Lá estavam os três, como três adolescentes entrando na boate super animados. Stiles e Scott não conseguiam esconder o quão ansiosos estavam pela noite, fazia tempo que não faziam uma noite dos caras, e agora com Derek parecia que tudo poderia ser como antes e ainda melhor. O Hale não parecia tão animado quanto os outros, ele sorria é claro, mas ele não estava vibrante. A verdade é que ele não parava de pensar nas duas meninas que ele acabara de deixar em casa com o avô, ele já sentia falta delas e não achava que estava pronto pra se divertir assim de novo.

– Vamos lá Derek, você precisa de uma bebida. – Stiles disse o puxando pela mão até o balcão. O braço de Derek se arrepiou com o toque gelado do rapaz, mas não disse nada.

Derek achava impressionante a habilidade que Stiles tinha de fazer ele esquecer das coisas, em um segundo preocupado e com saudade da família, no outro virando três doses de tequila de uma vez e fazendo uma careta após chupar o limão. O peso que ele sentia nos ombros tinha ido embora, de uma só vez e tudo por conta do rapaz com um sorriso mágico do seu lado.

Stiles estava empolgado, até demais, já ia pedindo uma dose de uísque sem gelo para a balconista quando Derek interferiu.

– Eu vou precisar ir no banheiro antes, se eu quiser acompanhar seu ritmo. – olhou para a bebida. – eu já volto.

Stiles virou o copo e franziu a testa quando sentiu a garganta queimar, 20min na boate e ele já estava bêbado. Sacudiu a cabeça e antes que ele pudesse pensar olhou pra Scott que apenas ria da situação. Como sempre estava de babá do amigo bêbado, mas não ligava, ele sempre fazia isso. Responsável demais para encher a cara e legal demais para cortar a diversão do amigo, então ele simplesmente observava, ria, o ouvia e no final da noite o levava pra casa. De certa forma ele sempre se divertia também, mesmo sem beber tanto.

– Eu estou perdidamente e completamente afim dele. – o menino disse quando viu que Derek tinha entrado de vez no banheiro, fazendo Scott mais uma vez rir.

– Quando você vai contar pra ele que quem você namorava era Jackson e não Lydia?

– Quando eu estiver pronto. – e então se direcionou para a pista de dança.

Ele dançava freneticamente, balançava os braços e a cabeça sem jeito nenhum para a coisa, sorria para todo o cara que passava por perto dele, mas sempre fechava os olhos enquanto fazia uns passos estranhos que acabava assustando quem quer que estava ao seu lado.

Ele gostava desse lugar, gostava das memórias de lá. Foi onde conhecera Jackson, um loiro de olhos verdes e pele bronzeada. O loiro estava triste, quando conversavam ele chorou, lembrando do terrível termino que teve com o namorado Danny. Ele continuava repetindo que não sabia porquê ele havia feito aquilo com ele, e que não achava justo já que ele o amava tanto. Stiles doce como sempre, deu aquele sorriso pro loiro enquanto dizia que ia ficar tudo bem, logo depois os dois se encontravam na pista de dança aos beijos.

Jackson e Stiles namoraram por três anos, onde nos dois últimos eles foram viver na Inglaterra, onde alugaram um apartamento e dividiam as contas. Responsabilidades das quais Stiles não estava pronto, ele tinha apenas dezessete anos quando conheceu o namorado e dezoito quando se entregou ao tamanho compromisso. Não deu certo é claro. Eles brigavam mais que tudo e no final das contas traiu o loiro com uma ruiva chamada Lydia, simplesmente pro outro o mandar embora e nunca mais terem contato. Ele não queria que Jackson fosse atrás dele de novo, então achou que fazer ele odia-lo seria a melhor opção.

– Hey Derek, não tinha reparado que já tinha saído do banheiro. – não pôde evitar cambalear pra frente quase caindo em cima do moreno, que o segurou pelos braços de forma firme mas de um jeito que não o machucava. – Como você está? Eu já estou BÊ- BA - DO. E pretendo ficar mais um pouquinho. – riu chamando a balconista.

Derek olhou para Scott como quem esperava uma aprovação para deixar o rapaz continuar com a bebedeira, apenas recebeu um olhar de aprovação vindo do amigo.

– Uma dose de uísque pra mim e uma pro meu amigo. – Stiles deu uma piscadinha. Virou o copo e olhou de lado para Derek esperando que ele fizesse o mesmo – Vem grandão, vamos dançar.

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Derek admitia que estava um pouco bêbado, enquanto dançava com Stiles tudo o que passava em sua cabeça era que ele queria proteger o mais novo de todos aqueles olhares desejosos que ele recebia, ciúmes, esse era um sentimento do qual ele não sentia a anos, não desse tipo. A ultima vez que lembrara sentir ciúmes foi quando um cara em um bar deu em cima de Kate enquanto ele estava no banheiro, Derek chegou enquanto o rapaz insistia, e bom... já dá pra prever a confusão que o Hale causou.

Foi então que ele parou para reparar, que os olhares cheios de desejos, os flertes e as aproximações, não eram por causa de Stiles, mas sim por sua causa. Mesmo assim, se aproximou mais de Stiles, sentindo a respiração quente do rapaz. Agora com esse cheiro de uísque e tequila, a loção pós barba dele quase não era sentida, mas Derek ainda conseguia viajar naquele cheiro.

O moreno estava viajando em varias coisas quando se tratava de Stiles. Suas bochechas levemente rosadas, seu cheiro, seus olhos tão castanhos e felizes, sua boca. Aquela boca que era da onde vinha aquele sorriso. Derek sorriu. Stiles retribuiu.

A musica estava cada vez mais agitada, e a bebida a cada minuto fazia mais efeito no corpo dos dois. Derek queria beija-lo, admitiu pra si mesmo isso ao decorrer da noite. Mas não queria fazer isso ao efeito de bebidas, muito menos numa boate. O homem era fechado, mal humorado e ranzinza, mas era romântico. Ele queria levar Stiles ao cinema, queria levar ele para um piquenique, até mesmo à um restaurante para jantarem a luz de velas.

O medo de se apaixonar outra vez estava ali, constantemente. Mas sem motivo porque Derek sabia que já estava apaixonado. Stiles não o faria sofrer, pensou. Ele é um menino bom, alegre, tagarela, e o principal: ele gostava da família de Derek. Ele se dava bem com sua filha, e até conseguia arrancar uns sorrisos da adolescente carrancuda que vivia com ele.

Stiles cambaleou, quase caindo quando Derek o apoiou em seu ombro e o levou para o banheiro onde o menino vomitou. Vomitou. E de novo. Sinceramente o mais velho não sabia se o menino tinha tripas depois daquilo. Mas ele vomitou de novo. Assim, terminando.

– Obrigado por me segurar. De novo. – Stiles disse quase não se mantendo em pé.

– Sempre.- Derek então, o levou para lavar a boca. Apoiou o menino na pia e ficou o observando se recuperar da série de vômitos que acabara de ter. – Você está bem? – acariciou o rosto do rapaz.

– Derek, eu vomitei até as minhocas do cérebro, mas é claro que eu to bem já que elas não me serviam pra nada mesmo, afinal eu nunca usei elas pra pensar antes de falar qualquer coisa então elas provavelmente não me farão muita falta. Bom, eu acho, né. Se bem que eu poderia usar elas para da próxima vez não....

– Eu acho que você já tá melhor agora. – interrompeu a tagarelice do rapaz sem mudar de expressão. – Vem, Scott e eu vamos te levar em casa.

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– Uau, Derek, que bundão você tem nesse ângulo! – exclamou Stiles quando viu Derek se abaixar para pegar uma blusa de frio pra ele no porta malas de Scott.

– Obrigada, Stiles. E eu sei. – ele riu enquanto colocava a blusa nos ombros do rapaz. – Você consegue andar?

– Não, sei acho que o lobo mau vai ter que levar a chapeuzinho vermelho no colo. – ele brincou com a cor da blusa. Colocando o capuz na cabeça.

– Eu sei que Derek adoraria mostrar as habilidades que esse físico proporciona a ele, mas são dois quilômetros até o posto mais perto, e é melhor ele gastar essa energia toda para trazer um galão com gasolina pra cá.

– Ah, Scott, meu camarada. Já disse que você tem nome de cachorro? – bateu nas costas do amigo. – Mas até um cachorro bêbado lembraria de colocar gasolina no carro, invés de esperar ele parar no meio da estrada, onde não tem sinal de célula, por falta de combustível. Ta tudo bem cara, eu ainda te amo.

– Tem certeza que é melhor não deixar ele esperando no carro? – Derek perguntou com a sobrancelha erguida.

– Não, não, não, Senhor Eu Tomo Todas As Decisões. Aliás, já te disseram que isso é muito irritante?

– Já te disseram que você – deu ênfase no “você” – é muito irritante?

– Gente! – Scott tentando fazer paz – Brigar não vai adiantar nada. Stiles vem, vai ser bom pra ele tomar um ar.

Então os três seguiram caminho a frente. O Hale, emburrado. Stiles tagarelando. Scott apenas sorrindo como uma criança que estava assistindo seu episódio favorito de Dora Aventureira.

Derek mesmo carrancudo por fora, por dentro sentia uma vontade um tanto incontrolável de beijar Stiles e de morder ele. Era impressionante como o menino conseguia irritar ele e ao mesmo tempo ser tão fodidamente encantador. – essa palavra existe? – Bom, quando se trata de Stiles sim.

Pelo caminho eles pararam duas vezes para Stiles, uma para ele vomitar o que arrancava olhares preocupados vindos do Hale. Outra para ele descansar, o menino não tinha a mesma disposição física que os outros dois e não aguentava o ritmo, fazendo Derek soltar alguns sorrisos.

O menino realmente não estava reagindo bem à bebida, o que deixava Derek com cada vez mais vontade de pegar abraçar Stiles e cuidar dele, mas cada vez mais que ele usava sua tão irritante ironia, mais a paciência do mais velho ia se esgotando.

– A gente morreu e aquele é o céu? – Stiles disse apontando agora para o posto que se encontrava iluminado com várias luzes fluorescentes.

– Nós chegamos! – Scott também ofegante, comemorava.

– Vocês sabem que a gente ainda tem mais dois quilômetros de volta, né? – disse Derek com a respiração perfeitamente normal, mal sentia o resultado da caminhada.

– Eu te odeio. – o jovem de pele pintado agora quem disse num quase sussurro, mas alto suficiente pro Hale ouvir e sorrir.

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Eles tinham feito o caminho de volta ao carro com o galão de gasolina, encheram, e partiram dali para casa. Stiles já se encontrava babando com a cabeça caída e encostada na janela. Scott dirigia, a viagem não era longa, mas ele ia devagar pelo medo de causar qualquer acidente devido ao fato de que já tinha bebido um pouco.

Derek observava Stiles dormir atentamente, ele havia ido no banco de trás com o mais novo para ficar de olho nele, o peito do rapaz subia e descia devido ao ritmo de sua respiração, aquele fino fio de baba escorrendo pela boca do menino, as bochechas mais rosadas que de costume e as mãos no bolso do casaco. Dava pra ver que ele estava desconfortável com a posição, mas estava cansado demais para ligar pra isso. Amanhã com certeza sentiria o efeito da má posição.

O moreno se segurou o máximo que pode para não pegar a cabeça do menino e ajeita-la no seu ombro. A vontade era muita, muita mesma. E então passou a imaginar como seria ficar com Stiles, ficar de verdade. Passar as mãos sobre o peito no dele, sentir o beijo quente em meio a um sorriso, o abraçar, fazer carinho naqueles cabelos lisos e por fim, sentir o rapaz em si. Então rapidamente cruzou as pernas se ajeitando no banco com cuidado assim que percebeu o volume que surgia em sua calça. Tomou o máximo de cuidado possível para Scott não perceber, mas falhou.

– Algum problema, Derek? – disse com um sorriso pervertido nos dentes.

– Não. – limpou a garganta. – Nenhum.

E então voltou a observar Stiles, de um jeito menos malicioso agora, de um jeito carinhoso. Tomou a iniciativa e o ajeitou no banco, puxando o menino para perto de si e o deitando em seu peito.

– Ele ia acordar com dor no pescoço. – disse para Scott mesmo sem ele ter perguntado nada, ele apenas observava os dois pelo retrovisor.

Seguiram assim o resto do caminho até a casa do menino onde o Xerife esperava sentado no sofá, ele recebeu Derek com um sorriso acolhedor e mostrou o caminho das escada para que o homem subisse com seu filho que se encontrava apagado em seus braços musculosos. O colocou delicadamente em sua cama. Uma cama simples de solteiro com um edredom do Buzz Lightyear, o que lhe provocou uma pequena gargalhada. Logo em seguida, aproveitou que estavam sozinhos e fez no mais novo o que fazia com sua filha todo dia, subiu a coberta até os ombros, depositou um beijo na testa e apagou o abajur se direcionando para fora do quarto.