California Girl escrita por Caroles


Capítulo 2
Cake


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora de quase um mês. Obrigada pelos comentários, em incentivaram pra caralho. Amo vocês. Beijos.



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O tédio tinha ultrapassado os limites da nossa relação. Eu estava deitada na cama (correndo o risco de contrair fungos também porque puta que pariu), observando as rachaduras presentes em todo o teto. Impressionante como a vaca da Judite sabia exatamente como me irritar. E o meu pai, como um zumbi atraído por cérebro, correndo atrás dela. Pior que nem posso utilizar essa maravilhosa comparação, porque a Judite nem mesmo deve ter um cérebro.

Olhando em volta do quarto, percebi que eu não tinha muita coisa pra fazer. Já tinha contado os azulejos do banheiro podre que fedia a merda de gato, já tinha feito amizade com os ratos que moravam no armário (que por acaso não quiseram ser meus amigos, nunca entendi o porquê), já tinha feito tudo pra sair daquela situação.

Foi aí que eu tive uma ideia. Uma ideia muito boa, diga-se de passagem. Se eu já estava na merda da California, porquê não sair, conhecer o local?

Eu até cogitei a possibilidade de passar educadamente pela porta como uma pessoa normal, mas pensei também no quanto o meu pai super legal iria fazer perguntas; que sinceramente eu não estava com nem um pingo de paciência pra responder.

Então, simplesmente peguei impulso no mofo e pulei a janela.

E é claro que caí de cara no chão.

Com a as mãos, o rosto e a blusa sujos de terra, me levantei. Se meu pai ouviu o barulho do meu corpo sendo arremessado contra as rosas, não demonstrou.

Caminhei devagar até a rua, e adivinhem quem eu encontrei! Uma vaca, portando uma bolsa Victor Hugo e calças jeans que cortam a circulação, abrindo a porta da "minha casa".

Sim, senhoras e senhores, aquela era a aparência de Judite toda produzida. Revirei os olhos. Ela olhou de canto pra mim, e me soprou um beijo. Gesticulei com as mãos, como se estivesse pegando o beijo, e jogando na casa do caralho.

Ela me olhou, um tanto chocada, e mostrou a língua pra mim. Mereço.

Apenas dei de ombros e fui embora. Eu tinha muito que explorar na belíssima Califórnia.

xx

Primeiramente, eu iria testar a gastronomia Californiana. Não porque eu queria saber se a comida deles era boa, e sim porque eu estava morrendo de fome, e o mané do meu pai nem mesmo me ofereceu comida. Veja bem, se ele tivesse vindo me receber com uma bandeja cheia de chocolate e etc, as coisas teriam sido considerávelmente diferentes. Mas não, invés de chocolate, ele me ofereceu suor e uma placa. Com o meu nome errado, ainda por cima.

Que merda ele estava pensando, afinal? Foi ele que insistiu pra que eu me chamasse Lilyth. Tá vendo? O nome é tão escroto que nem meu pai sabe escrever.

Parei em um quiosque qualquer, onde um garçom fodidamente gostoso atendia as pessoas.

Ele estava dando em cima de absolutamente todas as meninas. Parecia ser do tipo que enfiava a língua em qualquer coisa viva que estivesse se mexendo. Revirei os olhos.

- E você, meu bem? Vai querer o que? - o dito cujo me tirou do transe, estalando os dedos.

- Ahn, qual é o prato mais gostoso do cardápio? - perguntei.

- Eu não estou no cardápio, mas sou gostoso. - ele piscou pra mim, e eu achei que fosse vomitar.

Quando penso que estou a salvo dos idiotas na Califórnia, encontro o rei deles bem aqui, do meu lado!

- Sua humildade realmente me deixa encantada, mas eu prefiro bolo. - ele riu pelo nariz, e anotou o pedido.

- Bolo de...?

- De merda, só que não. Bolo de chocolate - apontei para um bolo bonito e confeitado, que estava gritando "me cooooooma por favor eu sou muito gostoso eu mereço ser comido pela Lily".

Tá, ele não estava gritando isso.

Mas ele era tão bonitinho que era impossível não pensar em comer.

Digo, o bolo. Não o garçom. Se bem que o garçom também não... Espera, fiquei confusa. Voltemos ao bolo.

Já tinha passado uma meia hora, e nada do meu bolo. Meu estômago já estava tendo relações sexuais com minhas tripas.

E o pior, foi que eu vi que ele estava dando mais atenção para as meninas com mais corpo, porque algumas meninas que chegaram depois de mim foram atendidas muito antes.

Por favor, me lembre bem de vir de biquini da próxima vez. Talvez eu consiga meia hora de vantagem quando for pedir meu bolo.

Mas o que me tirou do sério foi que ele percebeu que eu estava com fome, e então começou a fazer de propósito.

Se caísse um meteoro em cima do quiosque, ele iria inclusive lhe oferecer uma fatia de torta.

Então apenas resolvi ignorar. Ele não podia estar fazendo de propósito. Ele nem ao menos me conhecia.

Enquanto servia suco para uma das meninas, ele piscou pra mim. Pois é, ele estava mesmo tentando me irritar. Mas apenas deixando claro um detalhe: eu não vivo a vida. Eu jogo. E nesse caso, quem havia iniciado a partida não tinha sido eu. Tinha sido ele.

Me levantei da cadeira e caminhei até onde ele estava, pronto pra servir mais um grupo de garotas com excesso de carne na bunda. Logo enxerguei meu bolo, bem no centro da bandeja.

- Obrigada por trazer meu bolo, ótario - estiquei a mão pra pegar aquilo que era meu por direito, mas ele manteve a bandeja fora do meu alcance.

- Com licença, esse bolo é meu - uma vadia oxigenada sorriu de modo falso  pra mim.

- Com licença você, eu estou aqui tem mais de uma hora - tentei novamente pegar o bolo, mas ele trocou a bandeja da mão - Me dá!

- Ele decide pra quem entrega o bolo!

- E vai ser pra mim. - disse um pouco alto demais. A loira me olhava como se eu fosse um brutamontes.

Eu não costumava ser assim (mentira), mas quando se tratava de bolo digamos que a porra ficava um tanto mais séria.

- Meninas, não briguem. Eu sou de todo mundo. - o animal do garçom resolveu se intrometer.

- CALA A BOCA. - eu e a loira dissemos ao mesmo tempo.

- Ele é meu! - a loira gritou, avançando em cima do MEU bolo.

- Não MESMO. - pulei em cima dela, impedindo de chegar perto.

- Esperem, o que está acontecendo aqui? - um senhor idoso, que parecia ser o dono do estabelecimento, entrou em cena.

Infelizmente, ele não chegou a tempo. Quando ele gritou a frase, eu já estava arrancando os apliques da puta loira.

- Ah, sua brutamontes! Você quebrou a minha unha! - a loira me olhou como se eu tivesse matado a família dela, e assado o cachorro. Otária.

- Olha o tamanho do meu foda-se pra essa informação! - abri os braços e sorri irônica.

- Pera, vocês estão mesmo brigando? Tipo, por causa de uma fatia de bolo? - o garçom me olhou, como se brigar por bolo fosse bobagem, totalmente infantil.

- Argh! Eu nunca mais vou voltar aqui. - a loira derrubou o prato de vidro, que se quebrou no chão. Quase chorei.

Quero dizer, eu lutei por aquele pedaço de bolo, e agora ele estava lá, caído, esmigalhado.

- Bem, alguém vai pagar por isso. Quem começou a briga? - o homem idoso perguntou.

- Foi essa louca, desde o início. Quero dizer, tipo, ela sabia que eu tinha chegado primeiro. - a falsa loira me olhou com desprezo.

- Isso não é verdade! - olhei pro garçom em desespero, mas ele só ria. Rachava de rir da minha cara. A loira deixou o número de telefone com ele e foi embora.

- Bem, de qualquer forma, eu estava precisando mesmo de uma garçonete. - o senhor olhou sugestivamente pra mim.

- E eu estava precisando mesmo do meu bolo. - revirei os olhos.

Não, Definitivamente não.

- Vista isso. Trabalhe por hoje e pague por todo o prejuízo que trouxe ao meu restaurante. - ele me entregou um vestido preto, considerávelmente curto, e um avental.

***

Pensei que o garçom fosse me comer com os olhos ou algo do tipo, mas ele apenas suspirou de decepção quando me viu.

- Que merda. Finalmente encontramos uma garota pra vestir esse belo uniforme, e ela é uma tábua. - ele disse. Olhando pra mim. - A propósito, me chamo Jackson. Mas pode me chamar de mestre.

- Você vai apanhar com uma tábua se não calar essa boca. Sou a Lilyth e prefiro que não me chame em momento algum. - revirei os olhos e me sentei. - O que é que eu faço nesse cacete afinal? - perguntei.

- Trabalha. Serve. Coisas que uma garçonete geralmente faz. - ele me olhou como se eu portasse doenças mentais.

- Se eu soubesse eu não teria te perguntado, seu animal. - abri a porta da cozinha, prestes a entrar no restaurante. Ele me entregou um bloco e um lápis.

- Sabe o que é isso, né? Isso é um bloco, isso aqui é um...

- Eu não sou retardada.

- Duvido muito. Beleza, você vai anotar os pedidos, e eu vou servir. Você leva tudo para a Consuela, nossa cozinheira. - uma mulher gorda, de baixa estatura e que parecia ser meio latina acenou para nós.

- Ok. Eu até perguntaria se está pronta, mas quero muito ver você se foder.

E simplesmente me empurrou porta afora. 


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