O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A fazenda



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1

Acordei e a primeira imagem que vi foram folhas verdes esvoaçando ao vento, em um leve embalar, de lá para cá, daqui para lá. As folhas faziam essa dança porque ainda estavam presas aos galhos enormes que se erguiam a minha frente, galhos frondosos de uma enorme e antiga mangueira.

Agora me lembro, estava brincando sozinha e acabei adormecendo debaixo da mangueira. Estava envolta nesses pensamentos quando sentir uma picada bem forte na perna esquerda olhei e vi uma formiguinha grudada, sem pensar retirei-a imediatamente da minha perna fracionando a pequena e delicada formiguinha em duas partes.

Afs, sempre essas formigas me perseguindo. De que eu estava brincando mesmo? Ah sim, me lembrei, sempre brinco de faz de conta, de faz de conta de tudo. Faz de conta que existe uma família, em um caminhão de plástico que ganhei no natal passado, caminhãozinho verde, sem qualquer beleza estética, mas era um caminhãozinho. Estou brincando de caminhão, mas sou uma menina de 5 anos, descobri que era uma menina somente aos 7 anos quando soube que havia diferenciação de gênero, adiante relatarei essa descoberta.

Nas minhas brincadeiras vespertinas a minha historia favorita de faz de conta era sobre uma família com quatro pessoas, o marido, esse super protetor, a esposa hiper frágil e duas filhinhas, bem magrinhas e frágeis ao extremo, que se escondiam na boleira de um caminhão. Gostava muito de ver essa família assim, isolada, escondida, longe de todos que podiam lhes fazer mal. Essa família na minha imaginação fugia de todos, incluindo policiais, vizinhos, pessoas comuns, exatamente de todos.

A tarde findava e ouvi minha mãe gritar: __Bianca vem tomar banho, já e tarde. - Eu odiava tomar banho, porque depois não podia fazer mais nada, a não ser me comportar para não me sujar novamente. Mas eu não tinha escolha, ou ia ou minha mãe poderia me corrigir de forma que eu não ficava nada agradecida e ainda com raiva dela por alguns dias. Isso me faz lembrar que certo dia ao me recusar insistentemente a tomar banho, apanhei, e depois sentia água lavar a pele machucada com os vergões, e acredite não foi uma situação nada agradável.

Moravámos em uma fazenda distante pouco mais que 250 km de uma pequena cidade localizada no fim do mundo. Eu, minha mãe e meu padrasto, um nobre senhor que naquela época e situação era considerado de ótimas condições financeiras, por ser dono da fazenda, onde morávamos e criava gado bovino, equinos, porcos, galinhas, patos, e tudo que dessem conta de cuidar. E havia um único empregado, um peão que atendia pelo nome de Valdemar. 


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