente?

– Ela não podia fazer isto.

– Por quê?

– Ela não ia trair a família. Também amava muito eles.

– Não podia nem manter contato?

– Acho que seria melhor não. Ela queria que eu seguisse em frente, arrumasse uma nova família, mas é impossível esquecê-la.

– E o que ela ia achar de mim agora?

– Que você é uma menina maravilhosa. Tenho certeza que se ela te visse agora ficaria muito orgulhosa. Assim como eu.

– Obrigada… - fiquei pensativa, imaginando se minha mãe teria construído outra família. De tanto pensar, acabei dormindo sem perceber.

No dia seguinte, fui com meu pai dar um passeio na cidade. Estávamos em Manhattan. Não prestei muita atenção, as ruas estavam quase sempre cheias. Pedi para ir ao parque e meu pai me levou. Chegando lá, encontrei um grupo de crianças brincando. Sentei-me perto delas e fiquei observando. Não demorou muito e o garoto do último dia veio falar comigo. Ele andava de um jeito meio estranho, meio mancando. Chamou-me para brincar com eles. Fui sem nem pensar, estar com outras pessoas, mesmo que desconhecidas, era algo novo para mim. Algo que eu tinha gostado muito.

– Nunca tinha brincado assim antes… - depois de muito brincarmos deitamos na neve.

– Sério? Por que não?

– Não tenho amigos na escola. Sou meio estranha, sabe…

– Você é legal. Isso não faz muito sentido...

– Eu sei. Nunca entendi porque isso acontece comigo.

– É uma pena você não ser daqui. Poderíamos ser amigos…

– É, talvez… Você mora por aqui?

– Não. Mas venho aqui com frequência.

– Vou te fazer uma pergunta, não fique chateado, ok?

– Pode perguntar a vontade, não vou me chatear com nada.

– É impressão minha ou você anda de um jeito meio estranho, sei lá, mancando um pouco?

– Eu tenho um problema nas pernas, mas nada demais.

– E seus pais?

– Eu moro em uma instituição, posso ir e vir quando quero, desde que não chegue muito tarde. Eu gosto muito de vir aqui e conhecer novas pessoas. Pessoas como você.

– Assim como?

– Legal, gentil, simpática… Entende o que quero dizer?

– Ah, sim… Achei que você seria mais um…

– Mais um o quê?

– Mais um que iria dizer que sou diferente, especial…

– As pessoas te dizem isso?

– As duas pessoas que falam comigo sim… O que não são muitas… Apenas meu pai e um garoto da escola…

– É uma pena… Acho que você se daria bem com meus amigos… Temos um acampamento de verão que também funciona no inverno… Quer conhecer?

– Não posso sair sem meu pai… Vamos falar com ele.

– Ok. - fomos correndo para onde meu pai estava. Ele olhou meio estranho para meu novo amigo, mas não comentou nada. - Oi, tio, tudo bem?

– Tudo. Eu te conheço?

– Não, pai, eu o conheci hoje.

– Ah... Prazer, eu sou o Jack Burton. E você é...?

– Sou o Godric. Sua filha é muito legal, sabia?

– Sabia. Ela é realmente incrível. Mas vocês parecem querer falar algo...

– Quando vocês vão embora?

– Ainda não sei. Por quê?

– Eu queria levar a tua filha para um acampamento que faço parte. Acho que ela ia se dar bem lá...

– Vou ver. Vamos embora, filha?

– Ok, pai. Tchau, Godric!

– Tchau, Sophie! Te vejo amanhã?

– Pai… ?

– Não sei. Tchau, garoto!

Enquanto íamos embora, percebi que meu pai estava um pouco nervoso. Não tocou no assunto do meu novo amigo nem do acampamento. Eu queria saber uma resposta, se ele ia permitir ou não, mas esperei irmos nos deitar para perguntar.

– Pai, está acordado?

– Estou.

– Sobre meu novo amigo e o acampamento… O que achou?

– Acho meio arriscado você ficar conversando com estranhos assim. E não acho legal pra você fazer amizade com pessoas que você nunca mais vai ver na vida.

– Nunca é uma palavra muito forte, não acha?

– Não sei. Não acredito que terei motivos para voltar para cá.

– Algo me diz que o verei novamente… E eu podia ir para conhecer, por que não?

– Porque estava querendo voltar para casa antes do fim do ano.

– Mas já? É a primeira vez que brinco com várias pessoas, eu estou gostando!

– Mas temos que ir embora. Você tem a escola e eu tenho a loja.

– Mas ainda estou de férias! Por favor pai, me deixe conhecer o acampamento.

– Não gosto da ideia de você ir a um lugar estranho com alguém que não conheço.

– Vamos juntos, se deixarem.

– Filha, eu não sei não. Amanhã te respondo. Vamos dormir?

Tive sonhos a noite toda. Um deles foi com a mulher que eu acreditava ser a minha mãe. Outro foi com o garoto do parque e um acampamento coberto com uma fina camada de neve, cheio de crianças da minha idade brincando. Mas não era um acampamento como o que eu via em filmes na tv. Haviam algumas coisas diferentes, mas eu não sabia explicar o porquê. Em mais um, fui atacada por uma acromântula do tamanho de uma casa e outras um pouco menores, mas ainda assim assustadoras. Elas se aproximavam lentamente e, quando a maior delas chegou bem perto de mim, eu acordei.

– Pesadelos outra vez? - meu pai estava ajoelhado na frente da minha cama, com um olhar preocupado.

– Sim. Aranhas outra vez. Mas tiveram outros sonhos também.

– Quais?

– Um deles foi com a mulher loira que eu acho que é a minha mãe. Ela estava com um bebê no colo e chorava, dizendo que ia cuidar dele por todo o sempre, mesmo que de longe. Isso significa alguma coisa, não é?

– Não sei, filha. E qual o outro sonho?

– Eu sonhei com o acampamento. Ele estava coberto por uma fina camada de neve e várias crianças brincavam. Ao fundo tinham algumas áreas de atividades diferentes, não sei dizer muito bem. Deixe-me ir com o Godric, por favor.

– Já disse que não sei. Pergunte a ele se posso ir junto. Se eu puder, eu deixo. Se não…

– Tudo bem. Vamos ao parque hoje então?

– Após o almoço, pode ser?

– Pode sim. Obrigada, pai! - corri para o banheiro tomar um banho.

Passei a manhã toda desenhando. Desenhei a mulher dos meus sonhos pela primeira vez. Rasguei logo em seguida. Pensar nela me trazia uma sensação estranha. Uma mistura confusa de angústia e felicidade. Eu tentava não pensar nela, mas sonhando com ela quase toda noite era difícil. E desenhá-la não iria ajudar.

Assim que almoçamos fomos para um passeio. Levei minha mochila com meu material de desenho, um lanche leve e uma troca de roupa. Não fomos direto para o parque dessa vez. Andando pelas ruas, parei em frente a um arranha-céu. Parecia ter mais de 100 andares, uma arquitetura incrível. Mas não foi isso que me fez parar. Uma sensação estranha percorreu meu corpo, um arrepio na espinha junto com uma vontade de entrar. Tudo em volta pareceu sumir por um instante. Fiquei olhando para o prédio, sentindo uma energia muito forte emanar dele.

– Sophie? Sophie, acorde! - ouvia a voz do meu pai ao longe, mas não conseguia voltar. Senti ele me sacudindo e só quando gritou que acordei. - O que houve?

– Não sei… Que prédio é esse?

– É o Empire State.

– Ah… Tem uma energia forte emanando dele, consegue sentir?

– Não sinto nada… Deve ser porque você é sensível para certas coisas… Vamos continuar andando?

– Ok…

Não prestei atenção em mais nada, fiquei pensando naquele prédio e na sua estranha energia. Nunca havia sentido nada parecido, pelo menos não com tanta intensidade. Eu queria voltar lá e entrar, ir até o último andar. Fiquei pensando em como seria legal se tivesse 600 andares… Assustei-me com este pensamento absurdo. O prédio era grande, mas nem tanto, não sabia como havia surgido essa ideia.

Chegamos no parque um pouco mais tarde que nos outros dias. Não fui atrás das crianças, fiquei sentada em um banco sozinha desenhando. Estava tão desligada do mundo que só percebi o Godric sentado ao meu lado quando terminei o desenho.

– Você desenha bem! - assustei quando ele falou comigo.

– Ah, oi, não havia percebido que você estava aqui.

– Desculpe não avisar. Mas desde quando você desenha?

– Desde pequena. Antes eram só alguns rabiscos, mas estou melhorando…

– - É perfeito! Eu conheço esse prédio, não?

– Sim, é o Empire State. Passei por ele agora e quis desenhar…

– Muito bom… Gosto bastante desse prédio. O que achou dele?

– É impressionante. Ele tem uma energia forte, é estranho. Enquanto vinha para cá fiquei pensando em como seria legal um prédio de 600 andares. Meio maluco, não é?

– Um pouco. Mas um prédio de 600 andares realmente seria muito legal. Voltando para os desenhos, tem mais aí?

– Tenho sim. Mas não sei se vou te mostrar…

– Por quê?

– Tenho vergonha… Nunca mostrei para ninguém, só para meu pai…

– Por favor. Não sei se nos veremos de novo depois que você for embora mesmo…

– Tudo bem então… - estava quase dando o caderno na mão dele quando lembrei dos meus desenhos sobre coisas bruxas. Não podia mostrar esses, ele iria fazer perguntas que eu não poderia responder. - Mas só alguns.

– É melhor que nada… - ele disse, olhando para mim. Mostrei alguns poucos desenhos, a maioria de corujas. Sem perceber, deixei que ele visse o da minha possível mãe. - Quem é essa?

– Não sei, é uma mulher com quem eu sonho as vezes. Bem, chega de desenhos.

– Tudo bem. Você gosta bastante de corujas, não?

– Sim. - vi meu pai acenando para mim de longe e lembrei-me do acampamento. - Lembra aquele acampamento que você falou para mim?

– Claro que sim. Ainda estou esperando uma resposta sua…

– Meu pai falou que se ele puder ir junto eu vou. Se não…

– Mas é só para jovens…

– Vem, vamos falar com ele. - fomos até onde meu pai estava sentado lendo um livro. - Pai, lembra dele? É o garoto do acampamento…

– Ah, olá… Qual teu nome mesmo?

– Godric. Então, sua filha vai poder ir?

– Eu vou poder ir?

– Ah, eu não sei, é algo para jovens, sabe…

– Eu não sei não… Não conheço vocês, não estou querendo ofender, mas o mundo é perigoso.

– Pode confiar em mim, senhor. Sua filha vai voltar segura e inteira, do mesmo jeito que eu a levar.

– E também vamos voltar para a Inglaterra em breve, não acho que faz muito sentido conhecer um lugar pra onde nunca mais vai voltar...

– Acho que o senhor não vai mudar de ideia, não é?

– Acho que não...

– Por favor, pai, eu quero muito ir. Não iria lhe custar nada...

– Filha, não queria te dizer isso assim porque vi que gostou bastante daqui, mas amanhã temos que voltar, deixei minha loja lá, não posso ficar muito tempo longe.

– Ta bom então. Vou voltar a brincar. - saí de perto dele cabisbaixa. Godric veio atrás de mim, falando sem parar, mas eu não estava prestando atenção. Havia percebido algo diferente nos olhos do meu pai enquanto conversávamos. Estava com a impressão de que ele só decidiu voltar amanhã por causa da nossa insistência. Eu só não entendia o porquê de ele negar tão intensamente. Isso só podia significar uma coisa. Ele estava escondendo alguma coisa de mim.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado. Lembre-se, críticas são sempre bem vindas! ;) Obrigada por não terem me abandonado. Um beijo e até a próxima ^^