O amor não pode ser derrotado, nem superado. O amor é único e verdadeiro, por mais que você não perceba.

Desci para jantar e minha irmã já estava comendo.

- Então, como foi o primeiro dia? – perguntei enquanto devorava o peito de frango.

- Foi divertido, sabia que o John também está estudando lá? – ela disse entusiasmada.

- Ouvi dizer – eu disse indiferente. – Bia, você estuda na mesma sala que uma garota chamada Palas?

- Palas? Não, nunca ouvi falar – disse ela. – Por quê?

- Hum... nada, não é nada – eu disse e voltei a comer.

- Mas eu soube do seu ato heroico com a garota do segundo ano – ela disse sorrindo maleficamente. – Mirella, não é?

Corei levemente.

- S-Sim... Mas não foi nada demais – voltei ao meu estado normal.

- Sei – disse ela ainda sorrindo. – Então, quando se casam?

- Bia – gritei envergonhado.

- Caio – ela gritou em resposta.

- Caio – minha mãe entrou na casa. Sua expressão era serena, mas levemente assustada. Seus olhos castanhos estavam amedrontados e seus cabelos negros atirados para trás. –, o professor precisa falar com você.

Levantei-me e fui até o jardim da frente. O Sr. Jackson estava parado olhando para minha casa, vestindo um smoking supercaro e carregando uma maleta.

- Olá – disse ele assim que me viu.

- Sr. Jackson – ergui minha mão e ele apertou-a.

- Vamos direto ao assunto? – ele disse. Assenti com a cabeça. – Acredito que você não se lembre do que aconteceu ontem após nossa conversa na biblioteca.

- Conversa? Que conversa? – ele não poderia estar falando do sonho. Era impossível.

- Não foi um sonho, garoto – ele disse encarando-me.

- Então tudo aquilo da biblioteca, aquela conversa, o que Afrodite disse, é tudo verdade? – perguntei. Ele assentiu relutante. Eu não consegui me segurar, minha mão foi de encontro com o rosto do professor, ele levou o golpe e pareceu surpreso.

- Como ousou bater em mim?! – ele vociferou.

- Do mesmo jeito que você ousou abandonar minha mãe – eu disse encarando-o.

- Meu irmão... – ele tentou dizer.

Interrompi.

- Dane-se seu irmão – eu disse. Um raio atravessou os céus. – Você é um deus! Não podia ter ajudado?

- Entenda filho, eu não posso interferir na vida dos mortais, é uma das leis antigas.

- Leis antigas? Acha que eu me importo com as leis antigas? – eu disse. Poseidon parecia surpreso com minha raiva, não entendo o motivo da surpresa. – Por que aparecer agora?!

- Porque eu achei... achei que você e sua irmã gostariam de me conhecer – ele disse.

- Gostar? – eu ri ironicamente. – Volte para o fundo do mar e esqueça que você tem um filho.

- Caio...

- Não vem com essa agora – eu disse. Ele tentou falar algo, mas eu fui mais rápido. – Na biblioteca... Afrodite disse que você foi embora por causa de uma profecia...

- Certo.

- Qual era?

- Eu não posso conta-la – disse ele. Ainda orgulhoso.

- É claro que não pode. Isso o tornaria útil e acabaria com sua imagem – eu disse.

- Não deveria falar assim com seu pai – disse Afrodite apareceu ao meu lado. – Ele é um idiota, mas ainda é um deus.

- Afrodite – ele protestou.

- Venha – Afrodite entrelaçou seu braço direito ao meu esquerdo. – Ao Oráculo.

* * *

Chegamos a uma caverna. Era escura e de dar arrepios, eu olhei em volta, o oceano cercava tudo por ali.

- Venha, é por aqui – Afrodite me arrastou caverna adentro.

O lugar era escuro e arrepiante. A cada paço que eu dava, o lugar ficava mais assustador, até que chegamos a um quarto, onde estava uma garota sentada em uma pedra em posição de meditação. Ao redor dela não havia absolutamente nada além de paredes negras e velas acesas.

- Oráculo – disse Afrodite em um tom autoritário. –, diga-lhe a profecia.

Um ar verde saiu do corpo da garota de cabelos castanhos e pele clara, vestindo um roupão branco, ela era bela e parecia ter dezesseis anos, não mais, não menos. O ar verde entrou na boca da garota e ela começou a falar.

- O filho do Mar lutará. Quando a segunda lua surgir no céu, ele sobreviverá. A batalha final começará, a Sabedoria junto com o herói caminhará. A guerra se iniciará, e pouco restará. – Ela disse. Sua voz soava como se duas pessoas falassem ao mesmo tempo, mas de forma desorganizada, dando dois tons diferentes.