Broken Wings escrita por Sweet Heart


Capítulo 9
Welcome to Fairy Tail- Part 2


Notas iniciais do capítulo

Mas olha só, quem está vivo sempre aparece, não é mesmo?

Siiim, eu sei que demorei, mas aconteceram um monte de coisas nesses dias, então não consegui postar o capítulo mais cedo. Lamento muito a demora mesmo, minna, mas agora sim as coisas estão começando a ficar interessantes. E como agora estou de férias e em casa, ou seja, sem nada pra fazer- eu vou postar o outro rapidinho PROMETO u.u

Um agradecimento mais do que especial para a Talisula por me dar um dos reviews mais lindos em toda a história de BW e por recomendar a fic! Muito obrigada, amor!!
Ahh! Também quero agradecer a todas as pessoas que favoritaram a fic... Eu não consigo vizualizar os nomes de vocês, mas saibam que todos estão no meu coração!!
Ook, chega de drama agora.

O tão esperado encontro NaLu está prestes a acontecer...



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Bisca Connell parecia apreensiva quando viu um certo garoto de cabelos rosados entrar na sala de aula antes mesmo do sinal tocar. Aquele com certeza não era o comportamento normal de Natsu Dragneel e ainda era o segundo dia seguido que o via fazendo isso.

Ela ajeitou distraidamente o chapéu de cowboy em sua cabeça, uma clara violação do código de vestimenta dos professores, e o cumprimentou gentilmente como toda professora deve fazer ao avistar um aluno. Ele recusou o gesto murmurando algo como “Muito cedo pra tentar ser gentil.”

Ela não estranhou a atitude já que normalmente ele era seu aluno menos comprometido com os estudos, sempre sendo um dos últimos a chegar para sua aula. Mas agora, lá estava ele, sentado em seu lugar habitual sem nenhum de seus cachorrinhos o seguindo.

E com “cachorrinhos” queria dizer a garota ruiva que já fora advertida por trazer um punhal para a escola, seu namorado bipolar de cabelos azuis e uma irritante albina com sérias tendências masoquistas.

Começando a arrumar seu material para a aula que daria daqui a quinze minutos, ela olhou discretamente para o Dragneel, avaliando como sua postura parecia cansada naqueles dois dias. Os olhos ônix do garoto, por outro lado, estavam despertos e pareciam chegar a ponto de faiscarem por algo que não entendia. Bisca sabia que não deveria se intrometer na vida pessoal dos alunos, mas com certeza certas coisas eram curiosas demais.

Parecia estar esperando algo, talvez?

Seus devaneios foram interrompidos quando uma voz, particularmente irritante, chegou aos seus ouvidos:

─ Nat-kuun! ─ Lissana apareceu, agitada como sempre, correndo para dentro da sala sem nem ao menos pedir licença. ─ Estava com saudades, amor.

Enquanto ela se movimentava em direção ao rosado, Bisca conseguiu ver o excesso de maquiagem em alguns pontos específicos em seu braço e como a blusa que Lissana usava era muito mais curta do que a da maioria das alunas, ainda conseguiu ver o começo do que parecia ser um vergão.

Sem nem ao menos pensar, levantou-se de sua cadeira e foi em direção à albina pegando seu braço para examiná-lo melhor. A garota reprimiu um gemido de dor quando isso ocorreu.

─ Lissana Strauss, o que aconteceu com você? ─ A preocupação em seu tom de voz era evidente. Apesar daquela garota não a respeitar em nada, Bisca se importava com todos seus alunos igualmente.

─ Eu sei que sua vida é monótona, professora, mas não precisa se intrometer na minha. ─ Ela rebateu com um sorriso inocente. Quem olhasse para dentro da sala, provavelmente veria apenas uma aluna conversando educadamente com a professora.

─ Meu Deus quanta agressividade, eu só estou tentando ajudar... ─ Ela não se afastou, continuando a esfregar a pele para tirar a camada superficial de maquiagem.

─ Acontece, querida, que eu não preciso da sua ajuda. Agora me deixe em paz ou prefere que eu conte ao diretor Makarov das travessuras do seu marido com uma arma? É por isso que ele ficou preso, deixando você e sua pirralhinha sozinhas por quase um ano? Qual o nome dele mesmo? Al... Alzack?

O aperto em seu braço finalmente diminuiu quando Bisca começou a afastar-se.

─ Você... Como sabe disso?

─ Isso não interessa agora... ─ A suposta masoquista agora adotara uma postura vitoriosa sabendo que atingira um ponto sensível. ─ O que será que o diretor faria se descobrisse que a esposa de um ex-detento faz parte de seu corpo estudantil? Será que ficaria sem dinheiro para alimentar a bebezinha que tem em casa?

Bisca apenas a olhava horrorizada. Finalmente acreditara no que os outros professores diziam em relação a garota. “Falsidade” com certeza era a palavra que mais descrevia Lissana Strauss.

─ Agora, se já acabamos nossa deliciosa conversa... Pode me dar licença, por favor, professora?

A albina rapidamente se desvencilhou do que restara da pressão em seu braço, correndo para um Natsu orgulhoso que a esperava.

Apesar de tentar manter-se com uma postura adulta e profissional, simplesmente não conseguia ao pensar nas palavras ditas por Lissana. Bisca não ficaria ali para que seus piores alunos vissem suas lágrimas, se o fizesse talvez nunca mais tivesse paz naquela escola. Ela fechou os punhos com força e marchou para fora da sala, deixando-os a sós.

─ Pegou pesado, Lis. ─ Natsu comentou quando a mesma sentou-se em seu colo, com as pernas cruzadas. ─ Nem um demônio teria feito melhor.

─ Obrigada, Nat-kun. Está orgulhoso?

─ Fez isso para que eu ficasse feliz? ─ O demônio comentou enquanto passava seu braço na cintura fina do seu brinquedinho. ─ Meu Zeref, será que criei um monstro?

─ Pode apostar que sim... ─ Ela sorria quando se curvou para beijá-lo. Os lábios como sempre eram bem receptivos aos toques dela, mas ele continuava estando um pouco disperso.

Enquanto a beijava, quase pulou da cadeira quando finalmente conseguiu sentir o que queria naqueles dois dias de espera.

Uma esfera grande de energia, parecia estar cada vez mais perto da Fairy Tail. A intensidade e a cor, um misto de branco e rosa fraco era o que mais atraía a atenção do Demônio. Era uma aura limpa e pura, onde nenhuma mancha de pecado ou negatividade conseguia atravessar.

Aproximava-se lentamente como se estivesse acanhada, mas quando chegou perto o bastante foi como um soco na sua própria barreira. As energias se repeliram e se afastaram quase imediatamente.

Parecia que estavam desafiando-o mais uma vez.

Desafio aceito, Puro.

Ele interrompeu brutalmente o contato com a albina, empurrando seus ombros para longe dele.

─ Está tudo bem, amor...?

Ignorando a preocupação de Lissana, ele instruiu sua energia para voltar a intimidá-lo, mas a aura adversária ao invés disso aproximou-se ainda mais, tocando-o novamente. Parecia estar estudando-o com curiosidade, sem nenhuma violência.

E aquilo apenas o enfureceu ainda mais.

Só percebeu que sua temperatura corporal havia aumentado quando a albina pulou de seu colo com um grito, suas mão pressionando a pele avermelhada que havia entrado em contato com a dele. Pelo visto, seus sentidos já se aguçavam com a expectativa de uma boa briga. Ele nem ao mesmo percebeu quando se levantou e correu em direção ao hall de entrada da escola, deixando os apelos inconformados de Lissana para trás.

Como todos já estavam acostumados com certas explosões do rosado, enquanto ele corria pelos corredores todos davam passagem. Alguns Descendentes do lado celestial murmuravam coisas negativas em relação ao Demônio Dragão, finalmente arranjando coragem para enfrentá-lo mesmo que indiretamente. Natsu não pode deixar de rosnar .

─ Itai... ─ Uma bela garota de longos cabelos castanhos gritou quando Natsu esbarrou com força em seu ombro. Cana, pela primeira vez no dia provavelmente, ergueu os olhos da garrafa prateada em suas mãos, onde todos sabiam que havia bebida alcoólica. ─ Olha por onde anda, idiota!

─ Cuido de você mais tarde, Alberona! ─ Rebateu, nem ao menos tendo o trabalho de lhe dirigir um olhar raivoso.

Quando desceu as escadas para o hall, pode perceber que a energia 100% pura ofuscava outras duas já conhecidas e particularmente irritantes.

Loke?

Olhos Caídos?

Parecia que todos os Anjos estavam com a energia mesclada com a mais clara, se unido em uma coisa que Natsu nunca havia visto antes. Uma mistura de alaranjado, azul e agora, rosado parecia cobrir sua própria energia preto-avermelhada.

Estavam destruindo todo o trabalho que ele havia feito na Fairy Tail. Antes, era somente uma questão de tempo para que os poucos Descendentes desistissem de tentar resistir aos estímulos negativos dos Demônios e se aliassem finalmente a eles.

Por sinal, esse era o plano. Conseguir o maior número possível de almas para o Inferno. As almas humanas eram as coisas mais preciosas pra ambos os Reinos para mostrar sua superioridade. Infelizmente, nos últimos dias o Lago de Fogo estava perdendo a luta. Era só uma questão de tempo para que sua missão fosse cumprida.

Mas agora? Não tinha mais certeza de nada.

O Dragão testou mais uma vez a resistência do Puro, expandindo ainda mais sua energia em volta da escola. Ele sorriu, satisfeito, quando a outra aura se encolheu incomodada.

Parece que reage quando uso minha força... Essa luta com certeza vai ser interessante.

Com mais força do que o necessário, ele praticamente socou a porta a sua frente que se escancarou no mesmo segundo.

─ Puta merda! ─ Loke gritou, enquanto envolvia alguém em seus braços, puxando-o para mais perto de si. No processo, essa pessoa havia abaixado a cabeça de modo que Natsu só conseguiu ver longos cabelos loiros tampando seu rosto.

Confusa, a pessoa levantou a cabeça para olhar o que havia causado tanta confusão. No segundo que os orbes castanhos dela encontraram os negros, a garota se contraiu visivelmente nos braços de Loke, porém não era nenhuma dor que a incomodava e sim o calor que praticamente a cercara quando a porta se abriu.

Por alguma razão, aquilo foi o que mais a perturbou naquele momento. Era uma sensação horrível e mesmo assim... Conhecida?

O calor com certeza estava mais forte do que se lembrava, mas onde já havia sentido isso?

Assim como o Anjo, o Demônio também parecia confuso com o que via a sua frente. Mas deveria confessar, era impossível para Natsu desviar o olhar do Puro... Ou melhor, a Pura.

É, Loke... Puta merda mesmo!

#♥#

Erza despertou com a luz de uma janela batendo diretamente em seus olhos. Antes mesmo de abrir os olhos, sua mão foi automaticamente para o espaço ao seu lado, procurando cegamente o corpo do demônio de cabelos azuis.

Franziu o cenho quando suas unhas arranharam levemente o vazio.

─ Por que está acordado tão cedo? ─ Murmurou enquanto se espreguiçava para alongar os músculos doloridos por conta da noite passada. Ao olhar para o relógio em seu criado-mudo precisou de toda a sua força para não atirá-lo longe. ─ Muito obrigada por me acordar também, idiota. Já estamos atrasados... ─ Silêncio total. ─ Está aí, Jellal?

A ausência de uma resposta foi estranhamente perturbador para a Demônio das Armas. Ele nunca deixava de respondê-la. Nunca mesmo.

Nem mesmo quando ele não estava presente fisicamente, sempre havia as conversas que partilhavam mentalmente. A ligação entre os dois sempre foi muito forte, desde que se conheceram quando Jellal fora mandado em uma missão por Zeref para ver como as coisas estavam caminhando na Fairy Tail. Aquela era para ser uma missão de 15 dias, um mês no máximo.

Mas apesar de curto, o tempo foi mais do que suficiente para que nenhum dos dois conseguisse discordar que sentiam algo muito forte um pelo outro. Apesar de Jellal ser um demônio de categoria menos elevada que Erza, já estavam juntos há aproximadamente um ano e por todo aquele tempo seus fluxos mentais quase sempre estavam conectados. Com exceção de algumas ocasiões mais do que especiais...

Ah não... Por favor, não de novo...

Lentamente e analisando a situação, ela se levantou para procurar pelo seu namorado. Pegou a primeira peça de roupa que encontrou pela frente, ou seja, uma das camisas de seu namorado que mal chegava a cobrir metade de suas coxas. Podia não estar muito decente, mas era melhor do que lutar completamente nua contra um invasor.

─ Jellal, não me assuste desse jeito. ─ Ela implorou, sabendo que a qualquer momento poderia invocar uma de suas armas para defender-se de qualquer coisa que estivesse na casa. ─ Cadê você?

Andando atentamente pelo corredor estreito que ligava a suíte principal com o resto da casa, ela escutou um barulho que lhe chamou a atenção atrás de si.

Quando se virou, reprimiu um grito ao sentir um corpo quente praticamente encostado no seu e suas roupas roçando no peito nu de alguém. Ao sentir a energia tão conhecida, a ruiva colocou os braços em volta do pescoço do homem, apertando-o com força contra si.

─ Não me assuste desse jeito, idiota... ─ Ela murmurou contra seu pescoço, aspirando o cheiro calmante que sempre possuía. Percebeu que Jellal estava vestindo a mesma calça da noite anterior e uma blusa escura que realçava seus ombros largos e os músculos definidos de seu abdômen e braços, ao invés de um uniforme da Fairy Tail. ─ Sabe o que eu penso que aconteceu quando você some desse jeito.

Depois de demonstrar o quanto ficou preocupada com o demônio, Erza pode sentir as mãos do mesmo subirem para seus quadris, afastando-a delicadamente.

─ Por mais que eu adore suas recepções, Titania, não acho que seria apropriado no momento. ─ A voz fria a atingiu de imediato, fazendo-a estremecer. ─ Jellal pode não gostar disso, não é?

Eu até havia dito por favor...

Erza cerrou os punhos com toda a força que possuía, até os nós de seus dedos ficarem brancos. Antecipando seus movimentos, o demônio colocou a mão espalmada no pescoço dela, enviando energia suficiente para empurrá-la para longe.

Ela recuou alguns passos antes de conseguir parar completamente. Cada instinto que permanecera quieto enquanto ameaçava socar aquele homem agora latejava em seu corpo.

─ Maldito! ─ Sibilou. Ele tinha certeza que se o olhar de puro ódio de Erza matasse, ela o faria sem ao menos hesitar. ─ Por que não o deixa em paz?

─ Porque, minha querida, se ele não vem até mim é mais do que justo que eu venha até ele. ─ “Jellal” respondeu dando de ombros. Com passos lentos e confiantes, aproximou-se de Erza e prensou-a contra a parede. Naquele momento seus corpos estavam praticamente colados. ─ Vai me dizer que não estava com saudades de mim?

─ Seria ofensivo demais se eu te mandasse para o Inferno? ─ Rebateu, tentando liberta-se das mãos fortes em vão. ─ Não, acabei de me lembrar, você provavelmente veio de lá.

─ Sério mesmo, vai mandar um Demônio para o Inferno? Todo esse tempo na Terra está te enfraquecendo, Titania?

─ Por que não solta meus braços e descobre você mesmo?

A pressão em seus braços diminuiu e ele afastou-se apenas o suficiente para que a ruiva não se sentisse sufocada com a proximidade. Seus braços se abriram para demonstrar que ele não reagiria se ela tentasse atacá-lo.

─ Vai em frente, acho que eu mereço depois desse ano. ─ Vendo a hesitação em seu rosto, o azulado apenas riu com superioridade. ─ Sabia que não iria querer machucar o seu namorado, Scarlet.

Ela já começava a se virar quando sentiu o punho de Erza estalar contra sua mandíbula. Com força. Muita força.

─ O que? ─ Perguntou incrédulo, segurando o queixo como se para assegurar-se de que não havia quebrado. ─ Por que fez isso?

─ Jellal já aguentou coisa muito pior do que um soco meu. Ele não se importa já que foi por uma boa causa.

─ Sua vadia! ─ Ele a prensou novamente contra a parede, dessa vez sua mão circundava o pescoço fino de Erza, estrangulando-a. ─ Eu devia te matar aqui e agora por você ter feito isso, sabia? Eu já estaria longe quando seu precioso Jellal voltasse a si. Será que ele ficaria triste em saber que ele mesmo matou a namoradinha?

─ Vai pro Inferno... ─ Gemeu, agora lutando para conseguir ar. Aquela expressão pareceu encaixar-se perfeitamente na situação. Sua face estava ficando mais vermelha que os próprios cabelos.

─ Você estava certa antes. Acabei de sair de lá, minha querida, e não estou a fim de voltar tão cedo. ─ Com a mesma mão que a estrangulava ele jogou o corpo com força no chão. Um sorriso macabro apareceu em seu rosto quando a ouviu gemer. ─ Como pode ser tão fraca, Erza?

─ Não... Não diga isso enquanto está no corpo dele. Pode me torturar o quanto quiser, mas apenas não...

─ Esqueça isso agora. Você é a garota que esse corpo ama, então não tenho permissão de te torturar, machucar, zombar, ameaçar nem nada do gênero. Essas foram as primeiras exigências de Jellal quando fechamos nosso contrato. ─ Comentou, acariciando os ombros de Erza ainda no chão. ─ Então vamos manter essa última parte do nosso encontro como um segredo, tudo bem? Não quero que meu hospedeiro fique zangado, só iria fazer com que fosse mais doloroso para ele da próxima vez que eu viesse. Você não quer isso, quer?

Ela negou, olhando nos olhos do homem a sua frente. Ainda era a face do Jellal que dormira com ela na noite anterior e em tantas outras, que acordava todos os dias ao seu lado e que já comera seus bolos de morango tantas vezes que perdeu a conta... Era a face da pessoa que Erza amava apesar de não admitir isso a ninguém ainda. Tudo ainda era Jellal, menos a alma dentro do seu corpo.

Seu namorado era apenas uma casca. Estava na Terra todo aquele tempo com a única condição de que uma vez por mês tivesse seu corpo possuído por algo mais poderoso que ele...

Mais poderoso do que todos nós.

Erza pensou tristemente sabendo que não conseguiria mudar essa realidade.

Com um pouco de dificuldade por estar tão nervosa, ela invocou uma de suas espadas mais intimidadoras e a apontou diretamente para o olho direito de Jellal, no local onde estava o símbolo do contrato demoníaco em forma de uma tatuagem vermelha.

O garoto apenas a olhou com descrença quando viu uma expressão hesitante nos olhos de Erza.

─ Um soco até vai, mas tem certeza que vai enfiar essa lâmina no olho dele? Até para um Demônio isso pode ser desconfortável. Mas pode ir em frente se quiser, não sou eu que vai sentir a dor depois. ─ Ele riu quando viu a espada afastar-se alguns centímetros. ─ Creio que se lembra das regras, não é? Eu volto antes da meia noite com ele. Ele não vai voltar com nenhum ferimento como da última vez. Prometo.

Erza fechou os olhos, recusando-se a olhar enquanto ele saísse da casa. Sempre era doloroso, apesar de acontecer todos os meses desde a primeira vez.

Quando escutou a porta finalmente fechar-se, Erza finalmente desabou, assim como a espada que segurava. Suas mãos tremiam quando ela massageou a garganta, tentando estabilizar a respiração.

É tudo culpa minha... Ele não estaria na Terra se eu não tivesse pedido para ele ficar. Ele não teria desafiado uma ordem de Zeref e não precisaria abrigá-lo no próprio corpo todas as vezes que aquele demônio maldito quisesse... Ele estaria a salvo, longe de mim, mas a salvo...

Me desculpe, Jellal...Ele me criou, assim como criou todos os outros demônios...

Por favor, me perdoe, mas eu não consigo derrotar Zeref.

Nem eu consigo derrotar o Pai de todos os Demônios...

#♥#

“Por que estava me seguindo?”

Uma estranha e perturbadora voz masculina pareceu ecoar na cabeça de Lucy, fazendo-a tremer assim que a escutou. Seria... Outra memória?

─ Lucy, está tudo bem? ─ Loke perguntou preocupado. Seus olhos voltaram-se para Natsu com raiva. ─ O que está fazendo com ela?

“Acha que eu não percebo quando uma garota como você está atrás de mim?”

Natsu por outro lado nem ao menos prestava atenção no ruivo. Estava ocupado encarando a garota loira com curiosidade.

Ela com certeza não era o que ele esperava... Não que estivesse desapontado com o que vira.

A saia do uniforme, mesmo com o comprimento respeitando as regras escolares, ao contrário da de Lissana, parecia lhe vestir perfeitamente. Mas o local onde os olhos do garoto foram primeiramente atraídos foi algo mais acima do que sua saia, mais precisamente para os seios extremamente avantajados da garota.

Quando ergueu os orbes para observar a face daquela que lhe causava tantos sentimentos diferentes, surpreendeu-se quando viu que ela correspondia a esse mesmo olhar, mesmo que ela parecia ter outro sentimento estampado em seu rosto...

Aquilo que via era... Medo?

“Por que está me encarando, vadia?”

─ Qual o problema com a loirinha? ─ Natsu perguntou quando a viu afastar-se ainda mais dele. ─ Ela tem algum tipo de retardo mental?

─ Cala a boca, cabeça de fósforo. ─ Gray intrometeu-se na conversa, defendendo Lucy. ─ É o primeiro dia dela. Não vá estragá-lo.

─ Pelo jeito ela vai conseguir fazer isso sozinha... ─ Dragneel murmurou baixo o bastante para que nenhum dos Anjos escutasse.

─ Lucy, você está bem?

“Bom, se não vai sair daqui venha mais perto então. A noite está fria, se quiser posso esquentar você... Sabe, eu sou bem quente.”

O olhar da garota parecia perdido, mesmo que estivesse movendo-se rapidamente como se observasse algo que ninguém mais via. Além dos Anjos, até mesmo Natsu parecia confuso naquele momento.

─ Anjo, está nos assustando. Pare agora com isso. ─ Gray tentou acalmá-la segurando seus ombros, mas o gesto pareceu deixá-la ainda mais nervosa. ─ Lucy, pare!

“Parar? Mas estamos indo para a melhor parte agora, loirinha.”

─ Não! ─ A voz de Lucy parecia estar a beira do desespero. Ela segurava a alça da mochila com tanta força que mal percebeu que suas longas unhas quase estavam penetrando em sua pele.

Com a dor repentina, seus olhos finalmente focalizaram o mundo real. Os Anjos a olhavam preocupados, assim como dezenas de alunos. Um estranho garoto de cabelos rosado estava a frente de todos, olhando-a com curiosidade.

Percebendo que estava atraindo mais atenção do que gostaria, ela ruborizou mostrando como se sentia incomodada.

─ Etto, gomen minna... Só estou um pouco nervosa com o primeiro dia de aula. ─ Disse alto o bastante para os alunos curiosos. Ela mantinha um sorriso gentil no rosto apesar de ter lembranças terríveis ainda dançando em sua mente. ─ Por favor, não se preocupem comigo.

Ao contrário dos adolescentes que se dispersaram rapidamente, Natsu ficou encarando a garota com uma mistura de confusão, raiva diminuta e admiração... Ele conseguia ver que o sorriso era falso, mas mesmo assim parecia que ela estava se esforçando para que seus verdadeiros sentimentos não fossem percebidos, não por pura falsidade, mas sim para não preocupar ninguém.

A loira sentia os olhares incrédulos de Gray e Loke em si enquanto se afastava dos mesmos. Andou lentamente até o garoto de fios róseos, sentindo a concentração de energia negra aumentar drasticamente a cada passo.

Mesmo com isso, ela não parou até ficar na sua frente.

Para ela não interessava a energia dele, muito menos se era confiável ou não. Tudo o que realmente queria ver era os olhos dele.

Olhe bem nos meus olhos, loirinha. Pode ser a última coisa que vai ver na vida.”

A cor da íris dele não era estranha... Lembrava-se perfeitamente apenas desse detalhe, afinal os olhos de alguém foram as últimas coisas que viu em sua memória. Os orbes dessa pessoa em negros como a noite em que caíra...

Mais precisamente eram negros como os dele.

─ Por que está me encarando? ─ Natsu perguntou, sentido-se meio incomodado com o olhar fixo da loira. ─ Se quiser pode tirar uma foto, tenho certeza que vai durar mais.

As palavras dele fizeram o Anjo acordar do transe em que estava, recuando um passo quando percebeu a distância que estava dele.Ela realmente não esperava que fosse chegar tão perto assim do garoto e estava assustada com isso.

─ Não foi minha intenção. ─ Lucy murmurou, tão baixo que nem mesmo os ouvidos ultrassensíveis do Demônio puderam captar. Ele deu um passo vacilante em sua direção, fechando a distância que havia entre ambos para ouvi-la melhor.

A reação de Lucy foi quase instantânea.

Sua aura pareceu sair completamente de seu corpo, por um segundo adquirindo três vezes o tamanho da de Natsu, pronto para atacá-lo a qualquer momento.

─ Não faça mais isso. ─ Ela sibilou para a confusão do Demônio. A energia pura não combinava em nada com aquela atitude hostil... E ele realmente gostou disso. ─ Fique. Longe. De. Mim.

Natsu segurou o riso quando notou que o que via nos olhos da Pura era outra coisa além de medo... A raiva havia finalmente tomado o controle. Apenas não entendia por que ela se sentiria assim com uma pessoa que acabara de conhecer.

─ Se me lembro bem, foi você que veio até meu encontro, estou errado? ─ Sorriu, chegando ainda mais perto, dessa vez apenas para irritá-la. Como resposta ela moveu rapidamente o corpo, instruindo para que sua energia se solidificasse, criando uma barreira para impedi-lo de se aproximar mais. Ao perceber que não conseguiria anulá-la, Natsu afastou-se, com os olhos ainda colados nos dela.─ Mas se vai ser assim todas as vezes, será um prazer ficar longe de você, loirinha.

─ Não me chame assim! ─ Ela rebateu com raiva.

─ Que seja. ─ Ignorando a pequena cena de Lucy, Natsu caminhou despreocupadamente em direção a sua sala de aula no andar de cima. ─ De qualquer forma, bem vinda à Fairy tail, loirinha.

Como sempre, suas cicatrizes começaram a latejar quando sentiu-se ameaçada e apesar de não ver mais o rosado no seu campo de visão, apenas conseguiu relaxar quando sentiu também a energia negativa recuar.

Sua última frase direcionada a Natsu não foi mais do que um sussurro.

─ É sério... Por favor, não me chame desse jeito. ─ Ela lembrou-se de que Loke a chamara assim desde que chegara à Terra e que nunca havia se importado, mas aquela palavra sendo dita por alguém com uma aura tão negativa e parecida com o dono da voz que ecoava em sua cabeça... Era simplesmente demais para ela aquentar.

“Você nunca vai esquecer essa noite, loirinha”

Lucy tinha certeza que a voz estava certa em relação a isso.

A aura, o calor que transmitia, os olhos que a fascinavam e a aterrorizavam ao mesmo tempo... Tudo.

Ele até podia não ser o responsável, mas mesmo assim tudo naquele garoto de olhos negros e cabelos rosa pareciam lembrar-lhe constantemente do que havia acontecido na noite em que Caíra.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente não sei se esse capítulo ficou ao nível dos outros da fanfic, e eu tive um bocado de dificuldade com ele... Mas enfim qualquer erro, dúvida, crítica, elogio, reclamações e ideias, por favor, comentem. Espero poder responder cada um de vocês!

Finalmente o encontro NaLu aconteceu!!! Correspondeu às suas expectativas? Sim, Não, Talvez...?
Até o próximo, minna!!
ps: Quem responderá algumas das perguntas desse capítulo desta vez será minha beta linda e maravilhosa!